Opinião

Líbia versus Síria. O Dia da Criança Africana

Impavidamente os africanos assistem ao assassinato de uma parcela continental rica em petróleo sem ao menos, puderem dizer aos decisores do Mundo, chega! Chega de destruição da África! Chega de experiências bélicas com o sacrifício de vidas humanas africanas! Chega de matança aos nossos manos africanos!

Todos já sabíamos que jamais passaria pelo projecto europeu, salvo excepções reconhecidas, o desenvolvimento da África ou dos africanos quer do Norte, quer abaixo do Sahara.

A África do Sul é um exemplo de desenvolvimento de duas Nações numa só, ou seja, desenvolvimento da África do Sul dos brancos e o empobrecimento e a consequente conotação de criminalidade da África do Sul dos negros, cujos testemunhos de divisão racial, menosprezam os ideais impostos pelo mais Santo Deus da Santa Sé. Nelson Mandela é o símbolo do custo do desenvolvimento da África do Sul do Apartheid que o manteve quase três décadas na prisão.

As independências das Áfricas sob o domínio inglês e francês determinaram a substituição política de brancos pelos negros, nada mais do que isso, ao fotografarmos o marasmo económico a que foi sujeita a autodeterminação dos povos e das interferências até de assassinatos dos líderes africanos, consoante os interesses ocidentais ou a rejeição dos seus dossiers. Os preços das matérias-primas do continente ao invés de jogarem um papel importante no seu desenvolvimento, funcionam como mais um modelo para o empobrecimento quando são devolvidos a África, os produtos resultados da sua transformação.

O roubo dos cérebros africanos é algo evidenciado em vários estudos como um dos maiores golpes que o ocidente continua a infringir a África, quando muitos intelectuais custaram fortunas aos seus países ao longo dos anos de formação, entretanto, são “raptados” ao serviço do mundo desenvolvido a custo zero sem qualquer contrapartida a África. Surgirão vozes a justificar a fuga de cérebros pelas políticas desastrosas dos políticos corruptos da África. Quem corrompe os líderes africanos? Em que bancos os políticos africanos guardam a fortuna do continente negro? Aonde os africanos têm as suas mansões e quintas? Aonde se congela os bens dos líderes e políticos africanos quando o ocidente lhes vira as costas?

Voltamos ao caso da Líbia com o qual não nos podemos rever na ditadura de Kadhafi, mas também conhecedor dos patamares que o país atingiu nos vários indicadores de desenvolvimento humano e a aposta do seu líder num projecto que desenvolvia para o regresso de africanos a África, independentemente do país de origem e qualquer um país do continente negro devia estar aberto a contribuição dos regressados, é de questionarmos.

Não será esta a nova razão de sepultura que o ocidente ditou ao Kadhafi?

Mouammar Kadhafi aquando da Revolução Verde dos coronéis líbios que marcharam sobre Tripoli e derrubaram a Monarquia do Rei Idris I, em 1969, expulsou os americanos que exploravam o petróleo do país e foi mais longe a considerar os inimigos de “imorais incuráveis”.

Por razões espirituais de amor com que nutria ao Presidente Gamal Abdel Nasser do Egipto, Kadhafi prometeu, em plena guerra fria, vingar-se da sua morte elegendo os EUA e o Israel como alvo, alinhando-se aos inimigos da América. O líder líbio não é nenhum santo e a ele se deve ou conota-se alguns distúrbios e golpes militares contra líderes africanos e tem as mãos metidas no conflito de Darfur-Sudão que custaram muitas vidas ao continente negro.

Em 1986, USA bombardeia Tripoli em resposta a uma explosão numa discoteca na Alemanha frequentada por militares americanos. Kadhafi sobrevive mas perde a sua filha. Mais de centena de mortos também ficou registada na baixa dos civis líbios. Em 1988, a explosão do Boeing da PanAm em Lockerbie-Inglaterra, saldando em 270 mortes, 188 são americanos, é responsabilizada ao regime líbio. O mundo comove-se e dita vingança ao assassino líbio.

Na história bélica entre os dois rivais, há ainda o abate de dois aviões líbios sobre o Golfo de Sirta na década de oitenta pelos americanos.

A comemoração do 40º aniversário da conquista do seu poder, em 2009, funcionou como um atestado de reconhecimento do líder e apagado o seu nome da lista do terrorismo internacional, tendo em conta os convidados do mundo que brindaram com a presença. A África esteve representada com 30 Chefes de Estados e Governos e a apresentação de bandas extra continental, valeram ao Kadhafi um virar de páginas no encerramento de contas com o ocidente. Omar al-Bashir, o Presidente do Sudão na lista do Tribunal Penal Internacional por crimes de Darfur e Robert Mugabe, Presidente do Zimbabué, estiveram presentes na festa líbia. Aliás, Kadhafi já havia feito a paz com o ocidente indemnizando os familiares dos inocentes de Locker-bie.

Actualizada a história Líbia versus USA, há razões mais que suficientes para que os ocidentais não percam mais uma oportunidade para matar Muammar Kadhafi como aconteceu com o líder iraquiano, Saddam Oussein e vingarem-se não só do “terrorista líbio” mas sobretudo, livrarem-se dos sucessos conseguidos pela Líbia com o seu petróleo.

Senão vejamos;

Quantas mortes o líder Sírio, Bashar Al-Assad, já fez com a Primavera Islâmica e que recados recebe, diariamente, das Nações Unidas, dos EUA e da União Europeia? Já são mais de mil vítimas mortais e as imagens de assassinato com as mãos do poder continuam a chegar as nossas casas. A Cruz Vermelha Internacional pede mãos para vencer o drama humanitário com os refugiados e deslocados internos do conflito Sírio. Nem vale trazermos para o nosso juízo os casos de China, Rússia e tantos outros onde a decisão dos líderes com a força das armas mortíferas sobrepõe a razão dos povos, perante os “civilizados” que em nome de interesses superiores colocam de lado a face da defesa da Carta dos Direitos Humanos.

Por estes dias aonde andará a União Africana com a qual Kadhafi lutava para vencer a pobreza imposta pelo ocidente a nossa África?

«16 de Junho, dia da Criança Africana. Nesse dia do ano de 1976, milhares de estudantes negros do Soweto na África do Sul, manifestavam-se reivindicando a melhor educação e o direito a aprendizagem de língua nativa no sistema de Educação, ao contrário do Inglês e do Afrikaan. O que pretendia ser uma manifestação pacífica desembocou no assassinato de centenas de estudantes negros do Soweto pelas armas do poder de Pretória racial.

A Organização de Unidade Africana – OUA – em Addis-Abeba, Etiópia, institucionalizou em 1991, o dia 16 de Junho como o Dia da Criança Africana em memória aos estudantes negros do Soweto».

16.06.11

José Maria Cardoso

11 Comments

11 Comments

  1. africano

    17 de Junho de 2011 at 10:21

    Quando que os africanos vão comprender que os ocidentais provocam as guera para asinar os contractos de petroleo, e enriqueicer cada vez maz,
    a nova palvra hoje e protecção dos civil, em 1994 nao avia civil no rwanda, nao, nao há petroleo no rwanda, africano vamos abrir vista e saber que os occidentais nao ten interesse para africa ficar em paz

  2. Mé-Zochi

    17 de Junho de 2011 at 11:00

    Belo ponto de vista, depois dessa e quem acompanha as nptícias, perguntamo-nos quem é mesmo terrosrista?
    UE, NATO, EUA; ONU ou Kadafhi?

  3. Daniel

    17 de Junho de 2011 at 13:03

    talvez seja os E.U.A, são esses senhores mandate do mundo segundo dizem por ai, dizem ser um país que zela interesses para uma paz e uma democracia douradora, pelos vistos, mais é querem só aproveitar do petróleo e dos outros bens do nosso nobre continente.

  4. Pumbu fresquinho

    17 de Junho de 2011 at 14:03

    Realidade cruel: … tem razao aquele que mais forca possui! Independentemente do final desse drama, acho que Kadafhi sera sempre um simbolo positivo para muitos africanos.

    • Rodrigo

      18 de Junho de 2011 at 10:54

      Como é possível um ditador com quase 50 anos no poder ser um símbolo positivo.

    • praxiteles lima

      19 de Junho de 2011 at 2:37

      ñ concordar com as politicas dos EUA é uma coisa,daí fazer de Kadafhi um símbolo positivo…(ñ exageremos). Se a África quer realmente fazer frente ao mundo ocidental têm k se unir e ñ andarem a matar-se uns aos outros.

    • africano

      20 de Junho de 2011 at 7:49

      quando a NATO larga bomba, esta bomba mata os militars de Kadafhi , mas quando os militar de Kadafhi lança umo roquete mata só civil, que vergonho, os libios andavaõ na escola sem pagar, saude era gratuita, bolsa era de mas até que dava para outros africano, depois desta destrucção voluntaria da libia , tudo sera pago, e vamos ver a diferencia entre democracia occidental e democratia de Kadafhi

  5. GOMES GOMES

    18 de Junho de 2011 at 11:57

    meu deus ajude o continente africano a sair desta situação

  6. Helder Leitão D`alva

    18 de Junho de 2011 at 12:10

    Todas essas organizações que vêm em nome da defesa do povo é tudo uma falça. Nós os Africanos estamos a perder os verdadeiros lideres, e adequerir os vende Patrias postos pelos Ocidentais.

    Vamos abrir os olhos e unir-mos.

  7. Horácio Will

    19 de Junho de 2011 at 9:26

    Penso muito em tudo quanto disse o José Maria Cardoso. Até sinto que é cansativo acreditarmos nos valores ocidentais, sentirmos ameaçados com a emrgência de outros valores e depois ter que duvidar de algumas acções do próprio ocidente.
    Depois de tanto pensar nisso tudo, volto ao princípio: se conseguíssemos fazer só de STP um país exemplar!…
    Lembro-me de STP que devia estar ao nosso alcance para fazermos alguma coisa e o que vejo faz-me pensar que o mundo é demasiado grande. Pois, cada mente humana é um mundo e se forem várias contra o bem-estar da humanidade, o que poderá ser do Mundo?
    Mesmo não cruzando os braços, o que vejo que eu e o Zé Maria não queremos fazer, pergunto: o que fazer Zé Maria Cardoso?

  8. edvania

    22 de Junho de 2011 at 14:51

    eles tem razao quando e k vao deixar a africa em paz. so no dia k deus deicer na terra novamente……………………..

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