Sociedade

Teimoso, o paludismo aproveitou o primeiro trimestre de 2009 para mostrar que ainda está vivo

Em comparaçãmosquiteiro.pngo com os anos 2007 e 2008, o serviço de controlo do paludismo registou um ligeiro aumento de casos nos primeiros três meses do ano em curso. De Janeiro a Março de 2009, foram registados em todo o país 1438 casos de paludismo. No mesmo período de 2007 apenas 1019 pessoas tiveram paludismo, contra 450 no primeiro trimestre de 2008. A doença está sob controlo, mas tenta se reanimar. Por isso já começou mais uma campanha de pulverização das casas, em simultâneo com a busca activa e tratamento dos doentes.

Segundo o Director do Programa de Luta contra o paludismo, a doença que recuou bastante nos últimos anos, está a demonstrar que ainda não acabou. No entanto não constitui motivo de preocupação para quem visita São Tomé e Príncipe. O director do programa diz que as pessoas devem apenas estar atentas «Nos tempos passados poderiam estar preocupados mas, hoje devem estar apenas atentos. Porque o paludismo já não constitui primeira causa de morte no país, mas ainda não acabou. Existem algumas bolsas da doença, mas já não constitui grande preocupação», declarou Herodes Rompão.

O centro que acompanha o comportamento da doença, foi instalado pela República da China-Taiwan. Hora a hora, o centro recebe toda a informação sobre o número de casos em todo o país. Os dados são processados no computador, e servem de elemento importante para estudo da doença e o tratamento personalizado as vítimas.

Para além dos doentes, os membros da família, também são submetidos a exames e tratados preventivamente. A chuva abundante que irriga o país durante os meses de Março e Abril, contribui segundo os peritos, para algum aumento dos casos. Água estagnada acaba por ser contributo importante para a procriação do anopheles, o mosquito causador do paludismo. «A pulverização é importante para controlar os focos que estão a surgir. Mas ao mesmo tempo vamos utilizar a técnica de busca activa dos casos e o uso de mosquiteiros. As perspectivas de eliminação do paludismo são boas aqui em São Tomé, porque é uma ilha está isolada do resto do continente. Com apoio de todos, são-tomenses e outros parceiros, acho que conseguiremos chegar a fase de eliminação da doença», referiu Pedro Wang, perito taiwanês, que coordena os trabalhos no centro de luta contra o paludismo.

Apesar da resistência que o paludismo ainda está a oferecer, cada vez mais as autoridades sanitárias têm a convicção de que a doença está nos seus últimos dias. Os dados recolhidos desde o ano 2003, confirmam a morte lenta do inimigo público número um da saúde são-tomense, até o início do século XXI.

O centro de acompanhamento do paludismo forneceu ao Téla Nón um gráfico que reflecte o comportamento nos últimos 6 anos. Em 2003 o paludismo matou 193 pessoas em São Tomé e Príncipe, sendo 147 crianças menores de 5 anos, 45 pessoas maiores de 5 anos e 1 mulher grávida.

No ano seguinte, 2004 tirou a vida a 168 pessoas, destacando-se 138 crianças menores de 5 anos, 27 pessoas maiores de 5 anos, e três mulheres grávidas.

Como reflexo do início em 2004 da campanha cerrada de combate contra a doença, em 2005 o índice de mortalidade começou a baixar. Apenas 85 mortos. As crianças menores de 5 anos ainda principais vítimas com 53 mortos, mais 31 são-tomenses maiores de 5 anos, e uma mulher grávida.

Em 2006, a campanha de combate atingiu velocidade cruzeiro. A taxa de mortalidade caiu para 26 mortos. 17 foram Crianças menores de 5 anos, a doença abateu 9 pessoas maiores de 5 anos, e nenhuma grávida foi vitimada pelo paludismo.

2007 Trouxe maior derrota para o paludismo, que só conseguiu matar 3 pessoas num arquipélago de 150 mil habitantes. Foram vítimas mortais 2 crianças menores de 5 anos e apenas 1 pessoa maior de 5 anos faleceu.

Luz acende ao fundo do túnel para a eliminação do paludismo, mas talvez na sua aflição de morte, a doença decide dar o último suspiro de resistência. Em 2008 matou 11 pessoas, sendo 7 crianças menores de 5 anos e outras 4 pessoas maiores de 5 anos tombaram. Nenhuma mulher grávida foi vítimada.

Porque nos primeiros três meses de 2009, os últimos redutos do paludismo continuam a dar sinais de vida, tendo-se registado até Março último em todo o país 1438 casos de paludismo, o ministério da saúde já pôs em marcha a quarta sessão de pulverização das casas. Uma quinta sessão de pulverização deverá ser realizada em 2010.

A colaboração da população no combate contra os criadores de mosquito, nomeadamente água estagnada, lixo, e outras imundícies é fundamental nesta luta difícil contra um inimigo resistente.

Abel Veiga

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