Sociedade

Revolta popular em San N´guembú

povo.jpgTudo por causa do corte há mais de 10 dias do fornecimento de energia eléctrica a população. O transformador de corrente eléctrica instalado na zona avariou-se e a empresa de água e electricidade ainda não conseguiu repor o fornecimento de energia. A população pretende cortar a estrada para impedir que alguns políticos que têm propriedades na zona tenham acesso a comunidade.

San Guembú, localidade próxima da Vila de Bombom, está escondida há alguns metros da estrada pública. Alguns políticos influentes têm lá propriedades nomeadamente mansões em construção ou em vias disso.

A população local, que tem dificuldades de acesso a água potável, e vive no meio da lama sobretudo quando chove, deixou de ter luz eléctrica há mais de 10 dias. O transformador de corrente instalado pela EMAE, avariou-se e ainda não foi possível repor um outro equipamento novo.

Enfurecida a população local saiu a rua terça-feira, ameaçando com revolta se o problema não for resolvido rapidamente. Revolta que pode passar por ataques contra as infra-estruturas da EMAE. «A população está revoltada a ponto de criar qualquer distúrbio. Estamos unidos a fim de fazer um abaixo-assinado para a EMAE e depois fazer alguma coisa. Como se viu na Trindade a população queimou a central de transformação, e aqui poderá acontecer algo semelhante», avisou um dos habitantes de San N´Guembu.

Porque individualidades políticas importantes têm interesses na zona, a população promete ataca-las também. «Aqui dentro vive o senhor Vice-Presidente da Assembleia Nacional Eugénio Tiny, o senhor Carlos Tiny (ministro dos Negócios estrangeiros) também tem aqui obras, assim como o senhor Rafael Branco (Primeiro Ministro). Tanto é que nós organizamos, esta manhã no sentido de criar barricadas e impedir a entrada desses senhores cá», esclareceu o habitante de San N´ guembu, que falou para a televisão são-tomense.

Mais um sinal de revolta contra a EMAE, que está a ser pressionada a repor imediatamente o fornecimento de energia em San N´Guembu. No entanto é de recordar que recentemente o antigo director Geral da EMAE Júlio Silva, depois de ter sido condenado pelo Tribunal de Contas a repor mais de 50 milhões de dobras nos cofres do estado, por alegada má gestão dos fundos da empresa, explicou que muitas vezes a empresa tem que resolver problemas urgentes, que não se coadunam com a morosidade do processo de concurso público.

Coincidentemente Júlio Silva, tinha dado o exemplo de uma comunidade em que o transformador de corrente se avaria. A abertura de um concurso público para compra do equipamento levaria no mínimo 3 meses. E a população local, que pode atingir 2 mil pessoas, vai esperar tranquilamente por todo esse tempo? Havia interrogado o antigo director que justificou assim o facto da sua administração e outras que lhe antecedeu, terem contratado serviços e comprado equipamentos sem abrir concurso público. Comportamento que mereceu sentença do Tribunal de Contas, em respeito as leis que efectivamente obrigam a abertura do concurso público para tais situações, e sobretudo quando o valor financeiro envolvido atinge a meta exigida para concurso público.

No caso de San N´Guembu, onde a população está em pé de guerra. Não será que a actual Direcção da EMAE liderada pelo Tenente-coronel Óscar Sousa, está com medo de resolver rapidamente o problema, sem abrir concurso público para depois ser convocado como demandado ao Tribunal de Contas?

Abel Veiga

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