Economia

Momentos difíceis ainda estão para vir em termos de explosão do preço dos produtos alimentares no mercado são-tomense

Por causa da constante rotura do stock de produtos alimentares, e o consequente aumento do preço, o Governo tem ameaçado os comerciantes com medidas sancionatórias. Mas é só o princípio da explosão dos preços. Tudo indica que o futuro se adivinha mais penoso.

O cenário mundial, aconselha mais uma vez os são-tomenses a deitarem as mãos a terra e cada vez mais produzir bens alimentares. O país chove regularmente e a terra é fértil. São Tomé e Príncipe que nos finais da década de 80 produzia grande quantidade de cebola, é hoje um dos grandes importadores de cebola.

A maior parte das terras que produziam toneladas e toneladas de cebola, está abandonada. O país que chegou a ser auto-suficiente em tomate, não construiu uma unidade de transformação do produto. A grande produção do passado, foi substituída por campos de cultivo encapoeirados. São dentre muitos exemplos que ilustram a cada vez menor produção interna.

É tradicional ouvir-se hoje que “precisamos de apoio”, ou então “precisamos de meios e condições” para fazer isto ou aquilo. Mas, no passado os agricultores que abasteciam o mercado nacional com todo tipo de produtos, tendo em alguns casos provocado excedente, não beneficiavam de tantos projectos de apoio a agricultura, como acontece actualmente.

Os antigos agricultores, que depois da tarefa árdua nas plantações de cacau e café, seguiam para os seus campos para cultivar hortaliças e outros produtos, conseguiram garantir o excedente de produção que era exportado para países vizinhos como o Gabão. A produção de matabala actualmente em vias de extinção, é um exemplo.

Prova evidente da decadência, é o aumento exponencial do preço dos produtos nacionais no mercado. O cidadão comum já não tem capacidade para suportar o preço da matabala. A banana também está mais cara. Apesar de tantos projectos realizados nos últimos anos e financiados por Banco Mundial, FMI, União Europeia, etc,etc, a produção alimentar a nível nacional, não pára de baixar.

Não foi só a recente subida do preço dos combustíveis, que provocou o aumento dos preços no mercado nacional. Certo é que a procura não pára de aumentar e a oferta é cada vez menor, ou seja, produz-se cada vez menos.

O Téla Nón decidiu escrever este artigo de reflexão, com base nos recentes aumentos dos preços dos produtos alimentares no mercado de um dos países mais poderosos da Europa, a França. Os aumentos aconteceram na semana passada. A farinha de trigo aumentou de 15 à 20%, consequentemente o preço do pão no mercado francês cresceu entre 5 e 7%.  O preço da manteiga cresceu 4 à 8%, óleo alimentar disparou entre 5 e 8%, queijo cresceu 4%, biscoitos subiram entre 3 a 10%.

Dados recolhidos pelo Téla Nón na imprensa francesa de especialidade económica, indicam que o custo de vida disparou de forma drástica em França, com realce para os produtos alimentares.

Um dado importante para reflexão, ainda mais quando São Tomé e Príncipe, importa tudo do mercado Europeu, desde o simples prego, passando pela garrafa de água mineral, apesar do arquipélago ter sido abençoado por Deus, com um enorme potencial em termos de lençol de água que poderia ser exportada.

Os acontecimentos noutro país europeu, onde os comerciantes são-tomenses operam, no caso, Portugal são de conhecimento público.  Ainda analisando os dados do mercado francês, o Téla Nón registou que a nível da energia só nos últimos 12 meses o preço do Gás aumentou 20%. A electricidade em mais de 6% só neste ano. De Setembro de 2010 até a data presente o mercado da potência europeia, registou aumento do preço dos combustíveis, na ordem de 14%.

Enquanto o mundo está em ebulição, com os preços dos bens alimentares a disparar, no mercado são-tomense vive-se um jogo de gato e rato. O pequeno arquipélago virado para o seu umbigo, como se estivesse sozinho no mundo, assiste Governo a responsabilizar os comerciantes pela rotura do stock dos produtos alimentares e pela subida dos preços. Ciclicamente produtos alimentares esgotam no mercado são-tomense.

Para já e por causa do aumento da farinha de trigo no mercado internacional, as indústrias de panificação têm preferido reduzir o tamanho do pão, ao invés de aumentar o preço por unidade. O verão escaldante do ano passado que queimou o celeiro de trigo na Rússia, é uma das causas do aumento do preço do trigo. A oferta baixou e a procura aumentou.

Num dado momento, mais concretamente entre 2007 e 2008, a oposição acusava o governo de incompetência por causa da rotura dos stocks e do aumento dos preços. Enquanto isso, no mesmo período assistia-se no mundo a sublevações populares em vários países, por causa da falta de bens alimentares.

Num país onde todo tipo de situação é aproveitado para tirar dividendos políticos, ao invés da coerência e da avaliação responsável da agitação mundial, e do seu impacto no pequeno país, as autoridades governamentais e a classe política em geral, acabam por arranjar internamente bodes expiatórios para justificar problemas que têm a ver com a conjuntura internacional.

Enquanto o mercado Francês assistia na última semana a subida dos bens alimentares, em São Tomé e Príncipe, o Governo anunciava algumas medidas contra os comerciantes, acusados de serem os responsáveis pela rotura dos stocks e do aumento dos preços.

Mas, se os comerciantes compram os produtos no mercado Europeu onde o preço inflacionou, e continua a inflacionar, como é que podem vender mais barato em São Tomé e Príncipe, onde para tais produtos chegarem, implica ainda o pagamento do transporte assim como todo o processo de embarque e desembarque das mercadorias?

Certo porém é que o executivo tomou medidas, e em conselho de ministros decidiu fixar nova tabela de lucros. O comerciante importador só pode ter margem de lucro de 10% e o revendedor 17%.  Foi a última decisão governamental. E se os comerciantes sentirem sufocados e deixarem de importar?

Estranhamente a situação financeira mundial e a subida dos bens alimentares no mercado internacional, não fazem parte das declarações públicas dos governantes são-tomenses, nem tão pouco constituem matéria de debate nacional, para preparar o povo para tempos difíceis que ainda estão para vir. Para sensibilizar os homens e mulheres para mais trabalho e produção de bens alimentares.

Talvez para a classe política, com o calor da campanha eleitoral que se aproxima, vale mais arranjar bode expiatórios para explicar a subida deste ou aquele produto, para não perder um punhado de votos, do que dizer a verdade nua e crua ao povo. E a verdade nua e crua, talvez deverá passar pelo convite determinado a todos os são-tomenses no sentido de lançarem as mãos a terra. Sobretudo aqueles que abandonaram as terras e estão sentados nas ruas da cidade, a espera do banho eleitoral.

Na transição do ano 2010 para 2011, o Presidente da República Fradique de Menezes, numa mensagem a nação desafiou o governo a tomar medidas no sentido de aumentar a produção agrícola em 2011. Fradique de Menezes sustentou o desafio lançado, com base nos sinais dados pelo mercado internacional, e pela situação interna após a seca prolongada de 2010.

O governo reagiu em 2011, através do Primeiro-ministro, Patrice Trovoada anunciando o adiamento do investimento na agricultura. Segundo o Governo só em 2012, o sector agrícola poderá dar sinal de vida.

No entanto o momento que o mundo vive, parece ser uma boa altura para os políticos são-tomenses optarem pelo discurso de trabalho, orientando os são-tomenses que eles viciaram a esperar pelo dinheiro, que cai do céu no período eleitoral, a arregaçarem as mangas para trabalho árduo na produção de comida, porque os sinais dos tempos apontam para períodos tenebrosos.

Abel Veiga

27 Comments

27 Comments

  1. Carlos

    7 de Abril de 2011 at 9:07

    Excelente matéria, temos que abrir os olhos de todos os sao tomenses que as coisas vão piorar enquanto nao começarmos a cultivar os nossos alimentos base, e fazer o governo perceber que enquanto nao estivermos na era do bom desenvolvimento agrícola, nao podem virar costa a aqueles que nos garantem os produtos base no nosso mercado (comerciantes). Mais uma vez parabéns Abel Veiga pela excelente matéria.

  2. Celsio Junqueira

    7 de Abril de 2011 at 9:34

    Caros,

    Muito bom o artigo e um dos assuntos que só por si daria um bom tema para o Conselho de Ministros.

    É verdade que o cenario internacional é o pior dos ultimos 30 anos. Por isso mesmo é que o Governo deve reunir com os parceiros locais e começar a substituir a importação dos produtos que possam ser produzidos localmente, por todos os motivos (in)imaginaveis.

    Temos que ser pro-activos e começar a antecipar os problemas, com leitura prévia e sensibilidade apurada. Só assim, estaremos prevenidos e prontos para as adversidades que se avizinham.

    Concluindo, o Governo tem de agir sobre os Comerciantes, os Intermediários e os proprietários de terras agricolas que não produzem.

    Abraços,

  3. boa-nova

    7 de Abril de 2011 at 10:28

    perfeito

  4. boa-nova

    7 de Abril de 2011 at 10:39

    È uma pena que a oposição só esteja preocupada com a luta para as presidenciais, e não esteja a fazer o seu papel de vigilante da política governativa. E mesmo a câmara de comércio e a associação dos comerciantes, onde andam?
    Com que base legal o governo pode fixar margens de lucro? Nós deixamos de ter economia de mercado e temos agora economia centralizada? Certamente foram pegar numa lei já revogada desde os finais dos anos 80 para fazer tamanha besteira. E como o mercado se auto regula, não deixando espaços vazios, asseguro-vos que cada vez mais, vai deixar de haver comércio formal para engrossar o informal, onde não é possível controlar as margens.
    Já não tenho dúvidas que fizemos grande marcha atrás, e sem rumo!
    Fui!

    • Adolfo

      8 de Abril de 2011 at 14:11

      Subscrevo o seu comentario! Por favor nao sufoquem ainda mais o povo com medidas contra-productivas.

      “Certo porém é que o executivo tomou medidas, e em conselho de ministros decidiu fixar nova tabela de lucros. O comerciante importador só pode ter margem de lucro de 10% e o revendedor 17%. Foi a última decisão governamental.”

      Meus governantes muito cuidado com “unintended consequences”

  5. fomi muitoééé

    7 de Abril de 2011 at 10:43

    Começo a minha intervençao com uma constataçao: antes de todas as revoluçoes industriais, houve uma revoluçao agricola. Em inglaterra pioneira na materia houve uma capitalisaçao da agricultura, ou seja abandonou-se a agricultura familiar para criar grandes propriedades latifundiarias, em que os propriétarios podiam negociar emprestimos avultados nas bancas para poderem “maquinizar” a agricultura. Em França o modelo agricola é baseado num sistema parcelar de terras arraveis, o que explica o relativo atraso na revoluçao industrial em relaça a Inglaterra.

    Se olharmos os paises ditos mais desenvolvidos e emergentes, podemos constatar que todos tenhem a autonomia alimentar.

    Portanto é falso pensar em desenvolvimento sem antes pensar em agricultura.

    A agricultura em STP apos o evento da privatisaçao é uam agricultura familiar, com pessoas com fraca qualificaçao,poucos meios materiais e financeiros:é assim que queremos desenvolver a agricultura???

    A base de alimentaçao da alimentaçao em stp é banana, fruta, matabala…estes alimentos têm que ser produzidos massivamente, e nao como se tem vindo a fazer ou seja nos quintais.

    A cooperativa agricula deve ser estimulada porque so assim se pode investir massivamente.

    Os nossos empresarios têm que começar a interessar pela producçao e nao so no comercio.

    é urgente a criaçao de uma banca agricola.
    é urgente criar uma escola de agricultura em stp ou introduzir cursos de agronomia pécuaria nos isntitutos e universidades do pais.

  6. moço lazon

    7 de Abril de 2011 at 10:47

    Muito bem, uma reflexão a tomar em conta!!
    Nós precisamos produzir os nossos produtos principalmente aqueles mais essenciais, como é o caso da matabala, banana, tomate, cenoura… para substituir os mais supérfluos que são importados, visto que o preço no mercado internacional está cada vez mais alto e tende a continuar a sua subida.Peço a Deus que ganhemos consciência mais rápido possível dos problemas mundiais e arregaçarmos as mangas para que não seja tarde demais!!
    Olhos abertos e atentos meu São Tomé e Príncipe!

  7. Olhos de Tartaruga Tartaruga

    7 de Abril de 2011 at 11:28

    Era hábito as pessoas de fraco rendimento e não só, fazerem o seu quintal dum jardim de hortaliças e bananeiras, batata – doce, mandiocas… e há gente que tem terra enquanto lote distribuído pelo governo que bem gostaria de cultiva-la.

    Hoje, porque os sucessivos governos não têm sabido resolver o problema de ROUBO, ninguém vai produzir nem criar enquanto não se tomar medidas com os ladrões.

    Antes se dizia “planta… apesar de roubarem, mas não roubarão tudo” e hoje se não encontrarem coisa para roubar destroem puro e simplesmente tudo.

    Parece que não há polícia neste país, pois a policia não tem feito nada de prevenção para evitar o roubo.

    Os bens com evidência suspeição de roubo são capazes de passar a frente dos comandos distritais sem qualquer abordagem policial. Se não for por incompetência é facilitar vida ao gatuno.

    Como simulam controlar o transporte de areia e madeira deveriam fazê-lo com transporte de produtos alimentares e animais. Ainda que seja um saco de banana ou uma galinha.

    • António Veiga Costa

      8 de Abril de 2011 at 2:05

      Sr. Olhos de Tartaruga,

      cada um que vigie seu quintal, que tome conta do que é seu. A Polícia nunca conseguirá vigiar todos os quintais.
      O Trabalho dela deverá ser no todo.
      O problema do homem santomense é que ele tem tantas mulheres. Imagina que cada noite passa na casa de uma, portanto, sobra pouco tempo paracuidar do que é seu: ficam os filhos mal cuidados, as mulheres mal cuidadas e o quintal abandonado. Plantar? Quando? Não sobra tempo…..

  8. NANDO VAZ (ROÇA AGOSTINHO NETO)

    7 de Abril de 2011 at 12:49

    “São Tomé e Príncipe, o Governo anunciava algumas medidas contra os comerciantes, acusados de serem os responsáveis pela rotura dos stocks e do aumento dos preços”
    1º SERÁ QUE ESTAMOS PERANTE UM GOVERNO FALHADO, QUE NÃO CONHECE A REALIDADE NACIONAL?
    2º SERÁ QUE OS NOSSOS GOVERNANTES SÃO FORMADOS COM SENTIDO E AFECTO?
    3º A MALOGRADA DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS EM “LOTES” PODE SER CONSIDERADO DEMOLIÇÃO DO NOSSO PATRIMÓNIO PÚBLICO!..
    4º É INADMISSÍVEL ACREDITAR COMO ESTE GOVERNO NÃO APOSTOU EM CONTINUAR COM O MINISTÉRIO DE AGRICULTURA.
    5º ALIÁS S.T.P FOI DESDE OS TEMPOS REMOTOS, DOTADO DE UMA ECONOMIA EXCLUSIVAMENTE RURAL QUE SERVIU DE PADRÃO ALIMENTAR.
    OLHA, ABEL VEIGA DIZ O GOVERNO PARA CRIAR UM MINISTÉRIO DE AGRICULTURA, ACHO QUE ESTA É A MEDIDA A SER TOMADA PELO GOVERNO E NÃO CASTIGAR OS NOSSOS HERÓIS COMERCIANTE, QUE TÊM ESTADO A GARANTE O POUCO ALIMENTO PARA OS SANTOMENSES!..
    CIDADANIA ACTIVA. E PARA TERMINAR EU DISCORDO QUANDO ALGUÉM DIZ QUE OS SANTOMENSES SÃO PREGUIÇOSOS, JUSTIFICO. ESTAMOS PERANTE UM ESTADO FALHADO, E QUE TIPO DE CIDADÃO PODE EXISTIR, TAMBÉM SÃO CONJUNTO DE CIDADÃOS FALADOS ESTA É A LÓGICA. ACHO QUE MUITO NÃO TÊM NOÇÃO QUAL É O VERDADEIRO PAPEL DA POLITICA, SENHOR PERDOA OS INOCENTES, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM E DIZEM!..

    • Téla Nón

      7 de Abril de 2011 at 14:11

      Último aviso. O próxima vez que escrever comentário com letras maísculas serásimplemente excluído. Veja as regras dos comentários na página ACERCA.

    • Telefosco Cruz

      7 de Abril de 2011 at 15:48

      Caro Tela Non
      Seria melhor nao ter publicado o artigo e avisar ao sr.”NANDO VAZ (ROÇA AGOSTINHO NETO)” que o seu artigo so seria publicado se o reenviasse escrito em letras minúsculas.

  9. Diasporano.CV

    7 de Abril de 2011 at 16:42

    Na verdade, é bastante pertinente a matéria e, a meu ver, mais uma vez, o Téla Non dá a sua valiosa contribuição chamando atenção para a necessidade de uma REFLEXÃO NACIONAL sobre a agricultura, a produção agrícola e a retoma ?/melhoria dos hábitos alimentares “tradicionais”. Na minha opinião, não é uma tarefa somente da responsabilidade do governo, apesar de considerar que compete a este criar condições que estimulem as diferentes forças sociais a apostarem nessa área, como, por exemplo, os empresários( a pensarem nas transformações dos produtos,…), os pequenos agricultores (a se organizarem e diversificarem associando quantidade-qualidade,…) as ONGs e alguns sectores sociais do estado ( a trabalharem sobretudo na campanha de sensibilização para melhoria da qualidade alimentar aproveitando a riqueza vitamínica e orgânica dos produtos ” biológicos”, além dos tradicionais pratos, alguns bastante pobres na medida em que a quantidade de carbohidrato sobrepõe à vitamina existente( mas que me fazem, agora, ter saudades,…) como banana com peixe, fruta pão,ou calulú (este riquíssimo), etc,… temos agrião, alface,morango (velha lembrança “comida de cobra”), abobras(que não entra no dia a dia alimentar do ” foro “, ou pelo menos na maioria) , as nossas frutas tropicais, etc. Em suma, temos muito que,ao ultrapassarmos o patamar da necessidade imediata de somente nos vermos com a barriga cheio e tomarmos consciência da sua importância no plano alimentar, comparativamente, sentir-nos-emos muito mais bem servidos e consequentemente mais voltados para o consumo de produtos nacionais e voltados para a produção agrícola e ao trabalho da agricultura alimentar.

    Trabalhemos
    na reeducação
    alimentar !

  10. Virtual

    7 de Abril de 2011 at 17:30

    Sr. Jornalista, belo artigo para reflexão!

    Não tenho dúvidas que São Tomé e Príncipe será fustigado pela onda inflacionaria que está por vir. Mas, infelizmente herdamos uma cultura pautada no “paleio”. Pois, é inadmissível um país como o nosso se dar ao luxo de importar “quase” tudo, até Sal importamos! Um arquipélago como o nosso tem necessidade para importar Sal!?

    Muitos dizem, que são-tomenses só sabem criticar e criticar, e mais, criticam por criticar, a estes tenho a dizer, “quenguê ku tê fome só ku ká pigi kumé”…

  11. Digno de Respeito

    7 de Abril de 2011 at 17:43

    Por motivos profissionais ando algumas vezes ausente neste nosso espaço mas, sempre que posso faço uma rápida leitura, outras vezes vejo e nem leio. Contudo, manifesto a minha satisfação com os nossos santomenses que últimanente já revelam a mudança de atitude (alguma visão favorável) quanto a escrita, comentários e análises.

    Ao caro Abel Veiga, vem revelando alguma cautela na gestão dos conteúdos mas, com ligeiro “falhanço” (entenda a expressão) quando chama a atenção ao leitor quando escreve em maúsculas. Como sou amigo e quero-lhe bem e bom profissional, sugiro ao meu caro amigo que seria de bom ton, não ter publicado tal comentário e dirigir em privado a tal advertência ao referido subscritor alegando o motivo. Mas, por outro lado também serve aos próximos para o reforço e a mudança de atitude para o bem do nosso STP.

    Quanto ao presente artigo, considero oportuno porque nosso país é issencialmente agrícola e ainda me lembro da minha infância vêr em cada quintal santomense algumas plantações, frutos e sinais de práticas hortícolas…
    Será que hoje ainda existem tais práticas?!! Se não, porque será?!

  12. J. Maria Cardoso

    7 de Abril de 2011 at 19:06

    Tema objecto de análise k podia ao menos devolver a terra as nossas consciências.
    Se o período pré-eleitoral servisse para direccionar o país, um grande tema a juntar na mesma mesa todos os íntencionados ao palácio.
    As verbas a financiar as campanhas eleitorais deviam premiar os melhores produtores agrícolas.
    Bem-haja!

  13. Carlos Ceita

    7 de Abril de 2011 at 20:16

    Concordando com muito do que se disse acrescento apenas para dizer que existem países num mundo( o Japao é uma delas) que não oferecem condições excelentes para a pratica de agricultura. Não é o nosso caso. Imaginem caros amigos que a maior parte das cebolas importadas tem origem num pais onde a pratica agrícola não é excelente.
    O dia em que os santomeneses descobrirem que agricultura e as pescas podem tornar a nossa economia auto-sustentavel então estaremos no caminho do desenvolvimento.
    Receio que este dia nunca chegará para a minha tristeza ou nossa tristeza colectiva. Temos de tirar o partido do aproveitamento sustentado da terra e do mar (zona económica exclusiva) coisa que já se discute em Portugal como forma de criar riqueza face a crise financeira actual. Bem vindo a inaguraçoes dos bancos mas não podemos ficar só pela prestação de serviços temos de ir mais alem isto é temos de produzir bens transaccionáveis que tem procura no mercado global para como disse Celsio Junqueira substituir gradualmente as importações. E todos sabemos o que isto significaria para a nossa desequilibrada balança comercial.

    Um abraços a todos

  14. António Veiga Costa

    8 de Abril de 2011 at 2:20

    Realmente, é bastante séria a crise alimentar mundial.
    No caso santomense, penso que está havendo em engano (ou informação tendenciosa)quanto à politica do governo para a agricultura. A meu ver o Ministério da Agricultura não eixou de existir, simplesmente está inserido,com toda sua estrutura em outro ministério.
    Também, entendi o pronunciamento do Primeiro-Ministro ao dizer que o setor agrícola só daria sinais em 2012 em função das ações que estarão sendo implementadas em 2011.
    Pelo que me consta ninguém planta um bulbo hoje e colhe várias batatas no dia seguinte. Também, pelo que tenho visto as ações do antigoMinistério da Agricultura continuam. Conheço muitos técnicos da agricultura e tenho acompanhado o trabalho deles.
    Em tempo: tratar os importadores como coitadinhos foi demais. Fazer vista grossa para o cartel e para os esquemas visando os aumentos de preços através a rotura de estoques é ingenuidade demais ou, no mínimo, partidarização.
    Esclarecimento: não faço parte do governo, apenas conheço os mecanismos do comércio,local.

  15. Pen Drive

    8 de Abril de 2011 at 9:46

    Adorei o texto. Concordo em 100%.O grande problema de S. Tomé e Príncipe e dos santomenses em geral, é que estámos a ser governados desde à nossa ascenção à independência por um grupo de delinquentes.E, como pessoas perigosas que são, nunca dispunham e dispõem de tempo para pensar e resolver os problemas de todo nós. A cultura de preguiça que esses mesmos políticos instalaram no País a seguir à independência é a forma viável para eternizar a dependência dos santomenses e ganhos estrondosos para eles, com recurso ao dinheiro estrangeiro. É dinheiro vivo, sem qualquer esforço. E, como tal não há a preocupação de reembolsar. E continuámos, tal como todos nós sabemos. E sempre que temos uma eleição correm como se de cão de caçã se tratasse. Mas depois de vencerem as eleições, portam-se como verdadeiros cães, aqueles que comem tudo e não deixam comer!

  16. Pumbu

    8 de Abril de 2011 at 15:32

    Excelente artigo!

    O problema consiste tambem no facto de que o FORRO em si sabe ser preguicoso. O nosso bom Forro depois de terminar a quarta classe do ensino primario se sente pessoa muito importante que ja nao deve lavrar a terra. Se o governo nao for mais pragmatico nas suas accoes organizando actividades concretas de sensibilizacao e dos jovens para verem a pratica da agricultura como a fonte alimentar entao estaremos na cloaca! A situacao e seria senhores dirigentes.

  17. E.Santos

    10 de Abril de 2011 at 21:30

    Caro Abel Veiga,

    Não posso deixar de referir que este artigo é bastante oportuno. Confesso que por momentos viajei para os anos 80, período ainda de Partido Único, em que se incentivava as pessoas a plantar/cultivar, a apostar na agricultura. Seja em campanhas publicitárias de rádio, passando pelas músicas de África Negra, Sangasusa, Os Úntues, cada um com a sua versão tentando contribuir para o bem comum. Quem é que sendo daquela altura, não se lembra da crise de 1982/83. Afinal, nem tudo o que Pinto da Costa fez foi mau para os São-tomenses, como se procura dizer hoje, não obstante obviamente, cada coisa tenha o seu tempo.
    Nesta base, concordo sim que o Governo deva apostar na comunicação com o povo para incentivar os São-tomenses a trabalhar a terra, sob pena de termos de enfrentar períodos bastante mais difíceis. Afinal de contas, temos uma terra fértil. Só que levamos muito ao pé da letra a ideia de que “ninguém planta e a terra dá”, e já ninguém quer mexer o rabo, senão tirar.

    Também gostei de o ver referir sobre o aumento do combustível a nível internacional, contrariando o seu último artigo sobre a matéria. Sinal de que tomou nota dos nossos comentários e aprendeu alguma coisa. E tanto aprendeu que hoje é você quem reconhece que não somos um país isolado do mundo e mais, exorta os políticos a não tomarem estas situações como justificativos para encobrir outros propósitos. Honestamente achei que se saiu muito bem.

    Mas deixa-me corrigir um equívoco relativamente a sua frase que a seguir transcrevo:

    ” Certo porém é que o executivo tomou medidas, e em conselho de ministros decidiu fixar nova tabela de lucros. O comerciante importador só pode ter margem de lucro de 10% e o revendedor 17%. Foi a última decisão governamental. E se os comerciantes sentirem sufocados e deixarem de importar?”

    Isto para lhe dizer que com esta medida do Governo os comerciantes não se vão sentir sufocados. O Governo não fixou o preço de venda de forma arbitrária, fixou sim a margem de lucro. Este tipo de medidas não são para prejudicar o vendedor, mas sim para proteger o comprador, sobretudo da formação de “carteis”.
    Desta forma, para o revendedor por exemplo, o preço de venda (há de ser) = preço de custo +17% x preço de custo. E o preço de custo inclui o preço de compra no mercado (nacional ou internacional) acrescido de todas as despesas suportadas para colocar o produto em condições ou no local onde deve ser vendido.
    Sendo assim, no caso de o importador ser também ele revendedor, estamos a falar numa margem de lucro de 27%. Acha pouco?Não havendo lugar a prejuízos (decorrentes de eventos cujo risco não seja segurável), não vejo por que razão os comerciantes se sentiriam sufocados. Acho sim, que o povo vai se sentir aliviado porque deixa de estar a mercê do egoísmo humano.
    Uma coisa é certa, é nos momentos difíceis que se redescobrem/valorizam potencialidades…

  18. SPC

    13 de Abril de 2011 at 9:22

    Parabéns ao tela non pelo brilhante artigo. Infelizmente no nosso país ainda não começamos a ter hábito de fazer reflexões destas pois os órgãos de imprensa são controlados pelos Governos.

    Caro Abel,
    Percebi que faz muita mensão a actual situação em França, não é errado mas, acho que temos outros exemplos que poderiam ser usados para reforçar a tua/nossa reflexão. Mas uma grande diferença entre o Povo Francês e o Santomense reside no poder de compra. Nós não temos poder de compra, aqui mais 53% da população vive na pobreza e 15% em pobreza extrema…
    Será que teremos condições para fazer frente a esta maré que vem por aqui?!!!
    Num país onde a nossa dieta alimentar é mais a base do arroz doado pelo Japão que arroga está na situação que está.
    Será que o nosso amigo Japão estará em condições de continuar de nos ajudar? Claro que NÃO.
    Na verdade o nosso Governo está sem norte. Insisto que foi uma péssima ideia em não se criar um Ministério de Agricultura e nomear alguém que efectivamente entende daquela área para coordenar as politicas do governo para este sector que é crucial para evitar fome em S. Tomé e Príncipe.
    O Tela nón apresentou o preço de géneros em frança, ok. Aqui em S. Tomé e Príncipe a banana prata está 5 a 5.000,00 dobras, já não existe o monte de matabala de 10.000,00, aogora é 20 e 40 mil dobras. Sem falar do aumento do preço do peixe por causa da subita dos combustiveis e mais, mais e mais.
    Acho que deveriamos aproveitar este espaço (que é lido pelos membros do Governo) para deixar algumas dicas visando a protecção do nosso povo em relação a FOME.
    Eu voltarei brevemente com mais e mais dicas.
    Que Deus abençoe STP

  19. BARÃO DE ÁGUA IZÉ

    25 de Abril de 2011 at 19:15

    Retorno à Agricultura e em força deveria ser uma coluna vertebral de qualquer Governo.
    Apoiar e reconhecer o mérito de agricultores e empresas de agricultura.

  20. lola de portugal

    3 de Janeiro de 2012 at 15:14

    Encontrei este site por acaso, mas posso dizer bem oportuno nesta altura de crise mundial e sobretudo europeia, e mais ainda portuguesa e sabem porquê, porque importamos mais do que exportamos, fizeram-se obras para as quais não havia dinheiro, e o que è que aconteceu? Estamos endividados até ao pescoço.E AGORA ! O ZÉ POVINHO É QUE PAGA.
    Os impostos sobem até nos deixarem os bolsos vazios, mas para os senhores do poder não lhes faz diferençao nenhuma porque eles ganham o suficiente para tudo isso.Então o que fazer?MEUS AMIGOS NÃO EMBARCAR EM FALINHAS MANSAS E EM PROMESSAS,que certamente não serão cumpridas porque para se fazerem as coisas é preciso dinheiro, e para isso tem de se trabalhar.Esa consciença tem de ser tomada cedo nas escolas , ou seja a educaçao , e isso tem de se ixigir aos governantes e aos empresários, os jovens têm um papel fundamental nesta temática , pois podem mudar tudo isso, tornando-se eles empreendedores, não ter vergonha de trabalharem na terra se for preciso pois é da terra que vem todo o nosso sustento , que aliás hoje em dia gera lucros avultadissimos.A seguir à agricultura vêm outras industrias a da tranformaçao , a venda ao publico e por aí adiante geram-se postos de trabalho, que depois se transforma no bem estar das populaçoes . Em portugal existe um ditado que diz .Um dos problemas de portugal è esse deixou-se a agricultura para se viver nas grandes cidades.e agora tambem importamos mais do que exportamos. e a balança está contra nós ,NÃO DEIXEM QUE ISSO AONTEÇA A VOSSO PEQUENO MAS LINDO PAÍS.

    • lola de portugal

      3 de Janeiro de 2012 at 15:25

      O provérbio português é bem conchecido de todos e não incita á violência mas sim a previne,e o seu conhecimento torna as pessoas mais razoaveis.

  21. mateus

    20 de Agosto de 2012 at 17:47

    babozera

    • mateus

      20 de Agosto de 2012 at 17:48

      muito bem

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