Sociedade

Natal de promessas falhadas

Numa avendas-na-rua1.jpgltura de crise económica e financeira, a população são-tomense, ficou satisfeita com o anúncio feito pelo Presidente da Câmara do Comércio Abílio Afonso Henriques, segundo o qual antes da quadra natalícia o mercado nacional seria abastecido com produtos a preços mais baixos, oriundos do mercado brasileiro. A importação seria feita com base numa verba de 5 milhões de dólares disponibilizados pelo Brasil. O natal chegou e os 200 contentores de mercadorias não desembarcaram no porto de São Tomé. A mesma câmara do comércio é acusada por alguns sócios de prática de corrupção. O Téla Nón está na posse de documentos que anunciam o descontentamento de um grupo de sócios da câmara do comércio, em torno do processo de selecção de empresas para benefício do fundo disponibilizado pelo governo brasileiro para importação de bens da primeira necessidade.

O crédito financeiro no valor de 5 milhões de dólares deve expirar no final deste ano, e a instituição beneficiária da mesma ainda não conseguiu colocar no mercado nacional, os produtos que segundo o seu Presidente Abílio Afonso Henriques, seriam vendidos a preços mais acessíveis a população, tendo em conta que os preços do mercado brasileiro estão indexados ao dólar norte-americano.

Uma promessa falhada. O consumidor são-tomense, não viu neste natal nenhum produto importado do Brasil, apesar do Presidente da Câmara do Comércio ter prometido que antes da quadra do natal os produtos estariam no mercado nacional.

A situação da administração da câmara fica mais complicada porque segundo o representante de um grupo de sócios o mandato de Abílio Afonso Henriques já está expirado. O mesmo representante que para já pediu anonimato, considera que as acções da câmara indiciam corrupção. «É notório que há falta de transparência na concessão deste crédito. Porque a mim disseram que era para empresas que importam géneros alimentícios. Depois interpelei a câmara e disseram que era só para grandes empresas. Mas verifiquei que estão na lista empresas que nem se quer existem. Nem são sócias da câmara e foram contactadas», afirmou.

A carta de protesto do grupo de sócios da câmara do comércio que o Téla Nón teve acesso, já foi enviada a administração da instituição que representa o sector privado bem como ao ministro do comércio.

Segundo o representante do grupo os produtos que serão importados do Brasil, não chegaram ao mercado nacional a preço acessível para a população como Abílio Afonso Henriques havia prometido. «De maneira nenhuma pode chegar ao país mais barato, porque há muitos intermediários. Com a criação da trading, isto vai beneficiar os importadores que compõem a trading e os comerciantes que vão vender. A população será penalizada com a criação desta trading, por causa da margem de lucro que eles vão ter que aplicar», explicou.

O grupo contestatário diz que a câmara do comércio está a perder credibilidade não só pela pouca transparência na atribuição do crédito do Brasil, mas também por causa da desconfiança geral ao ponto da maioria dos sócios não pagarem as quotas. Outro foco do mal-estar tem a ver com o crédito de 2 milhões de dólares concedido pela República da China-Taiwan e que segundo o grupo não se conhece o destino. «Muita gente não recebeu nem sabe o seu destino», esclareceu.

O representante do grupo garante que a corrupção é real. «Posso dizer que isto é uma corrupção dentro da câmara de comércio. Porque se fosse uma negociação transparente a câmara deveria anunciar a todos os associados para que se decidam. Para cada um de nós signatários da carta reivindicativa foi dito uma coisa diferente. Portanto é sinal que não há transparência, e isto é o que eu posso chamar de corrupção», concluiu.

Numa entrevista a um programa da TVS o Presidente da Câmara do Comércio não foi confrontado com nenhuma questão relacionada com o descontentamento interno no seio da instituição. O Téla Nón promete para os próximos dias ouvir o Presidente Abílio Afonso Henriques, sobre as denúncias feitas, bem como a sustentação da sua promessa de colocar produtos brasileiros no país a preços baixos e antes da quadra natalícia.

Abel Veiga

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