Cultura

Aberto o Primeiro Fórum Nacional da Cultura

Os intervenientes na abertura do Primeiro Fórum Nacional da Cultura, foram unânimes em considerar que a Identidade Nacional está em perigo. O Ministro da Educação e Cultura. Olinto Daio, que discursou no crioulo forro, considerou o evento como uma oportunidade de resgate da identidade nacional.

Olinto Daio deu o exemplo singular na abertura do Fórum Nacional da Cultura. Discursou no crioulo forro. Terá sido a primeira vez que um membro do Governo são-tomense, usa a língua materna para falar ao público presente numa cerimónia de gala. «Minha gente, estamos perdidos. Não sabemos quem somos. Até os são-tomenses que estão no estrangeiro, só falam mal da nossa terra, negam a sua terra», palavras ditas em crioulo forro.

A riqueza metafórica do crioulo forro, veio ao de cima quando ainda fazendo referência aos são-tomenses da diáspora que tanto criticam a sua terra, o Ministro Olinto Daio, disse : «Inem iscá nega semba punda cumba, maje inen sá nalá cá piá dançu, isca toma sotchi bôbô». Um verso, uma metáfora no crioulo fôrro que arrancou aplausos na biblioteca nacional, onde foi lançado o Primeiro Fórum Nacional da Cultura.

Mas antes do ministro Olinto Daio falar, Frederico Gustavo dos Anjos, um dos actores da cultura são-tomense, tinha feito uma intervenção de fundo, com o título “ no lugar da oração de sapiência”. «Esquecemos que é sobre o nosso território que passa a Linha do Equador, aliás, uma referência importante de dar permanentemente a conhecer, mas para cujo acesso, hoje, quase temos que pedir licença prévia; não enquadramos devidamente o Jardim Botânico da Empresa Agostinho Neto; vemos transformarem-se em ruínas as casas das roças, de configurações arquitectónicas e simbólicas de um tempo que a história se encarregará de nos fazer lembrar; assistimos mudos ao fenecimento lento do Socopé, da Ússua; não transmitimos os significados do Mén Lofí, Santo D’Áua, Pagá Dêvê, Kotá Bambí, Sété Páçu , Pló Mon Dêçu…»

Se a alma são-tomense, está enferma, sem referência porque a sua identidade está moribunda, a intervenção de Frederico Gustavo dos Anjos, tocou fundo, agitou as almas são-tomenses presentes na abertura do Fórum. Esta terça – feira o Téla Nón publica na íntegra “ no lugar da oração de sapiência”, porque o seu conteúdo pode ser um tónico para o são-tomense desperta-se e reencontrar consigo mesmo.  

A cultura são-tomense é rica e diversificada. Muitos valores da identidade nacional já desapareceram, outros estão em fase de extinção. O Presidente da República e Chefe de Estado Manuel Pinto da Costa, que abriu o Primeiro Fórum Nacional de Cultura, considera que «o Estado deve dar uma maior atenção a cultura nacional. É urgente promovermos estudos de manifestações culturais e incentivarmos o pluralismo da criação cultural. É preciso educar pela e para a cultura», declarou o Presidente da República.

Nas várias intervenções que marcaram o evento, o nome de Alda Graça do Espírito Santo foi citado. A poetisa que deixou o mundo dos vivos, e provoca saudades principalmente no seio dos seus companheiros de luta pela promoção e defesa da cultura, ou seja, a identidade nacional.

Com a realização do Fórum o Governo pretende colher subsídios de especialistas e do público, para resgatar os valores através da definição e implementação de uma política sustentada para a cultura.

Abel Veiga

17 Comments

17 Comments

  1. ESMERALDA

    21 de Novembro de 2011 at 19:38

    BOM SINAL

    • Ponta Mina

      22 de Novembro de 2011 at 12:29

      Mau sinal! Quando um governante, num evento desta natureza, procura “encontrar subsídios para a implementação de uma política cultural”, (a expressão é dele e do governo que ele representa) como coisa que tal diagnóstico não existisse para qualquer pessoa com dotes intelectuais medianos e responsabilidades políticas e governamentais, e a primeira coisa que lhe sai da boca, como profissão de fé, é culpabilizar os imigrantes, quaisquer que eles sejam, pela desgraça que abateu sobre o país, no âmbito cultural, económico, social e de outra natureza, é sinal de que o evento em causa é uma farsa e não cumpre os objectivos ou propósitos enunciados, atempadamente, com pompa e circunstância. O senhor ministro da educação e cultura deveria saber que não há criação cultural, no sentido lato do termo, sem criticismo, sem disponibilidade e liberdade para o fazer. A “cultura” que o senhor ministro propaga, em discursos desta natureza, e excluí o criticismo dos imigrantes relativamente aos problemas que o país enfrenta, será a mesma que ele quer para o país? São estes subsídios que o senhor ministro procura num evento desta natureza? É esta a mudança que o senhor ministro e o seu governo defendem para o país?
      Se são estes os subsídios que o senhor ministro procura, só posso concluir que a escolha está feita e os caminhos delimitados. Este não é, de certeza absoluta, o meu caminho.
      A cultura também deve ser vista, fundamentalmente, de forma pedagógica e desenvolvimentista, num país com as nossas características momentâneas, como a “capacidade de aprender” de afirmação e expressão da cidadania, e não numa perspectiva redutora e anacrónica relacionada somente com manifestações de intenções de desenvolvimento centradas no património histórico em contraposição à liberdade para inovação e criação contemporâneas de acordo com o respeito pela dignidade da pessoa humana. Querem um património histórico e cultural preservado para quê? Para enfeitar? Para garantir que existimos como sociedade una e indivisível? Para expressão de egos individuais e afirmação de força sobre os outros criando condições para acantoná-los em masmorras diluindo o criticismo na nossa sociedade? É para isso que o senhor ministro realizou este evento? Se é esta a sua escola de pensamento e do seu governo agradeço-lhe pela coragem pública de compartilhá-lo com todos os Santomenses. Não é esta, felizmente, a minha escola e pensamento sobre a cultura nacional. Para quê que me há-de servir a preservação histórica do património nacional se eu não sei “observá-lo, não sei analisá-lo, não compreendo a sua essência original e evolução, no fundo, proíbem-me de apreciá-lo com criticismo desejável para o poder respeitar e admirar. É isto que o senhor ministro da educação e cultura pretende para as gerações jovens, presentes e futuras, do país relativamente à cultura nacional? Sinceramente! Parece-me contraditório e de muito mau gosto.
      Saudações culturais.
      Ponta Mina

  2. Voz da razão

    22 de Novembro de 2011 at 8:26

    Apreciei a intevenção do Sr. Ministro em lingua – forro.
    Porque não apostamos no ensino à lingua nacional? Como fazem os caboverdianos?
    (…) pior e triste é que os santomenses não sabem falar a lingua nacional e falam mal o português, a todos os níveis.
    – os professores;
    – os juizes;
    – os médicos;
    – os estudantes;
    – os políticos;
    até alguns jornalistas …

  3. V

    22 de Novembro de 2011 at 12:18

    Nós santomenses intendemos criolo..por isso tenta colocar a matéria no nosso criolo.

  4. Nando Vaz (Roça Agostinho Neto)

    22 de Novembro de 2011 at 13:00

    É necessário que o Sr. ministro da Educação entenda o seguinte.O que faz um pais funcionar, é conjunto de pessoas organizada politicamente.Por favor a Demagogia vossa todos os Santomenses conhecem, por favor não nos coloca a palavra na nossa boca(residentes no estrangeiro).Gosto muito de S.tomé,o que não gosto é conjunto de pessoas que governa demagogicamente este pais. Para a maioria dos analistas, só há mudanças no conteúdo e na metodologia das políticas públicas
    com mudanças nas elites políticas, na composição do poder político. É certo que mudanças mais substantivas
    só podem ocorrer quando efetivamente se muda a composição do poder, mas pode-se obter
    conquistas sociais através da mobilização social, da ação coletiva, sobretudo quando esta passa a ter
    um conteúdo de proposição, de debate público de alternativas e não de mera crítica. Para isso, é
    necessário que as proposições sejam legitimadas por um amplo consenso e que tenham uma abrangência
    maior que os interesses corporativos ou setoriais.

  5. Nando Vaz (Roça Agostinho Neto)

    22 de Novembro de 2011 at 13:09

    Enves de Governo procurar alternativa de restaurar e dinamizar a económia, andam a preocupar com os santolas que residem no estrangeiro. Falta de Ética de Responsabilidade1..

  6. Anderson N. Ceita

    22 de Novembro de 2011 at 14:44

    QUINZE ANOS diz:
    22 de Novembro de 2011 às 14:45
    A expressão utilizada dialéticamente pelo Ministro da Educação e Cultura,merecia um tratamento,como abaixo se segue:
    O que seria bom no momento era fazer-lhe perder alguns dentes que tem saboreado melhores pratos,bebendo melhores vinho e chicotear esse corpo que tem tido bons sonos na custa de alguns são-tomenses.
    Apesar de existir dificulidades no estrangeiro, digo de viva voz; se todos são-tomenses que estão a sofrer na pele a miséria e a pobreza,protagonizado pelos governantes da segunda República,tivessem possibilidades de viajar a procura de alternativas,no nosso País só ficaria os politicos e alguns personagens que de uma forma desconhecida exploram negócios. Apesar de muitos terem criticado os quinze anos da primeira República, mas nunca houve tanta deslocação dos são-tomenses para países estrangeiro. No entanto senhor Olinto Daio, é bom que escôve bem os dentes e enxagoa bem a boca depois fala dos são-tomenses da Diáspora.
    Não é andar a falar besteiras que o nosso País desenvolve.O papel principal dos governantes e politicos é unir o povo e não indiciar coisas dessas,porque assim será pior para nosso país.Se o senhor não sabe o significado de “CATÉLA” não o interpreta. Como conselho, se o senhor quer saber como governar vai ter ao homem de H grande M.P.C que actualmente é o nosso Presidente: Ficamos entendidos?!…
    BEM HAJA

  7. Horácio Will

    22 de Novembro de 2011 at 16:05

    FIQUEI MUITO CONTENTE: o senhor Ministro de Educação e cultura falou na nossa língua e conseguiu aplausos quando aludiu à necessidade de reabilitar a nossa cultura.
    FIQUEI MUITO TRISTE: O senhor Ministro de Educação e Cultura não tentou convergir a união nacional nessa luta. Simplesmente deixou a sensação de que a diáspora é contra os valores da nossa terra.
    Pode ser um erro grave para um dirigente que ainda não se apercebeu da necessidade da união para o desenvolvimento, como pode ser má fé contra o próprio povo, no sentido de afastar afectivamente as pessoas que a priori podem ter posicionamento mais avançado para conduzir a princípios de reflexão.
    Recordemos que muitos santomenses, no estrangeiro, dizem-se desanimados por não poderem investir no seu próprio país onde a corrupção surge como obstáculo para os próprios nacionais. Se as críticas a que se refere forem essas, é melhor ficar claro que não se tem falado mal a criticar a cultura, mas a criticar a política que se pratica. Por outro: falar da necessidade de melhorar o nível cultural, não significa falar mal da Cultura.
    Assisti a um concurso de miss santomense em Portugal e vi que as músicas e as danças eram de STP. Há aqui grupos e associações a elevarem os nossos valores culturais no estrangeiro.
    Sugiro que corrijam dentro do país, o distanciamento que as pessoas que se julgam mais ilustres praticam em relação à camada populacional desfavorecida para verem se o povo não se sente mais agarrado aos seus valores.

  8. Francisco Ambrósio Agnelo

    22 de Novembro de 2011 at 16:32

    A cultura de um povo é expressada de forma diversificada: música, dança, gastronomia, etc, etc. O desconhecimento da matéria História da Arte, faz-nos negar o que é essencial. Se não vejamos: diante do museu, assim conhecido, estão duas esculturas em alto-relevo testemunhando pessoas que fizeram algo de relevância nas ou para às Ilhas. Justifica o estado em que às mesmas se encontram? O restauro e a reposição destas nos respectivos lugares não estariam a valorizar à Arte, e o mesmo tempo, dizer aos visitantes que somos um povo com História?

  9. Zidane

    22 de Novembro de 2011 at 17:19

    Nota dez para o Senhor Ministro da Educação e Cultura. Gestos desses aumentam a minha auto estima.Tenho orgulho de ser são-tomense.Vamos aproveitar tudo o que nos une e abandonar todas as diferenças que prejudicam a nossa unidade e o nosso desenvolvimento.

  10. Leoter Viegas

    22 de Novembro de 2011 at 17:41

    O que mais me chamou atenção neste fórum sobre cultura foram as palavras do Ministro da Educação. Há em STP uma atitude anti-emigrante santomense ao mais alto nível e as palavras do Ministro da Educação só vem confirmar esta atitude. Os nossos responsáveis políticos não têm a noção da importância da diáspora santomense e o Sr. Ministro da Educação muito menos. É lamentável

  11. Adão Pequeno

    22 de Novembro de 2011 at 19:04

    É no mínimo lamentável certos comentários sobre o discurso do ministro de educação e cultura, sobretudo quando se faz comentário de um extracto de discurso, sem compreender de certo o seu contexto.
    Entretanto, penso que alguns leitores foram propositadamente induzidos a esse fim, porque para quem teve acesso ao discurso, facilmente observa que citação está incorrecta e mal traduzida.
    Mas a questão é ainda muito séria e grave, mas limito a minha observação apenas colocando algumas questões:
    Porquê que o artigo não citou o discurso da maneira como foi proferida (língua santomé) ou porquê que não se fez uma tradução mais fiel do texto.
    Será que esta parte do discurso do ministro teria a maior pertinência? Não haveria outras partes de discurso que mereceria citar?
    Obrigado,
    Adão,
    De Italia

  12. Melhores Dias virao

    22 de Novembro de 2011 at 19:16

    É bom que como sao-tomense,valorizemos o nosso criolo,independentemente onde estivermos!

  13. Emilio Freitas

    22 de Novembro de 2011 at 23:51

    Não são os emigrantes que são culpados são vcs dirigentes que emporcalham com tantas barbaridades ,malfeitores, hoje mesmo estava eu na capital brasileira e um cidadão brasileiro ao percebe-se que eu era estrangeiro me perguntou de que país eu era, ao identificar-me , para o meu espanto aquele senhor que tb era negro, me diz q ja esteve em stp , e que a dada altura qd o brasil tentou ajudar stp, um dos maiores entraves q encontraram foi a borocracia, ou seja ate pra nos darem algo, era assim e que tdos intervinientes queriam tirar proveito proprio, e que um dos nomes que ele ainda se lembrava era um tal de NINO, posto isso pergunto, ainda alguem terá coragem de dizer que são os imigrantes!???

    Haja paciencia!

  14. Filipe Samba

    23 de Novembro de 2011 at 5:59

    Sengundo me foi traduzido que o Senhor Ministro da Educação Manifestou que todos os descendentes devem falar o crioulo forro e que a Ilha do principe deixasse de falar a sua Lingua Nacional

    • Gregório Lima

      23 de Novembro de 2011 at 9:27

      Ele sabe lá o que anda a fazer no governo! Só em S.T.P uma pessoa tão limitada, do ponto de vista político, técnico e cultural pode ser ministro. Você está a imaginar que esta coisa poderia ser ministro num país minimamente organizado? Onde? Só neste país que se chama S.Tomé. Para quê que o Príncipe precisa deste desmando, desta desorganização, desta incompetência, desta vergonha? Eles são muito mais inteligentes do que nós que somos submissos, parvos e burros.
      Fui
      Gregório Lima

  15. luisó

    24 de Novembro de 2011 at 10:24

    País sem futuro, por causa dos seus dirigentes politicos…
    Infelizmente não há alternativa a estes em STP e o povo sofre…

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