PARCERIA Téla Nón /Rádio ONU
Agência da ONU alerta que apesar da ampla condenação, prática persiste em todo o mundo; uma em cada três meninas em países em desenvolvimento casa antes dos 18 anos.
Foto: Unfpa/Whitney Kidder
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, quer acabar com o casamento infantil derrubando mitos que envolvem essa prática.
Segundo a agência da ONU, apesar da condenação mundial o casamento com menores de idade persiste no mundo, “perpetuando uma mistura de pobreza e desigualdade de géneros que têm efeitos arrasadores”.
Prática
O primeiro mito a ser derrubado é o de que essa prática é rara. O Unfpa explica que uma em cada três meninas nos países em desenvolvimento casa antes de completar 18 anos.
A agência calcula que somente em 2015, 13,5 milhões de crianças, a maioria meninas, vão se casar antes dos 18 anos, e aproximadamente 4,4 milhões estarão casadas antes do seu décimo-quinto aniversário. Isso representa 37 mil casamentos por dia.
O Unfpa afirma também que esses matrimónios não acontecem apenas em “países africanos pobres e muçulmanos”.
Os casamentos ocorrem em todo o mundo, em todas as culturas e religiões, até mesmo em nações ricas como os Estados Unidos e o Reino Unido, mas são mais comuns no mundo em desenvolvimento porque um dos principais fatores é a pobreza.
Casos
A região da Ásia-Pacífico regista o maior número de casos, com 40,4 milhões de meninas casadas, seguida pelo sul e leste da África com 8,5 milhões e América Latina e Caribe, com 7,5 milhões.
Ainda na lista estão as regiões centro e oeste da África, com 7,4 milhões, Médio Oriente com 2,8 milhões e leste da Europa e Ásia central, com 1 milhão de meninas forçadas a casar antes da maioridade.
O Unfpa afirma que a prática atinge 82% das meninas e 18% dos meninos.
A agência afirma que acabar com o casamento infantil não significa interferir nos assuntos internos dos países. A prática é condenada por dois dos principais acordos de direitos humanos: a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres.
Sudão do Sul
Esses tratados foram assinados ou ratificados por quase todas as nações com a exceção do Sudão do Sul, que já está adotando medidas para ratificar a Convenção Sobre os Direitos da Criança.
O Unfpa rebate a ideia de que somente “monstros” permitem que suas filhas se casem ainda crianças.
A agência explica que entre famílias muito pobres, o casamento pode garantir o futuro de uma vida melhor para a menina ou em crises humanitárias, onde a violência sexual é alarmante, o casamento pode ser uma forma de proteção da menor.
A educação pode ser usada também como uma arma de combate. Segundo o Unfpa, o Programa de Ação para Adolescentes, ensina direitos humanos a meninas de 12 países na Ásia, na África e na América Latina.
Isso pode ser um fator importante para acabar com o casamento infantil quando as crianças sabem de seus direitos e têm acesso a informações e oportunidades.
A agência da ONU descarta a ideia de que muitas pessoas têm de que não podem fazer nada para acabar com o problema.
O Unfpa diz que, muito pelo contrário, todos podem apoiar programas em defesa dos direitos humanos e para o empoderamento de meninas. Ao chamar a atenção do público e dos líderes mundiais para essas questões, é possível torná-las prioridades internacionais.
MJC
18 de Fevereiro de 2015 at 17:56
Infelizmente, deparámo-nos com este flagelo em pleno séc. XXI. Penso que será necessária uma vigilância mais apertada e a punição severa para os pais que promovem esse ato hediondo.