O Ex compositor e interprete da musica santomense, da era colonial, primeira Republica e da democracia; Carlos Cardoso, mais conhecido por “ Cardoso bá Aeroporto “ que foi a enterrar no cemitério de São da Vargem na passada semana; marcando o fim dos cânticos tradicionais em São Tomé e Príncipe.
A primeira canção de Cardoso foi apresentada há 50 anos. Foi interpretada pelo também falecido falecido músico Haider Indya, antigo proprietário e vocalista principal do Conjunto Sangazusa, na sua ex-oficina de marcenaria na Fruta-Fruta, onde faziam também ensaio.
O referido compositor e cantor que por diversas vezes participou em concurso de festival de canção alusiva a datas marcantes no arquipélago são-tomense tornou-se famoso no seio da música santomense com a publicidade do também falecido Gete Rita. Porque ele vinha lançado
lindas musicas que despertou a atenção do Gete.
Chegou um belo dia, o compositor Gete Rita, não aguentou a curiosidade e dirigiu-se ao Haider Indya e exclamou quem é esse misterioso Cardoso. Porquê que ele não vem ao baile ou pelo menos ao Matinée?
Haider lhe respondeu: O Cardoso vem colaborando desde 16 anos mais todavia ainda é menor e o seu pai não lhe autoriza vir a festa, só simplesmente o ensaio e depois tenho que lhe levar para casa em São Marcos.
Foi a partir daí que: o Gete imaginou e lançou a famosa musica, “ Chama Cardoso para mim! Mulher pode dar a luz comer galinha e das melhores comidas, se o homem não ir vê-la a vergonha é para os familiares da mulher”. Musica essa, que originou a libertação do passe do Cardoso mas que ainda tinha que ir na proteção de Haider Indya e o primeiro encontro com Gete Rita se realizou no Terraço Piquina-Piquina com a festa de Santo António.
Com o tempo, Cardoso teve saudade de Gete Rita que havia trocado São Tomé por Lisboa inda nos anos 80. Foi ao aeroporto para enviar cumprimentos para Gete, e lá cruzou com a antiga mulher do Gete com o seu novo companheiro, Jaime Matos, também o seu antigo chefe na alfândega e enviou cumprimentos para Gete.
Por sua vez a Isabel ficou receosa por ser nova companheira de Jaime Matos, zangou-se com o Cardoso e ordenou-lhe que procurasse outro passageiro para enviar cumprimentos para Gete Rita em Lisboa.
Assim nasceu a composição que fez furor em São Tomé e Príncipe, na década de 80 com os África Negra, “Cardoso Bá Aeroporto” . Mais composições que marcam a história da música e cultura sãotomenses, nasceram com Cardoso e nunca mais morrem. «Le gué Bi ( deixa-lhe vir ) que teve a seguinte historia: Venâncio Moniz foi grande compositor de Sangazusa, e chegou um momento em que o conjunto Africa Negra estava a subir de forma, o Venâncio começou a
escorregar no leve-leve como o sabonete até que chegou no seio oficial do Africa Negra.
A má sorte, do Venâncio Moniz, foi o camarada Manjalégua, ter lançado no Africa Negra a música: “ MLSTP mandou recado para os inocentes que tem rabo comprido; que o mundo já pisou com os pés, o que querem mais.” Com esta canção o senhor Manjalégua também já falecido, ganhou lugar e respeito no conjunto Africa Negra. Por exemplo, se ele, chegava na casa de ensaio; seja quem fosse a ensaiar era logo suspenso para dar facilidade ao Manjalégua.
O compositor Venâncio Moniz, que sempre preferiu morrer de pé do que de joelho; não conseguiu engolir esse sapo vivo. Manifestou energicamente e condenou ao mesmo tempo, então entra em choque com o conjunto Africa Negra e preferiu regressar ao Sangazusa. O Cardoso imediatamente lançou essa: “ Haider ainda lembras daquele porco que rejeitou o quintal já há alguns dias? Lá está ele a porta! a contar os pés e quer entrar ” . Uma música que continua a falar para os são-tomenses em todos os momentos. Uma rumba que continua a fazer dançar os são-tomenses.
No último domingo na missa das 17horas e 30 minutos na Igreja da Sé, foi celebrada na escuridão e daí muitos sentiram já a falta de Cardoso porque, era ele que tinha o lobby na Central Elétrica e já não se recordava de uma eucaristia do Bispo sem iluminação na Sé.
Cardoso, amigo dos amigos, foi a enterrar no passado sábado, vítima de um acidente entre motorizadas. Era amigo, muito amigo do Jornal Téla Nón… Descansa em paz…
Inter Mamata
Santola que bate
6 de Agosto de 2014 at 12:59
Meus pêsames ao falecido e a família em enlutada
Eu acho que vocês do Jornal deviam deixar uma musica em que ele participou no final do texto.
Fernando
6 de Agosto de 2014 at 14:26
E a acrescentar a tudo isto, o facto que na Administração Pública, poucos são os que conhecem o fundamento da mesma, como o falecido Cardoso. Veio dos escalões mais baixos e era detentor de muitas normas, procedimentos que, infelizmente começamos só a recordar, pois começam a escassear…Testemunho, por ter trabalhado comigo, essas sublimes virtudes e a cada dia vinham ao do cimo. A Cultura e a Administração pública ficaram mais pobres, que pena!…
Que Deus lhe guarde um cantinho, e que sua alma repouse em paz!!!
Ma Fala
6 de Agosto de 2014 at 15:48
Pais bandalhado e da Verg…, que nem uma homenagem decente pode dar a um individuo que deu tudo, so faltava dar a vida, para enaltecimento da cultura.
Verdade se diz
6 de Agosto de 2014 at 16:13
Grande compositor Santomense.
Descanse em paz!
Gilberto De Andrade
7 de Agosto de 2014 at 6:58
Meu caro amigo Cardoso,
Foi com muita tristeza que tomei conhecimento do teu desaparecimento fisico. Vou sentir muitas saudades da tua simplicidade e tua forma docil de falar. Os meus pesames a familia enlutada. Que Deus ilimine a tua alma.
Minha Avô
7 de Agosto de 2014 at 11:23
Cardoso, um grande amigo. Muita tristeza!! Abel Veiga, por favor, põe o som da musica Cardoso Bá Aeroporto.
mandale
8 de Agosto de 2014 at 10:12
somente um reparo , amigo mamata Cardoso lançou a música Cardoso bá aeroporto no início da decada 90 .
vio
9 de Agosto de 2014 at 15:07
Que Deus tenha a sua alma e q a familia seja consolada por Deus.
Santosku
20 de Agosto de 2014 at 13:45
Foi com grande tristeza que tomei hoje o conhecimento da morte e já enterrado Cardoso. Descanse em paz meu amigo
seabra
24 de Agosto de 2014 at 11:33
Descanse em paz e na luz….que a Terra lhe seja leve! Vivo continua através das suas músicas, do contributo inestimável no domínio da arte são-tomense. Honra e memória….viva o Cardoso!