Opinião

As autoridades políticas vão editar notícias no lugar dos jornalistas?

O episódio despoletado dentro da TVS, através do caso “São Lima” revela algumas contradições que, se confirmadas, põem em risco o livre exercício do jornalismo na emissora estatal de televisão do país. O referido episódio aponta alguns indícios de tentativas de controle da informação por parte das autoridades políticas do país vinculadas ao governo.

Controlar a informação pública é um equivoco grave. Representa uma  ameaça a liberdade de imprensa e a consequente  violação do direito dos cidadãos em serem informados. Por isso mesmo, nenhum dignitário do estado, seja ele vinculado ao poder político, executivo ou judicial deve por mero capricho estabelecer censura prévia à imprensa – Pelo contrário, são estes dignitários que deveriam defender a liberdade de imprensa, evitando interferir no normal funcionamento dos órgãos de informação do país.

São Lima denunciou um fato grave que, para além de uma investigação, merece ser esclarecido com urgência. Indiretamente a jornalista denunciou aquilo que podemos chamar de “corporativismo político na imprensa estatal” onde o direito de informar o público e o desejo  de ocultar informações por meio da instrumentalização da imprensa guerream entre si.

Nestas circunstâncias, os jornalistas são obrigados a conviverem com ditaduras ideológicas e limitações políticas no exercício do seu ofício. Situações que prejudicam e limita a criatividade, a liberdade e a ousadia  inovadora dos jornalistas.  A lógica acaba sendo: Ou o jornalista engole a cartilha dos interesses corporativos, ou deixa a emissora.  São forçados a obedecerem cega e pacificamente  os amores e ódios do chefe, cumprindo na maioria das vezes, a contragosto as ordens dos mesmos: ataque! Quando o chefe mandar. Elogie! Quando o chefe pedir. Se cale! Quando ao chefe convier.  É um pacto de formatação e               adestramento.  Quem não se adapta as “regras do jogo,” seu único caminho é o olho da rua.

Este caso que, por sinal já foi bastante abordado, mas mesmo assim, ainda não esclarecido devidamente, deixa no ar muitas inquietações. Uma delas é o facto de o governo até agora não ter reagido oficialmente. Neste aspecto, a Secretaria de Estado de Comunicação Social, cujo  responsável para além de ser a entidade que tutela àquela emissora de televisão, que é supostamente, o porta-voz do governo, falhou. O governo, após a denúncia feita pela própria São Lima, deveria providenciar imediatamente uma reacção oficial convista a esclarecer a opinião pública, desfazer especulações e repor toda verdade sobre o caso.

Tal reacção poderia ser feita mediante uma articulação institucional por meio de entrevista coletiva, um simples comunicado de imprensa ou ainda usar-se do direito de resposta no órgão em que São Lima, denunciou tais factos.

Diante de todos esses fatos, antes que seja tarde demais, se não repensarmos e tomarmos atitudes conducentes que reformulem o modo de fazer o jornalismo na imprensa estatal, então não vejo outro desfecho: a cada momento morrerá um pedaço do bom  jornalismo. Se hoje as autoridades governamentais vêem-se no expresso direito  de determinar o que deve ou não ser publicado, amanhã, estas mesmas autoridades  farão a edição final das notícias, excluindo de todos os jornais e noticiários, assuntos tidos como incômodos e indigestivos para os interesses do sistema.

Se a imprensa tem como função informar a opinião pública sobre assuntos de seu interesse, quem deve avaliar o trabalho dos jornalistas não são as autoridades políticas, e sim o público receptor. E convenhamos, edição de notícias não é atividade de autoridades políticas, e sim função de jornalistas.

Carllile Costa Alegre *

11 Comments

11 Comments

  1. sankhara

    14 de Dezembro de 2010 at 8:35

    tambem está muito bom o teu 2 artigo, grande amiga, Carlille.

    mas sobre essa questao, parece que há muitas jogadas escondidas de ambas partes e parece-me que a Sao Lima nao é de todo santa tampoco nesse processo. porque estive a defende-la cegamente, mas agora vejo que se já lhe haviam dito que no fizesse a entrevista com antecedencia, ea nao tinha nada que levar ali o politico carlos veiga e atira-lo a responsabilidade do director da tvs a fim d que ele amolecesse e aceitasse chantagiosamente aceder a entevista. ela tambem falhou nisso tudo…

    é o que agora comeco a ver….mas tampoco estou tao ciente de quem tem mais razao ou nao.

  2. E.Santos

    14 de Dezembro de 2010 at 10:36

    Antes de tudo, os meus parabens por teres seguido o meu conselho e não ter posto Licenciada em sei lá o quê.

    Queria apenas te dizer que sinceramente, iria ficar muito contente se visse os jornalistas informarem as pessoas (não confundir informação com opinião), trazerem a baila falahas que existem no país, e muitas para debate público de forma a que juntos os São-tomenses pudessem caminhar para melhor.

    O que parece estar a acontecer com os jornalistas é que estão-se a achar detentores do direito de liberdade de expressão, a ponto de usarem este argumento para manipular a informação em proveito próprio.

    A vossa opinião dos factos não nos interessa. Opinião cada um tem a sua. Importa sim sermos informados e com imparcialidade por quem se diz Jornalista. Não nos tomem como imbecís.

    Tenham todos o bom senso de ajudar o País, contra ou a favor do governo, mas ajudem o país e a nós mesmos.

    • António Veiga Costa

      15 de Dezembro de 2010 at 1:16

      Grande Comentário.
      Ademais a jornalista acima mostra-se desinformada, pois as explicações por parte de porta-voz do governo já foram publicadas. Parece-me que ela não leu-as.

  3. Macarofe

    14 de Dezembro de 2010 at 10:43

    Entendo que mana São também teve a desobidiencia ilicita a superior hierarquica. E ela sabe, a ingenuidade e o medo de responsabilidade levou-la a cometer erros graves que a luz pública não foi revelada. Mas veremos dentro de alguns dias o desenrolar deste filme que veio desatencionar a população sobre os casos 31 mil barris de petroleo, constitucionalidade ou não do tribunal de contas, caso irmãos Monteiro ( dívida fiscal)dentre outros que como sempre passaram por esquecimento. Haver vamos…

  4. Batepá

    14 de Dezembro de 2010 at 13:11

    Sobre essa episódio, só mesmo quando vier a tona mais informações.

    Lembro-me que no anterior governo, onde o PCD detinha a tutela da Comunicação Social, a Sã foi levada à Direcção da TVS, de forma muito pouco transparente, nenhum comentário na altura.

    Enfim, veremos depois.

    E. Santos, concordo plenamente consigo.

  5. LADA

    14 de Dezembro de 2010 at 14:45

    ok meu amigo comcordo com tigo;mais agora á coisa esta preta mesmo tenho informações que SR.PM mandou fazer um levantameto das epb, vamos ver

  6. besta

    14 de Dezembro de 2010 at 14:54

    Meus amigos voces sabem quêm são novos grandes donos da unica cervejaria do nosso lindo país?EX PRIMEIRO MINISTRO,SR R.BRANCO COM SEU COMPADRE C.TINY,saindo de um jornal ANGOLANO

  7. TB

    14 de Dezembro de 2010 at 15:56

    NÃO INTENDO QUE ORDEM DE HIERARAQUIA ELA DESACATOU, QUANDO ELA TEM EM SEU PODER DOCUMENTAÇÃO E APROVAÇÃO PELO SEU DIRECTOR QUE PODERIA SEGUIR EM FRENTE…POSTERIORMENET A ESSA AUTORIZAÇÃO O SR. DIRECTOR INFORMA-LHE QUE AFINAL NAO PODE SEGUIR EM FRENTE E QUE SEU CONTRATO NÃO SERÁ RENOVADO…as tais onrdens que tds dizem que ela não cumpriu foram do GOVERNo OU FORAM DA TVS?….parece-me que certas pessoas que comentam não sabem o que é TVS e governo…Desde quando o governo ordena cancelamento de pogramas televisivos…….o artigo em cima esta muito bem esclarecido sobre esse assunto, separação de poderes e o que é jornalismo…por isso recomendo a todos vivamente que releiam o artigo que esta muito bem escrito antes de comentar barbaridades.

    • António Veiga Costa

      15 de Dezembro de 2010 at 1:19

      Mais um desinformado.
      Amigo, pesquise, leia outros veículos de informação antes de aceditar em tudo que lê e emitir pareceres equivocados.

  8. ipsis verbis

    14 de Dezembro de 2010 at 19:06

    Polémica sem nexo
    Nos últimos dias, a República “virtual” tem dedicado exagerada importancia à um assunto que, nem de longe, tem a dimensão quea alegada vítima pretendeu lhe dar.
    O assunto foi trazido à baila como sendo um caso de liberdade de imprensa, quando no fundo não passa de um mero caso de liberdade contratual.
    Senão vejamos: os factos, efectivamente relevantes são apenas estes: uma “ilustre” jornalista, detentora de um contrato de prestação de serviço público que diz “expressis verbis” que o mesmo não é renovável, foi, alegadamente informada pelo seu superior hierárquico que após o prazo de validade do contrato, não pretendia renovar o vínculo laboral com a mesma.
    A ilustre jornalista acha-se no direito de gritar, aos quatro ventos, que a não continuação do seu vínculo laboral significa atentado a liberdade de imprensa.
    Há de se perguntar, como alguns o fizeram (com indignação a mistura), mas porquê não renovar o vínculo? Em Londres, na BBC, poder-se-ia responder: It’s not your business. Na realidade, não importa o porquê, já que em nome da liberdade contratual, não menos importante do que a liberdade de expressão, “ninguém é obrigado a celebrar contrato com outrem nem a nele permanecer contra a sua vontade”, ainda que para tal tenha que indemnizar. Veja-se, a título de exemplo, a figura jurídica do divórcio, enquanto forma de cessação do contrato de casamento. Quantos divórcios não houve e haverá pelo mundo fora? Alguns com melodrama, outros nem por isso. É tudo uma questão de personalidade; ou de “vícios”, ou “perturbações” de personalidade.
    Para além dos factos acima narrados, todo o resto é mera especulação, excessivamente sobredimensionada, pela própria jornalista e pelos seus amigos, confidencialmente, instados para fazerem barulho sobre o assunto. Como se a República “real” não merecesse um pouco mais de silêncio, como condição, aliás, para se concentrar no que é relevante. E relevante, caros compatriotas, é como atingirmos os objectivos do milénio para o desenvolvimento, como levarmos o pão, a água e a alimentação à boca de inúmeros compatriotas que foram relegados à condição de míseros? Relevante é, como pormos cobro a proliferação de meninos da rua, ao consumo e tráfico de droga, ao crescendo da sida? Relevante é, podermos iluminar a pista do único aeroporto que temos; relevante é, garantirmos à ligação marítima e aérea a custos aceitáveis entre São Tomé e Príncipe; relevante é como acabarmos com o monopólio nas telecomunicações que faz das nossas as mais caras do mundo? Relevante é, como dar formação superior à milhares de jovens erantes? É fazer com que as casas sociais sejam efectivamente para quem precisa; relevante é, como lutarmos contra a degradação do meio ambiente perpetrada pelo abate ilegal de árvores e furto de areia nas praias? E mais, e mais.
    Sem desprimor pelo seu talento de escritora, relevante não é, nem pode ser o caso do pre-aviso do disenteresse em assinar um novo contrato com a “jornalista”. Relevante para os santomenses não é gerir os sindromas pós separação de uns e outros.
    Recorde-se que o programa Grande entrevista do José Bouças e o Perspectivas de Abenildo de Oliveira saíram da grelha de propramação da TVS, sem explicações prévias e sem que tal tivesse dado azo a tanta cena de melodrama. Aqui também, é tudo uma questão de personalidade ou de “vícios”, ou “perturbações” de personalidade.
    Na verdade, dado o fosso em que o nosso país se encontra, não há aqui espaços para o “one man show”, nem tão pouco “one woman show” ou algo que se pareça. Acima de uns e outros, está o país que é de todos nós, e que em abono da verdade está em muito maus lencóis. Precisamos todos, santomenses e os amigos de São Tomé, de remar no mesmo sentido. E quiçá, daqui há alguns anos, quando o país começar a erguer das suas actuais cinzas, os artistas e as artistas, ávidos de protagonismo, poderão dar o seu show, assegurando-se, porém, da grandeza dos seus parceiros de cena. Quem sabe, se evitarem deitar-se com cães para não se levantarem com pulgas, poderão aspirar a serem elegíveis ao prémio nobel da paz, já que ainda não existe o do jornalismo nem o da fofoquice.
    Como dizia o outro, “As polémicas sem nexo, as mais das vezes, têm raiz em questões de sexo”. Daí que, não se deva meter a colher.
    Tenho dito

  9. sankhara

    14 de Dezembro de 2010 at 19:47

    amigo-a BESTA

    se aquilo que dizes é verdade, sobre o rafaelito esbranquicado e carlitos tiny, pois vou-me defecar em pé de tanto rir, em vez de chorar.

    a sério que sairam num jornal angolano como sendo os novos detentores da cervejaria??? confirme-me isso por favor. de-me elementos para a estupefaccao.

    responda-me, por favor!!!

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