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Lembá tornou-se epicentro do paludismo em São Tomé

A roça Lembá, localizada ao norte da ilha de São Tomé e na margem do rio do mesmo nome, está no centro das atenções das autoridades sanitárias do país. Tudo por causa do ressurgimento do paludismo na pequena comunidade agrícola.

Na última semana o Ministério da Saúde publicou um comunicado de alerta sobre a situação em Lembá, onde se regista um aumento surpreendente do paludismo. Desde o ano 2004 que São Tomé e Príncipe se empenhou no combate contra o paludismo, tendo controlado a doença, ao ponto do índice de prevalência ter reduzido de forma drástica.

roca-lembaMas de repente na comunidade agrícola de Lembá, com cerca de 500 habitantes, nos últimos meses cerca de 300 pessoas foram vítimas da doença. No posto de Saúde da Vila de Santa Catarina que atende também as populações da roça Lembá, o Téla Nón consultou dados que indicam só no mês de Setembro o registo de mais de 44 casos de paludismo, e todos oriundos da comunidade de Lembá.

Maria de Pina, uma das habitantes da roça, reconheceu que a insalubridade domina o terreiro de Lembá. Cascas de búzio misturam com lixo, porcos focinham o chão, e convivem junto com os habitantes.

No entanto Maria de Pina garantiu que o ressurgimento do paludismo, tem a ver com o lago que foi crido nas proximidades da comunidade, durante a realização das obras para recuperação da ponte sobre o rio Lembá.

De facto o Téla Nón pôde verificar que uma das ramificações do leito do rio que desaguava no mar, foi vedada. Água esverdeada ficou acumulada, e segundo os moradores é a principal fonte de mosquitos que perturba toda a comunidade durante a noite. «Nós aqui nunca tínhamos paludismo. Desde que fecharam o rio que começamos a ter paludismo. Eu sou uma das primeiras vítimas. Estive internada e saí a pouco tempo do hospital por causa do paludismo. Meus filhos também passam pela mesma coisa», explicou Maria de Pina.

A população d Lembá apelou a intervenção das autoridades para retirar a barreira que impede uma parte do rio Lembá chegar ao mar.

No entanto, o paludismo não é o único problema de saúde na roça. A semelhança de outras comunidades agrícolas de São Tomé e Príncipe, e também nas cidades e vilas do país, o alcoolismo já é um caso de saúde pública.

No meio da chuva que irriga Lembá, homens empunhando bidões e erguendo copos dançam e cantam. Cesaltina da Graça uma das mulheres de Lembá, explicou a razão da festa que os homens faziam. «Alcool, é por causa de álcool. Jovens daqui estão dominados pelo álcool. Quando eles tomam esse álcool, irmão deixa de conhecer irmão, filho deixa de conhecer pai. Lutam. Todos os dias aqui tem luta. A bebida é cacharamba», reclamou Cesaltina da Graça.

População e famílias de Lembá estão enfermas. Por um lado o Paludismo que retira capacidade de trabalho aos adultos,  e ameaça a vida das crianças, e por outro lado a dependência crónica dos homens e mulheres em relação a cacharamba, que rouba rendimento das famílias, impulsiona a violência doméstica, e depois aniquila os seus dependentes com cirroses hepáticas, hipertensão e outras complicações.

Abel Veiga

7 Comments

7 Comments

  1. MIGBAI

    11 de Outubro de 2016 at 10:06

    Minha gente.
    Depois de pensar mais um pouco, sou levado á mesma conclusão de outras vezes.
    Nós efetivamente não conseguimos independência nenhuma.
    Engana-se por completo, quem pensar que conseguimos a independência dos Portugueses.
    O que nós conseguimos/exigimos dos Portugueses, foi que nos dessem de mão beijada todos estes problemas.
    Inventámos reis, inventámos lideres, inventámos levantamentos populares e lutas imaginárias, e no entanto, eles (os portugueses) com tantas invenções nossas, conseguiram-se livrar destas ilhas inviáveis economicamente e cheias de malária, ainda por cima, da mais agressiva que existe.
    E nós os pretos, inteligentes como ainda hoje o somos, conseguimos destruir-nos por completo, com a ganância do Poder.
    Minha terra amada, o mal que te estamos a fazer, só se compara com a destruição provocada pela bomba atómica em Hiroshima.
    Vou continuar a ler os meus livros, pois estou farto de estar no meio da miséria, auto provocada por quem se diz ser amante e ter orgulho de ser de STP.
    Vou-me afundar numa bebedeira de letras e grandes reflexões, oriundas de Homens de verdade.

    • José Marques

      11 de Outubro de 2016 at 17:52

      Visitei S Tomé no ano passado tendo percorrido toda a ilha e não posso estar mais de acordo.
      O futuro está nas mãos do povo e não daqueles que se arvoram em lideres que apenas continuam a manter o povo dominado sem esperança e sem futuro.

    • Ralph

      13 de Outubro de 2016 at 4:51

      Quão triste deve ser para ver o seu país nesta situação. Por muito que alguma gente queira ser independente, às vezes simplesmente não é viável, por causa de uma falta de recursos naturais, uma falta de proximidade aos mercados importantes e mais ainda. Não é a culpa daquela gente, apenas é devido à providência natural de um território, algo que não respeita fronteiras nacionais. Se alguma terra não pode sustentar-se economicamente, não deveria ser dado independência porque vai sempre ser dependente da generosidade de outros.

      Naquela altura, foi a moda que os países desenvolvidos se sentissem a necessidade de atribuir a independência aos seus territórios dependentes, quer tais territórios a merecessem ou não. Talvez se sentissem vergonhosos por terem tratado mal o povo e explorado a situação. De muitas maneiras, foi irresponsável por Portugal ter cedido a independência a STP e eu suspeito que não iria fazer o mesmo se se regredisse no tempo, sabendo bem o que sabemos agora. Estou certo que há muitas outras nações atualmente independentes na mesma situação que desejem que nunca tivessem obtido a independência dos seus antigos donos, embora os governos daqueles países nunca fossem admitir tal facto hoje porque estão demasiado ocupado a manter e a desfrutar os frutos desse poder.

  2. rapaz de Riboque

    11 de Outubro de 2016 at 11:19

    tudo por falta de higiene se todos colaborarem na limpeza das ruas sem lançarem o lixo para tudo quanto é canto de certeza que as coisas melhoram não venha dizer que o mal é deste governo ou dos anteriores mas sim falta de higiene no pais todo algumas pessoas são muito porcas

  3. Maria de Fatima Santos

    12 de Outubro de 2016 at 7:34

    Engraçado! Depois de Sao Tome e Principe ter feito ul trabalho exemplar no combate ao paludismo, depois de ter ate merecido Reconhecimento Internacional pela performance no combate ao paludismo, vem este brinde. Em dois anos mataram as estruturas e ja se ve o comeco dos resultados. Força!

  4. zagaia

    13 de Outubro de 2016 at 22:49

    Meus compatriotas,vamos tirar a cabeça debaixo de areia,só não vê quem não quer, já se ouviu os responsáveis? Onde está o presidente da câmara de Lembá? Onde está o delegado de saúde? Onde está o representante da comunidade Agrícola? Meus amigos, vamos trabalhar, sem o trabalho não vamos lá? Querem apostar no turismo?….Entâo essa notícia ,nesse momento já percorreu os quatros partes de mundo e o mercado de turismo Santomense,já perdeu a CONFIANÇA dos mercados emissores de turistas!!!!!!
    Em vez de, 22000 visitantes anuais, vamos ter menos, uma quebra na exportação de serviços, o que irá contribuir para baixa da riqueza produzida (PIB) no país.
    “O EFEITO DE PALUDISMO NA ECONOMIA NACIOAL É IDÊNTICO AO EFEITO DO TERRORISMO NO NORTE DE ÀFRICA E O MÉDIO ORIENTE”
    zagaia

  5. rapaz de Riboque

    14 de Outubro de 2016 at 21:47

    as fotos falam por si a higiene com que muita gente vive por quererem viver assim

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