A Estabilidade da Nação Deve Constituir a Bandeira de Cada Cidadão!

Finalmente a casa (entenda-se aqui, São Tomé e Príncipe) acaba de ser arrumada depois de mudança de inquilinos gerada pela realização de eleições autárquicas e legislativas, de 25 de Julho e 01 de Agosto de 2010, respectivamente.Tivemos a oportunidade de, a 14 de Agosto deste ano  assistir a tomada de posse do 14º. Governo Constitucional, chefiado pelo  Dr. Patrice Trovoada, que para muitos constituiu surpresa pela sua composição, para outros tantos, nem tanto assim, visto que já se sabia antes da realização das eleições que o partido ADI era constituído, na sua maioria, por gentes jovens. Acto contínuo, tomamos conhecimento do empossamento pelo novo governo, a 02 de Setembro, dos presidentes das câmaras distritais e respectivas equipas de trabalho recentemente eleitos. E para que a nova legislatura ganhasse corpo, finalmente foram empossados no último Sábado, 11 deste mês os deputados à Assembleia Nacional.

Sobre o novo governo, não devemos apressar em fazer análises a respeito do seu desempenho, a não ser deixá-lo trabalhar, o que tanto precisará de fazer, para que o país marque passos rumo aos propósitos que toda a nação almeja: a melhoria de vida do nosso povo. Aos deputados ora empossados, esperemos que contrariamente as legislaturas anteriores, consigam colocar os interesses nacionais á cima dos individuais ou de grupos, como forma de poderem não defraudar os propósitos dos eleitores que à eles depositaram confiança nas urnas. Como não podia deixar de ser, ficamos todos convictos de que o mais alto mandatário da nação, o Presidente Fradique de Menezes, saberá exercer com zelo e prudência o seu papel de árbitro da cena política, nos poucos meses que ainda terá para o exercício das suas funções.

Salta-nos à vista o facto do Sr. Evaristo Carvalho ter sido eleito (por uma questão de lógica, fruto dos resultados eleitorais) à Presidente da Assembleia Nacional. Tratando-se de um político com craveira considerável, em função dos cargos até aqui ocupados, desde os tempos da Primeira República, ficamos com a sensação de que saberá nos momentos cruciais dos debates parlamentares, distinguir o essencial do secundário e contribuir  com a máxima inteligência e responsabilidade na busca das melhores soluções para o país.

São Tome e Príncipe  precisa de estabilidade e nos últimos tempos, várias têm sido as vozes que se levantam nesse sentido. Independentemente de quem dê a sua voz apelando a tal desiderato, é necessário que cada cidadão saiba primar pelo princípio do respeito pela diferença de opiniões, isto é, saber respeitar a opinião do outro, mesmo não concordando com ela, não privilegiando os comentários ou reacções com caracteres  bombásticos e nalguns casos até ofensivos à pessoa do próximo, como ultimamente se vem registando. O país vive um regime democrático, de pluralismo de ideias desde a adopção do sistema político multipartidário com a realização do Referendo de 22 de Agosto de 1990. Ignorar este facto, seria dizer não ao “sim” do povo no citado referendo.

Acreditamos que o grande problema do ser humano seja a mudança de mentalidades, mas mesmo assim temos que saber dar o benefício da dúvida à quem manifeste boas intenções sobre o nosso país, não importando se se trate de criança, jovem, adulto ou velho, ou ainda de pessoas que tivessem comprometimento com qualquer  passado pouco digno para o país. Pensamos que o momento deve ser de unidade na diversidade, desde a classe política, passando pelos intelectuais até a cada cidadão comum, para que juntos possamos, cada um a sua maneira, contribuir na condução do navio da nação a bom porto.

Ao governo, recomendamos que procure executar com mestria e sapiência o seu programa, não ignorando, entretanto, a voz do povo em matérias de interesse nacional, porque é do povo que depende a ascensão ou queda de qualquer governo. A propósito, até existe um slogan muito usado na nossa terra que diz: “Povo põe, povo tira!”

É verdade que não constitui novidades para ninguém, nada daquilo que aqui realçamos, mas também nunca será demais chamar a atenção da nossa sociedade para aquilo que nos seja útil.

Um bem haja a todos!

Luanda, aos 12 de Setembro de 2010

Eusébio Pinto

Licenciado em Economia