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3 de Fevereiro : Historiadores acusam o Governo de irresponsabilidade e de tentativa de deturpação da história

O Governo através da direcção da cultura anunciou a grande inovação para a celebração do 62º aniversário do massacre de 3 de Fevereiro de 1953.

As celebrações serão realizadas no edifício do Museu Nacional na capital São Tomé, e não na histórica Praia de Fernão Dias, onde há mais de 60 anos tradicionalmente os são-tomenses se concentravam para recordar os seus mártires.

A praia de Fernão Dias foi irrigada em 1953 com o sangue de centenas de nativos são-tomenses, chicoteados até a morte, nas obras e construção do pontão, mas não só. A Praia de Fernão Dias, recebia também corpos de nativos que eram fuzilados, ou massacrados até a morte.

Um grupo de historiadores nacionais, considera a decisão e a atitude do Governo como um atentado contra «aqueles que sofreram os efeitos do referido massacre, bem como seus familiares, incluindo sobreviventes ainda em vida».

A posição do grupo de historiadores nacionais está exposta num parecer voluntário sobre o acto central do dia dos mártires da liberdade a decorrer este ano no Museu Nacional.

Os historiadores, acrescentam que « é uma tentativa flagrante e propositada de deturpação da história recente do nosso país e da memória colectiva do nosso povo», sublinha o documento.

Os historiadores nacionais, põem em causa as justificações apresentadas pelo novo Director da Cultura, para que o acto central do dia do massacre de 3 de Fevereiro de 1953, deixasse a praia de Fernão Dias para vir ao Museu Nacional.

Segundo o jovem director da cultura, alguns nativos nacionais teriam sido torturados no Museu Nacional durante o massacre. Daí a escolha do local, que quebra a tradição dos são-tomenses na celebração do dia dos seus mártires.

No entanto os historiadores nacionais recorrem aos diversos trabalhos de pesquisa realizados por investigadores como José Manuel de Deus Lima, Carlos de Espírito Santo, Gerhard Seibert, Alda do Espírito Santo, Carlos Pacheco dentre outros, para provarem que «nenhum faz menção à Fortaleza de S. Sebastião, Museu Nacional desde 1976, como um dos sítios históricos do teatro horripilante dos acontecimentos de 1953».

O actual Museu Nacional, que segundo os historiadores funcionava como capitania ou guarnição militar durante os anos 50 do século passado, só recebeu duas nativas são-tomenses na qualidade de detidas, nomeadamente a Doutora Maria de Jesus Agostinho das Neves e a Doutora Maria do Céu Espírito Santo, esposa do Engenheiro Salustino Graça.  «Não concordámos, pelo exposto, com a falta de rigor na nossa história e da ridicularização da sua cientificidade face aos sítios e acontecimentos históricos, mesmo que saibamos que se trata de uma ciência em permanente construção», referem os historiadores nacionais.

Os historiadores acusam as autoridades de serem irresponsáveis. «Agir desta forma irresponsável, relegando o local do “holocausto” de Fernão Dias apenas para um nozado pouco concorrido por falta de infra-estruturas, alegando que o acto central é transferido para o Museu para valorização do espaço e para que os jovens o conheçam melhor, é uma justificação hedionda e sem qualquer nexo», reforçam os historiadores.

Segundo os historiadores se a intenção do governo é inovar, o acto central do dia 3 de Fevereiro, poderia ter o coração do distrito de Mé-Zochi, como palco alternativo, uma vez que foi na cidade da Trindade e arredores onde começou e foi o epicentro do massacre perpetrado pelo regime colonial português.

O parecer voluntário sobre o Acto Central no Museu Nacional, é subscrito por 4 histiriadores nacionais, nomeadamente. Maria Nazaré Ceita, José Viegas Santiago, Lúcio Pinto, e Armindo Aguiar.

Abel Veiga

7 Comments

7 Comments

  1. abc

    3 de Fevereiro de 2015 at 20:07

    Mas quando partiu-se tudo, expropriou-se pessoas dos espacos que ocupavam…
    esqueceram que 3 de Fevereiro ‘e uma data que se repete todos os anos?

  2. RODRIGO CARDOSO CASSANDRA

    4 de Fevereiro de 2015 at 7:41

    Fiquei surpreso e muito triste ao ouvir que o acto central das comemorações mudou de palco e passou para o museu com argumentos que não me convencem .
    Estamos a matar as nossas tradições a belo prazer de alguns aventureiros que querem o país para satisfazer seus interesses e nunca valorizar as nossas historias e tradições .
    E a ausência do Presidente da Republica neste acto no meu entender serviu para distanciar destes aventureiros,, mas grave ainda uma data como esta o primeiro ministro viaja numa missão que poderia ser naturalmente substituído por outro membro do seu governo isso é muito triste ,, mas acho que os ilustres historiadores deveriam trazer ao publico um debate publico para repor a razão da nossa história coletiva e eu abraçaria de muito bom grado a iniciativa isso é um abuso ,, inverter de forma deliberada a razão da nossa independência em 12 de julho de 1975. RODRIGO CARDOSO CASSANDRA (DIGO)

  3. Zaglimá

    4 de Fevereiro de 2015 at 8:57

    Vão mais é dar banho ao cão…historiadores de meia tigela!!
    Tenho dito

    • de Ceita

      4 de Fevereiro de 2015 at 13:09

      Não insultes pessoas qualificadas para falar de história do nosso país, aliás em história são os mais conceituados na matéria.Em matéria de história, deixem-na para efetivamente os fazedores desta ciência, temos que atribuir tarefas a técnicos especializados na matéria. Se reclamaram é porque têm legitimidade para fazê-los mais do que qualquer outro de nós.

  4. ELANDER JORGE

    4 de Fevereiro de 2015 at 9:05

    sr: Rodrigo faso das minhas palavras tuas.
    É muito triste ………….

  5. manuel soares

    4 de Fevereiro de 2015 at 9:15

    Meus caros compatriotas e companheiros bom dia. Vamos ao que interessa.
    1º Vamos retomar as comemorações no seu local próprio Fernão Dias
    2º Vamos homenagear os nossos mártires e glorificar os nossos irmãos que sofreram e estão hoje vivos
    3º Temos que admitir que o dinheiro e a obra do porto de águas profundas falou e valeram mais do que a nossa história
    4º O governo do MLSTP/PSD e MDFM liderado por Rafael Branco assim decidiu e permitiu que se destruisse tudo que restava como exemplo físico da ponte e dos murros de Fernão Dias – centro de celebração e comemmoração da data de 3 de fevereiro – massacre de batepá – dia dos heróis da pátria

  6. isabel judia

    5 de Fevereiro de 2015 at 16:27

    a boa educação manda, embora estando um casal em briga, não se deve dar a entender aos visitantes. quero com isto dizer que o Governo seja ele qual for, ADI ou raio que o parta, deve aprender a respeitar a quem chamam de povo pequeno, e parem com esse desmando que tem caracterizado, de forma muito negativa a vossa governação. haja humildade, acima de tudo haja respeito pelo próximo, particularmente aos órgãos de soberania…ninguém é detentor do saber, e onde não reina respeito não existe entendimento, e, não foi pra autoritarismo que o povo votou na maioria absoluta. obrigada……

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