Cultura

Francisco Tenreiro, um paradoxal mas sugestivo legado

É sabido, abandonadas as utopias de há décadas, as comemorações de feitos gloriosos deixaram de alentar as promessas em futuros ridentes. Ainda assim, num mundo instável e incréu, as evocações têm a função de promoção da unidade e da coesão social e política no comum das sociedades. Elas fazem-se pela exploração de sentimentos suscitados pelo exemplo das ideias, pelo curso dos eventos ou, ainda, pela trajectória de personalidades. Por ocasião dos 90 anos do seu nascimento, chegou o tempo de lembrar Francisco Tenreiro?

Francisco Tenreiro, um paradoxal mas sugestivo legado

Por Augusto Nascimento

Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa

É sabido, abandonadas as utopias de há décadas, as comemorações de feitos gloriosos deixaram de alentar as promessas em futuros ridentes. Ainda assim, num mundo instável e incréu, as evocações têm a função de promoção da unidade e da coesão social e política no comum das sociedades. Elas fazem-se pela exploração de sentimentos suscitados pelo exemplo das ideias, pelo curso dos eventos ou, ainda, pela trajectória de personalidades. Por ocasião dos 90 anos do seu nascimento, chegou o tempo de lembrar Francisco Tenreiro?

Começo por dizer que, sem embargo das homenagens, não tenho dúvida de que São Tomé e Príncipe está muito longe do que alguma vez Francisco Tenreiro terá idealizado para a sua terra. Daí a pergunta: a que vêm as homenagens ou, de uma outra perspectiva, em que medida elas podem contribuir para a tessitura de uma coesão política e social e para a (desejada) reconstrução da irmandade são-tomense (que a alguns terá alentado na era das esperanças postas no fim do colonialismo)?

Situemos o curso da memória de Francisco Tenreiro que visitou várias vezes a sua ilha natal e que, em Lisboa, ainda jovem, privou com jovens africanos que se tornariam figuras da luta pela independência das então colónias portuguesas e dos quais, à primeira vista, entrementes se afastara. Muito precocemente, morreu deputado pelo arquipélago em 1963. Após a independência, apesar dos topónimos e da circulação local de alguns textos que o mencionavam, Francisco Tenreiro foi sendo esquecido nas ilhas, pois que o não ter sido um político independentista o remeteu para um limbo, em consonância com o sucedido com os que não estiveram do círculo do poder erigido em 12 de Julho de 1975. Facto próprio dessa época, tal esquecimento não foi senão uma das injustiças muito comuns na história e que, por assim dizer, o tempo vem a remediar. E bem. Até porque, conquanto criticada, a sua produção científica afigura-se-me mais inspiradora do que a muitos cientistas sociais de hoje e do que a “obra” de incensados líderes políticos, cujos méritos científicos e literários, atestados por discursos de correlegionários e amplificados pelas estruturas do poder, não devem ser inferidos do mérito do desempenho político propriamente dito.

Em todo o caso, depois de esquecido durante anos, Francisco Tenreiro – inquestionavelmente, o vulto intelectual são-tomense da segunda metade do século XX – veio a ser lembrado pelas autoridades do país. Hoje, Francisco Tenreiro anda literalmente nas mãos dos são-tomenses, pois que a sua efígie está estampada nas notas de 100.000,00 dobras. Nem todos os discursos sobre os significados subliminares são legítimos porquanto podem não colar à realidade. Mas, diríamos, substituir o imaginado heroísmo de Amador (santificado porque vitimizado por uma traição e valorizado por leituras anacrónicas dos seus actos) pela evocação da produção poética e científica de Francisco Tenreiro, transbordante de afecto pela sua terra, constituiu um passo cujo significado só não é maior pelo diminuto curso do debate sobre os processos identitários em São Tomé e Príncipe. De alguma forma, esqueceu-se o posicionamento e a crença política de Francisco Tenreiro – relembremo-lo, um expatriado –, acerca do qual não se pode presumir que viesse a ser um adepto da independência da sua terra, e, ao invés, valorizou-se o seu contributo literário, decerto mais prezado do que o científico. Seja como for, a homenagem inerente à sua adopção para a nota de 100.000,00 dobras, a mais valiosa, é tão mais relevante quanto ele contrariou o radicalismo de épocas não muito distantes. E, arriscaríamos especular, a ser vivo, ele contrariaria o curso do país independente. Sem que isso beliscasse a relação quase simbiótica com a sua terra. Por isso, importaria, talvez, aprofundar as consequências deste primeiro passo no sentido de restituir Tenreiro ao lugar do afecto dos são-tomenses.

Esclareça-se, Tenreiro não repetia a vulgata nacionalista e colonial da excepcionalidade portuguesa, da vocação orgânica ou do encargo divino da disseminação da fé católica da nação lusa, obrigada, por isso, à colonização. Ou, com maior precisão, aludiu a uma plurissecular tradição portuguesa de colonização para, justamente, salientar que teria sido abandonada nos derradeiros séculos em São Tomé e Príncipe com resultados perniciosos para todos os envolvidos. A seu ver, a capitulação do poder colonial perante os interesses das roças tinha alienado outras facetas da colonização portuguesa. Esta construção correspondia a uma subliminar reivindicação política em prol dos seus conterrâneos que, outrora súbditos e vassalos da Coroa – a quem se dirigiam para obter justiça face aos desmandos dos governantes locais, incluindo os reinóis –, teriam visto rebaixado o seu estatuto de cidadãos por causa de décadas de política subserviente perante a hegemonia dos roceiros.

É forçoso reconhecer, para Tenreiro, o nacionalismo português terá parecido mais ajustado do que qualquer outra proposta política para enquadrar a identidade cultural dos são-tomenses. Nessa óptica, Francisco Tenreiro revelou-se particularmente útil ao conservadorismo do poder colonial: sendo são-tomense, a sua integração no sistema político em representação da sua terra derivava do seu percurso metropolitano e não de quaisquer movimentações políticas no arquipélago que pressionassem o poder a concessões. Por outras palavras, para Lisboa, em tempo de sopro de ventos de mudança, o arquipélago não podia ter representação mais apropriada, sem que, todavia, o poder colonial tivesse tido de promover elites locais ou de atender a demandas destas, aliás, incapazes de as formular e, por maioria de razão, de uma combativa acção política no arquipélago. Esta é a leitura que nós podemos fazer hoje, mas, cumpre lembrá-lo, não seria nem a deliberadamente gizada pelos decisores coloniais, que amiúde iam decidindo ao sabor de ventos e marés de ocasião, nem, tão-pouco, a de Francisco Tenreiro. Ele terá pesado os prós e os contras das várias possibilidades políticas e, decerto à margem de instrumentalizações grosseiras, prestou-se a um desempenho político que, é legítimo crer, seria porventura mais determinado pela avaliação de um futuro plausível para a sua terra do que por uma adesão cega a um nacionalismo português que, em todo o caso, por esse tempo ia alijando as suas roupagens mais passadistas e gravosas.

Cônscios da finitude da condição humana, por demais evidente na (não) concretização da equidade imanente aos projectos independentistas e indutora, quando não de arrependimentos, ao menos de dúvidas entre os próprios são-tomenses, quem atirará a primeira pedra a quem, parecendo ter pendido para para o país colonizador, inegavelmente tinha o coração em África?

Justamente, a opção política de Francisco Tenreiro merece ser, não ponderada à luz de uma inflamada proclamação de fidelidade identitária são-tomense, mas compreendida a partir do estudo aturado da sua leitura do mundo baseada no seu percurso científico. Repise-se que tem pouco sentido produzir uma adjectivação mais ou menos panfletária sobre a sua obra (porventura menos lida do que comentada) e sobre as suas pertenças afectivas e políticas. Ao invés, talvez valha a pena analisar alguns dos seus pontos de vista à luz do ambiente político dos derradeiros tempos no arquipélago, estabelendo, dessa forma, um diálogo entre as suas concepções e as nossas (de hoje). Repetindo-nos, diferentemente da atitude de políticos no ante e pós-independência, valerá a pena recordar e aprender com Tenreiro, apetrechando-nos, de caminho, para escrutinar e repensar a sociedade são-tomense.

Por razões de economia de texto, não cabe aqui uma rigorosa exegese do acervo científico de Tenreiro. Centremo-nos, então, na mestiçagem ou, se quisermos, nas celebradas metanarrativas da etnogénese dos são-tomenses. A hoje tão evocada crioulização era valorizada por Tenreiro (na verdade, ele falou de mestiçagem, uma palavra da sua época e que actualmente tem um sentido redutor, quando não politicamente carregado). Segundo Tenreiro, mais do que a religião ou a língua – elementos de socialização que tinham contribuído para determinar a feição do são-tomense –, a mestiçagem constituíra um harmonizador das relações sociais e um elo de ligação importante na compósita sociedade insular, onde o politicamente decisivo da integração se referia aos elementos culturais e institucionais transportados pelos portugueses. Embora tributária de paradigmas ideológicos da época, a sua noção de mestiçagem tinha um papel na explicação da superação da violência disruptiva que, em séculos anteriores, acompanhara a génese da sociedade são-tomense pautada pela escravatura. Embora a ideia de harmonia social ou, por outra, da afabilidade dos ilhéus tenha acabado por se tornar um lema ideológico instrumentalizado pelo poder colonialista, nem por isso deixou de ser abraçado pelos são-tomenses como uma imagem de marca de si mesmos e da terra. Retornando a Tenreiro, a ser vivo, certamente trocaria a sua noção de mestiçagem pelas modernas teorias da crioulização, entendidas como processos de troca e, sobretudo, de contínua criação de novas realidades a partir de referentes anteriores, na circunstância, portugueses, africanos e outros.

Actualmente, esgotado o curso das enunciações sobre São Tomé e Príncipe como sociedade crioula (enunciações de uma fase não muito distante em que, ao mesmo tempo em que se abraçava o ideal socialista, se valorizava a herança europeia), essa dimensão da crioulização vem sendo trocada pela da africanização e, mais, por uma deriva denotada pela evocação da são-tomensidade ou santomensidade. Afloram laivos de essencialização na evocação dessa ‘realidade’ cultural, diga-se, ainda pouco densa e pertinaz nos seus métodos e conteúdos. Na medida em que se revelar excludente, tenderá a favorecer uma atitude que se tem revelado prejudicial em São Tomé e Príncipe, a saber, a da avaliação de realidades da vida colectiva pela dimensão do arquipélago e não pela do mundo, a que importa estar aberto, como, não obstante as dificuldades apostas por um regime ditatorial, Tenreiro conseguiu estar há cerca de meio século.

Ainda se sabe pouco das suas motivações políticas – que não podem ser resumidas à sua condição de deputado do Estado Novo, já depois de ter convivido com os que partiram para a luta de libertação – e acerca destas, em abstracto, importaria lembrar que seriam, nele como no comum das pessoas, mais contingentes do que se tende a imaginar. Mas talvez seja possível alvitrar que o unanimismo e os constrangimentos, efectivos e potenciais, da acção política anti-colonial diriam pouco ou nada à fina sensibilidade científica e poética de Francisco Tenreiro. Quiçá baseado numa intuição política escorada na sensibilidade poética, ele terá antevisto e, porventura, até compreendido mas também rejeitado alguns dos caminhos atinentes à libertação das terras africanas do colonialismo.

Não sabemos como teria reagido a uma evolução política avessa ao trilho por si escolhido. A ser vivo, é crível que o afastamento tivesse prevalecido nos primeiros anos da independência, pautados pelo fervor revolucionário. Isso não o apartaria da sua terra de nome santo, mas talvez o país se tivesse esquecido dele, como, de alguma forma, sucedeu.

Cada vez mais africanizada, a sociedade são-tomense vem-se distanciando das visões traçadas por Francisco Tenreiro. E aqui, sim, poderia haver razão para cepticismos sobre a sua caracterização de São Tomé e Príncipe. Mas, da sua obra científica, não se retirará nada nem para o conhecimento do arquipélago nem para as artes da política?

Permita-se-me dizê-lo, tenho crescentes dúvidas em relação ao papel do conhecimento histórico (e, em geral, do saber social) na modelação das sociedades, menos pela valia do saber do que pela voragem da vida corrida ao ritmo das novidades. Em todo o caso, estou convicto de que a profusão e a hegemonia de um pensamento acrítico, auto-referenciado e volátil podem redundar numa barbárie moderna, por exemplo, a mais rematada indiferença perante o sofrimento humano. Neste particular, estou em crer que, independentemente das suas opções políticas e por paradoxal que pareça ao voluntarismo do viés nacionalista são-tomense, a postura de Tenreiro era de militância contra a indiferença face à marginalidade e ao consequente sofrimento dos seus conterrâneos.

Se, para além das evocações rituais e da proclamada identificação afectiva, sobrar tempo e razão para ler e reler Tenreiro, quais as ilacções que podemos tirar da sua produção científica, mormente no arquipélago, onde, ao longo de sucessivos regimes políticos, o conhecimento histórico e o saber social foram mobilizados para a legitimação de sucessivas arquitecturas políticas? Que lições podemos aprender com ele hoje, num  tempo em que a recorrente remissão para os “nossos (são-tomenses) valores” parece denotar alguma incapacidade em colocar o arquipélago em compasso com as mudanças no mundo?

Cumpre-nos realçar a actualidade da sua atitude científica. Francisco Tenreiro conseguiu subtrair a sua obra científica aos ditames dos políticos (num certo sentido, menos constrangedores no seu tempo do que em certos períodos do pós-independência). Alardeando um saber e uma entrega incansável ao objecto da sua paixão, a sua obra denota abertura para o cotejo e para a utilização conjugada de diferentes perspectivas de análise. Para além de notável, A ilha de São Tomé é um manual de bem construir saber social.

A alguns – mormente aos que nunca escreverão nada datado! –, a sua obra parecerá ultrapassada. Nalguma medida, tal decorre de uma evolução da sociedade são-tomense que ele (e, em tempos mais recentes, também outros são-tomenses) terá julgado impensável. Desta perspectiva, a sua obra vai-se efectivamente tornando datada, o que não significa que perca valor para a interpretação da história e, sobretudo, da sociedade são-tomense de meados de Novecentos. E, assim sendo, para qualquer obra sobre a história do arquipélago.

Há, pois, uma primeira lição a retirar. Ela diz respeito à necessária inquietação política e moral, assim como à capacidade de auto-interpelação em termos individuais e sociais. Tal atitude vale para a construção do saber, mas vale igualmente para a prática política, pois a capacidade de expor dúvidas e manifestar abertura para o diálogo é uma premissa de práticas políticas fiáveis e promotoras de confiança e de coesão, que não da marginalidade dos segmentos desfavorecidos.

Há uma segunda implicação, decorrente não apenas da sua metodologia compósita, mas também do significado da valorização da miscigenação e da religiosidade (na circunstância, a católica). Muitos interpretarão tal valorização como a aplicação passadista de esquemas interpretativos serôdios porque estafadamente manipulados pelo poder colonial. Por mim, prefiro entrever nesse leque de factores constitutivos do homem são-tomense, tal qual o concebia Tenreiro, a valorização da humanidade dos seus conterrâneos, tão universal quanto qualquer outra. Essa não é menos precisa nos dias de hoje.

Actualmente, o que decorre dos seus pressupostos políticos e (extrapolando) morais é a pertinência da procura de consensos e de uma ética cosmopolitista como plasmas da acção política. Tal não seria uma questão do seu tempo, mas, da sua narrativa histórica e social, assim como da sua vida, algo parece apontar nesse sentido. Seja como for, tais metas são um horizonte para o nosso tempo, horizonte actualizado pela crescente importância das diásporas e das vidas transnacionais, condição, de certo modo, partilhada por Tenreiro. Independentemente dos modismos ou das raízes identitárias – da são-tomensidade, da africanização e de outros procurados veios culturais –, talvez valha a pena cultivar uma ética cosmopolita para aí firmar a trajectória do arquipélago, que, independentemente das voltas e reviravoltas da história, também foi de Francisco Tenreiro. Assim como o é dos são-tomenses que vivem fora, parte deles igualmente com o coração na sua África.

16 Comments

16 Comments

  1. Osama bin Laden

    13 de Janeiro de 2011 at 16:52

    Coisa para senhor Carlos Neves fazer, mais não, está metido na agência nacional de petróleo atrás de dólar.
    Oh Senhor Carlos Neves cada macaco no seu galho, o senhor enquanto historiado e cidadão São-tomense não sente vergonha que ver um cidadão de outro país mais preocupado com questões de historia do seu país mais do que o próprio senhor?

    Quanto ao Augusto Nascimento só me resta agradece-lo pelo trabalho desenvolvido para reactivar o que foi a história do meu STP.
    Muito obrigado de fundo coração.
    Quero também pedir desculpas uma vez que STP também tem historiadores e pessoas formadas em áreas afins que deviam preocupar com esses assuntos o que poderia de algum modo lhe facilitar o seu trabalho a quando das suas pesquisas, só que eles não tem tido tempo, ando mais preocupados com os petrodólares do que, o desenvolvimento de STP.

    È pena, durante esses anos todos, STP não ter um cidadão que seja em que a juventude possa ter como exemplo ou referência.

    • Margarida Bragança de Carvalho

      13 de Janeiro de 2011 at 20:06

      Se fosse um São-tomense a fazer esta publicação vocês não davam importância. Estariam neste momento acusa-lo de plágio ou coisa de género. Quando é o “OUTRo” a fazer vocês vergam passivamente. Sem capacidade crìtica.

    • BARAO DE AGUA'-IZE'

      15 de Janeiro de 2011 at 7:24

      Caro Ossama, permite-me acrescentar a pertinente lista o Sr. Armindo Aguiar, que ja me deu aulas de Historia no Liceu.
      Parecia muito competente, mas, ao que parece, perdeu-se por ai.

    • Gika

      16 de Janeiro de 2011 at 18:51

      Afinal, para o Dr. Nascimento, a santomensidade é um modismo? Para dizer uma atoarda como essa, os santomenses que estudaram História fazem muito bem em ir cavar batatas.

  2. Zemé

    13 de Janeiro de 2011 at 18:21

    Senhor Osama,pare com isso de nome falso. Toda gente conhece sua cara,até chapa de matrícula de carro…deixa Carlos Neves com vida dele, kei! Kê kôlô kua ku lentla telá ê?
    Kê nguê manda non bá fulu bodón ê?
    E senhor, está a trabalhar onde devia?
    E senhor é exemplo? Porque é que não é? Não estudou um monte?
    Só confusão, mentira, baixaria, máscara, jogar lama para cima de outras pessoas. Fica sossegado sinhor, fôgo! Não esquecer:
    Ai mé sa nfénu, ai mé sa gloia.
    Longa vida sô Osama, rei de mascarado.

  3. mariana salvaterra

    13 de Janeiro de 2011 at 22:36

    resposta ao Sr. Augusto de Nascimento
    Instituto de I. Tropical.
    obrigado pelo seu artigo.
    Nós sabemos que francisco tenreiro foi,um filho nato da pátria amada.
    eu li na sagrada esperanca do presidente neto,o esboco da vida e da morte mistica em circunstancias pouco clara do tenreiro,nas poesia da d. alda ele está o vulto intelectual e lutador dos santomenses é real.
    mas nao devemos substimar a história oral
    .que chega através de geracoes e séculos!.. glória seja dada a todos Amador analfabetos ou nao mas corajosos!..
    quando li “the warrior queens”esc.pela Antónia Fraser,Ao ver uma mulher africana
    estratéga a negociar com portugal e holanda,está era a rainha Ginga M bandi de Angola,correu as lágrimas como rio kwanza,o mundo ingles nos reconheceu!..A minha vida de pesquisa e leitura de autores africanos,li um escritor congoles
    a história de bravura heroica duma rainha do zimbabwe,entao rodésia o nome do colon. británico Cecil rodes,a bravura daquela analfabeta contra as hostes inimigas ficou documentada pelos judeus,e antes de morrer profetizou,um dos meus filhos vai retomar,e suspirou!..guardei o nome da rainha N. Kacikane e anos depois dei-lhe a minha filha! O destino levou-nos há um pais na europa,um dia sentados na nossa sala vimos um documentário histórico do presidente Mugabe falava em lingua africana com autoridade,como um imperador romano,e seguiu-se o clip da rainha N.kacikane a confirmar a profecia desta vez quem chorava era minha filhinha de sete anos mama é por isso que deste este nome!..claro que o nosso povo esta confuso e nao sabe quem ele é?.. Mas nós somos Africanos.Temos que ir a raiz da nossa identidade,por em ordem a nossa casa,e mudar os nossos nomes. Que ridiculo já imaginaram os portugueses com nomes africanos!..eu só senti isso fora das fronteiras de portugal!..na univ.quem é voce? africana? com nome portugues? Qual é a tua história!..conclusao viva Fran.Tenreiro,viva Amador,vamos criar o homem novo,no coracao dos povos Africanos há lugar para todo nossos herois.

    • RS

      14 de Janeiro de 2011 at 14:39

      É tão ridículo um Português ter um nome Africano, como ter um nome Alemão ou nome Sueco, assim como é ridículo um São-tomense ter um nome Zimbabweano. Quer queiram quer não o povo de São Tomé tem um passado e uma história que está ligado a Portugal, daí vem a sua cultura, religião, hábitos e pasme-se, nomes próprios e de família.

    • CELSIO JUNQUEIRA

      14 de Janeiro de 2011 at 17:20

      Meu Caro RS,

      Nem tanto a terra e nem tanto ao mar.

      Cada um é livre de por nomes que quiser aos seus filhos/descendentes.

      Mas diz e bem que estranho é ver um Português com nome Alemão/Sueco, tal como acho muito estranho Santomense ter um nome Tanzaniano/Queniano.

      E diz mais e muito bem, STP tem um passado, uma historia, uma cultura, uma religião predominante, hábitos e nomes/apelidos que são normais dentro da nossa sociedade.

      Nós temos que ser nós próprios, aliás Cabo Verde tem feito isso ao longo da sua existência, respeita o Continente Africano e o Europeu, mas não deixa de ser um arquipelago com as suas singularidades e caracteristicas únicas.

      Tentemos ser Santomenses e não “utopicamente” buscar nos impérios africanos e nas histórias do continente a nossa “alma perdida”.

      Em STP temos um caldo cultural riquissimo, não é preciso “importar” cultura e muito menos histórias.

      Por mero acaso cruzei num convivio com 1 portuguesa que dizia ser descendente do Barão de Agua-Izé, mas que não sabia o significado do “Izé”. A sério, aprofundemos a Santomensidade e vamos ver que temos muito que aprender e cultivar.

      Abraços,

    • suave- (SÉRIO)

      14 de Janeiro de 2011 at 21:18

      até certo ponto, tens tambem razao em aspectos que mencionas, mas creio que nao é necessário ser-se tao radical.

      pois, o nosso caldo cultural riquissimo que mencionas, emergiu de onde? quais sao as suas génesis?

      ai está!

      portanto, é bem valioso sim respeitarmos as relacoes que temos com portugal, mas que deveras urgiria tambem priorizarmos os valores africanos e reconquistá-los, estuda-los e valora-los seria muito interessante tambem tal qual, no caso particular a senhora Mariana Salvaterra o fez!

      surprende-te o porque que os negros americanos tenderam ou tendem a mudar de nomes quando acedem a idade adulta?

      isso é valoracao patrimonial, e está intrenseco no sangue, porque acima de tudo, somos africanos! quando se nos vir outrém, olhar a nossa textura de pele, e tendencia natural e o proprio exotismo imanado de nós, o primeiro que verá, é que somos africanos e provavelmente negros (a maioria, embora nao tenha que ser), nao se verá de imediato que falamos portugues, por isso, se pressuporá que tenhamos um nome africano.

    • suave- (SÉRIO)

      15 de Janeiro de 2011 at 6:58

      desculpe celso junqueira.

      a minha msg é dirigida ao senhor RS.

    • Fernando Velho

      26 de Janeiro de 2011 at 0:22

      E o que signfica Izé?
      grato por poderem ilucidar-me

      Cumprimentos,
      Fernando

  4. antunes

    14 de Janeiro de 2011 at 9:39

    Dr. Nascimento, aguardamos com avidez mais uma das suas visitas ao nosso cantinho que de braços abertos e com humildade o acolhe sempre, assim como aqueles que tão bem dele falam, promovem, o enaltecem e iluminam este pedacinho de terra feito e regado por Deus!
    Bem haja!
    Com carinho
    ap

  5. suave- (SÉRIO)

    14 de Janeiro de 2011 at 21:24

    Por exemplo, fala-se e se nos impoem tambem que conhecamos literariamente obras de escritores como de camoes, livingstone, eca de queiroz e tantos outros de toda a europa e america do norte, mas qual é o americano ou europeu que se interessa em saber ou estudar nas suas escolas quem foi Herodoto, que paises comprendem os antigos reinos de Monomotama, Haksum?

    há pois!

    por isso que devemos abandonar aquele costume cego e impávido, tal qual se faz com a religiao católica ou muitas maioritárias, de simplesmente dizer-se. ” já nasci encontrei, é o que creio”.

    o melhor é investigar, e valorar o nosos tambem, as nossas origens tambem merecem a nossa atencao!!!

  6. ovumabissu

    15 de Janeiro de 2011 at 0:29

    Desculpem-me o mau feitio (não é defeito), mas excluindo um ou outro caso, se fosse um santomense a escrever este artigo nem sequer me dava ao trabalho de ler. Sinto, cada vez mais, que os santomenses deixaram-se aprisionar numa matriz mal fundamentada e apressada daquilo que somos e (sobretudo) queremos ser, que redundam quase sempre em abordagens parecidas com o “post” da Mariana Salvaterra (peço desculpa se estou a ser deselegante). Não tenho nada contra essa opção quase compulsiva pela africanidade, assim como não me choca minimamente que um santomense opte por uma identificação mais europeísta/ocidental. A nossa história dá-nos cobertura para essas opções. é bom para STP fomentar a competição saudável entre estas abordagens, afilhiações identitárias.

    Se bem percebi o texto de Augusto Nascimento, é disso que se trata. Não afunilar o nosso processo identitário ao contexto geográfico (continental).
    Confesso que li avidamente e identifiquei-me com o teor da comunicação. Gostei sobretudo dos (já habituais) recados à forma precipitada como nós, santomenses, aderimos a modas.
    “Chapeau”!!!

    Celsio (continuas um diplomata!) estou de acordo com o teu “post”. Há liberdade para cada um ter o nome que quer. Mas a liberdade sem regras básicas está a criar um caos em STP. Há nomes que não são nomes. São…, sei lá o que dizer!!! Carlos, Manuel, João, Pedro… há muito que deixaram de ser um exclusivo de portugueses. São nossos (santomenses e caboverdianos, sobretudo) nomes por direito próprio. Não é algo de emprestado como a Salvaterra sugere. Acho bem essa procura das raízes afro, mas é bom não trocarmos um “colonialismo” por outro.

    Quanto ao FJT subscrevo no essencial o quadro/perfil traçado, ainda que acrescentaria alguns aspectos defendidos por G. Seibert (FJT era mais português que santomense). O essencial é que se reedite a obra científica e literária de FJT para que cada um possa ler e tirar conclusões. Do pouco que li, transpareceu-me sobretudo alguém interessado em preservar a identidade crioula/mestiça de STP e dele próprio. O poema “Mestiço!” é para mim o exemplo dessa opção de abraçar por inteiro essa condição de híbrido (em todas as suas valências), não numa lógica de intersecção, mas sim de reunião de conjuntos.

    Não podemos é correr o risco de pôr o homem no altar e idolatrá-lo. Seria um péssimo tributo à memória do homem.

    n’besa za ê.

  7. J. Maria Cardoso

    16 de Janeiro de 2011 at 11:15

    Tudo quanto é escrito para melhor conhecermo-nos, é gratifante para os nossos conhecimentos, mesmo quando objectivamente contraríamos um ou outro capítulo teórico ou formal da novela.
    Leio o Dr. Nascimento, quem conheci pessoalmente na Lusófona (Lisboa) no lançamento do seu livro “de pesadelo” da diáspora caboverdiana em STP, com o qual não estaria de acordo com tudo. Para isso é k vale a sua investigação. Ainda não pude desfrutar da sua recente escrita acerca da minha ilha do Príncipe (sou santomense, africano e português de nascimento).
    É de enaltecer o seu interesse pelas ilhas portuguesas do Atlântico e estamos todos agradecidos e ávidos k as portas lhe continuem abertas para o bem conhecimento da nossa riqueza intelectual, cultural, humana e, não só.
    Ainda sou dos putos k conheceu e leu Francisco José Tenreiro na sala de Leituras com o seu nome, patrocinada e animada por D.Alda do Espírito Santo, sita, na altura, ao lado da loja Beirão na nossa capital.
    Facilmente os nossos sociólogos, politólogos e historiadores, em defesa do bom nome, viriam incendiados a esta praça pública justificarem k não conseguem meios financeiros (nem nos petrôdólares) e outros para nos trazerem conhecimentos a altura da nossa valorização histórica.
    Nas minhas “impudências” já desafiei especialmente Pinto da Costa e Miguel Trovoada a escreverem das suas “verdades e mentiras” acerca da nossa história vivida e dirigida por eles, enquanto nacionalistas e estadistas. Nutro um amor pelos fundadores da minha África e a minha colecção grita desesperadamente pelo vazio da minha identidade.
    A nossa vivência actual reclama dessas figuras e demais fundadores da Nação os registos k fazem falta ao caminho por k temos de trilhar ao bem do nosso futuro.
    Porque não desafiarmos, nós os são-tomenses, ao Dr. Augusto Nascimento a bater a porta dessas duas individualidades para um seu livro?
    É um desafio.
    Humildemente!

  8. mariana salvaterra

    16 de Janeiro de 2011 at 21:11

    Antes de mais quero felicitar a todos os meus compatriotas,que tomaram parte neste site,por este diálogo frutuoso e civilizado,sem perdermos de vista o tema inicial,no Tenreiro/Amador e a problemática de identidade kulturar dum pais novo.A colonizacao,Francesa,Inglesa,Espanhola,e Portuguesa,tinham um denominador comum, a estratégia,foi cortar a cabeca da ´classe governante,e submeter os povos,assim as nacoes deixavam de existir e o povo escravizado tomavam o nome dos patroes, e os paises tomavam o nome do colonizador exemplo: cecil rodes batiza de rodésia o actual zimbabwe,exemplo a rainha perdeu a guerra
    e como súbita do Governador correia de Sousa em 1624 Ginga Mbandi toma o nome de Ana de Sousa,relutantemente usa o nome quando obrigada,mas entre o seu povo era Mbandi,enfim Ginga suicidou-se….como disse o sr,.Sério? eu nao admiro a crise de identidade dos nossos irmaos afro-americanos filhos misto ou nao tomam o nome de patrao era o mesmo procedimento!pois compreendo s.tomé a terra é pequenissíma!..talvéz tb.como está?para finalizar permita recomendar o livro de Antónia Fraser “Boadicea Chariot The Warrior Queens ISBN 0-297-79486-8 rec.”livingstone” rec.”Jean-Paul-Sartre
    ISBN 85-03-00045-8 Frank-Fanon nome dos livros “nao quero estar na tua pele” “escuta zé ninguém” todos eles abordam a problemática colonial até os nossos dias,concluindo porque o Amador parece uma figura apagada pois era o pé descalco que fala o Presidente Neto,proguntou-lhe um portugues,voce esta a falar de liberdade também para o pé descalco,sim retouquiu é mesmo aqueles que nao tenha voz!…resp.cumprimentos

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