Política

MDFM/PL conflito interno e debandada desde 2008 até Fevereiro de 2010

congresso-mdfm.jpgO partido criado pelo Presidente Fradique de Menezes, em 2002, vive uma convulsão interna que parece não ter fim a vista. De 2008 a 2009, o partido realizou dois congressos extraordinários, para tentar pôr fim ao conflito interno, mas sem sucesso. Vários membros da direcção do partido continuam a abandonar o barco, sobretudo nos momentos em que o líder espiritual, escolheu João Costa Alegre para o ajudar a comandar a navegação política.

 

MDFM-PL é um partido jovem, nasceu após a ascensão de Fradique de Menezes ao cargo de Presidente da República em 2001. Aos poucos foi crescendo. O Secretário-geral Tomé Vera Cruz, eleito no Primeiro Congresso do partido, criou uma equipa de trabalho forte que começou a conquistar o eleitorado. Tomé Vera Cruz, homem de temperamento brando, conseguiu gerar consensos no seio do partido. Sob a sombra da figura de Fradique de Menezes, que sempre foi determinante no progresso do partido, os frutos do trabalho da liderança do MDFM-PL, foram visíveis nas eleições legislativas de 2006.

Em coligação com o PCD, pela primeira vez na história do país, os dois partidos da oposição conseguiram destronar o MLSTP/PSD dos governos central, local e regional. A coligação venceu tudo. A vitória retumbante de Fradique de Menezes nas eleições presidenciais de 2006 foi a jóia da coroa, que consagrou o bom desempenho do MDFM com Tomé Vera Cruz e o PCD.

Estava assim construído um castelo de poder, que pouco tempo depois, revelou-se como sendo de areia. Em 2008, Tomé Vera Cruz, não resistiu ao conflito interno no seio do MDFM/PL e abandonou a liderança. Aliás muitas vozes indicam que o Governo de Tomé Vera Cruz, caiu por causa da pressão interna no seio do MDFM-PL.

Começa assim o período de instabilidade e conflitos internos crónicos no seio da família liberal. Quando Tomé Vera Cruz demitiu-se do cargo, alguns líderes distritais do partido já não se entendiam com o secretário-geral adjunto João Costa Alegre.

Decapitado, o MDFM-PL, começou a navegar em águas turvas. Em Outubro de 2008, o partido foi ao congresso para reorganizar as suas estruturas. Manuel de Deus Lima, vulgo Minho e o Tenente-coronel Óscar Sousa concorreram a liderança. Minho venceu, mas não convenceu os membros influentes da direcção do partido.

O conflito interno agudizou-se ao ponto do mandato do novo Presidente do MDFM-PL, que deveria ser de 4 anos, ter sido interrompido 30 dias depois da sua investidura em congresso extraordinário. Em Novembro de 2008 o conselho nacional alargado do partido reunido na Quinta da Favorita, decidiu pôr fim ao mandato de Manuel de Deus Lima e de outros membros da direcção do partido.

João Costa Alegre um dos contestatários da liderança de Manuel de Deus Lima, ascende ao cargo de coordenador do partido até a realização de mais um congresso extraordinário. É nesta altura que a debandada dos militantes e dos membros da direcção do MDFM-PL, começa a assumir proporção preocupante.

Em 2008, o Téla Nón relatou denúncias e demissões de vários membros dos núcleos de base do MDFM-PL sobretudo no distrito de Água Grande. Diziam-se descontentes com a decisão do conselho nacional em derrubar o líder Manuel de Deus Lima eleito em congresso. O coordenador do partido João Costa Alegre, havia dito que tais manifestações permitiam ao partido saber com quem poderia contar. Quem efectivamente era leal e fiel ao MDFM-PL.

Antes mesmo do derrube do Presidente Manuel de Deus Lima, alguns membros da direcção do MDFM, já estavam a preparar a sua bagagem para deixar a casa liberal. Victor Monteiro membro da comissão política e do conselho nacional demitiu-se com a seguinte justificação. «Considerando que o Signatário julga ser indispensável preservar a estabilidade interna do Partido, evitando por isso, ser cúmplice de eventuais momentos inglórios que o Partido possa vir a conhecer; Considerando que o Signatário tem testemunhado situações de extrema desonestidade, de hipocrisia e falta de lealdade entre os membros da estrutura superior do Partido», referiu Victor Monteiro na carta de demissão.

De lá para cá, a secretaria do MDFM-PL, passou a receber vários pedidos de demissão.

O congresso extraordinário de Dezembro de 2010, para reorganizar o partido, elegeu Fradique de Menezes como Presidente do MDFM-PL. Abriu-se uma crise política nacional, com algumas forças políticas a porem em causa a constitucionalidade do acto. Fradique de Menezes fez marcha atrás. Entregou o controlo oficial do partido a João Costa Alegre que foi eleito vice-presidente.

Mas antes disso, e logo após ao congresso, surgiram sinais evidentes de que o partido não conseguia manter-se estável.

Dois membros da direcção, recusaram a ordem dada pelo Vice-Presidente João Costa Alegre com o beneplácito de Fradique de Menezes para abandonarem o governo. Acto contínuo Cristina Dias então Ministra dos Recursos Naturais e Justino Veiga Ministro da Justiça demitiram-se do MDFM-PL. Ambos eram membros da comissão política, do conselho nacional. Justino era ainda membro do conselho de ética e disciplina e Cristina líder da organização feminina do partido. Justificaram as suas posições com o facto de existir incompatibilidade política com a liderança.

João Paulo Simão homem forte do MDFM-PL no distrito de Lobata, e membro das estruturas directivas é outra figura que se afastou. Pelo que o Téla Nón apurou também por incompatibilidade política com a liderança. O mesmo terá acontecido com a antiga ministra da educação Maria de Fátima. Também se afastou do MDFM-PL. 

A debandada continua e no início de Março, mais três membros da direcção do MDFM-PL, bateram com a porta. Maria do Céu Silveira, Directora das Obras Públicas e Urbanismo, Anita Silveira Directora do Património do Ministério do Plano e Finanças, e Olinto Neves Director dos Transportes e Comunicações não concordam com a política da actual liderança e decidiram sair.

Em conversa com o Téla Nón um dos membros que se demitiu em Março, disse que o partido está a ser assaltado por oportunistas. «Quando estávamos a lutar pelo MDFM-PL em 2006 eles estavam noutros partidos. O MDFM-PL ganhou e passou a ser poder e então eles aproveitaram a oportunidade para tomarem posição de chefia. Nós que estávamos no partido desde a primeira hora estamos a ser relegados para o segundo plano e os oportunistas é que estão a dirigir o MDFM, e com muita arrogância. É com muita pena mas decidimos sair e deixa-los com o partido deles», declarou.

Os novos demissionários, denunciam que o mal-estar é grande no seio do MDFM-PL. «Muitos não têm coragem de fazer o que fizemos, por isso ainda lá continuam. Mas acreditamos que mais gente vai sair», conclui.

Pelo que o Téla Nón apurou os membros da casa política do MDFM-PL que abandonam o partido, estão a ser recebidos a porta, por agentes de outras forças políticas, enquadrando-os rapidamente nas suas estruturas.

EM 2009 a cúpula que assumiu os destinos do partido até ao congresso extraordinário de Dezembro, considerava os debandados como traidores. Designação que foi mais contundente quando os dois ministros decidiram rejeitar a ordem para abandonar o governo. Resta agora ao tempo dizer se a debandada que se regista no MDFM-PL, é positiva ou negativa. A retirada de traidores de uma organização, só pode trazer estabilidade, consistência, unidade e vitórias. Mas se o tempo dizer que é o contrário, ou seja, que o mal não está nos que estão a sair, mas sim no interior da cúpula ou ala conflituosa que controla o partido, poderá ser demasiado penoso, para o MDFM-PL.

Abel Veiga

1 Comment

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  1. Bartolomeu Lêdesaua

    2 de Novembro de 2011 at 14:24

    ^Kêkua moçu, xi tudo kua cé ça cétu, ça MDFM-PL ça ku doêntxi de kanklu malignu(ditador), mindjian na sem ku ka kulé-fa.
    Pena muntu, dôlô muntu…
    Punda MDFM PL ka fé democraxia de Sao Tomé ku Plinxipe fata.
    Bomu zunta laza pigi Dêçu pa Ê mança ditado, bili-ê closon de clonvéça ku tudo memblu de bom cunxença, pa MDFM PL ba úê.
    Autoritarismo e prepotencia não resolve problema da cumunidade nenhuma.

    Então, vamos cultivar o espírito dialogante?

    Informar … Ecutar…. ouvir e ser ouvido

    Analisar, reflectir com ponderação antes de decidir.

    Bem haja MDFM PL

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