Eleições presidenciais

FRADIQUE DE MENEZES na foz de Água Telha

Um trabalho de fundo do escritor Francisco costa Alegre na despedida do Presidente Fradique de Menezes e que ao mesmo tempo dá boas vindas a Pinto da Costa.

Por: Francisco Fonseca Costa Alegre

       (escritor, investigador e ensaísta)

 

 

FRADIQUE DE MENEZES

NA

FOZ DE ÁGUA TELHA

 

 

“ÁGUA PALITO – nasce perto do aldeamento do Monte Café, passa por zona de Alice, atinge a zona de Mateus Angolar perto da Roça Santa Margarida, banhando depois as Roças Gratidão, Vale Flor, seguindo assim o seu percurso para separar as Roças Santarém Matos dos poucos latifundiários filhos da terra, que existiam no passado colonial e a Roça Vale dos Prazeres. Segue o seu deslize passando pela grota da Roça Bela Vista e vai desaguar entre a Roça Praia Nazaré e Praia Lagarto.

Desde a nascente até chegar a Praia Lagarto conquista vários nomes: na nascente é conhecido como Móngó, ao atravessar a estrada de Madalena ganha o nome de Água Palito, depois passa a ser rio Melo, e entre a zona de grota de Changra e Uba Cabra numa extensão de menos de cinco quilómetros ganha o nome de Água Cima, Água Baixo, Rio Ponta Garça, para de seguida receber de novo o nome de Rio Melo ao atravessar a estrada de Santo Amaro, e ao chegar perto do aeroporto na Praia Lagarto conquista o nome de Água Palito que antes tinha quando atravessa a estrada de Madalena. Dos seus afluentes mais importantes são do lado esquerdo, ÁGUA TELHA bem perto da foz e Água TxóTxó perto da Roça Vale dos Prazeres, entre as zonas que ganha o nome de Água Cima, Água Baixo e Água Ponta Garça”. (in De lá do Água Grande à Mataram o Rio da Minha Cidade, 2008).  

1-   Introdução 

As grandes salas magnas de reuniões de diferentes organismos centrais de Estado, como a da Presidência da República, a da Assembleia Nacional, a do Gabinete do Primeiro Ministro, a do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Cooperação) e Comunidades e outras mais, encontram-se nelas como registo, fotografias dos titulares que no cumprimento do dever passaram por estas instituições como chefes de fila. Na sala de reuniões do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Cooperação) e Comunidades existem colodas a parede como se fossem múmias, fotografias de personalidades que passaram por essa instituição.

Uma delas, retrata uma elegante personalidade de cabelo afro e farto, estilo Micheal Jackson nos tempos de Jackson Five, cara redonda repleta de jacto de sangue revelando pelo menos boa saúde física para não falar financeira empresarial, lábios grossos, ar jovial e altivo, enfatuado a rigor, de gravata fininha bem posta, que dá a sensação de ser um  cantor de Rock and Roll, aliás foi uma pergunta que uma especialista estrangeira de visita, num dos cultos formais relegados a Diplomacia e Cooperação Internacional, formulou na altura (2003) ao admirar todas as caras de homens ali presentes, tendo entre eles apenas duas mulheres. Trata-se de Sua Excelência Fradique Bandeira Mello de Menezes, o terceiro Presidente da República Democrática de S. Tomé e Principe que os Números e o Tempo quiseram que ele se tornasse o mais alto magistrado da nação em 2001 até 2011, cumprindo dois mandatos conforme reza a Constituição Política, instrumento esse revisto e emendado no seu tempo. Recorde-se que Fradique de Menezes foi antigo Embaixador em Bruxelas(1983-1986) e posteriormente Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação(1986-1987) do mandato dos quinze anos de Manuel Pinto da Costa. Isto para não falar de outros cargos públicos… 

E assim foi… Sua Excelência Fradique de Menezses conseguíu realizar-se ganhando  vários nomes como um rio passando por diferentes localidades, entre  a excelência e a medicridade, entre o bem e o mal, entre a (in)stabilidade e o jogo de interesses, sobretudo com o slogan “Por Amor a Terra” do seu projecto de sociedade, levando os estudiosos a questionarem se no decurso do seu exercício o Presidente estaria a aplicar os seus conhecimentos académicos de Psicologia Aplicada conforme narra o seu Curriculum Vitae disponível na Wikpédia. 

Na hora do adeus, não como alguém demitido ou despromovido das suas funções, mas talvez como um rio que chega a foz,  os comentários dividem-se, situação que deve ser mesmo natural para uma figura pública controversa como essa que tentou agradar e conviver com todos os pequenos e grandes, mas sobretudo com os grandes elefantes e teve a sorte saindo feliz, deixando os elefantes nas suas brigas ou jogos,  em que só o capim sofre ou benefecia….mas em paz consigo. Afinal de contas, tornou-se um Elvis Perseley(1935-1977) se estivermos a falar de Rock and Roll ou então de um Mé Pômbô se estivermos a falar de um Socopé Templa Séku. Tudo porque embora estes protagonistas cantores tenham já partido deste mundo, as suas músicas e bandas continuam ainda a ser sucesso. Fradique de Menezes partirá, mas a fama ficará… 

Enfim, todos nós somos como um rio a procura do mar ou do oceano, a nossa missão é descer após a nascente para chegar a praia, que para nós humanos isso traduz-se em subir escrevendo a biografia ou esmiuçando o curriculum a procura da cidade, onde existe a lei e a ordem, o parlamento e os três poderes. Muitas vezes alguns rios não chegam a praia, desaguam noutros rios tornando-se afluentes destes outros, que os levam a chegar a Praia, praia verdadeira ou conotatativa que pode ser traduzida em poder, orientação, conselho, salvação e muito mais. O exemplo disso é o encontro real ou  mítico entre a Água Telha e a Água Palíto (que também se chama Rio Melo), em que ambos se encontraram bem perto da foz na Praia Lagarto para ir ao encontro do grande mar chamado de Oceano Atlântico. Este oceano é descrito pelos poetas ou os críticos cientistas como o oceano ésse, pela sua configuração que parece começar a escrever o Ésse ponto, de S. Tomé e Príncipe. 

Se se pode falar de Biografia ou de Curriculum Vitae como o retrato ou percurso de cada um, de nascença até ao ponto limiar onde se enumera ou continua-se a enumerar os relatos dos feitos enquanto ser humano na terra, pode-se afirmar neste sentido que os Números e o Tempo dominam a vida dos seres humanos na terra. Qualquer coisa como o povo santomense nos seus dizeres proverbiais comungam: “Nansê na tê óla-fa, molê na tê djá-fá”, o que literalmente significa, nasce-se a qualquer hora e morre-se a qualquer momento.

 Isto para dizer que todos e cada um de nós temos o dia do nosso nascimento como é o caso de um natural de Água Telha localidade, nascido a 21 de Março, dia que a Igreja Católica atribui aos festejos de Nossa Senhora de Monserrate. 

Reza a lenda, confirma o milagre e a fé de que, a 21 de Março de 1715, indo um homem para a romaria de Nossa Senhora do Mosserate, aos pés de Barcelona, no caminho saíram-lhe 3 ladrões e lhe cortaram a cabeça que ficou toda separada do corpo. No fim de três dias passou por ali um cavaleiro e a cabeça lhe falou: Voltai atrás cavaleiro. Vá a Barcelona dar parte a justiça e a gente que pode ajuntar para o dito assunto e trazei um padre para confessar-me. E todos vieram. Quando chegaram ao pé do morto, a cabeça relatou todo o sucedido e confirmou-se uma vez mais de que é preciso ter fé….

Talvez seja isso, ou o legado mítico desse dia que tornou sortudo alguém que nasceu em 21 de Março de 1942, Fradique Bandeira Mello de Menezes, um aristrocrata diferente que se esforçou em ser popular partilhando a sua residência entre a Quinta da Favorita na zona da baixa Trindade e a Quinta da Praia das Conchas. 

2-   Fradique de Menezes e a Presidência

Gerir uma casa de família estando a frente dela como chefe, não é facil atender-se a solicitações de índole logística, afectiva de relacionamento entre os membros, de índole representativa e protocolar perante outras famílias e a sociedade em geral querendo perpectuar o respeito e a dignidade. 

O mesmo problema se levanta quanto a administração de  uma empresa, mesmo que seja herdada da família ou pessoal, considerando a necessidade de crescimento, atendimento aos recursos humanos e a preservação do nome ou do logotipo da empresa. Ao desenhar-se a retórica desse jeito, estamos em crer que governar um país, e sobretudo um como S. Tomé e Príncipe não é nada fácil onde a estratitifação social é profunda, os despositivos legais regentes são exigentes e a pequenez é constrangimento. Disto Fradique de Menezes depois destes dez anos deve estar mais convicto e finalmente sabedor, pois as coisas não se resolvem num estalido de dedos emitindo uma decisão vertical ao governar-se um país. O exemplo disso, a estrada de Folha Féde pode falar por si só, enquanto uma realização do tempo do Presidente Fradique que parecia ser realizável num abrir fechar de olhos. 

Se Elvis Perseley tornou-se o símbolo do Rock em Roll nos Estados Unidos, Fradique de Menezes tornou-se o símbolo do magistrado aristrocrata mais diferente e popular que S. Tomé e Príncipe teve desde a independência até aos nossos dias. Ao falar-se de popular não se quer confundir com carismático, porque enquanto o carisma parece ser mais mítico e mágico, a popularidade que pode dar pela negativa ou pela positiva, refere-se a aceitação simplesmente. Todos nós podemos ser populares como cantores de bandas musicais, jogadores de futebol, dirigentes políticos, mas carismáticos que embora pareça subjectivo, nem todos podemos ser…

 A popularidade de Fradique de Meneses radica no facto de não se saber se é tão já que a República Democrática de S. Tomé e Príncipe terá um Presidente tão querido, tão diferente, tão polémico, tão controverso, tão criticado, tão franco por vezes e sinceramente tão popular, tão impulsivo e tão amigo das crianças, tão amigo dos seus amigos, dos seus de Água Telha e arredores como Fradique de Menezes. Teremos que esperar para ver se o segundo conhaque do frasco com o rótulo “Doutor Manuel Pinto da Costa” seja capaz de quebrar essa popularidade atípica deste crioulo que como Água Telha esperou a Água Palito para atingir o mar. Este mar aqui de forma conotativa é a Presidência da República que teve a oprotunidade de suceder o Presidente Miguel Trovoada que os observadores afirmam o De Menezes ser uma emanação daquele. Sendo uma emanação ou não, no primeiro mandato enquanto Presidente da República, este distânciou-se dos Trovoadas, cortou relações com o seu progenitor e fez a sua história atípica, mostrando ser senhor do seu destino com atropelos ou sem atropelos. E desta forma emiuçamos:

 a)   A popularidade

– Ficou claro que digam o que disserem, nas eleições presidenciais de 2001 e 2006 Fradique de Menezes venceu os pleitos sempre nas primeiras voltas com a fasquia percentual acima dos 53%, embora num contexto de não haver muitos candidatos como se verificou nas eleições. Em 2001, aceite por todos os partidos da mudança como um homem da continuidade da mundaça, como um empresário pragmático, os analistas atribuíram-lhe o mérito de ser o homem que vinha por termo as actividades da geração de Malabo que esteve na base da criação do partido fundador da nação santomense, o glorioso MLSTP. Todos, tantos os descritos como  os não da mudança como outros, ambos sonhavam com o advento alegre e pacífico de uma Terceira República que não chegou a concretizar-se. 

Uma nota de rodopé pela popularidade de Fradique, em 2001 aquando da sua eleição houve uma captura exagerada e nunca vista de uma família de tunidos conhecido por fulu-fulu e os populares chamaram-no de Dique.. 

“É assim que neste saborear de Dique e mais Dique, o Presidente Fradique de Menezes seguindo o seu predecessor Miguel Trovoada, cria em 2006 um novo partido, Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM) que, com o desgaste político dos quinze anos de sistema de partido único e outros quinze de partilha de poder com outros no sistema de multipartidarismo, o MLSTP/PSD fragiliza-se e perde as eleições de 26 de Março e 2 de Abril daquele ano, amealhando apenas 20 lugares na Assembleia Nacional, que também não se considerou ser uma fatia pequena. O Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM) coligado ao Partido de Convergência Democrática (PCD) vence assim o pleito conquistando 23 mandatos dos 55 lugares existentes, contra 11 do partido Acção Democrática Independente (ADI) e um mandato do Movimento Novo Rumo conquistado na ilha do Príncipe, sobre a alegação de ser este último um real mandato do PCD. Este partido MDFM cujo Presidente virtual ou real é o próprio De Menezes, ajuntou mais tarde a sigla Partido Liberal, passando a ser conhecido por MDFM/PL” ( in Mutété- Cronologia Histórica). Os protagonismos dividem-se aqui neste ponto, porque uns dizem graças ao PCD o movimento Fradiquista teve sucesso, enquanto outros serenamente analisam que foi graças a fasquia alta da popularidade  de “Fradique”que fez com que o PCD conseguisse revelar-se uma vez mais em alta, uma das implantadas forças da mudança que com o MLSTP pelo menos tacitamente já se revelaram alternativas uma da outa. Neste momento que este artigo de opinião está sendo publicado os Números e Tempo falam ou falarão por si…

– Se ao subir ao poder Fradique de Menezes aconselhado pelos seus pares demitiu o Governo do então Primeiro-ministro Guilherme Pósser da Costa que em Dezembro de 2000 fez com que a República Democrática de S. Tomé e Príncipe atingisse o Ponto de Obtenção, susceptível de levar o país a benefeciar do perdão de parte da sua avultada dívida, para num espaço de pouco mais de um ano atingir o Ponto de Conclusão, só sete anos depois (2007) com o MDFM no poder, no dia 15 de Março, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional reconhecendo o esforço despendido pelas autoridades e pelos santomenses declararam o país elegível ao Ponto de Conclusão de Iniciativa HIPC. Assim, o país foi perdoado definitivamente 91% da sua dívida avultada em 370 milhões de dólares, correspondendo assim 321 milhões perdoados.

– A popularidade de Fradique de Menezes como um dardo ultrapassou as fronteiras insulares do país atingindo latitudes e culturas. Foi assim que foi galardoado em Taipé e em Abuja. Em Taipé o Presidente recebeu o Diploma de Honorius Causa passado pela Universidade de Centros de Medicina Tropical de Taipé pelos seus esforços em conjunto com os seus pares na tarefa de mitigar o paludismo em S. Tomé e Príncipe. Em Abuja o galardão visou homenagear o presidente pelos seus esforços no desempenho da democracia…

– Ainda entre a popularidade pela negativa e pela positiva, entre as crises políticas e os jogos conscientes e inconscientes, o Presidente Fradique foi vítima ou alvo de sátira musical, facto que é muito comum nas figuras públicas em países democráticos e com liberdade de imprensa e de opinião, onde caricaturas nos jornais fazem furor. Uma das sátiras de que o Presidente foi vítma como no passado os grupos carnavalescos faziam rasgando os deslizes das mulheres e homens, foi a divulgação da composição musical “TIBÉRIO”.

Nestas coisas de sátiras ou meras críticas sociais quando não são incisas ou bem evidentes, pode-se argumentar ou defender (mesmo juridicamente) afirmando tratar-se de uma mera coincidência, que verdadeira ou não, fica em mera coincidência como se ficou quando no passado houve também a composição musical “FLÓLI XAKLA”, ditada contra ou a favor da Alda Graça Espírito Santo. Tudo como vos disse já algures, as coincidências podem ser irmãs verdadeiras próximas ou distantes da realidade.

Mas no fundo de tudo isso, a música, segundo o investigador amador auto-didacta Caustrino Alcântara, a música é e será sempre música, ontem, hoje e amanhã. Por exemplo, GANDU-Ê BÔ ALÊ D’ÓMALI produzida na era colonial, FLÓLI XAKLA, produzida no tempo do partido único, foram interditas de serem passadas nas antenas da rádio como no tempo dos primeiros anos da mudança (1991-1999) também como repúdio a um passado recente, todas composições que o selecionador ou o locutor de serviço por engano ou distração deixasse rodar no ar e falasse de culto de personalidade de Pinto da Costa (que os Números e Tempo permitiram que assim fosse primeiro e quarto Presidente da República) era imeditamente retirada do ar. Deste modo estou em crer que TIBÉRIO (que houve tíbério um e tibério dois, como dois conhaques diferentes) será escutada nas antenas da rádio como música e simplesmente música…e seja feita a vontade de Deus.

A primeira vez que tomei consciência com o nome TIBÉRIO Claudius Nero(42a.c.-37d.c.) foi quando já há muitos anos quando li a obra “Eu e Outras Poesias” do escritor brasileiro parnasiano Agusto dos Anjos(1884-1914) que se refere a ele como um imperador romano famoso que mudou de nomes pelo menos três vezes e ficou popular e conhecido como Júlio César Augusto…Enfim coincidências-hem, porque Fradique de Menezes sendo Tibério ou não, nasceu num ano d.c. com terminal 42 (1942).

A polémica e a controvérsia

– O ano de 2003 pode ser considerado o pior ano de todo mandato de Fradique de Menezes, como algum timoneiro que enfrenta fortes calenas na navegação. Sintécticamente aquele ano pode ser resumido com a seguinte descrição: Grandes crises Institucionais, dissolução e reposição da Assembleia Nacional, segundo Golpe de Estado Militar, enfim ano do dito por não dito… 

Se a primieira crise institucional do mandato do Presidente Fradique começa com a demissão do Governo do então Primeiro-ministro Gabriel Costa e a proposta de revisão cosntitucional em finais de 2002, em 2003, depois de emendas efectuadas, apoiadas e aprovadas unanimemente pela Assembleia Nacional, com o fito de que só entrariam em vigor em 2006, o Presidente veta a 17 de Janeiro a referida Constituição e, os Deputados, embora posteriormente divididos, não arredaram pé e o conflito instalou-se. Neste profundo desacordo de emendas e de retiradas de poder ao Presidente da República, este decreta a dissolução da Assembleia Nacional, omite no decreto a demissão do Governo de Maria das Neves e marca eleições para 13 de Abril.

Quando o Presidente da República dissolveu a Assembleia Nacional e decretou as eleições legislativas antecipadas, a Primeira-Ministra, Maria das Neves, estava na Ilha do Príncipe em missão oficial. Tacitamente demitida de funções, regressa de imediato a S. Tomé, junta-se à senhora Juiza Presidente do Tribunal Supremo, Dra. Alice Vera Cruz Carvalho, na mediação do conflito entre o Presidente da República e a Assembleia Nacional, com notável êxito. A 24 de Janeiro, assina-se um memorando de entendimento, e o Presidente revoga a anterior disposição e fica estabelecido que, seis meses antes do final do seu mandato, o primeiro, a nova constituição revista seria sujeita a um referendo, referendo esse que não aconteceu.

– A coisa não ficou por aqui naquele ano de 2003. Um Golpe de Estado militar em jeito de movimento reivindicativo e de chamada de atenção das autoridades abalou a ordem constitucional em curso (16 de Julho, três da madrugada) permitindo aos dirigentes políticos, cidadãos anónimos e a toda a sociedade tirar lições para o futuro, para que tais situações não voltem a repetir-se. Os protagonistas autoproclamaram-se Junta de Salvação Nacional ao estilo do movimento de 25 de Abril de 1974 em Portugal. O movimento era liderado pelo Major das Forças Armadas Fernando Ferreira (Cóbó) e pelo Batalhão Búfalo (ex-militares santomenses que actuaram junto das Forças Armadas sul-fricanas no apartheid), liderado por Arlécio Costa, Presidente da Frente Democrática Cristã (FDC). O Presidente Fradique de Menezes encontrava-se em Abuja (Nigéria), a convite de seu homólogo, na Cimeira de Sullivan (Análise das Oportunidades de Desenvolvimento para o Continente Africano). Do assalto, para controlo e para evitar vandalismos, foram tomados os Bancos, as Telecomunicações, a Comunicação Social, o Aeroporto e o Porto. No quartel do Morro foi detido o elenco do Governo de Unidade Nacional durante sete dias.

Maria das Neves, a Chefe do Governo, foi internada no Hospital Central por não ter aguentado o embate psicológico do levantamento. Após intensas negociações e sangue frio do Major Cóbó e da Comunidade Internacional (CPLP, CEEAC, Brasil, Gabão, Nigéria, República Democrática do Congo e Estados Unidos) é declarada a reposição da ordem constitucional e o fim da crise mediante a assinatura de um Memorandum de Entendimento, a cumprir pelas partes signatárias. O Presidente Fradique de Menezes antes, regressa ao País acompanhado por Olusengum Obasanjo e forte segurança policial da Nigéria. O Presidente Nigeriano parecia uma Nossa Senhora de Monserrate.

b)   Outras polémicas ou controvérsias

– Muitas delas por serem muito sensíveis e estarem muito frescas ainda não constituem material histórico susceptíveis de serem narrados, embora obedecendo todo rigor deontológico mundo, porque podemos considerá-las de matérias reservadas e classificadas. Mas citando pelo menos uma delas podemos recorrer aquela de falta de massa cizenta que ocorreu em 2005 aquando de uma greve da Função Pública. Depois de arrancar a greve de uma semana, o Governo e a União dos Sindicatos não se entendiam no montante mínimo a estabelecer-se para os salários da Função Pública.

O Primeiro-ministro Damião Vaz de Almeida que deveria deslocar-se a Angola em visita oficial cancela a sua partida ao exterior alegando situação conturbada. Por seu turno o Presidente da República Fradique de Menezes ao deslocar-se na mesma semana a Nigéria para assinar em conjunto com o seu homólogo Nigeriano, Olusengo Obasanjo, o Acordo de segunda licitação dos blocos de petróleo, dá a sua opinião quanto a greve dos trabalhadores de Função Pública, através da qual faz entender que falta o Governo a massa cinzenta para lidar com a coisa pública.

As palavras de Fradique de Menezes foram entendidas como ofensivas, (diga-se falta de inteligência) o que levou o Primeiro-ministro Damião Vaz de Almeida a por o seu cargo a disposição. O MLSTP partido maioritário solidariza-se com a iniciativa do Presidente da República e solicita ao magistrado a realização das eleições legislativas antecipadas.

Muitas outras forças como o PCD, o ADI, a Geração Esperança, solicitaram a convocação das eleições gerais, incluindo um teste também a popularidade da pessoa do Presidente da República que estava sendo apenas assegurado pela Santa de Monserrate  que não o deixava. Dias depois o próprio MLSTP fez uma cedência a sua intenção inicial, aceitando a proposta do Presidente da República para indicar um novo Primeiro-ministro que recaíu na pessoa da economista Maria do Carmo Trovoada Silveira como Décimo Chefe do Governo Constitucional da Segunda República.

c)   A franqueza

– O Presidente Fradique parece ser muito franco e muito franco consigo mesmo. Quando se aborrece como um pai que se zanga com os filhos embora acarinhando-os, não consegue distinguir entre ser homem de Estado, ser Empresário que sempre foi e será, ou ser homem filantrópico, que se revelou ser muito amigo das crianças e apoiante de alguns colaboradores seus que bem se aproveitaram. 

Os homens de Estado, são homens de Estado devem ter todos papa na língua, porque deontologicamente devem ser assim, mas o Presidente dizia sempre que ele como tal, não tem papa na língua. Mas o que fazer, assim é e foi o estilo do nosso terceiro Presidente da República, que se assumia como Empresário e não político e que se transformou em político tornando-se Presidente do MDFM. 

Uma nota muito importante é que como essa personalidade franca e tolerante, a dada altura do seu mandato Fradique de Menezes penitenciou-se perante o povo, pedindo desculpas por algum erro que tenha incorrido nele. Numa ocasião chegou mesmo a pedir que nas contendas políticas, todos os beligerantes enterrassem “o machado de guerra”.

 3-   Conclusão

A medida que o tempo passa estou em crer que a minha tese de, os Números e o Tempo dominam a vida dos seres humanos vinca-se. Qualquer coisa que relega-nos também a ver que todos nós somos como um rio correndo em direção a praia que para nós é a cidade. Como as coisas são diferentes umas das outras, alguns de nós diferentes uns dos outros, podemos ser Água Grande, Pété-Pété, Água Bôbô, Água Palito, Água Telha, Mussungú e outros… 

Certamente que aquele menino nascido a 21 de Março de 1942 que tem a Bélgica talvez como a segunda pátria nunca se esquecerá de Alda Graça Espírito Santo e Julheita Graça Espírito Santo, personalidades que deram guarida em 1974 ao Presidente, ao chegar a S. Tomé, assaltado durante a viagem, como o homem atacado pelos ladrões na romaria de Nossa Senhora de Monserate em 1715. Enfim,  sempre protegido pela Santa e “Por Amor a Terra”

Depois de dez anos de exercício de Presidente da República, Fradique de Menezes pode dizer-se um homem, política, econômica-financeiramente realizado. Passou a ser um verdadeiro barão de Água Telha admirado entre os seus, como tornou-se bem conhecido na região e no mundo. Reforçou a sua personalidade de Empresário e trabalhador e trabalhador que sempre foi. Sinceramente que eu nunca dei conta de Sua Excelência Fradique de Menezes transportar algum xiló ou madala no peito, talvez ele transporte no bolso a oração de Nossa Senhora de Monserrate que o protegeu durante todo o seu mandato.

 Tudo que eu saiba tanbém, nunca vi o Fradique de Menezes cantando Rock and Roll de Elvis Persley, mas só o vi (como um Tibério) dançando bem a música santomense (música e simplesmente música) em Folha Féde, apertando no peito tricotadamente a então Primeira Ministra Maria das Neves nos aposentos do Intendente Armando Correia…. Naquele comerete e beberete que tive a feliz oportunidade de participar levado por um grupo de profissionais que se autodenomina de Parlamento, havia gente de todas cores políticas, entre os quais o Angelo (Aito) de Jesus Bonfim que transportava um chapéu de palha de abas muito largas. 

Nossa Senhora de Mosserrate, rogai por nós nesta nova página da hisória do nosso país, após o dia 3 de Setembro de 2011, rogai pelo mundo, pela nossa África inteira como continente e os africanos ainda desprotegidos dos poderosos e dos seus recursos naturais; sobretudo rogai por mim Senhora Nossa, para que eu modere a minha língua e tenha uma  mente sempre sã iluminada para o bem da minha pátria e desse nosso mundo cada vez mais exíguo a procura de PAZ e sossego!….ADEUS SENHOR PRESIDENTE

 BIBLIOGRAFIA 

Augusto dos Anjos, Eu e Outras Poesias….

Curriculum Vitae do Presidente Fradique de Menezes, Textos da wikpédia, Agosto de 2011

História de Rock and Roll, Textos da wikpédia, Agosto de 2011

Semanário Correio da Semana 178 de 28 de Junho de 2008, S. Tomé

Semanário Correio da Semana 198 de 11 de Janeiro de 2009, S. Tomé

Galardões de Fradique de Menezes, Contacto telefónico com Adelino Lucas, Jornalista e Assessor do Presidente da República, Agosto de 2011

Projecto de Sociedade de Fradique de Menezes, 2001

Várias Nossas Senhoras, Textos da wikpédia, Agosto de 2011

Várias Nossas Senhoras, Música de Roberto Carlos, Rádio Nacional de S. Tomé

11 Comments

11 Comments

  1. Mario da Costa

    31 de Agosto de 2011 at 14:07

    Isto é muito pano para manga de camisa curta.
    Está dado o recado.

  2. Atento

    31 de Agosto de 2011 at 15:16

    Os dez anos marcados de retrocessos e instabilidade constitucional infelizmente nao tem nada de bom para si colher. E um fracasso total.
    Adeus.

  3. Laura Mendes

    31 de Agosto de 2011 at 15:53

    Todos os ladrões são grandes Srs. qdo não são apanhados, e os incompetentes quando não são julgados (em tribunal ou fora).

    Num país onde os políticos não têm pensamento estratégico do que é o desenvolvimento de uma nação, não há letras que cheguem para os tentar descrever como grandes Srs.

  4. Luís Gonçalves

    31 de Agosto de 2011 at 16:00

    Aproveita bem a fortuna que adquiristes nestes últimos 10 anos. Anos de má memória para os sãotomenses, de polémicas,de retrocesso. Anos quem mem quero lembrar. Passado é passado, vamos ver com com o novo Presidente no que vai dar. Esperemos que os erros do passado sirvam de experiência e faça um bom mandato e comunhão com os Governos legitimamente eleitos. Espero ainda que o Patrice dê braços a torcer, depois do feasco que fez nas campanhas. Agora vamos todos tocar para frente. Viva o POVO de STP.

  5. Francisco Ambrósio

    31 de Agosto de 2011 at 17:37

    Francisco Fonseca Costa Alegre!
    Após breve leitura do trabalho tornado público no adeus ao Srº Fradique de Minezes, realça o que valeu e vale o mesmo, que de alguma forma conseguíu ser presidente de um belo País, habitado por homens de Barbas Grande. Srº Fradique engrandeceu, como dizem os mais velhos “o inegável é o que se tem nas palmas das mãos”.

  6. Carlos

    31 de Agosto de 2011 at 19:20

    Tanto texto para muito blaa blaaa blaaa? Esses Costa Alegre, devem mesmo se achar os mais ”inteliquituais” de STP… rsrs

    • Manga pada

      1 de Setembro de 2011 at 0:03

      Meu amigo deve ser um bom preguiçoso, não gosta de ler.Costa Aegre é sim um intelectual,pk tem o demostrado, e você?
      Só sabe criticar?

  7. maravilha

    31 de Agosto de 2011 at 19:38

    Passo só para dizer que durante o tempo que vejo os que estão e ficaram no topo de enganar o povo só ouiço falares mais que fazer e é deste jeito que ficam a nos enganar e isso ira continuar até quando?…veremos se esses que entram não são os que só falam e falam…..

  8. Voz do Povo

    1 de Setembro de 2011 at 8:38

    Adorei! Gostei!
    Olha, vou fazer cópia e guardar.
    Aqui está parte da nossa história.
    Eu não sabia disso: de Fradique e Maria das Neves terem dançado na casa de Armando em Folha Fede. Viram…
    Valeu! Continue Sr. Francisco
    Meus parabéns.

  9. turista

    1 de Setembro de 2011 at 11:09

    Parabéns meu amigo Costa Alegre. Não só do pau vive o homem. Mas enfim, quando ti vejo a deambular pela rua a pé, fico triste. Essses senhores do Ministério do Neg. Estrangeiros são maus. Eles poderiam dar-te uma viatura de serviço. Enquanto que qualquer capanga circula em altos carros de Estado.

  10. Makito

    5 de Setembro de 2011 at 13:56

    Oh! Credo atrasado! È assim que vivemos num país de povo corrupto! Oh turista, quem te disse que o homem quer um carro? Será que alguém instruído não pode andar a pé??????
    Sabias que os mais instruídos e honestos como geralmente são pessoas menos ganânciosos fazem uma vida muito simples?

    É assim que pessoas como você destroem o país, votando nos grandes Srs. de altos carros que são grandes ladrões.
    Mas povo hem?
    Fui….

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