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GGA vergonhoso escândalo financeiro

Leonel Batista de Sousa, emigrante em Portugal desabafa o que carrega na alma em torno do escândalo financeiro, que envolve mais de 22 biliões de dobras.

Caros Senhores,

Sou santomense residente em Portugal e gostaria de tecer algumas considerações sobre o vergonhoso escândalo do GGA em S.Tomé e Príncipe, de modo a atenuar a dor que me vai na alma, pelo que desde já solicito que publiquem na vossa página.
Julgo que é chegada a hora de se começar a fazer justiça em S.Tomé e Principe, visando a moralização da sociedade.

A elite política santomense, salvo as almas que não merecem, e as há felizmente, não pode passar a vida a saquear os bens públicos, que os proporciona uma vida de fausto, mas a custa do empobrecimento do povo e da degradação do país à situção de calamidade, sem precedentes.

E o pior, é que não se pode ter esperança para este país, porque as moratórias e beneficío da dúvida foram tantos e estamos mergulhados num mar de desilusão.
Senhores magistrados, contsmoc convosco para estabelecer o verdadeiro e íntegro poder judicíário em S. Tomé e Príncipe! Por favor ponham alguma justiça nisso! A CADAEIA NÃO É SÓ DESTINADA À RAIA MIÚDA!

Apesar dos pesares, vejam os exemplos de Moçambique, onde estão dois ex-Ministros enjaulados. Apesar dos pesares, vejam o exemplo de Portugal onde foi preso o ex-Presidente de um Banco privado BNP, pelo facto de com diversas tramoias ter descapitalizado o banco, obrigando o Estado português a nacionalizar esta instituição financeiraa fim de evitar a sua falência.

Meus senhores, vejam o exemplo de Cabo Verde, tenham um pingo de vergonha e compaixão pelo povo! Isto é um bando de malfeitores dessiminados em todos os partidos santomenses, quer estejam ou não no poder. Todos estão comendo na mesma panela, mas o pior é que o dono da panela e da comida é o povo que se calhar, nem vai ver nada para ” loló” e nem tão pouco o fundo da panela para ” Klokló”.

Todos estamos atentos ao desfecho deste caso GGA! Os péssimos exemplos de dilapidação dos bens do estado, para não dizer do povo, são mais que muitos! Esquartejamento das antigas Roças e distribuição das mesmas à numenklatura santomense e afins, como “pagamento” sabe-se lá do quê, sendo que, os que possuem mais influência ou estão constantemente com a faca e o queijo na mão, cortar ao seu belo prazer, chegando ao cúmulo de, à uma só pessoa ser dada várias roças ou bens do Estado, só porque gravitam na orla do poder.

Essas mesmas roças, com as suas casas coloniais, algumas com mais de século e meio de vida, verdadeiros patrimónios culturais do universo, sendo algumas delas ímpares no mundo, puderiam ser um factor agregador de projectos de investimento no domínio do turismo. O pior é que alguns que se apropriam desses valiosos tesouros, acabam a assistir a sua continua degradação e voz alguma neste país se opõe a esta degradação. Antes, pelo contrario, todos assistem tranquilamente ao assassínio de um património nacional e universal.
Isto é um autético regabofe, só para meia dúzia larápios, que um dia esperemos que acabe.
Tem que haver Estado em S.Tomé e Príncipe. Um Estado que cuide sim do bem-estar do seu povo.

Para tal, tem que haver verdadeira JUSTIÇA em S.Tomé e Príncipe.
O aparelho judicial, esse pilar, tem que fazer o seu papel, marcando a diferença, no sentido da MORALIZAÇÃO da sociedade santomense.
MEUS SENHORES! Para grandes males, grandes remédios! A cadeia não foi feita para ratos. Se for preciso prender as pessoas, que as prendam! Mas não é para permitir que elas depois comprem a liberdade através da caução! Que seja sem recurso a caução! Se não existe enquadramento jurídico para acolher esta medida, então que haja vontade de se alterar a lei nesse sentido, na medida em que um dos princípios básicos do Estado de Direito é a justiça e legalidade. Que se lhes confisquem os bens, uma vez apanhados nas malhas da ilegalidade, como já se fez no passado.

Um dado adquirido é que as coisas não podem continuar assim.
Só para amenizar a coisa vou vos lembrar a fábula de “O Macaco Juíz” do livro de 4ª classe dos tempos idos, antes da independência, em que dois gatos assistiram impávidos e serenos a macaco que eles proprios tinham chamado para dividir um queijo que os dois tinham conseguido, sabe-se lá como, mas que os gatos não se entendiam na divisão do mesmo entre eles. Os dois gatos foram chamar o macaco para resolver o problema. O macaco, espertalhão, trouce consigo uma balança de dois pratos.

O Macaco partiu o queijo em duas metade e colocou-os em cada prato da balança. Como os pedaços não eram iguais, logo a balança pendia mais para um dos lados. O macaco, para tentar equilibrar a balança, ia desbastando o pedaço maior e claro ia comendo o pedacinho que ia tirando. Os gatos sentados ao pé da balança assistiam a cena. O macaco andou nisso até que o queijo sumiu-se, perante o ar incrédulo dos dois felinos.

Extrapolando para o caso de S.Tomé e Principe, e retirando outras ilações da parábola,diria que é muito natural que um dia os gatos acordem da letargia e se revoltem contra o macaco.
Lembrem-se também que, apesar dos pesares,na 1ª República houve figuras gradas que foram engavetadas.

Penso que toda a diáspora está atenta ao que se está passando aí em S. Tomé e Príncipe, mas reagindo cada um a sua maneira.
Mas estamos atentos!
Para mim e para todos os santomenses que querem o bem para este país e para o seu povo, só há uma coisa que nos consola, e mesmo ela é cada mais ténua. E ela é uma palavra que deve existir nas nossas vidas, que é a esperança. Mas mesmo ela, é cada vez mais longínqua em S.Tomé e Príncipe porque os actores são sempre os mesmos, por vezes apenas desfarçados com outras roupagens.
Saudações ao povo de S. Tomé e Príncipe!

Leonel Afonso Batista de Sousa
26-11-2008

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