Análise

DEMONOCRACIA! SÁ KÊ KUA?

Doutvaz.jpgor Manuel Vaz Afonso Fernandes, antigo Ministro da Justiça na primeira república, fala do seu partido o MLSTP/PSD e de São Tomé e Príncipe. O homem que ocupou outros cargos ministeriais no país, é agora professor universitário no estrangeiro, mas continua atento aos acontecimentos da sua terra natal.

Há dias fui convidado por um colega e amigo a deslocar-me a minha terra natal a fim de assistir ao congresso da juventude Social – democrata. Fi-lo com muito prazer porque iria rever alguns amigos a quem me prendem muitas coisas comuns.

O voo durou cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos num ambiente calmo o que permitiu que nas altitudes fosse mentalmente elaborando uma agenda de encontros principalmente com o meu amicíssimo e irmão Filinto Costa Alegre, filho de mãe Alice, com Afonso Varela, o Varelinha para mim, meu colega e amigo de várias lides e com mais meia dúzia de compatriotas.

Como a estadia era de somente cinco dias não me foi possível cumprir integralmente a agenda previamente traçada. Fui ao Congresso porque também sou membro honorário da Juventude Social- democrática. Assisti durante algumas horas algumas cenas nada dignificantes para uma organização que tem história no xadrez político do meu querido País:

1.º A desorganização palavra minúscula para contar o sucedido;

2.º A arrogância de quem organizou de forma solipsista o Congresso;

3.º A tentativa de querer impor a todo o custo um Candidato sem percurso na organização, um outsider, que de pára-quedas aterrou na jota;

4.º As imbecilidades de alguns membros da actual direcção do MLSTP/PSD, que quando sentiram que o “seu” candidato não tinha hipóteses de ganhar, ficaram completamente sem norte apresentando uma proposta contra – natura para que o Presidente do MLSTP assumisse a direcção da Jota coadjuvado pelos dois concorrentes. Entre vaias e contestação aberta, pressentindo a provável derrota, uns alegando doenças, abandonaram o Congresso, outros tacanhamente começaram a urdir de imediato fórmulas para desacreditar o Congresso. Confesso-vos que saí magoado da Reunião, não só porque me foi negado o direito de intervir o que é demonstrativo do ódio de estimação que alguns dos actuais dirigentes nutrem por mim por um lado e por outro porque como não estudam, desconhecem a postura que faz a referência da Organização. Referencia que deveria ser obrigatória para aqueles que em cada momento queiram assumir a Direcção do partido. Sem cerimónia de enceramento devido a debandada dos dirigentes que perderam, foi vencedor notório o Mestre Américo Barros. Parabéns meu amigo.

 

Tendo saído 48 horas depois tomei conhecimento que a Comissão Política habituada a métodos à la “Bureau Politique” tinha resolvido que se deveria realizar um novo Congresso. Essa é a razão justificativa do título deste artigo.

 

 Demonocracia! Sá Kê Kua?

Costumo ensinar aos meus alunos da Universidade onde ganho o pão de cada dia, que na vida deve-se festejar as vitorias e aceitar as derrotas como facetas do jogo democrático; que na vida deve-se subir a pulso com muito mas muito trabalho; que não vale a pena utilizar tudo para enriquecer sem olhar a meios; que a corrupção como ensinou o meu Professor Diogo Freitas do Amaral é uma tríplice panóplia que se deve combater, por isso não vale a pena fazer o que eles sabem que nós sabemos que eles sabem, as negociatas de projectos financiados em nome do Estado para engordar as suas contas, construir condomínios, etc., que nada justifica o desvio de míseros dólares porque mesmo formalmente absolvidos jamais escaparão ao veredicto popular; que a solidariedade como me ensinou o Velho Costa Alegre (que descanse em paz) deve ser a atitude permanente da convivência social. Foi com o velho Costa que aprendi que “aquilo que a mão direita dá a esquerda não tem de saber”.

E se hoje escrevo de forma como escrevo esse artigo, acreditem que não tenho intenção de insultar ninguém. Não sou de insultar soesmente ninguém, mesmo aqueles que devido ao exercício de determinadas funções deveriam ter alguma dignidade. Falta-lhes de forma notória liderança. Forma notória cujo conteúdo jurídico aprendi na especialidade que fiz estudando os direitos de personalidade na faculdade de Direito de Coimbra. Notório é igual a inequívoco.

Se houvesse liderança notória não se poderia compactuar com algumas afirmações que são feitas quando o Mundo atravessa uma das piores crises económicas financeiras da modernidade. Só as ilhotas das suas cabeças não pensantes justifica que afirmem que ela passará ao lado do nosso País. Os meus, nossos filhos não merecem tamanha barbaridade.

Chamei a alguns anos Merdalização a forma como se faz “pulitika” no meu País. Isso está escrito, Merdalização, porque merda cheira mal. E esses Demonocratas cheiram mal. Escrevo de forma como escrevo porque a minha liberdade não tem limites. Quero continuar a ser assim. Dizer a cada momento aquilo que quero dizer utilizando essa voz que me orgulho em aperfeiçoar cada vez mais.

Manuel Vaz Afonso Fernandes

   Professor Universitário

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