Política

Impacto negativo da Guerra Civil Líbia na estratégia governamental de Patrice Trovoada

O Primeiro-ministro Patrice Trovoada reconheceu que a revolução Líbia que evoluiu para uma guerra civil, está a ter impacto negativo na estratégia de financiamento da economia nacional definida pelo seu governo.

O relacionamento privilegiado de Patrice Trovoada com o guia da Revolução Líbia, Muamar Khadafi, ficou provado em 2008. Nos 3 meses em que foi Primeiro-ministro do Governo de coligação MDFM/PCD/ADI, Patrice Trovoada conseguiu convencer o governo de Khadaff a abrir linhas de financiamento do fundo solidário líbio a favor de São Tomé e Príncipe.

O espaço que nasceu no centro da cidade após a extinção da Feira do Ponto, foi concedido pelo então governo de Patrice Trovoada a empresa líbia LAICO, para construção de um hotel de 5 estrelas. O projecto turístico praticamente morreu após a queda do executivo de coligação.

Com o regresso ao Palácio do Governo em Agosto de 2010, Patrice Trovoada, visitou Líbia em Outubro do mesmo ano. Após reunião com o líder Kadhafi, o chefe do Governo são-tomense, anunciou que a cooperação entre os dois países estava a ser redinamizada. O financiamento do Fundo Solidário Líbio, estava novamente assegurado para sustentar o projecto de reabilitação da produção do café em Monte Café, para Construção do Hotel de 5 Estrelas no centro da Cidade, e ainda para financiar directamente o orçamento geral do estado para 2011. «O fundo Soberano Líbio tem em carteira largas dezenas de milhões de dólares de investimento para São Tomé e Príncipe», declarou Patrice Trovoada em Outubro de 2010.

O Chefe do Governo garantiu apoio financeiro da Líbia, para outros sectores como transporte e agricultura. A construção do hotel de 5 estrelas avaliado em 35 milhões de dólares, era para começar em 2010. «O Hotel da Laico, a ser construído no centro da Cidade, faz parte do pacote do fundo soberano que terá como investimento cerca de 35 milhões de Dólares. Pensamos que esta visita contribuiu para dinamizar a cooperação e fazer com que possamos de facto ter até o fim do ano, o arranque de algumas obras importantes», assegurou o chefe do governo em Outubro de 2010.

O Primeiro-ministro, avançou ainda que o grupo líbio Laico, iria também construir condomínios na zona da praia do Governador. Aliás a placa anunciando a obra está afixada mesmo na entrada da Praia.

Mas a revolução que eclodiu na Líbia, há cerca de 30 dias, está a baralhar todas as contas feitas pelo Governo de Patrice Trovoada para o ano 2011. Consequência da revolução que se transformou em guerra civil na Líbia, intuições financeiras internacionais decidiram congelar o Fundo Solidário Líbio. «O que é importante é que a Líbia possa conhecer a paz. Que o povo líbio possa conhecer a paz e a segurança, isso é que é fundamental», desabafou o Primeiro Ministro Patrice Trovoada. .

As obras do hotel de 5 estrelas, que não iniciaram no ano passado, como havia prometido o chefe do governo, parecem estar adiadas para sempre. Já não há mais dinheiro para construção do Hotel. O fundo está bloqueado, e Khadafi está entrincheirado numa guerra civil, que as suas tropas já conseguiram afastar de Tripoli, e agora está nas redondezas de Bengazi, bastião dos rebeldes, há cerca de 1000 quilómetros de distância da capital, Tripoli. «É evidente que a Líbia é um parceiro de São Tomé e Príncipe. O fundo solidário Líbio bloqueado, tem consequências para São Tomé e Príncipe. Mas vamos ter que lidar com a situação. Não temos outra solução a não ser procurar meios alternativos, e o governo está a trabalhar nesta perspectiva», declarou esta quinta- feira o primeiro-ministro.

Para além da Líbia, a situação de revolta reinante noutros países da África do norte como Marrocos, outro parceiro importante na estratégia do governo da Mudança de Patrice Trovoada, cria dificuldades sobretudo na execução do OGE para 2011 dependente em 93% da ajuda financeira internacional.

Do fundo Solidário Líbio, único projecto ainda funcional, é o da reabilitação da produção de café. A empresa ATICO que está a gerir cerca de 300 hectares de terra da antiga empresa agrícola Monte Café, por um período de 40 anos, continua a manter os trabalhadores em actividade, apesar da Guerra Civil no país que é fonte do financiamento.

Isto mesmo constatou o Téla Nón, esta quinta – feira na Roça Monte Café. Tranquilos os trabalhadores estão a capinar as novas plantas de cafeeiro lançadas a terra. Odile Rossignon, engenheira agrónoma belga, contratada pela empresa líbia para coordenar os trabalhos, assegurou que tudo está normal em Monte Café. «Estamos a trabalhar, a empresa tem comprado os equipamentos e insumos necessários para a produção do café, e temos pago regularmente o salário dos trabalhadores. Aqui está tudo normal, não há qualquer problema», declarou a responsável pelo sector de produção.

Para a reabilitação da produção de café, o governo de Khadafi, disponibilizou 5 milhões de dólares para execução da primeira fase do projecto. Um projecto que começou a devolver a esperança de futuro melhor para mais de 500 agricultores de Monte Café, mas que pode morrer, se nos próximos tempos não tiver injecção de mais dinheiro do Fundo Solidário Líbio.

Abel Veiga

26 Comments

26 Comments

  1. Celsio Junqueira

    18 de Março de 2011 at 9:22

    Caros,

    Estou solidário com o Governo, não é facil conseguir alternativas de financiamento perante um OGE tão dependente externamente.

    A crise financeira mundial tem sido um grande obstaculo, agora acontecer cenários catastroficos nos parceiros directos de ajuda ao desenvolvimento, pior é.

    Desejo toda a sorte do mundo ao Governo nas suas diligências e iniciativas para solucionar estas contrariedades.

    Abraços,

  2. De Longe

    18 de Março de 2011 at 10:25

    Definam novas estratégias de financiamento. Mais: comecem a definir estratégias de boa aplicação de finaciamentos.
    Saibam gerir o pouco para que ela se transforme em muito.

    • 1982

      20 de Março de 2011 at 0:40

      Caro amigo.

      As políticas de financiamento não dependem só das estratégias dos receptores. Isso funciona como um mercado onde parceiros doadores procuram financiar países e economias com alguma garantia de retorno ou vantagens no comércio e/ou na política externa.

      Por isso, a capacidade de um pais atrair financiamento externo é função da sua própria capacidade (o nível de funcionamento das instituições políticas, públicas, sociais e económicas)para gerar confiança e atrair os potenciais investidores.

    • De Longe

      22 de Março de 2011 at 0:39

      Caríssimo amigo
      Geraremos confiança para atrair os potenciais investidores se nada construirmos com os nossos recursos (falando dos baris de petróleo não esclarecidos e…) nem com os investimentos captados(dólares brasileiros e…).
      Vamos lutar pela auto-suficiência, construindo com o que formos conseguindo adquirir. Mesmo que não consigamos a auto-suficiência, acabaremos por ficar melhor qdo que estamos. Esbanjar a economia em benefício de grupos é suicídio nacional.

  3. benavides pires sousa

    18 de Março de 2011 at 10:58

    boa constatacao a sua.

    ademais, pelo menos o PM reconhecei e já comentou. ao contrario do que diz a 2 noticia aqui publicada.

  4. Madalena

    18 de Março de 2011 at 12:13

    A guerra não pode ser justificação, aliás pode sim ser o motivo de acelerar as transferencias e depositá-las em Bancos comerciais do nosso país. Sejamos bravos, a vida esta continua.
    Então vamos comparar com Angola, esteve em guerra civil 27 anos, depois da guerra, resultados para nós?
    Guiné Equatorial, resultados?
    Nigeria?
    Com guerra ou sem guerra temos tido muito pouca sorte.
    Falta a destreza nas relações internacionais.
    30 Mil barris de petroleo, é ou não é recurso?

    • 1982

      20 de Março de 2011 at 0:15

      Cara amiga!

      Está a ver o filme que era se os nossos parceiros externos depositassem os valores dos financiamentos em instituições financeiras de acesso fácil para os nossos governantes?

  5. Matazele

    18 de Março de 2011 at 12:23

    Construámos com as nossas próprias mãos uma pátria renovada.
    Este Slogan deve ser entendido por todos.
    Não devemos contar com ovo no rabo da galinha.

    • Mimi

      18 de Março de 2011 at 13:45

      Se tivesse este governo, dito de mudança, incentivado o povo a trabalhar a terra e pescar ao invés de tocar o mesmo disco de sempre de esperar que os outros trabalhem e nos dêem as suas migalhas, de ccerteza estariamos em melhores lençóis, a ver o futuro imediato por um fio…

    • Mimi

      18 de Março de 2011 at 13:47

      Queria dizer: “…de certeza estaríamos em melhores lençóis, e nao a ver o futuro imediato por um fio…”

    • António Veiga Costa

      19 de Março de 2011 at 2:18

      O amigo está falando partidariamente, não está acompanhando com clareza as ações do Governo.
      Isso é injusto.

  6. Arlindo Pereira

    18 de Março de 2011 at 13:06

    Esta situação no norte de África e no Japão é realmente preocupante para nosso STP, tendo em conta a nossa dependência externa quase a 100%. Em tempos falei com alguns colegas de formação, não a esta situação, mas sim da zona do golfo da guine. O diabo seja surdo e mudo, se esta zona rica em petróleo, suceder algum sobressalto, qual será a nossa situação? (STP é uma ilha). Considero que nunca é tarde, devemos seriamente pensar na diminuição acelerado da nossa dependência externa Senhor P. Ministro PT.

  7. luisó

    18 de Março de 2011 at 13:10

    uma boa noticia,
    já não se vai construir o hotel de 5 estrelas no lugar do antigo mercado do ponto…
    já o tinha escrito anteriormente e agora fico mais aliviado porque considero que era um verdadeiro atentado ao património da cidade, porque construir um hotel no meio da cidade e zona histórica, a quem é que convém ?
    será que não há outros locais para construir hoteis ?
    e depois quem é que quer ficar alojado em STP longe das praias ou abrir a janela do quarto e ver a praça de táxis ou a sujidade da praça yon gato ou o mercado ao lado com todos aqueles cheiros que todos conheçemos e barulho ?

  8. Baptista

    18 de Março de 2011 at 18:29

    Quando o nosso PM chegou ao poder,devia ter adoptado uma estrategia mais abrangente. Preferiu essa estrategia duvidosa de estreita colaboracao com regimes duvidosos e…
    Mas isso nao e’justificacao para nao se fazer nada, ainda temos o nosso proprio recurso que bem gerido e sem ganancias, chega para todos. Afinal somos apenas 150 ou 160.000.

  9. COCO NZUCU

    18 de Março de 2011 at 18:40

    Com tantos beneficios recebidos do Sr. Khadafi, o nosso PM, no minimo, devia oferecer asilo politico ao padrinho.

  10. Afinal

    18 de Março de 2011 at 20:01

    Entao, atè quando vamos depender das ajudas externas? Caros imaos governantes, procurais incentivar nos nossos cidadaos o amor pelo trabalho a terra, o mar!!! Nao podemos assim depender do exterior! Sempre dependemos da bendita ajudas, até dito “Governo de mudança”, que nao vejo nenhuma mudança! Fico alegre e satifeito que nao tenha mesmo perna pra andar esse projecto de construçao de Hotel-mesquita ai no meio da cidade! QUO VADIS SANCTUS THOMAE? Con Humildade!

  11. Lucumy

    18 de Março de 2011 at 20:23

    Certo que o ditador Khadafi já não será o patrono da nação Líbia. pergunto se o senhor ministro irá cruzar os braços e,pôr-se a ver para os trabalhadores que arduamente trabalham no projecto café? Não devemos ser refens de quem quer que seja.Ha que encontrar outros parceiros credíveis para dar a continuidade do referido projecto.O khadafi diz pouco ou nada ao povo santomense.Temos que pensar no nosso cacau, banana, pimenta, baunílha, matabala,etc, produto que dá receita ao país, e não o Srº khadafi.

    • adsl

      20 de Março de 2011 at 12:01

      Quando KADAFI dava dinheiro era o melhor amigo agora que o ocidente quer o seu petroleo e começou a bombadea-lo é duvidoso.

  12. 1982

    19 de Março de 2011 at 2:38

    Tempo dos dirigentes nacionais se aperceberem do risco que o pais corre perante um nível tão elevado de dependência dos nossos parceiros externos.

    É necessário melhorarmos a capacidade de gestão e a transparência na utilização dos recursos financeiro disponibilizado.

    O exemplo dos 30 mil barris de petróleo é paradigmático.

    Os nossos parceiro continuarão a ser eles propícios, ou por meio de terceiros, a gerirem e a implementarem a aplicação dos recursos financeiros disponibilizados.

    Enquanto assim for continuaremos a assumir os nossos riscos económicos e dos outros.

  13. Leonel Ppinto

    19 de Março de 2011 at 12:22

    Sr. primeiro ministro, se o projecto construcao do palacio e ajuda de OGE falharam a que se procurar outra solucao. nao podemos ficar refem dessa ajuda.do meu ponto vista, temos muitos produtos nacionais que se pode tentar imprimir para dar a volta por cima. Sei que srea muito dificil contornar esta situacao. o pais nao pode depender de ajuda externa consequentemente.Desde que o pais tornou-se Democratico todo elenco da governacao[PRESIDENTES E PRIMEIROS MINISTRO], nada fizeram para o bem do pais e do povo SAOTOMENSE, julgo, que sr. nao vai ficar de bracos cruzados a ver o povo de novo na mesma situacao de sempre…

  14. BARAO DE AGUA IZE

    19 de Março de 2011 at 21:45

    Triste o País que está sempre a contar com ajuda externa, sem procurar motivar os empreendedores Nacionais em estratégias de desenvolvimento. Portugal, Brasil e Angola devem ser os parceiros naturais. Estes paises decerto apoiariam projectos crediveis de empresas S. Tomenses, enquadrados por um Governo sério.

  15. Mangulú

    20 de Março de 2011 at 12:49

    O que o Governo de STP têm que pensar bém em criar condições de desenvolvimento do nosso país, para que o país possa sair da dependência economica dos outros países.Como nós sabemos nenhum país depende de si próprio,temos que cooperar com outros mais desenvolvidos, mas temos que tirar proveito das partes positiva da cooperação, quer seja bilateral ou trilateral .Porque até então o país não têm tido um grande desenvolvimento.O Estado com o dinheiro das ajudas terá que gerar fonte de riqueza para o país e não criar fonte de riqueza para a classe política do país.

  16. Original

    20 de Março de 2011 at 19:01

    Temos mania de colocar panela no fogo a contar com ingrediente do vizinho;chegou a hora de cada um começar a pedalar a sua bicicleta.Temos que dar valor a aquilo que Deus do deu e usá-lo no bom sentido;hoje é Kadaf amanhã Taiwan depois de amanhã Nigéria e daí?Esta nossa República só existe porque estes Países existem?Está na hora de abrirmos os olhos e lançar mãos á terra porque lá fora não está nada bem e é um aviso.Depois, não venham dizer que fomos apanhados de surpresa.

  17. Matazele

    21 de Março de 2011 at 11:35

    Vamos ter destreza, vamos procurar outros parceiros, EUA, fundos do MCA.
    China, Brasil.
    Basta!!
    Produção do arroz para o consumo local, é urgente.
    Quem se atreve a reintroduzir arroz no país vai se calhar preso.
    Falata de imaginação.
    Temos oleo, peixe, ate podemos criar peixe no mar, facilmente.

    “com o arroz a vida sorri”

  18. Matazele

    22 de Março de 2011 at 11:04

    Quem faz contrato com demonio, tarde ou cedo demonio pede o filho como recompensa.
    Verdade!!

  19. Madalena

    22 de Março de 2011 at 11:08

    SG do ADI!
    Agora deve aconselhar o presidente do partido para não abandonar o Governo que todos queremos ver a trabalhar e transmitir confiaça ao País.

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