Opinião

Minha querida São

Sou, porque não gosto, muito pouco de escrever e muito menos de andar por aí a falar vonvon. No entanto, vejo-me na obrigação de escrever-te estas linhas para passar-te uns raspanetes. Se não entendes a razão desta minha atitude, fica sabendo que é triste que tu, estudada e vivida no estrangeiro não tenhas aprendido tanto quanto a Apolinária que nem escola média teve.

– Então, ocê nã sabi qu’aqui nã é estrangeiro?
– Ocê não sabi qui democracia nã é como lá no estrangeiro?
Se Apolinária que nunca esteve no estrangeiro e que não consegue ler livros em línguas estrangeiras sabe isso, como é que tu, estudada e viajada, não sabes o que é a democracia?

Antes de mais deixa-me explicar-te o que quer dizer democracia.

Essa coisa da democracia é um ajuntamento, qualquer coisa como pugitamento, entre a palavra grega demo, que quer dizer povo, e a palavra cracia, aportuguesamento derivado da palavra inglesa crazy, que quer dizer maluquice, maluqueira. Nós por cá podemos traduzir a tal cracia, antes referida, como bandalha. Resumindo e espremendo, democracia é abandalhar o povo. Isto noutros termos é fazer o povo pensar que manda e que é livre mas na realidade ele está a ser abandalhado, e mais não digo. Portanto, já pela origem devias desconfiar da palavra e muito mais ainda das pessoas que falam em nome da democracia.

Mas não, tu perdes tempo com as coisas dos livros e não prestas atenção, como a Apolinária, as coisas. E depois é o que é.

Claro, eu até compreendo que tenhas aprendido que democracia deriva das palavras gregas demo, que quer dizer povo, e cracia, que quer dizer governo. Portanto, deves estar a pensar que democracia é governo do povo mas isso é lá no estrangeiro, onde falam estas línguas diferentes que nós não entendemos. Mas aqui não dá, tal como Maria não dá.

Tens que ir ter com a Apolinaria para ela ensinar-te algumas coisas sobre a democracia. Coisas tais como, podes ter todas as opiniões que quiseres mas, democraticamente, não as podes expressar porque existe liberdade de expressão. E, como deves saber, a liberdade de expressão é só exprimir o que é mandado exprimir ou, se não mandarem nada, falar bem dos que estão em cima. Isso é liberdade de expressão, entendeste? Espero que tenhas interiorizado bem esta definição pois ele é fundamental na conceptualização e compreensão desse bicho esquisito que é a democracia. Pois, todo o resto, que não se enquadra dentro deste conceito, é subversão, falta de respeito, falta de ética profissional, falta de falta, tentativa de golpe de estado, atentado e etc., e consequentemente deve ser punido com toda a severidade para que a liberdade de expressão e a democracia não sejam postas em causa. Hoje em dia até que a coisa está mais aliviada porque foi banido já do nosso dicionário o conceito de inimigo do povo, contra-revolucionário e reaccionário e essas coisas de antes da caída do muro.

E para que tires da tua cabeça essas coisas de democracia que aprendeste no estrangeiro, vai mais um exemplo de democracia.

Se os “senhores grandes”, esses que receberam a terra como legado dos pais deles, não souberem do paradeiro de uma pipa de massa que tinham sob responsabilidade deles, que devia servir para coisas como pôr água no hospital, iluminar as ruas, fazer coisas para melhorar a vida da população, democraticamente vão ao tribunal. Democraticamente respondem, testemunham e, ainda democraticamente, as responsabilidades diluem-se na liberdade de expressão. São livre de exprimir que não não têm responsabilidade e que dinheiro é mesmo assim evapora-se. Ninguém tem culpa que a terra faz tanto calor e derrete a massa. Claro que depois democraticamente, nascem vivendas e carros “bué de fixes” da terra como cogumelos mas é democracia, não é? Esta é a forma artística como têm mostrar que há liberdade de expressão, neste caso expressão artística.

– Quem tem de ocê com coisa de gente?

E vai dai, como diz o nosso bom povo: Glavi na ka pega …

Pensando bem nem te vou passar nenhum raspanete nem nada. E também estou inclinado a pensar que Apolinaria tem que tirar a mão no “ubúami”. Porque se ela não tirar as mãos “fô ubúami”, esse “côto” que existe entre a nossa malta e algumas democracias “dai bódo-bódo” vai continuando a ser prejudicial para todos.

Ingenuamente, tal como muitos, cheguei a pensar que com sangue totalmente novo que caracteriza esta nova malta da governação, quase todos eles são do quinquénio 1957-1962, pudesse reflectir numa versão nova de mudança e não que, como de costume, só o  cheiro e as moscas fossem novidades. Mas pelos vistos não, claro, que tirando alma qui non mereci como dizia Maria Muquijngi na sua sabedoria formada na ussua.

Infelizmente, duvido que um programa como Contra-Informação que passa na televisão publica portuguesa pudesse passar na televisão são-tomense. Duvido também que uns humoristas como só Gatos Fedorentos pudessem mostrar valor na nossa praça. E tudo isto porque somos uma “republica democrática”.

É que nós mergulhamos num país de palavra perdida.
Num país que, por desgraça das desgraças, ensina-se a “contá tlabé ku li ni boka” ou a acreditar que “zemé sa tamé flá”

Com amizade Swazi (Rufas Santo)

42 Comments

42 Comments

  1. budy

    15 de Dezembro de 2010 at 10:12

    meu caro, tens que trabalhar mais o Português. No entanto não se entende nada que escreveste si é que não escreveste só palha…

    “Se nã sabe não atrapalhe”

    • observador

      15 de Dezembro de 2010 at 13:44

      so palha? vê-se que es de contra,ou fazes te “atrapalhado” e te toca a indireta? gimga po sunguê.

    • sankhara

      15 de Dezembro de 2010 at 18:24

      nao budy, dá atencao ao fenómemo na simplicidade e querer mandar uma mensagem em linguage terrena. ele quis e assim fez, pois escreveu numa forma simplória como tipicamente se comunicam os santomenses no seu dia a dia. a maior parte da populacao fala o portugués local e assim o nosso amigo, pra levar uma mensagem mais conotada de realismo e ironia ao governo e apelo a sua amiga jornalista, escreveu desse modo. mas ve-se claramente pela sua redacao que é uma pessoa com nivel de linguagem e raciocinio. tome mais atencao ou volte a repetir a leitura, observando os elementos que acima te mencionei, budy.

      atentamente!

    • tb

      15 de Dezembro de 2010 at 21:37

      é pena que tenhas a nossa nacionalidade, nossa cor e nosso continente, pois és mais um que ajudas na nossa verogonha, e como ja disse penso que tb foste contaminado pela a epidemia de stp Mesquinhice,invejosite e pobreza mental….por favor, volta a rever o texto para não fazer figura triste com certos comentarios….NÃO QUERO DEIXAR DE TER ORGULHO DA AFRICANA QUE SOU POR PESSOAS COM POBREZA MENTAL.

    • zé ninguem

      18 de Janeiro de 2011 at 15:13

      todos temos direito a critica. O facto de não concordar com a critica do/da budy não lhe dá o direito de achar que merece mais a nacionalidade, a cor e o continente que o budy.
      Acho que o budy não deve ter percebido sequer o texto do sr Rufas Santos que está bastante bem escrito.

    • jaka doxi

      15 de Dezembro de 2010 at 22:48

      OLha professor Rufino!…
      Tanta saudade.
      Fui.

    • Edson Costa

      19 de Dezembro de 2010 at 19:06

      Tu é que não entendeste nada, deves trabalhar mais a tua capacidade de leitura e compreensão! Feliz Natal!

  2. Alberto Nascimento

    15 de Dezembro de 2010 at 10:40

    OK, ja vimos que o Senhor tambem entende da materia.

  3. Polvo Paul

    15 de Dezembro de 2010 at 10:52

    Esse senhor é sábio, São aprende com gente grade.
    Patrice é filho de peixe, ele sabe nadar.
    Patrice não é como Benjamim, só Benjamim, é que não sabe nadar ou seja é filho de peixe mais não saiu ao pai.
    É caso para dizer que Benjamim é um mau filho, porque um bom filho sai sempre ao seu pai.

    • Polvo Paul

      15 de Dezembro de 2010 at 10:52

      “gente grande”

    • suave

      15 de Dezembro de 2010 at 18:30

      amigo POLVO

      que queres dizer com isso?

      pois o senhor bartolomeu benjamim vera cruz, pai da pessoa mencionada que tambem se chama benjamim, tambem já ocupou cargos em stp outrora e foi um eximio trabalhador em prol da nacao. o que se passou no tempo do primeiro, ou seja, o benjamin pai, é que o pinto da costa, quando acedeu ao poder e comecou a ter desavencas com os seus pares em prol da libertacao nacional, os seus colegas outrora do clstp, pois perseguiu-os todos e obrigou muitos a fugirem do país, assim como passou com o miguel trovoada, benjamin pai, e outros tantos. informe-se polvo, porque estás-te a referir a um anciao muito carismático e que representa um dos simbolos nacionais da comunidade santomense cá em portugal, embora nao seja uma pessoa abastada em dinheiro.

    • Polvo Paul

      16 de Dezembro de 2010 at 10:24

      Credo senhor não estou a falar de nenhum Benjamim em particular até porque não conheço a pessoa que senhor faz referência. Queria unicamente referir a música em que numa das partes da música o cantor dizia assim:

      “Benjamim não sabe nadar iol, 1,2,3 não sabe nadar….”

      Por favor não me meta nessas coisas de clstp isso são coisas de outra era que nem quero ouvir e nem pronunciar, é por causa dessas coisas que STP está no caminho que está. Credo, Credo…..

    • São Tomé

      16 de Dezembro de 2010 at 16:29

      Esse cara é igual a Osama, faz tempo que não leio seu comentario, até dá saudades…lolo

    • Joao Martins

      17 de Dezembro de 2010 at 8:00

      Meu caro, penso que o Benjamim nao se degenerou ,saiu mesmo ao pai e mais arrojado. Pois bem o pai teve que fugir do Pais. Sabes porque?

    • Ledê ça -aua

      1 de Julho de 2011 at 10:49

      Aina bem que recordar é viver.
      O Benjamim Vera Cruz pai, abandou o seu inesquesível STP. Porque a poderosa máquina orquestradora de perseguição a todos os santomenses promoveu o afastamento daqueles que não eram fanáticos por Pinto da Costa, o Benjamim pai era daquele que não aceitou ser seus olhos e ouvidos, não se submetia a sua arbitrariedade. Como responsável, o Benjamim pai, tinha consciência de que a responsabilidade política, é bem diferente do trabalho produtivo com vista no desenvolvimento para o bem-estar do povo Santomense. Nunca aceitou levantar o braço e gritar viva PC, viva PC, viva PC, para acomodar no lugar. E disse: mesmo perseguido aceito ser responsável mas com autoridade. mas para viva PC, viva PC, viva PC… trocou por pá e pica em Portubgal.
      Mas resa a Deus para que o povo de São Tomé e Príncipe encontre na nova geração homens de boa vontade para trabalhar com vista na sua afirmação no mundo das Nações fora do terceiro Mundo(País Desenvolvido). Esperança é o último a morrer, haja FÉ.

  4. Joao Batepa

    15 de Dezembro de 2010 at 11:00

    Este senhor quer creditos!

    • Diógenes

      15 de Dezembro de 2010 at 11:47

      Este senhão não precisa de crédito, porque já o tem.. Básico.

      Deves abrir a mente as coisa do sex XXI… fui.

    • Venâncio

      15 de Dezembro de 2010 at 13:08

      DIÓGENES, CUMPRIMENTOS

      SERÁ QUE COISA DO SÉCULO XXI É O QUE SENHOR QUE SE ESCONDI POR PSEUDÔNIMO DE Joao Batepa diz SOBRE AS MULHERES. TEMOS QUE REPUDIAR ESTES MACHISMO VELADO.

      • Joao Batepa diz:
      10 de Dezembro de 2010 às 21:10
      Ai que bonito.
      agora voltem a cozinha!
      Joao Batepa diz:
      10 de Dezembro de 2010 às 21:12
      Estou cansado de ver essa gente e esta novela.
      hoje em dia os homens comem mal em STP por causa dessas coisas. Antigamente as mulheres ficavam na cozinha.

    • Polvo Paul

      15 de Dezembro de 2010 at 11:57

      Pateta, se uma pessoa critica algo é porque quer crédito. Credito de quê? STP tem gente com crédito? Para se querer crédito deles.
      O credito o homem já tem só ter a coragem de escrever e mostrar a sua cara, mostrando preocupação com seu próprio país.

    • Venâncio

      15 de Dezembro de 2010 at 13:11

      Polvo Paul VC UNS DA TURMA DO CONTRA MASCARADO. GANHA CORAGEM PARA SABERMOS QUEM SÃO VCS.

    • Polvo Paul

      17 de Dezembro de 2010 at 17:48

      Tu também estás mascarado, porque Venâncio há muitos diz o teu apelido completo e verdadeiro.
      Pensas que és mais inteligente do que os outros, és sim muito esperto.

    • Daniel

      15 de Dezembro de 2010 at 13:41

      O senhor João Batepa, anda mesmo distraído, tem que ler com mais antenção, quem critica não precisa de crédito para nada, simplesmente, limita-se a expressar a sua insatisfação com alguma coisa. Só não crítica, quem anda á dormir.

    • Daniel

      15 de Dezembro de 2010 at 13:42

      “antenção” atenção

    • tb

      15 de Dezembro de 2010 at 21:39

      pra ti digo o mesmo, como disse anteriormente……..é pena que tenhas a nossa nacionalidade, nossa cor e nosso continente, pois és mais um que ajudas na nossa verogonha, e como ja disse penso que tb foste contaminado pela a epidemia de stp Mesquinhice,invejosite e pobreza mental….por favor, volta a rever o texto para não fazer figura triste com certos comentarios….NÃO QUERO DEIXAR DE TER ORGULHO DA AFRICANA QUE SOU POR PESSOAS COM POBREZA MENTAL………
      mao joão sinceramente tu ja me cansas a beleza cada comentario teu é uma desgraça

  5. zeme almeida

    15 de Dezembro de 2010 at 12:13

    Excelente texto e muito bem analisado.A conclusao toda e esta da carta {a Apolinaria}.Os programas televisivos apresentados pela senhora Sao nunca de maneira alguma punha em causa o seu afas- tamento?Uma coisa e certa no governo anterior a senhora Sao nunca apareceu no jornal Tela Non com o seus comentarios?No entando nao vale a pena tentarmos procurar bode espiatorio em volta disto.Viva S.Tome and Principe

  6. Eugénio Silva

    15 de Dezembro de 2010 at 13:31

    O texto está escrito com alguma mestria e é claro para uma mente mais aberta, que se cultiva. Os homens e mulheres sábios(as) devem sempre intervir em momentos certos, porque a nossa sociedade precisa de evolução no bom sentido. É um dever e direito de exercer a cidadania; nenhuma alma nobre fica indiferente no que lhe toca fundo no coração!

    Bem-haja à Nação São-tomense.

  7. Hitler

    15 de Dezembro de 2010 at 13:52

    Eppur si muove “contudo, ela se move” Galileu.

    Por um lado tiro a minha vénia ao Sr Rufas Santo, na sua constataçao: democracia é so pa branco (Cf Laurent de Bagbo, Robert Mogabe, Eduardo dos Santos).

    Por autro dou a minha mao pra ser cortada por Sao, porque se hj os paises ocidentais têm uma democracia madura, ela nem sempre foi assim. A pouco mais de 1/2 século houve muitos paises ocidentais, portugal incluso, que tiveram a pior das ditaduras.
    (Benito Mussolini, Adolf Hitler,António de Oliveira Salazar, Francisco Franco y Bahamonde…). Esses paises dito “desenvolvidos” se converteram a democracia a menos de 60 anos, graças a pessoas como Sao.

    O nosso problema em STP é uma problema sociologico(confere o ditado “n’bili uwê contla” – ja antes de eu nascer ja era assim) O que eram meus ascendentes, serao os meus netos e toda a descendencia. Esta filosofia fatalistas de nos os saotomenses nos impede de evoluir.

    Pessoas como Sao nos relembram, que o fatalismo nao existe. Os meus pais sao analfabetos, posso sim me resignar a esta condiçao pelos estudos, viagens…

    Se em STP a democracia tem autros contornos, a geraçao futura pode atribuir a real semantica da palavra democracia.

    Relembro a todos que para um pequeno pais como nosso, o que fizemos em 30/40 anos com poucos meios, supera o que os europeus fizeram em 60 anos. A evoluçao é lenta mas chegaremos a velocidade cruzeiro com pessoas como Sao: é como aquela vela lei da fisica que lembramos todos, que conserne a inercia dos corpos “se um corpo esta em repouso, i.e., se a força que exerce sobre ele for nula, ele tendera a ficar em repouso.E se ele estiver em movimento ele tende a permanecer em movimento retilíneo uniforme. Temos a escolha de exercer uma força ou nao para aingirmos o movimento rectilineo uniforme da nossa democracia. E a Sao ja fez a sua escolha, que é renonciaçao a força nula.

    Depois é como tambem a velha formula da matematica da continuidade geométrica : multiplicar a razao “r” que aqui sao os valores defendidos pela Sao, a cada um dos saotomenses. No final teremos sim uma democracia tal como n

    • Colomba

      15 de Dezembro de 2010 at 23:39

      Meu caro Sr. Hitler…
      O Sr. está a viver em S. Tomé?
      “para um pequeno país como o nosso, o que fizemos em 30/40 anos com poucos meios, supera o que os europeus fizeram em 60 anos”.
      Supera em quê?

    • Hitler

      16 de Dezembro de 2010 at 6:54

      supera na medida que tivemos 5 seculos sobe o jugo português, e durante esta época a produçao da massa sinzenta sao tomense é proxima de zero (ex durante 5 seculos so se construiu um liceu em Sao Tomé na década de 50, salvo erro,em nenhum pais africano de expressao portuguesa foi construido uma universidade na epoca colonial) e como tal tivemos a herança de um grande défice de pessoas formadas apos a independencia. E o que faz a grandesa de um povo é a quantidade e qualidade de homens e mulheres devidamentes educados e capazes de produzir riqueza racionalmente.

      Apos a independencia, pode-se comparar STP como um barco motinado. Os marinheiros(santomenses) mataram o capitao(os portugueses) mas no meio do mar tempestuoso ninguem tinha a capacidade de levar o barco a um porto seguro. Mas apezar de termos andado e continuarmos a andar a deriva, estamos pouco a pouco (leve leve) se nao a aproximar de um porto seguro, pelo menos a uma ilha deserta, que ja nao é mal!!!

      Hoje diz-se que em Africa ha muitas guerras e que os africanos sao confusos, mas a pior das guerras jamais existente teve como o palco a europa e os europeus. A europa estava desimada mas tinham as suas infrastruturas (caminho de ferro, portos e aeroportos,fabricas, universidades…) ja construidos. Tinham os seus engenheiros, medicos, filosofos, economistas…Tiveram o plano Marshall. Tinham um POVO unido.

      Em Africa, particularmente Sao tomé, se herdamos as roças nao tinhamos (e nao temos)pessoas para fazer o resto ( prova disto é o estado que se encontram essas grandes roças hj). Na independencia quantos sabiam ler e escrever? Quantos tinham o 12°? Quantos tinham uma licenciatura ou curso médio? Quantos tinha o segundo ou o terceiro ciclo universitario? Sobretudo nao tinhamos unicdidade do povo (forro, e os contratados vindos de Angola, cabo verde, moçambique). E esta é a razao de muitos conflitos hoje em Africa. Atraves da divisao da Africa pelas grandes potencias muitas tribos foram separadas por uma fronteira (é so ver as franteiras africanas que muitas das vezes sao uma linha recta fruto da divisao) o que nao se vê nas fronteiras europeias.

      Fomos confrontados com a politica de restruturaçao global concebida e imposta pela FMI. A prova é que no dia de hoje nao existe um pais que tenha sido bem sucedido atraves dos conselhos e dos emprestimos da FMI e do banco mondial.

      Hoje diz-se que os paises africanos sao corruptos, em europa a palavra corrupçao passa por “trafico de influencias” “abuso de bem publico ” e outros adjectivos mais (a verificar em paises como Bulgaria, Italia, Grecia, Portugal onde esses fenomenos sao mais visiveis) (nao que esteje a fazer a apologia da corrupçao) simplesmente temos que perder o habito de ter uma visao maniqueista (os bons europeus de um lado, e os maus afrcicanos do outro, tal como nos filmes americanos existe o fenomeno “chefe bandido” e “artista” que nunca morre no final).

      Por essas e outras razoes, digo que o que fizemos desde 1975 (acabamos com o colonialismo, acabamos com o regime comunista em 15 anos, introduzimos a democracia, agora so falta fazer alguma limpeza no que concerne a democracia (termo presado por si), no que concerne a boa governaçao, no que concerne o interesse de “grupinhos” em detrimento do interesse da naçao.

      Assim ao meu ver, mas essa opiniao nao concerne que a mim, em termos comparativos fizemos uma evoluçao superior aos europeus. Claro que nada esta como gostariamos que estivesse. A populaçao santomense sofre, simplesmente porque nao temos pessoas capazes para gerir, e as que sao capazes fazem uma gestao ao desfavor da naçao santomense. Esta é minha opiniao, nao a imponho a ninguem, mas é minha opiniao.

      O nosso caminhar tende a termos uma democracia participativa e de expressao livre de opinioes.
      Antes de 1990 se cota Pinto passase com os seus “guzis” como se chamava na altura, e que um desgraçado sentado a berma da estrada nao levantasse, em menos de 24h ia ter um encontro a sos com o “quebra oço” 20 anos depois, isso ja nao existe, daqui a mais 20 anos, quem Sabe a sao em vez de ser boycotada sera convidada a promover os confrontos de ideias. Haja vida e saude!!!

    • Colomba

      16 de Dezembro de 2010 at 20:50

      Meu caro amigo,

      Que idade é que o Sr. tem?

      Se olhar à sua volta, há-de ver que alguns – e não serão assim tão poucos – das pessoas formadas que têm, vêm da época colonial. Se me disser que o ensino – e o seu acesso – está actualmente muito mais massificado que na altura. Estamos totalmente de acordo. Mas esse fenómeno não se verificou só aí, por cá aconteceu a mesma coisa. Estudei no liceu D. João II e aproximadamente 70% dos seus alunos eram naturais de STP. O liceu e a maior parte de estabelecimentos de ensino que existem ainda hoje, foram feitos pelos colonos. Será que a população de STP em 36 anos não cresceu? Os estabelecimentos de ensino que existem hoje são suficientes? Há 36 anos atrás eram escasso?

      Na altura, quantas universidades existiam em Portugal?

      Depois dos marinheiros terem morto o capitão o vosso navio ficou entregue na maioria dos casos a quadros formados e a máquina administrativa continuo em funcionamento. Nada foi destruído: apesar de termos levado com um “sú bé dá lá” (não sei se está correctamente escrito), não vos abandonámos à vossa sorte, pura e simplesmente.

      No que diz respeito à agricultura (leia-se roças) – que estava maioritariamente nas mãos de particulares – concordo que as coisas não tenham corrido da melhor maneira, nem antes nem depois, mas também acredito, que tirando os donos, que só se preocupavam com os lucros que poderiam sacar das mesmas, os técnicos e pessoas experientes que estavam a trabalhar no terreno: se as coisas tivessem sido conduzidas de outra maneira, poderiam ter continuado a dar o seu contributo e não ter acontecido o que aconteceu.

      Lembro-me que no liceu, a partir de certa altura, para alem das disciplinas curriculares também tínhamos disciplinas de Comercio e Agricultura de maneira a colmatar a falta de escolas secundárias vocacionadas para essas vertentes e que demonstrava uma preocupação em dar formação – mesmo que rudimentar – aos alunos que não continuassem os seus estudos, uma vez que STP é uma terra vocacionalmente agrícola e de serviços.

      Havia uma escola de Artes e Ofícios dos padres…

      O ensino superior estava reservado às elites? meu caro, nisso não tenha a menor dúvida, mas não era só para os naturais. Nós também padecíamos do mesmo mal e se calhar pelas mesmas razões.

      Que a cultura é a maior riqueza de um país, não tenhamos dúvidas.

      Vivi os melhores 20 anos da minha vida em S. Tomé. Nunca me senti colono – bem pelo contrário -. Tenho possivelmente mais amigos santomenses que portugueses.

      A colonização existiu? existiu e ainda existe.
      A escravatura existiu? existiu e ainda existe.
      Que tudo isto foi deplorável e vergonhoso. Foi e é.

      Mas uma coisa pode estar certo: com outros nomes, nós os europeus e especialmente os portugueses, sofremos precisamente o mesmo que vocês.

      Mas já agora e para finalizar, termino com isto:
      – Por acaso tem conhecimento de quanto ganhava um trabalhador não qualificado num estabelecimento hoteleiro – que por acaso até era gerido por um familiar meu – em 1967, repito 1967?
      – 850$00 e a lavadeira 600$00

      Se reportarmos esses salários aos actuais em Portugal, estariam certamente a ganhar o vencimento mínimo nacional que são 475 Euros.

      Por um STP mais justo e próspero…

    • Colomba

      16 de Dezembro de 2010 at 21:15

      corrijo: há-de ver que ALGUMAS – e não serão assim tão POUCAS –

    • Hitler

      17 de Dezembro de 2010 at 13:03

      Meu caro Colomba:
      Acabou de criar um falso debate.

      Era bom que nao dispersassemos se nao no final ja nao iremos distinguir o que é gato o que lebre.

      Mas ja que inroduzio este tema, vou aproveitar a deixa: Ou nao deve ter lido bem ou nao percebeu o que escrevi. Disse que o Liceu em Sao tomé foi construido nos anos 50. O que quiz dizer é:
      1°: que a intruduçao do secundario no ensino Sao Tomense foi tardiva. O ensino era de qualidade? Era! Os sao tomenses tinha accesso? tinham! Simplesmente na altura da independencia, essa introduçao tardiva nao foi capaz de criar uma massa critique de intelectuais, capazes de substituir a gestao colonial de maneira satisfaoria. Num relatorio da policia portuguesa na altura dizia que a populaçao nativa saotomense nao era educada suficientemente para ser capaz de criar uma elite que pudesse confiscar o poder.
      2°: O ensino secundario prepara para entrada no ensino superior, que este sim da uma mais valia em termos de competencia para exercer uma profissao de enquadramento.(com 12° nao se tem competencia de um engenheiro, medico…) e é isso que faltava, e ainda falta. Nao se dirige um pais serio com pessoas que so tenham o nivel secundario. Claro que o liceu tinha a vertente tecnica/profissional, mas sendo sincero acha que com uma formaçao tecnica pode-se ser presidente ou ministro em portugal? Se nao pode em portugal por que caraga de agua seria possivel ser em Sao Toomé?

      Nunca disse que os portugueses destruiram as infraestruturas na altura. Disse que tivemos o legado das roças, mas por falta de pessoas capazes (administradores, engenheiros agonomos,…), juntando a queda do preço do cacau no mercado internacional, nos os saotomenses destruimos as roças todas. E profundamente acho que um dos erros nosso, foi proclamar precipitadamente a nacionalisaçao das roças. Podiamos ter a indepencia politica, mas nada impedia as empresas portuguesas de continuarem a cultivar a terra. Porquê? Porque os gestores das roças sabiam como mantê-las, tinham ja um circuito de distribuiçao, tinha parceirias com bancos internacionais capazes de facilitar créditos. Os donos das roças portugueses conheciam os segredos do funcionamento das roças. O que podimas fazer é criar um sistema de fiscalidade que fosse satisfatorio para todos.

      A questao de salario na altura é um falso debate, porque se todos os trabalhador nao qualificado ganhava tao bem assim na altura, as pessoas nao aceitraim de viver na miseria absoluta nas roças. Nao se esqueça que 14 anos antes da data referida por si, era o massacre de batepa, e todos sabemos as causas e as consequencias.
      Causa: falta de mao de obra porque o trabalho era penivel e mal pago.
      Consequencia milhares de caboverdianos, angolanos, moçambiqcanos (os contratados) que sob a miragem de um bom salario e boa condiçao de trabalho em sao tomé deixaram as suas terras e nunca mais voltaram. Se ganhassem tao bem assim, teriam partido a muito tempo.

      Para terminar, quero dizer que o colonialismo é como se fosse a energia electrica para o povo sao tomense. Tem o seu lado positivo, mas tambem tem o seu lado negativo. Nao podemos ser ingenuos o suficiente para entrarmos no debate, dos ex-colonisados de dizer que tudo foi mau na epoca colonial, ou dos colonisadores de dizer que tudo era perfeito que as pessoas ganhavam um salario mino de portugal de hj na altura e que so faltava o menino jesus em sao tomé para estarmos no paraiso.

      A verdade é que na epoca da independencia tinhamos um defice enorme de pessoas formadas. Nao sou eu que di, mas as estatisticas. De quem é a culpa? Desculpe dizer , mas doa a quem doer, mas a culpa so pode ser atribuida a entidade administradora de STP na altura, em ocorencia os portugueses.

      Nao se esqueça que o secundario nao foi introduzido de maneira altruista pelos portugueses. Deve de certo lembrar da celebre frase “Fazer para os ingles verem”, penso que sabe do que falo.

  8. Hitler

    15 de Dezembro de 2010 at 13:55

    nas aoytras paragens.

    A democracia nao é democraticamente deamocrata em STP, mas é democracia (eppur si mouve)

    • Colomba

      15 de Dezembro de 2010 at 23:43

      Grande confusão vai nessa cabecinha pensadora…

    • Edson Costa

      19 de Dezembro de 2010 at 19:13

      Que barbaridade é essa caro Hitler??

  9. De Longe

    15 de Dezembro de 2010 at 21:32

    É irónico saber dizer tanto e afirmar que não gosta de escrever.
    Rufas, penso que os nossos erros culturais têm contribuído muito para a passividade com que lidamos com problemas nossos que atingem importância vital.
    A melhoria da mentalidade teria de partir de uma educação formal na nossas escolas, dado que a desvinculação de hábitos culturais nunca é espontânea.
    Nessa altura, em vez de as nossas crianças aprenderem a usar “zémè sá tamé flá” e coisas assim, aprenderiam a “bili plamá cu món” e outras coisas de género.
    Seria necessário os sucessivos governos preocupados com o desenvolvimento a implementarem esse espírito na educação social a partir do ensino público.
    Lá viria o problema:
    O QUE FAZER AOS QUE SABEM MUITO?

  10. J. Maria Cardoso

    15 de Dezembro de 2010 at 22:46

    Vemo-nos embarcados pelas razões das palavras a queationarmos a nossa Democracia como se fosse ela a causa dos nossos males, da nossa fome, da corrupção, dos desmandos, das mendiguices, do assalto a liberdade da expressão, em suma, da revolta simpática do nosso bem-estar.
    Os entendidos na matéria sabem que o poder não amaldiçoa a mente dos governantes, para a nossa desilusão acontece o contrário, são os governantes k amaldiçoam o poder, desvirtuando os conceitos com as práticas das mais corrosivas. Daí, até haver, é a nossa Democracia desgovernada a busca do porto seguro.
    É bom pensamentos a este nível libertar-se das grutas, pk afinal de contas, são os homens k fazem a história mesmo contrariados por quem aparece mascarado disfarçado de “Bôbo di Danço”, apenas para não mostrarem a face poluída.
    Parabéns Rufa Santos.
    Bem haja Téla Nón!

  11. acusado

    15 de Dezembro de 2010 at 23:24

    Parabêns a este velho que para alêm de dar a entender que ainda não passou a reforma, e que tb ainda senti que STP tem chances ainda se lembra da gramatica portuguesa, o que é muito bom para quem quem ja saiu da escola ha dua decadas… um forte abração para si que se esqueceu de estar em STP e tb aproveitar do muito dinheiro que por la ser comeu desde a independência.

  12. Fernando Augusto(Cocas)

    16 de Dezembro de 2010 at 7:43

    Estou de acordo com os comentarios do Rufas Santos.E conheci a Maria Mukingi tambem com estas teorias.Resta a Sao Lima ver que estao a lhe mandar com as fortes pedras e dizer que e barro(Terra).

    Saudaçoes MAN JUJAS(COCO-FRITO)

  13. Pedro Carvalho

    17 de Dezembro de 2010 at 17:12

    Meu caro Rufas, já há algum tempo que esperava por algo assim. Saudações, vindas directamente do condóminio de alta segurança (Riboque)

  14. aluno do Januario

    18 de Dezembro de 2010 at 2:38

    meus amigos tanto conselho que Sao recebeu mesmo assim esta arrumada em hero …minha amiga saotome e muito pequeno para tuas ideologias …

  15. Edson Costa

    19 de Dezembro de 2010 at 19:09

    Este senhor disse tudo!

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top