Economia

Empresa belga assinou com o estado são-tomense acordo para transformar o arquipélago num dos principais produtores de óleo vegetal de África a partir de 2014

assinatura-do-acordo.jpgO acordo de concessão de 5 mil hectares de terra para plantio de palmeiras de andim na zona sul de São Tomé e no norte da ilha do Príncipe foi assinado quarta-feira entre o estado são-tomense e a sociedade belga SOCFINCO S. A. Duas fábricas para produção de óleo de palma, vão ser reabilitadas, uma no Príncipe e outra na Ribeira Peixe em São Tomé. Segundo Luc Boedt director geral da empresa belga, 40 milhões de euros vão ser investidos no projecto que tem 3 fases importantes. O governo através do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural Xavier Mendes, anunciou cerca de 1000 empregos directos.

O acordo de concessão é válido por 25 anos. A direcção da empresa belga prometeu que os trabalhos iniciam dentro de duas semanas. A antiga empresa de óleos vegetais EMOLVE, localizada no sul de São Tomé, é um dos alvos do projecto. Os vários hectares de palmeiras que na década de 80 garantiram milhares de toneladas de óleo alimentar, vão ser reabilitados com a introdução de novas plantas.

ribeira-peixe.jpgO projecto que envolve 40 milhões de dólares do sector privado belga, é ambicioso. Pretende nos próximos 5 anos transformar São Tomé e Príncipe, num dos principais produtores de óleo alimentar do continente africano. Por isso mesmo para além da zona da Ribeira Peixe, outros hectares de terra da roça Porto Alegre mais ao sul da ilha, vão receber palmeiras para produzir óleo de palma. O mesmo vai acontecer na zona norte da ilha do Príncipe, totalizando 5 mil hectares de terra preenchida com palmeiras de andim. «Criamos um grupo de investidores, Belgas, que vai assegurar o total de investimento neste projecto. Para já o montante está avaliado em 40 milhões de euros, que vai passar pela reabilitação total das plantações da Ribeira Peixe, e novas plantações em Porto alegre e no Príncipe. Vamos reconstruir duas fábricas. Uma na Ribeira Peixe e outra na Ilha do Príncipe, e vamos financiar o desenvolvimento das actividades agrícolas nas aldeias dos agricultores», explicou Luc Boedt.

São as três fases importantes do projecto. A terceira fase que tem a ver com o apoio financeiro as aldeias dos agricultores, refere-se ao envolvimento de pequenos agricultores independentes no projecto.

O ministro da agricultura e desenvolvimento rural Xavier Mendes, detalhou as vantagens do projecto. «Criando cerca de 1000 postos de empregos directos, cerca de 700 em São Tomé e 200 na Região autónoma do Príncipe. Levará a uma melhor habitabilidade construindo habitações para os trabalhadores, levará aumento do parque escolar no mundo rural com a construção de novas salas de aulas no mundo rural, em concertação com o ministério da educação, levará a uma maior cobertura sanitária no mundo rural com a edificação de postos sanitários em concertação com o ministério da saúde», sublinhou o ministro.

Virado para o desenvolvimento integrado, o projecto agro-industrial, vai promover a produção de detergentes e sabão, com base na matéria-prima local. Uma acção com impacto na balança comercial e de pagamentos. «Pois muitos produtos que importamos hoje como óleo refinado, sabão e detergentes deixaremos de importar», acrescentou Xavier Mendes.

director-geral-da-empresa-belga.jpgPor sua vez, a direcção da SOCFINCO S.A. indicou o tempo em que o projecto vai começar a produzir óleo vegetal. «Vamos precisar de 4 a 5 anos para recuperar as plantações mas dentro de 2 anos teremos já que começar a construir as novas fábricas. A partir do momento que construirmos as fábricas, isto é em 2011, nos próximos 5 anos seguintes começaremos a exportar, ou seja, em 2014», precisou.

A SOCFINCO, garante que o seu investimento é estratégico. O estudo de viabilidade económica foi feito, tomando em consideração o mercado sub-regional e mundial. « Há carência de óleo alimentar em África, que importa óleo de soja dos Estados Unidos e da Europa, ou óleo e oliveira, e do extremo oriente importa-se óleo de palma. Actualmente na Europa o consumo de óleo vegetal é de 50 quilos por pessoa o mesmo nos Estados Unidos. Na África está em 22 quilos. Quer dizer que dentro de 10 ou 20 anos o consumo no planeta terra vai aumentar. Apesar da palmeira de óleo ser de origem africana já se regista uma penúria de óleo na Nigéria, nos Camarões, na Guiné, na Libéria», afirmou o chefe da empresa, para depois reforçar que «vamos fazer algo estratégico. Primeiro abastecer o mercado local».

Com o mercado nacional abastecido, a estratégia será de conquista do mercado internacional, que segundo a SOCFINCO, registará uma acentuada penúria de óleo alimentar nos próximos 10 anos. «A superprodução que se regista actualmente de óleo de palma na Ásia, é escoada para África, mas daqui há 10 anos a produção da Ásia vai ser insuficiente para a sua população. Portanto este projecto se enquadra no desenvolvimento regional, e é uma escolha estratégica para o país, que vai ser auto-suficiente em óleo e também assegurar a exportação para todo o continente», concluiu.

O governo são-tomense considera o projecto agro-industrial, lançado quarta-feira, como uma alavanca para o desenvolvimento económico e social de toda a região sul da ilha de São Tomé e da região autónoma do Príncipe. Duas regiões onde segundo o governo os índices de pobreza são mais preocupantes.

Abel Veiga

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