Opinião

Meninas Levantem-se Sem Tempo de Pensar

No mundo das crianças tudo serve para brincar! Foi assim! Continua sendo assim tal e qual em todos os tempos de crianças! Quando chegou-nos essa coisa de 25 de Abril e de independência, o bom para nós era a alegria florida no peito das roças, das freguesias, de luchans à cidade. Cada povo só uma vez na sua História pode beneficiar do gozo dessa alegria.

À revelia dos mais velhos que ainda guardavam bem vivas as memórias ensanguentadas de 1953, nós os putos, metíamo-nos nas ruas mesmo quando os militares brancos com armas na benha até os dentes, subiam e desciam nos jipes fervorosos de 1974.

O MLSTP era tudo que a nossa imaginação criava e recriava. Moças Levantem Saias… Era do que mais nos animava e mais chateava as nossas colegas, ao ponto de levarem queixas contra nós aos professores, a quem jurávamos com olhar ao Céu de que tínhamos sido mal-intencionados pelas miúdas, elas sim, assanhadas até na genética da adolescência. Nada de asneiras! O MLSTP era somente aquilo que nos ensinavam nas aulas de História, nas páginas do livro de leitura e nos desfiles dos Pioneiros para crescermos Jotas no lugar da Mocidade Portuguesa.

As mulheres são-tomenses no longo período da sua afirmação não só levantaram as saias a cabeça numa marcha até ao palácio colonial exigindo a independência total e imediata. Não só marcharam na OMSTEP contra a raiva dos maridos que viam a emancipação a acelerar mais do que o relógio da própria independência como alavancaram os espaços outrora exclusiva e humanamente pertencentes ao musculado cérebro dos homens.

A primeira mulher que se propôs a desafiar o totalitarismo masculino veio da ala de Mudança. Alda Bandeira, única Ministra no seio do primeiro Governo de Mudança, saiu di kantxim di cama e chamou à si o direito de ocupar a cadeira de presidência da República. Foi a votos e o povo consagrou-a com a medalha de bronze pelo efeito, relegando alguns dos homens a pontuação humilhante.

Passados duas décadas da nossa Mudança, sem glória nem herói, as mulheres do MLSTP na luta frenética a cadeira presidencial acusam o chefe, o líder do partido de juntar-se a uns sanguessugas a sua volta que não vêm os meios para atingirem os fins, fazendo batota no jogo democrático para que fosse ele o pré-candidato de Riboque as eleições de Julho próximo.

Esse jogo democrático não é de agora! Foi assim com a liderança de Carlos Graça que em 1996 ao avançar as presidenciais embateu-se com a silenciosa candidatura de Pinto da Costa que chamou a si o dever patriótico de fazer frente ao Miguel Trovoada que se recandidatava ao posto máximo da Nação. O que não é verdade nem de longe da fidelidade partidária é o que se veio a dizer depois. No seio dos seus apoiantes a candidatura presidencial e braços direitos do seu MLSTP, na noite dos resultados eleitorais, em surdina ao candidato, houve festa com abertura de champanhe gabonês comemorando a derrota do próprio líder, Carlos Graça.

Recuando no tempo, foi assim em 1991 em plena Mudança com todas as metralhadoras apontadas aos quinze anos do Governo do MLSTP, Francisco Pires, desertou-se e criou com umas orelhas de Trabalhadores da ONTSTP, organização sindical, a Dêfêsa Tlabadô, com que concorreu as primeiras legislativas em São Tomé e Príncipe. Podíamos elucidar aos mais novos ou aos mais esquecidos de que a força do MLSTP reside na capacidade dos seus homens em distribuir os votos sempre que a ambição pessoal subvaloriza a unidade partidária.

Uma mais valia deve ser aqui equacionada para a nossa reflexão. O PCD e o ADI, recentemente, igual ao MLSTP mexeram-se nas respectivas direcções partidárias. Qual dos partidos foi notícia e nos deu a esquecer o pára, o arranca e a marcha atrás do país? É também assim a Democracia. Enquanto os dois primeiros fechados na sala divina e no maior consenso doutrinal, um elegeu Jesus Cristo ao altar em comunhão com os discípulos, o outro, quase por unanimidade e na ausência de um rival ausente, substituiu o chefe tribal. No MLSTP fez-se barulho, lavou-se as roupas sujas na praça pública, um candidato retirou-se da fôkôta, destronou-se o líder espiritual e os homens foram ao ring até ao último minuto e lá os militantes fiéis a juventude e ao sangue novo, elegeram o seu camarada, Aurélio Martins a cabeça da fanfarra riboquina.

Há quem infantilmente duvidando da força do MLSTP vem a Feira Má-língua acusar que as várias candidaturas no seio do partido são teleguiadas pelo mais respeitado político são-tomense, Miguel Trovoada. O 1º Presidente do país democrático que já há algum tempo, nas ocupações internacionais, nem nos dá sinais de farol, continua a ensombrar os mal-intencionados que premeditadamente lhe acusam de até convencer ao filho de namorar Pinto da Costa a corrida eleitoral para melhor dividir os votos do MLSTP e triunfalmente Patrice Trovoada vir a realizar o seu sonho ao mais alto poleiro da Nação.

Passados os anos das nossas brincadeiras de putos de preparatória já é verdade ver Meninas se Levantarem Sem Tempo de Pensar? Ou será que nas nossas ilhas torna moda Mulheres Levantarem Saias para o descontentamento de nós os homens? Questionamos. Será que o Aurélio Martins, o jovem camarada do partido de Riboque se vai sujeitar a traição de uma garrafa de champanhe angolano na noite da derrota eleitoral?

«O limão tem ácido e queima os vasos sanguíneos dos olhos ao ponto de provocar a cegueira. Daí que não se deve tratar o conjuntivite com gotas de limão.» Conselho do responsável oftalmologista de São Tomé e Príncipe, RTP-África – 06.04.11.

06.04.11

José Maria Cardoso

4 Comments

4 Comments

  1. Budo Lapa,

    7 de Abril de 2011 at 11:07

    Um grande texto grande compatrióta. Reflete verdairamente a nossa realidade e as nossas desrealidades. Quem viver verá o que esta para chegar. Abraco

  2. Ovumabissu

    7 de Abril de 2011 at 12:36

    Ou muito me engano ou esse Zé Maria é… travesti. Eh, eh, eh,…

    Só um reparo, Zé Maria. Eu tb sou desse tempo e MLSTP era bem “Menina Levanta Saia Toma Pimbi/Pilóló”… ou outros sinónimos igualmente começados por “P”.

    Acho interessante essa sua preocupação de engrandecer alguns factos e pessoas.

    Confesso que não consigo ver esses acontecimentos e pessoas com o mesmo colorido. Enfim, perspectivas.

    O texto em si tem a (boa) qualidade com que já nos habituou. Embora, discordando aqui e acolá, no todo ou em parte, sou seu leitor.

  3. benavides pires sousa

    7 de Abril de 2011 at 20:12

    Deem uma vista de olhos no jornal “SEmanário o Pais”, por favor, e vejam a hipocresia ali plasmada.
    Quando li este artigo ali em anexo me deu vergonha de ver como é o que o senhor Tiny tem vendido o seu sobrinho, pois embora tenha nascido em Angola, a verdade é que o Nguno é santomense. e da raiva saber que viveu toda vida como santomense, indo a nossa embaixada em lisboa, estudando como bolseiro santomense, tendo criado entidade juridica em stp; nao obviando o mérito das suas capacidades intelectuais. mas sinceramente dá raiva ver hoje o senhor tiny vendendo o sobrinho ( sobrinho consanguineo de sua esposa) como angolano, visto que agora vai ganhar dólares em funcao da amizade dos tinis e ritas com o mpla, nao obstante os méritos do brilhante jovem. mas indigna-me ver o seu tio vende-lo hoje como angolano, conforme se pode ler na noticia do jornal “SEmanário o Pais”.

    Em vez de continuar a promover o rapaz como santomense, agora o vende e agora é que é angolano a 100%, devido aos doláres que a familia tiny e rita, ganharao atravez dele, por meio das suas negociatas com o MPLA. vergonhoso senhor Rita!

    • chocolate preta

      8 de Abril de 2011 at 11:09

      tambem vi isso e nao gostei ,nao!
      achei muita infantilidade desse senhor Rita!

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