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RD Congo: relatório da ONU indica cumplicidade do governo em massacres

PARCERIA  Téla Nón / Rádio ONU

Equipe do Escritório de Direitos Humanos entrevistou 96 pessoas que fugiram da região congolesa de Kassai para Angola; entre março e junho, pelo menos 251 pessoas foram mortas no território de Kamania, incluindo 62 crianças, 30 delas menores de oito anos; entrevistados indicaram que forças de segurança locais e outras autoridades ativemente fomentaram, alimentaram e, ocasionalmente, lideraram ataquem com base em etnia.

Um antigo local para pessoas deslocadas internas perto de Kaleime, na República Democrática do Congo, foi queimado ao ser atacado por uma milícia em julho. Foto: Ocha/ Ivo Brandau

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O Escritório do alto comissário da ONU para Direitos Humanos lançou nesta sexta-feira um novo relatório alertando que a violência na região de Kassai, na República Democrática do Congo, parece assumir, cada vez mais, uma dimensão étnica.

Dados coletados por uma equipe de investigadores de direitos humanos da ONU sugere que as violações e abusos cometidos em Kassai podem representar crimes sob a lei internacional.

Angola

O relatório é baseado em entrevistas com 96 congoleses que fugiram para o país vizinho, Angola, para escapar da violência no território de Kamania. A equipe da ONU foi enviada para o país lusófono para conversar com vítimas e testemunhas do conflito muito com “marcas visíveis” de abusos, incluindo membros amputados.

O chefe da seção para África Central e Ocidental do Escritório de Direitos Humanos, Scott Campbell, falou com jornalistas nesta sexta-feira em Genebra.

Segundo Campbell, entre março e junho deste ano, a equipe da ONU concluiu que pelo menos 251 pessoas foram mortas no território de Kamania, uma parte pequena do território de Kassai, incluindo 62 crianças, 30 delas menores de oito anos.

“Relatos horríveis”

O especialista afirmou que os relatos dos refugiados foram “absolutamente horríveis”. Campbell afirmou ser raro que o grupo de investigadores, que é muito experiente, registre esse “grau de crueldade sendo testemunhado”.

Em comunicado, o alto comissário da ONU para Direitos Humanos declarou que os sobreviventes afirmaram ter ouvido “gritos de pessoas sendo queimadas vivas, terem visto as pessoas que amam serem perseguidas e mutiladas e terem, eles mesmo, fugido apavorados”.

Zeid al Hussein ressaltou que tal derramento de sangue é ainda mais apavorador porque há indícios de que as pessoas estão cada vez mais sendo atacadas devido a seu grupo étnico.

“Alerta grave”

Para o alto comissário, os testemunhos sevem como um “grave alerta” para o governo da República Democrática do Congo para que aja imediatamente para evitar que tal violência se transforme um uma “limpeza étnica mais ampla”.

Ele pediu ao governo que tome todas as medidas necessárias para cumpir sua obrigação de proteger pessoas de todas as origens étnicas na região de Kassai.

Os entrevistados indicaram que forças de segurança locais e outras autoridades ativemente fomentaram, alimentaram e, ocasionalmente, lideraram ataquem com base em etnia.

A Missão da ONU na República Democrática do Congo, Monusco, identificou pelo menos 80 valas comuns nos Kassais.

Confilto

Os combates entre a milícia Kamuina Nsapu e o governo começou em agosto de 2016. A equipe da ONU pôde confirmar que outra milícia, chamada Bana Mura, foi formada entre março e abril deste ano por indivíduos dos grupos étnicos Tshokwe, Pende e Tetela.

A milícia foi supostamente armada e apoiada por líderes locais tradicionais e oficiais de segurança, incluindo do exército e da polícia, para ataque às comunidades Luba e Lulua que são acusados de serem cúmplices da milícia Kamuina Nsapu.

De acordo com o relatório, a Bana Mura supostamente conduziu uma campanha destinada a eliminar todas as populações Luba e Lulua nas aldeias que atacaram.

Em muitos incidentes relatados à equipe, soldados das Forças Armadas da República Democrática do Congo, conhecidas por sua sigla em francês Fardc, foram vistos liderando grupos da milícia Bana Mura durante ataques às aldeias.

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