Opinião

Ponto final!

Há momentos em que, pela moral e pelo eticamente correcto, o ponto final dita, passar a mensagem usando a primeira pessoa. É o que tentarei na humildade de compreensão chegar a todos quantos partilharam comigo este prazer oferecido pelo Téla Nón.

Quando tentado pela globalização das novas tecnologias me propus a ser um aliado da democracia participativa, lançando-me ao desafio, ingenuamente, não imaginava no entanto, que passaria a ser um compromisso de que tinha de abnegar de outros afazeres e até de paródias para prender-me em horas de trabalhos de casa, investigando e compondo ideias, por vezes na calada da noite com a casa dormitando e, até dar em telefonemas para que a informação chegasse ao público sem sinais de Feira Má Lungua.

Neste curto período de intervenção de cidadania que coincidiu com o ano eleitoral em São Tomé e Príncipe, à caça de pitéu para o jornal digital, corri atrás dos candidatos que presencialmente elegeram o namoro com a diáspora lisboeta e dei notícias aqui no TN aos encontros de Evaristo de Carvalho, Maria das Neves, Elsa Pinto e Delfim Neves (foi aqui neste jornal e a partir de Lisboa com que entrou oficialmente na corrida presidencial). Recordo-me de, ao tentar confirmar os nomes de assessoria que acompanhava uma dessas candidaturas por Lisboa, dei-me com a muralha “Nós não damos entrevistas ao Téla Nón!” mas, porque Somos Todos Primos, conversa puxa daqui, conversa puxa pra lá, leve-leve entendemo-nos como gente da terra e lá as palavras chegaram ao mundo com a descomprometida verdade.

A preencher as presidenciais, dei ainda leitura aqui no TN, ao encontro realizado no ISCT na Cidade Universitária de Lisboa pelos universitários, com Waldyr Boa Morte a cabeça, onde com contribuições do Mestre Nuno Silva e do Professor Doutor Jorge Basilar Gouveia, os jovens estudantes conjuntamente com a sociedade civil, discutiram a tese de “O Papel do Presidente da República na Consolidação da Democracia e do Estado do Direito Democrático em S. Tomé e Príncipe”.

Culturalmente em Abril do ano passado aquando da gala de mais um aniversário da nossa RDP – África, dei aqui manchete, ao «João Seria, o General de todos os tempos.» Penosamente, agenda de circunstâncias roubou-me o prazer de levar aos cibernautas a passagem, no último Outono, deste mágico da música lusófona, africana e são-tomense por Lisboa.

No campo desportivo trouxe aqui, Dekker Baptista, o nosso karateca. Ousei juntar o país a sua garra vencedora, contrariando ao abandono com que os mais novos e até universitários, rejeitam ou sujeitavam a nossa música, a nossa Rumba e tantos outros modelos do nosso tropicalismo, desleixando-se de que o patamar onde estão as músicas e outros aspectos culturais dos outros foram os seus povos que os transportaram as costas, adaptaram e colocaram-nos na boca do mundo.

Recentemente e, para ver e crer como São Tomé, o nosso padroeiro, fiz aqui notícia da abertura da CISTP, na capital europeia dos santomenses, Lisboa, aquilo que, segundo o seu obreiro, Danilo Salvaterra, pretende ser a marca do encontro das ilhas com o mundo.
Para prateleiras, tornei aqui notícia, lançamentos de obras literárias são-tomenses e não fiz mais, porque mesmo com kafuka não me foi visível o esconderijo, por onde andou-se a lançar outras letras para as ilhas do Equador.

No campo de saúde e ciência dei aqui voz, aos gritos aflitivos dos manos gémeos e também tentei trazer outras novidades científicas a fala com os cibernautas. Neste capítulo, com o texto «Mataram a velha feiticeira» aventurei-me na saúde e na tradição e, rejeitei ao tratamento a que estão sujeitas, impiedosamente, as nossas mais velhas, apenas por carregarem a cruz da pobreza, sofrendo por vezes de Alzheimer e demência relacionada, doença que retira a capacidade de recordar e desempenhar as memórias do pensamento, daí os seus doentes perderem-se em quintais alheios sem noção da sua porta.

Corri atrás da crise, das medidas de austeridade e da política portuguesa e, dei testamento, aqui, questionando por vezes se as ilhas estariam preparadas para receber a invasão forçada da diáspora. Também espreitei no último Novembro, a Cimeira dos poderosos do Mundo, que sitiou durante dias uma cidade turística francesa virada para o Mediterrâneo, Cannes, para que aos goles do seu champanhe deixasse conversar os senhores do comando da política e economia mundial e, compartilhei aqui, notícias com a terra e o mundo.

Estive com Kadhafi na Primavera Árabe, não porque admirasse o ditador líbio, nem tão pouco configurasse na teimosia do líder da Revolução Verde, mas porque acreditava que o homem estava em mudança e tinha em mãos o Plano de Salvação da África – PSA, cujos sinais deixou evidente, o que brigava com a geoestratégia internacional que enquanto os bombardeamentos ocidentais, por um lado, destruíam um país e os líbios matavam-se entre si com uma das partes a eleger também de inimigo mortal a pele escura, por outro, os líderes ocidentais já dividiam entre si, o apetecível petróleo líbio.

Batemos aqui palmas às três mulheres do Mundo, as liberianas Ellen Johnson-Sirleaf e Leymah Roberta Gbowee e, a iemenita Tawakel Karman, prémios Nobel da Paz 2011. Reavivando a História no presente, na minha ousadia desencontrei-me com o país a duas velocidades, a do luxo e da extravagância e, a da extrema pobreza (mais de 60% da população), o que me sujeitou a incompreensões com votos de prós e contras. Neste convívio também fui lidando com quem através dos títulos adivinharam-lhe o corpo e, enviaram condolências aos familiares de Caetano Costa Alegre, falecido há mais de cem anos. Outros, a partir do primeiro parágrafo de factos recorridos, erradamente, desenvolveram o corpo e, hilariante de tudo, é assistir toda a turma seguindo-lhes a fanfarra. Não faltou quem, usando sinceridade, afirmasse não entender qualquer patavina.

Não faltaram palpites e quem discordasse de tudo. Quer com uns, quer com outros, aprendi a compreender-lhes, razão de serem todos merecedores dos meus agradecimentos. Fui tentado em muitas sessões a devolver carinhos àqueles que reconheceram em mim a besta das palavras tornadas bestiais kôkôrôtes a azedar mentalidades ou àqueles que me corrigiram quando errei – só não erra quem nada faz – mas por precaução, entendi manter a palavra que outrora tinha aconselhado aos prestadores do jornal, de que, não era elegante, entrar em blá-blá-blás com os cibernautas, pior ainda, muitos usando a mais moderna das máscaras. É hora certa de fazer chegar a todos, os pedidos de desculpas e notas de memoráveis agradecimentos, estas extensivas àqueles que apenas mastigaram as palavras sem lhes darem a voz ou de forma privada e directa, criticaram-me pela ousadia ou simplesmente bateram-me mãos nas costas.

Seria fatigante vir aqui, tim-tim por tim-tim desculpabilizar-me de culpas no cartório, porque dentre os meus pecados, nas andanças de pesquisas jornalísticas, li estranhamente, um meu trabalho do TN publicado num jornal estrangeiro.
Entrei no fundão, ousei dançar a Rumba e saio com a consciência tranquila de ter gostado da melodia e nada me faz demover do orgulho de ser desta coisa única e especialmente traçada no centro do mundo, São Tomé e Príncipe, o que podia dar-me em lágrimas no canto dos olhos. Nada disso! Tenho um sorriso nos lábios. O país já foi diagnosticado e tem cura.

Neste ponto final era bom, para todos quantos identificam-se com a Dêcha do «homem da lua» na ilha do Príncipe, estar aqui para compartilhar que, finalmente, o Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe assinou o acordo que visa oferecer a população do Príncipe e ao povo das ilhas, de forma abrangente, o emprego para o seu bem-estar e, que pela ambição desse investimento, os partidos de apetência governativa já andam em romance com Tozé Cassandra para o cargo do próximo 1º Ministro das ilhas do Equador.

Arriscar-me-ia a acertar que desta vez, na diferença e com o Falcão e o Papagaio a voar alto, estou sendo compreendido por todos, na medida que, leve-leve devolvo-lhes o respeito e os agradecimentos de me terem aturado e que para encerrar a novela, não poderia ter caprichado por um outro capítulo de discórdia que “Santomense, um povo de costas viradas ao trabalho”, com o meu voto de rejeição.

Especialmente à pessoa de arquitecto do Téla Nón, o jornalista Abel Veiga, a quem vejo-me minguado de palavras para agradecer e que em primeira mão, por incompatibilidade profissional, comuniquei da cessação de funções, um meu bem-haja na difícil missão de informar e tocar na mentalidade dos santomenses. Um SMS bastaria. Nem pó!
Aquele abraço!

«Nesse país ninguém é dono do seu cargo, as pessoas vão para um cargo mesmo que tenham um bom desempenho, depois de alguns anos é bom mudar… São Tomé e Príncipe, é de todos nós…» Patrice Trovoada, 1º Ministro de STP, reagindo as acusações do PCD de que o seu Governo estaria a praticar caça as bruxas desse partido.

José Maria Cardoso
31.01.12

11 Comments

11 Comments

  1. Agitador

    2 de Fevereiro de 2012 at 10:19

    José cardoso, deixa de pastelão
    dá preguissa de ler, SIMPLIFICA os dizeres….

  2. vc não o que fazer

    2 de Fevereiro de 2012 at 11:29

    Dá sono.

  3. Boca doxi

    2 de Fevereiro de 2012 at 11:56

    Ja ca está um que foi encomendado de Portugal para director do nosso único Hospital; e tu pra onde é vens?

    • STP avante

      2 de Fevereiro de 2012 at 13:33

      Infelizmente…tens razao boca doxi…e o nosso pais…e a nossa realidade…assim e difil

  4. fernanda alegre

    2 de Fevereiro de 2012 at 16:53

    Amei o artigo, bons tempos só entende quem quer. Leitura é um bem precioso para estarmos aptos.

  5. Bragança

    2 de Fevereiro de 2012 at 17:24

    Há aqui comentários de pessoas que nem deviam se dar ao trabalho de escrever seja lá o que fosse. Comentários de quem nada tem na mente ou seja muito daqueles que contribuíam reservando-se a sua insignificância. Para o bem do nosso São Tomé e Príncipe espero que seja uma minoria as pessoas que pensam dessa maneira.
    Sr. José Maria Cardoso, antes de mais quer prestar o meu agradecimento pelo tempo disponibilizado para nos brindar com essas notícias e artigos de reflexão publicados neste jornal, e deseja-lo todo o sucesso do mundo.
    Um bem-haja.

  6. António Martins Gomes

    3 de Fevereiro de 2012 at 12:43

    Meus caros: A democracia (representativa) e o Vaticano, são dois sistemas mais corruptos do planeta-terra-investigue (…).

  7. Delmiro da Mata

    4 de Fevereiro de 2012 at 2:41

    Fico sentido em saber que não mais nos brindará com seus consistentes textos. Na minha opinião, verdadeiras obras primas e de grande utilidade pública.
    Sei o quanto é difícil conciliar as atividades profissionais com a função de colunista em jornais, mas sugiro que ainda que com menor regularidade continue a nos brindar com suas reflexões.
    Aproveito para sugerir ao Jornal Tela Non que crie uma conta bancária no exterior, de modo que os leitores que apreciam o excelente trabalho desse jornal possam contribuir financeiramente, de modo voluntário, para sua manutenção.

  8. João

    6 de Fevereiro de 2012 at 11:01

    O caro professor. gostaria de me junta ao comentário do Delmiro da Mata. Que nos brindasse, quando possivel, com os seus artigos.
    João

  9. kwatela

    6 de Fevereiro de 2012 at 18:25

    meu amigo espero ver-te em breve.tens o meu email.manda o teu num. de tlm.tenho estado a ligar e nada.um bem haja.viva trindade!!!!por favor faca uma reflexao sobre deus pai e nazaré dos nossos tempos e os actuais. um abraco tropical

  10. Mina Zequentxi

    7 de Fevereiro de 2012 at 19:07

    Ja ouvi algumas vezes dizer, que se quiser esconder algo de um “africano” que esconda dentro de um livro. Isto para dizer que os africanos tem preguica de ler. Outro defeito desses mesmos, e a inveja pois como nao tem merito para escrever algo com cabeca tronco e membros, passam a critica a quem o faz de bom grado. PARABENS ao autor deste artigo. Fui….

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