Economia

Relatório balanço do FMI sobre a situação macro-económica de STP

Num comunicado a equipa do FMI que recentemente avaliou a situação macro-económica do país, faz a radiografia dos indicadores de São Tomé e Príncipe. A economia nacional estagnou, por causa da contração do mercado financeiro internacional.

International Monetary Fund

Washington, D.C. 20431 USA

Comunicado de Imprensa nº

.PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA

Comunicado de Imprensa por ocasião da Conclusão da Missão do FMI à República Democrática de São Tomé e Príncipe

Uma equipa do corpo técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI) visitou São Tomé e Príncipe de 7 a 20 de Maio de 2010 para a realização das Consultas do Artigo IV e segunda avaliação de desempenho ao abrigo do Instrumento de Crédito Prolongado (ECF) [1] aprovado pelo Conselho de Administração do FMI em Março de 2009. A equipa reuniu-se com Sua Ex.ª o Primeiro-Ministro Rafael Branco, e manteve encontros de trabalho com a Ministra do Plano e Finanças, Dra. Ângela Santiago, o Governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP), Dr. Luís de Sousa, outros quadros superiores do Governo e do BCSTP, Ilustres Deputados da Comissão de Assuntos Económicos e Financeiros da Assembleia Nacional, bem como com representantes da banca comercial, comunidade empresarial e parceiros de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. No termo da visita, o Senhor Tsiti Tsikata, Chefe de Missão, emitiu a seguinte declaração:

“Observou-se um abrandamento da economia para aproximadamente 4 por cento em 2009 após ter atingido mais do que 6 porcento ao ano durante os últimos cinco anos. Esse abrandamento ficou a dever-se a um significativo declínio do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e à diminuição de donativos oficias que afectaram adversamente o ritmo das actividades nos sectores da construção e do comércio. A actual crise económica e financeira global diminuiu as perspectivas de São Tomé e Príncipe para um rápido retorno à senda do crescimento. Mais especificamente, é pouco provável que se verifique uma grande retoma do IDE a curto prazo. A inflação continuou a diminuir gradualmente com uma quebra homóloga de um pico de 37 porcento em Julho de 2009 para 13 porcento em Abril de 2010. A inflação nos produtos não alimentares foi muito menor, tendo atingido 4,5 porcento em Abril de 2010. O sucesso da recente introdução da paridade da taxa de câmbio da Dobra ao Euro – a moeda dos principais parceiros de negócios de STP – é um bom augúrio de maiores progressos no sentido de fazer descer a inflação e as taxas de juros no País e, assim, promover a actividade económica.

O Governo e o corpo técnico do FMI discutiram políticas para reforçar o desempenho fiscal de forma a manter a estabilidade macroeconómica e apoiar a ancoragem da taxa de câmbio. No decurso dos últimos anos, o Governo recorreu aos proventos da Conta Nacional do Petróleo e das privatizações para promover o lado da despesa, nomeadamente em projectos de investimento público. No ano transacto o Governo utilizou esses recursos para compensar a receita fiscal abaixo do esperado e as quebras nos donativos externos. Contudo, o Governo reconheceu a necessidade de estabelecer políticas para atingir uma posição fiscal mais sustentada e sublinhou as medidas que estão a ser postas em prática para melhorar a gestão da receita e da despesa pública. O corpo técnico do FMI sugeriu que as autoridades implementem medidas destinadas a resolver o problema recorrente de acumulação de atrasados entre o Tesouro, a empresa de água e electricidade (EMAE) e a empresa importadora de petróleo (ENCO), incluindo mecanismos de ajuste automático dos preços dos combustíveis e das tarifas da água e da electricidade. Tal acção permitirá ao Governo centrar os seus recursos orçamentais ligados aos programas de protecção social.

Não obstante o perdão substancial da dívida que recebeu dos parceiros bi e multilaterais, STP permanece em elevado risco de voltar a sentir perturbações ligadas à divida externa devido à sua limitada base de produção e de exportação. O corpo técnico do FMI saúda o compromisso do Governo de evitar o recurso crédito comercial, centrando-se antes nos donativos externos e nos empréstimos em condições altamente concessionais para financiar os seus programas de desenvolvimento. O Governo sublinhou várias reformas que estão na calha para melhorar o clima de investimento, que deverá contribuir para atrair investimento directo estrangeiro e facilitar o crescimento impulsionado pelo sector privado.

Foram atingidas a maior parte das metas para 2009 estabelecidas ao abrigo do programa apoiado pelo FMI. Contudo, a meta do défice orçamental foi excedida devido à quebra na receita e à despesa para sanear os atrasados do Governo à EMAE. O fraco desempenho da receita continuou no primeiro trimestre de 2010 e foi o principal factor subjacente ao défice nesse período que também excedeu a meta programada. O Governo e o corpo técnico do FMI concordaram em continuar as discussões sobre a segunda avaliação do ECF em simultâneo com a monitorização do desempenho fiscal no segundo trimestre de 2010.

A equipa agradece às autoridades pela hospitalidade e espírito construtivo em que decorreram as conversações. Prevê-se que o Conselho de Administração do FMI discuta o relatório desta missão em finais de Julho de 2010.”


[1] O Instrumento de Crédito Prolongado (ECF) veio substituir o Programa de Financiamento para Redução da Pobreza e Crescimento (PRGF) enquanto principal instrumento do FMI para o apoio financeiro de médio prazo a países de baixos rendimentos. Permite um maior nível de acesso a financiamento, melhores condições concessionais, mais flexibilidade na concepção de projectos e uma condicionalidade mais focalizada e estruturada. O financiamento ao abrigo do ECF tem actualmente uma taxa de juro zero, com um período de carência de 5 anos e meio e um prazo de dez anos. O FMI revê o nível das taxas de juro para todos os instrumentos concessionais a cada dois anos.

20 Comments

20 Comments

  1. O.Costa

    25 de Maio de 2010 at 19:33

    Não entendo como é que um País com deficiência na exportação, com ausência de produtividade, com falta de investimento público e privado, com débil consumo privado, cresceu 4% em 2009 e nos anos anteriores cresceu 6%… Alguém que me esclareça por favor, este crescimento do PIB ou melhor esta magia.

    • Eduney

      25 de Maio de 2010 at 23:11

      Ó senhor O.Costa,
      A tua pergunta é tendenciosa!
      Mas, não é magia nenhuma. Procura essa informação no INE e analisa esses dados com ajuda de alguém que entenda de Contas Nacionais e de agregados macroeconómicos. Mas vá com humildade, porque é muito difícil explicar algo a alguém que já está convencido que sabe da matéria.
      Edu

    • O.Costa

      27 de Maio de 2010 at 11:33

      Não precisa ficar nervoso… olha que não estou convencido de nada, só pedi um esclarecimento sobre os dados revelados. Se tiver um site em que possa pesquisar todos os dados agradeceria e sobre contas nacionais e agregados macroeconómicos não se preocupe porque fazem parte do meu dia a dia.

      OCosta

    • B/N

      26 de Maio de 2010 at 6:43

      É verdade. Até parece milagre. Bem, hoje em dia tudo é possível. Temos o exemplo de Grécia na UE. Dizia-se que esse membro da UE estava a crescer acima da média europeia. Tudo veio a lume. Afinal faziam uns malabarismos nas contas públicas para esse efeito. Enquanto o país estava afundar diziam “mentirosamente” que estava a crescer. E se não pertencessem a UE onde é que estaria o povo grego. São Tomé e Príncipe hipóteca a República para sanar as contas públicas.
      Seria bom que alguém, entendido e sério viesse explicar esse fenómeno.

    • wylson ceita

      27 de Maio de 2010 at 22:24

      é verdade que o nosso país tem uma balança de pagamentos bastante desequilibrada, mas existem outros factores que influenciam o crescimento duma economia. o crescimento do pib em 4% tem sido sustentado por uma cunjugação de factores que são:a estabilidade política,inflação baixa, a estabilidade cambial(a paridade cambial),investimento em capital fixo e humano, são os factores doméstico. os factores externos são: o fluxo de investmento directo estrangeiro(IDE),baixo nivel de endividamento externo e aumento no grau de abertura comercial e financeira.

    • wylson ceita

      27 de Maio de 2010 at 22:30

      E numca se esquecer do turismo no nosso país que nos últimos tempo tem contribuido bastante para o crescimeto do produto interno bruto(PIB) e consequentemete para o crescimento económico.

    • MsCosta

      2 de Janeiro de 2011 at 3:11

      Bastante?? quanto?? pois pelo que eu estou a ver não me parece ser assim bastante. se puderes desde já dizer-me qual o peso do turismo para a constituição do PIB ficaria muito agradecida.
      Vi num site que o turismo apenas compõe 1,5% do PIB (em 2008) pode ser que este dado esteja errado..

      outra coisa, voce disse que a inflação está baixa. olha que não é verdade.
      um bom ano

  2. MORENO

    26 de Maio de 2010 at 8:37

    ME SURPRRENDE MUITO OS DADOS QUE SE APRESENTAM

  3. Leopardo

    26 de Maio de 2010 at 9:38

    ENTÃO!!!! … ONDE ESTÃO AS RECOMENDAÇÕES DO RELATÓRIO?

  4. ET

    26 de Maio de 2010 at 10:24

    O país como não produz as únicas receitas são os donativos. Ou seja, o nosso crescimento depende da nossa capacidade de pedir e daquilo que os outros países estão dispostos a dar. Aproveito para questionar o sr Abel Veiga sobre o seguinte, uma vez que também é jornalista da RTP Africa. Como é que essa noticia e a reaçao à mesma nao passam na RTP Africa??Ontem foi publicado o mesmo relatório em relação a Cabo Verde e foi logo noticia na RTP.Essa noticia saiu ontem e no Reporter so passaram duas noticias sobre STP que foi a comemoração do 25 de Maio e a visita do presidente da FIFA. Mas como é que é possível?? Há alguma cota para as notícias de STP?Na semana em que estavam em STP as delegações do Bano Mundial e do FMI a única coisa que passaram na segunda feira foi o festejo dos adeptos do benfica. Não ha noticias em STP?? Se o Téla.Non tem noticias, poque é que algumas delas não passam no Repórter. Sempre que STP abre o repórter é sempre com algo de mau….Será possível proteger a imagem do país?? Os cabo-verdianos estão com um problema de criminalidade bastante complexo mas isso nao vem ao publico, porque isso mancha a imagem do país. É algo do foro interno do país, sobre tudo um país virado para o turismo. Custa seguir o exemplo?? Eu não acredito que num país mesmo pequeno como STP so haja festejos dos adeptos do benfica para passar.
    Para terminar aos meus estimados compatriotas deixo um excerto de uma musica dos Leonenses, que já naquela altura cantaram isso, mas continua bastante actualizada. Meus senhores, 1975-2010, são 35 anos de independência, é hora de reflectirmos!!
    Mais actual não poderia ser…

    “ê ça téla licu ah
    ê ça téla glavi ah, povoê
    non mé so ska pegué sa ca candreza pa pô clupa govénu ê
    povo ê, ke telá kua ka bê, pa pecadô tlabá gleba dê
    celá govénu dá ku dizê pidji favolô?!
    celá San Tomé cu Prinspi non
    magi ê xi muclucu fé xintxi madé subli ê cá potó ni son plimêlu
    aiêêêê…
    pena ça anzu dêçu ô

    • jaka doxi

      27 de Maio de 2010 at 21:22

      Meu caro concidadão.
      Não é de bom tom estar a criticar a actuação dos jornalistas em relação as noticias que veiculam sobre o país.
      Sabendo que o senhor está preocupado com a imagem do país no exterior responda-me a seguinte pergunta:
      O que é que foi feito de bom nos últimos 35 anos em São Tomé e Príncipe e que mereça uma boa classificação?
      Pelo que tenho reparado estando aqui a residir nada.
      Então a culpa é dos jornalistas?
      Os jornalistas são pessoas normais como o senhor.A única diferença é que muitas vezes estão mais informados do que o senhor.
      Você falou da atitude dos jornalistas Caboverdeanos.
      Alguma vez esteve em Cabo Verde?acompanha de perto as noticias que são veiculadas pela imprensa privada caboverdeana?
      Saiba que não é bem assim como o senhor pensa.
      Estamos em 2010 e penso que chegou a altura de unir-mos em defesa de uma comunicação social livre e responsavel.
      O que seria do meu povo caso as noticias que o senhor considera defamatorias a imagem do país não fossem publicadas?
      Saiba ainda que divulgar uma boa imagem do país não é função do jornalista.Quem deve preocupar com este assunto são os governantes. E sabemos todos que em São Tomé e Príncipe eles(os politicos) estão mais preocupados em encherem os seus bolsos do que com a imagem do país.
      Não é o jornalista que fomenta a corrupção no país?não é o jornalista que anda a roubar o povo?não é o jornalista que utilizou em proveito proprio a verba disponibilizada pelo Brasil?não é o jornalista que fez o negócio da ENCO?não é o jornalista que está por detras dos golpes de estado no país?
      O melhor mesmo é não taparem o sol com a peneira e tentarem justificar o fracasso e a incompetência dos dirigentes deste país com a actuação dos jornalistas.
      Se é catolico deve saber que é pecado enganar o povo.
      Mas não se esqueça que tudo tem um fim.”Dja Dja Mém Aua Fiô cá bila cula).
      Força jornalistas São-Tomenses.
      O povo vos agradece.

    • jaka doxi

      27 de Maio de 2010 at 21:27

      Este senhor é mesmo um ET.
      Por este andar ele deve estar a viver num outro planeta que não a Terra.
      Por isso acha que os jornalistas são os culpados das grandes vegonhas deste país.
      Abre olho.

    • fifty

      14 de Julho de 2010 at 14:46

      pelo menos a comunicação social do país deveria publicar tudo.mostrar os dois lados da moéda! despenso comentários idiótas!

  5. tagarela

    26 de Maio de 2010 at 18:29

    Análise dos dados económicos deve ser feita por quem domina a área.
    Partilho, em parte com a opinião do ET. Já é hora dos nossos jornalista equilibrarem a veiculação das notícias e a preservação da imagem do país além fronteiras. de ST só se noticia misérias e problemas e escrito de forma, por vezes, tendenciosa!!! Deixemos os nossos problemas dentro das nossas fronteiras e propalemos ao mundo o que de bom somos e fazemos!!! Viva ST!!!

  6. N.Capela

    26 de Maio de 2010 at 21:49

    Pois e um pais que vive e sobrevive de investimento e ajuda internacional,numa altura em que todos os paises europeus procuram sair da crise economica com cortes e reducoes nas despesas publicas no tal conhecido”apertar o cinto)e estranho esse relatorio .Alguem que saiba e que esteja informado por favor poderia me dizer quanto S.T.P produzio,quanto exportou e quanto importou?Nao e de estranhar esses peritos de Banco Mundial,pois tudo fizeram a tempo e hora para evitar a crise financeia a que estamos a viver ,com milhoes e milhoes de desemprego nos paises mais ricos e industrializados.Alguem por acaso se recorda onde comecou e de quem e a culpa da crise financeira a que estamos a viver?

  7. Giraculo Pires

    28 de Maio de 2010 at 9:32

    Tudo isto vejo como falar barato. Os verdadeiros problemas do país está en nós, a sociedade civil.

    É necesário que tomemos consciência do mal, que o mal existe, que podemos mudar o mal e que a mudança do mal é agora.

    É necesário que elevemos a consciência social, jurídica e política da sociedade civil,para que ela possa entender o mal.

    Só assim podemos eliminar o banho, as mentiras, o cinismo político e o delito de opinião.

    Não podemos atirar a pedra uns ao outro, mas unirmos porque o colonialismo ainda existe e paira entre nós: já não são os colonizadores, mas sim os nossos própios irmãos a través dos meios mais democraticos e sofisticados. Por isso, temos que estar mais informados, mais atentos e mais vigilante

    A era do petroleo ainda vão chegou.. ou chegou….

  8. certeza

    29 de Maio de 2010 at 11:01

    caros compatriotas,
    sr jaca doxi, tente ler a mensagem do Wylson, e faça um esforço para endender a explicação que ele dá sobre o crescimento economico do no País. O relatorio nao diz que tá tudo bem. Diz que há coisas boas!
    Sabes, eu vi o relatorio do FMI sobre Cabo Verde, está pior que o nosso. Entra os sites de Cabo Verde e veja genero de comentarios que são feitos!
    Essa é a grande diferença entre nós e eles ( Caboverdianos). Talvez porque lá jornalistas não são aqueles que pegam na esferograficas só. São gentes formadas, que falam com conhecimento de causa ( sem querer ferir ninguem). Aliás no geral são mais cultos que nós. Desde o tempo colonial que portugal investiu mais neles que nós ( talvez porque sabiam que para nós basta saber abecidade para sentirmo-nos doutores em todas materias).
    Deixemos de ser profetas da maldade! Bóca cá samá navin, clôa cá samá casá!
    Disse.

    • jaka doxi

      31 de Maio de 2010 at 17:54

      Meu caro amigo”certeza”.
      É bom que saiba que não coloquei em causa a mensagem do Wilson.
      Não concordo apenas com o ataque que o “ET” fez aos jornalistas.
      Imagina o que seria de São Tomé e Príncipe se os jornalistas não transmitissem noticias?
      Acredito que até mesmo o senhor”Certeza” estaria sem saber nada sobre o país.
      Para que fique bem claro não é função do jornalista falar bem ou mal do país.
      O jornalista só deve transmitir aquilo que o país e os governantes lhes oferece.
      Sobre São Tomé e Príncipe já muito boas noticias feitas por gente responsavel e isenta.
      O mal é que quando os politicos estão no poder só querem falar de coisas bonitas.As sujidades tentam sempre esconder.
      E ainda bem que existem os jornalistas para nos informarem de maldades que os politicos e governantes da nossa terra continuam a fazer ao povo.
      Fui.

  9. Tayta Ribeiro

    31 de Maio de 2010 at 17:32

    Caríssimos

    Tanto os comentários como o texto divulgado são interessantes. Traduzam as expressões em creolo, por favor! As línguas não desaparecem porque traduzidas…

  10. Ciosmy Mandinga

    8 de Julho de 2010 at 14:13

    Estou inscrevendo para poder contribuir a enriquecer este site com mais opmião sobre são tomé e príncipe

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