Relatório prevê crescimento da aquacultura acima dos 5% no continente; documento que aborda a pesca alerta ao Brasil sobre potencial da captura da lagosta de forma insustentável.
Foto: FAO/Filipe Branquinho
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
África pode registar o maior crescimento da aquacultura na próxima década segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
Um relatório da agência, lançado esta sexta-feira, coloca também a Ásia a liderar em termos de regiões onde a atividade deve expandir mais do que as previsões.
Investimentos
O crescimento anual no continente africano deve continuar a ultrapassar os 5%, apesar de ser em “nível muito baixo do atual”.
Falando à Rádio ONU, de Lisboa, o representante da FAO na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, abordou o reflexo do crescimento do consumo do peixe nas nações do bloco.
Os comentários foram feitos por Hélder Muteia em torno da elasticidade da despesa para o peixe que para Angola será de cerca de 0,7; para o Brasil, em torno de 0,5; para Portugal, aproximadamente 0,4; e Moçambique a rondar 0,7.
“Nos países como Moçambique e Angola, o aumento do rendimento das pessoas vai fazer com que haja mais consumo, vai fazer com que eles procurem mais o produto, vai haver mais procura de peixe no mercado. Em países como Portugal e o Brasil, onde a elasticidade é menor, significa que o aumento não será tão grande relativamente aos outros países. ”
Viveiros
A nível global, o aumento do investimento na criação de peixes deve impulsionar a produção anual em viveiros em até 4,14% até 2022.
A Análise Económica da Oferta e da Demanda por Alimentos até 2030 – Foco Especial em Peixes e Produtos da pesca destaca que cerca de 30% das populações de peixes estão sobre-explorados. Trata-se de uma ligeira diminuição relativamente aos dois anos anteriores.
Brasil
O Brasil é o 12º maior produtor de aquacultura com 629 mil toneladas. O documento menciona o mercado ilegal vibrante de lagostas imaturas do país para os Estados Unidos e alerta que, enquanto a demanda continuar, a pesca será feita de forma insustentável.
O estudo expõe cenários de aumento da produção de peixes em viveiros de 66 milhões de toneladas em 2012 para 85 milhões em 2022. Prevê-se o aumento da captura de pescado de 91 a 95 milhões de toneladas.
Parceria – Téla Nón / Rádio das Nações Unidas