Cultura

Livro de São de Deus Lima traduzido em Espanha

A Dolorosa Raíz do Micondó, é o título do segundo livro de poesia de São de Deus Lima, que acabou de ser publicado pela editora Baile del Sol de Tenerife, Espanha.

O título em espanhol é La Dolorosa Raiz de Micondó e a tradução é de Sílvia Capón. O site da editora espanhola refere que a poetisa e jornalista são-tomense, colaboradora do Téla Nón, «é uma ponta de lança das vozes emergentes da nova poesia do continente africano», lê-se no site.

La Dolorosa Raiz de Micondó de Conceição Lima, abriu a colecção 2011 da Editora espanhola, dedicada a autores africanos e esteve presente na Feira do Livro de Madrid.

Dados recolhidos pelo Téla Nón, indicam que em parceria com instituições privadas e públicas, como cultural Mirmidón, o Governo das Canárias e a Casa de África, a Editora Baile del Sol, organiza anualmente o Salão do Livro Africano de Tenerife. Um importante fórum de intercâmbio, que une escritores, editores e tradutores.de diversas partes de África.

Recorde-se que em 2010, com tradução de Tobias e Joana Burghardt, a editora Delta de Estugarda, Alemanha, publicou em edição bilingue,  (português e alemão), os dois primeiros livros da autora, O Útero da Casa e A Dolorosa Raíz do Micondó, sob o título O Útero da Casa – Die Gebarmutter des Hauses.

No universo de língua portuguesa, a Editora Delta traduziu António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade,  Ana Paula Tavares e Casimiro de Brito.  Destacam-se também nomes como Jorge Luis Borges, Juan Manuel Roca, Andrés Sánchez Robayana, Teresa Pascual, Joan Margarit, Huang Sok-Yong e Kim Hoon.

Para além do alemão e do espanhol, São Lima tem poemas traduzidos para o Francês, Inglês, Italiano, árabe, turco e servo-croata.

Em contacto com o Téla Nón São Lima disse que está a ser preparada a reedição no país, do seu primeiro livro de poesia, O Útero da Casa, que já esgotou no mercado e ao mesmo tempo a jornalista e poetisa, está a organizar a publicação das crónicas que foi assinando ao longo de décadas em várias publicações nacionais e estrangeiras.

A sua última colectânea de poesia, O País de Akendenguê, publicada este ano pela Editorial Caminho, será proximamente lançada em São Tomé.

Abaixo o Téla Nón disponibiliza o poema “ESPANTO” de São Lima em versões portuguesa e espenhola

Abel Veiga

ESPANTO

E no mar foi recluso, escoltado caminhante
De todo o mar apenas foi onda silente
De marfim os dentes, imperscrutáveis os deuses
Nenhuma trombeta amparou a mudez
de sua voz sem doutrina.

Com seu nome e sua língua morreram colinas
A Ocidente se abriu uma vanguarda de tumbas
que expande do desterro a metamorfose
em novos hinos, outros abismos chamados ilhas.

E nem estrela nem astro, nenhuma chama
Da própria sombra foi a sombra que o amou
quando impassível marchou a infernal engrenagem
e o mundo emergiu – seu destino e sua casa.

ESPANTO

Y en el mar fue preso, escoltado caminante
De todo el mar sólo fue ola muda
De marfil los dientes, inescrutables los dioses
Ninguna trompeta dio amparo al mutismo
de su voz sin doctrina.

Con su nombre y su lengua murieron colinas
A poniente se abrió una vanguardia de tumbas
que esparce del destierro la metamorfosis
en nuevos himnos, otros abismos llamados islas.

Y ni estrella ni astro, ninguna llama
De la propia sombra fue la sombra quien le amó
cuando impasible marchó hacia el infernal engranaje
y el mundo emergió – su destino y su casa.

17 Comments

17 Comments

  1. Anca

    29 de Agosto de 2011 at 11:13

    Muito bem, é de congratular, continuemos a mostrar caminhos na busca da luz do conhecimento sobre a nossa realidade, que certa e obviamente servirá de exemplo, motivação e esclarecimento futuro às nossas mentes e a sociedade em geral.

    Bem haja

    São Deus lima

    • Anca

      29 de Agosto de 2011 at 11:18

      Ainda que seja em forma de poesia.

    • Anca

      29 de Agosto de 2011 at 11:20

      Prosa, musica, arte, a nossa cultura e mentes e que saíram enriquecidas no futuro, para a memória colectiva.

      Bem haja

      Pratiquemos o bem

  2. zu

    29 de Agosto de 2011 at 11:34

    São Deus Lima é a esperança que ainda me resta do meu país. Se os nossos políticos fossem capazes de pensar pelo menos um milésimo do que a poetisa pensa, o país não seria tão mal. Mas parece que Deus concentrou grande parte do saber de STeP nela, e, felizmente, ela sabe usar o poder da palavra. Salve, São Deus Lima.

  3. Henry

    29 de Agosto de 2011 at 11:55

    Parabéns s São Deus Lima ela merece, pelo que ela tem demonstrando.
    que coninue assim pois precisamos de coisas dessas. A tradução dessa obra é o reconhecer de um trabalho arduo e abnegado por poarte dela. As minhas felicitações.

  4. Professor

    29 de Agosto de 2011 at 13:14

    Conceição de Deus Lima é o nosso orgulho nacional. Obrigado, poeta!

  5. Teresa Triste

    29 de Agosto de 2011 at 14:04

    A são tem um nível muito acima da política feita em S. Tomé e Príncipe. Ela devia se colocar por cima e orientar para os nossos políticos para conhecimento de valores universais de que os povos necessitam e nunca se entreter a descrever as bravuras políticas de um ou outro medíocre da terra.

  6. Andar para trás

    29 de Agosto de 2011 at 14:10

    Anca:

    Ainda que seja em forma de poesia…’Ainda que seja’ porquê? Acha a poesia arte menor?

    • Anca

      29 de Agosto de 2011 at 17:11

      Nada disso, pelo contrario, somente é pena que muito, não a sabem interpretar e dar o devido valor, é na poesia onde se encontra o descrever da realidade, mas na conjugação de formas com as palavras, construindo versos e rimas.

  7. Abilio Neto

    30 de Agosto de 2011 at 8:22

    Caros,

    Excelente notícia!

    Abr.,

    An

  8. Paulo Vasconcelos

    30 de Agosto de 2011 at 22:28

    Felizes aqueles que podem olhar para frente e ver o seu caminho iluminado por algum dos seus irmaos; felizes as maes que veem as suas virtudes pintadas em paredes dos vizinhos a pedido e para a admiraçao destes… Como filhos da mae STP, ficamos felizes e orgulhosos com esta noticia… Continua, “nossa Sao”, a colocar, com as tuas letras, a nossa terra, nos olhos do mundo.

  9. milulima

    30 de Agosto de 2011 at 23:01

    parabéns manucha, e esta felicitação é extensível a todos os sãotomenses, sejam eles “apolinários” ou não. orgulho-me imenso não só da tua sapiência, mas sobretudo dos esforços que tens envidado, de forma a que, a mesma seja partilhada numa perspectiva global.

  10. Digno de Respeito

    31 de Agosto de 2011 at 2:27

    Sim, sim, sim, S. São Lima,

    Acredito que serás uma das referencias para a internacionalização da cultura santomense porque “o caminho se faz caminhando”.

    Aponte o faról do conhecimento e do desenvolvimento literário de um País que clama pelo crescimento social, económico e cultural. Afinal, a cultura não é encargo é investimento.

    Espero que seja mais um exemplo a seguir entre muitos outros espalhados pelo mundo (pesquisem e encontraram mais exemplos semelhantes)

    Parabéns S. São!

  11. Master Jay

    31 de Agosto de 2011 at 11:12

    O vento virá…e a nova será contagiada em mais e mais idiomas, pois o poder das tuas palavras é singular e universal.

  12. LoveJT

    31 de Agosto de 2011 at 11:22

    É tão profundo,tão harmonioso, gracioso e melancólico .esperança…

  13. Fijalatao

    12 de Setembro de 2011 at 17:22

    A São Deus lima escolheu um bom local onde nascer! Foi pena ter nascida neste local onde ela supera tudo e todos ao nível da política e dos políticos!

    A São Deus Lima nasceu num país que devido as circunstâncias da vida a obriga a ser a melhor das poetisas santomenses vivas!

    A sua exterioridade como que internacionalizar o seu país, devia ser a lição fundamental para os dirigentes deste país.

    Um bem haja São, continue divulgando a sí e projecte o seu país no mundo da cultura e do saber.

  14. Xavier

    19 de Setembro de 2011 at 12:29

    Parabéns à genial autora! Mas não à tradutora, acho que fez uma tradução muito rápida de mais. Por exemplo, acho que há um erro já no título, que deveria traducir-se “La dolorosa raíz del micondó”, no “… de micondó”, como se se estivesse a referir a um lugar e não a uma espécie arbórea.

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