Opinião

Dê um puxão de orelhas ao meu filho!

O país cada dia mais adulto ou pelo menos a sua idade a aproximar-se da ternura, deixa para trás a sua juvenilidade (afinal, os putos da independência vão fazer 37 anos!), entrou no 1º de Janeiro no ano que lhe leva a comemoração de mais um aniversário, sem rumo, como que um barco sem bússola, mas com mestres de que não se lhes duvide a sabedoria para o desnorte, ao invés de encontrarem o porto seguro com a perícia de usar o ainda menos mal da ventania tropical.

Cada dia que passa fica mais que evidente, de que já não são os nacionalistas de Santa Isabel com os seus ideais socialistas e as suas quizilas, os diabos da corte, mas sim, os da geração com que aqueles na ajuda da cooperação internacional, ofereceram os conhecimentos académicos quem, maioritariamente, comanda o país político, administrativo, social, económico e financeiro.

Os que em tempos mais recente e com a bendita democracia, vão se ajustando ao fato e a gravata do MLSTP, PCD, ADI, MDFM e um ou outro na santa carona e na repartição injusta da riqueza, profanados, quando questionados das razões de mudarem dos discursos e de atitude, é fácil reconhecer-lhes a dissertação de que «estás com o sistema ou estarás fora dele

Tornou-se há muito recorrente de que o Estado deve recrutar os quadros nacionais no estrangeiro para ajudarem na remoção mental do lixo ao bem da Nação.

Os que têm respondido ao convite, regressando, em tempo record bebem do mesmo feitiço e a cantiga não é de nada diferente, «tás com o sistema ou és colocado fora dele». Cumprem, assim, a velha lógica de quem ao inferno entra, diabo se torna. Daí e perante o jogo que não resta outra alternativa, advogam, serem obrigados a andar com o fogo do diabo na língua por mais que os conhecimentos académicos obriguem a oferecer os valores de elevada categoria profissional ao país.

Será que estando dentro do sistema, nada pode ser feito para mudar o próprio sistema? Óbvio que não é impossível!
No país ao acaso, os deputados da Nação, que juvenilmente o país confiou em 2010 a missão de defenderem os mais sagrados interesses das populações, escudam-se nos discursos de governação para que não lhes escape a protecção salarial e os benefícios da corte (bué de luxo, extravagância e tudo do mais), secundarizando as questões do eleitorado para o barulho da oposição exposta que nos momentos sublimes de votação dos grandes compromissos do país, não se vê composta para fazer valer, ao menos, a sua maioria assumida em casamentos de circunstâncias, tão necessária para a sobrevivência da própria democracia.

No campo económico, o país vai de boa saúde e recomenda-se. Segundo a Governadora do Banco Central, Maria do Carmo Silveira, o crescimento económico é uma realidade, favorecida pelas transacções e movimentações financeiras operadas nas ilhas, infelizmente, a custa também do banho que no iceberg das últimas presidenciais, os candidatos mais abastados viram-se, mais uma vez, aflitos com o sumiço dos bancos e até do mercado paralelo, da moeda nacional, a dobra, para trocarem os votos com o eleitorado.

O palácio presidencial para fechar o ano, recebeu uma figura ilustre no patamar político são-tomense que recordou a saída do encontro de estadistas, de que esteve no Salão Nobre enquanto Secretário Executivo da Comissão do Golfo da Guiné, de antigo Presidente da República e de Membro do Conselho de Estado, descuidando-se de recordar a Nação de que teria aproveitado o momento para numa quarta categoria, a do pai de Patrice Trovoada, o Primeiro-Ministro são-tomense.

Nesta categoria, o cidadão Miguel Trovoada, na troca de perambulas na missão difícil do seu filho em arrancar o país do infortúnio, eventualmente e como à moda antiga, autorizou ao amigo nacionalista que sempre e quando julgar necessário possa dar um puxão de orelhas ao menino que assina acordos que não consegue levar a realidade ou que teimosa e contrariamente adia a assinatura do acordo astronómico de investimento do “homem da lua” com a ilha do Príncipe, tão reclamado pelos são-tomenses em geral e pela população d’yê em especial, esta duplamente sacrificada com a independência das ilhas.

Ao que transpira para a opinião pública, parece estar reunidas as condições para que desta, Príncipe encontre o melhor para os são-tomenses e a justiça em 2012, por seu lado, através de provas dos bens, possa ilibar os cidadãos endinheirados da democracia são-tomense de constantes suspeitas criminais de usurpação do bem público.

Não é política nem eticamente correcto que com a imensidão numérica de juízes que engrossou o aparelho judicial com gastos no erário público, os casos de corrupção continuam a ser aos olhos da justiça são-tomense invenções e uwê xá da opinião pública.

Todo o cidadão são-tomense merece o respeito pelo seu bom nome, do mesmo modo que as populações merecem libertar-se dos pesadelos de fome e pobreza a roçar a miséria absoluta quer nos centros urbanos como nos luchans e nas antigas roças assistindo pavorosamente ao desfile da certa elite abastada.

«Se todos cumprirem o seu papel, acredito que todos juntos vamos conseguir vencer os desafios de desenvolvimento. Como acredito que o país pode contar com todos não posso deixar de transmitir o meu sentimento de confiança e esperança no futuro, apesar das dificuldades é possível começar a ganhar o futuro já.» Pinto da Costa, Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe na mensagem do Ano Novo à Nação.
16.01.12

José Maria Cardoso

4 Comments

4 Comments

  1. Calibre-12

    17 de Janeiro de 2012 at 18:58

    Explique-se melhor senhor José Maria Cardoso.
    Você não é o tal que era funcionário da migração e fronteira que foi à Portugal para um estágio o nunca mais voltou? – Claro que tendo fugido do país, só pode mesmo é mandar bocas de longe. Desloca-te para S.Tomé e Prin cipe e dê com acções concretas a sua contribuição.
    Sei também que tens um apartamento bem fechadinho em Monte-café há cerc a de 10 anos e naquela roça existem dezenas de jovens a procura de habitação.
    Queres e gostas de citar Pinto da Costa, muito bem! Escreva-lhe e diga-lhe isto.

  2. OLHO

    18 de Janeiro de 2012 at 1:43

    Caro compatriota, eu particularmente adoro os seus artigos, a facilidade que vossa senhoria demonstra ao discorrer sobre diversos problemas que assolam a nossa sociedade é simplesmente brilhante.

    Mas sendo o senhor uma pessoa idónia, e por isso com uma certa experiencia de vida, não acha que deveria ao inves de reiteradamente criticar o país que estamos construindo , apontar não somente as falhas mas tb as soluções!?

    Não acha meio triste e de certa falta de espirito combativo, alguns marinheiros abandonarem o navio em dificuldades e de longe semanalmente ou mensalmente contundentemente criticar a postura dos que sempre estiveram lutando no navio tentando salvar vidas dos irmãos naufragados!?
    Espero estar equivocado, mas acredito q todos os santomenses esteja ele onde estiver , se de alguma maneira tentar fazer alguma coisa pelo pais, ainda que seja vendendo peixe, mas fazendo-o de maneira seria e com espirito de não somente saber de si, estaria contribuindo para o desenvolvimento do país.

    Com o perdão do exagero amigo ou “paisão” Cardoso from Brasil

  3. salvaterra

    18 de Janeiro de 2012 at 11:53

    O abstracto sempre foi refúgio dos guerreiros fora do palco da guerra. Cristo no momento da rendição dizia: “Pai perdoai os inocentes pois eles não sabem o que fazem” E nós? Sabemos ou não o que fazemos? Essa procura deliberada de protagonismo não permite leitura? Creio que sim. Ao invés de construirmos vamos andando nos salamalecuns e nada mais

  4. Porto Real & Sundy

    18 de Janeiro de 2012 at 15:47

    A Fotografia foi tirada por quem?
    Agora é que se começa a saber aonde param os arquivos deste país.
    Boa!
    Nem precisei de ler o artigo!
    Continua!! Esta no caminho certo.

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