Opinião

O Poder da Comunicação Social

No conceito clássico meios de comunicação social são a imprensa (jornais e revistas noticiosas) e as emissoras de rádio e de televisão, sobretudo seus departamentos de jornalismo. No sentido mais amplo, porém, meios de comunicação social englobam também as editoras de livros, empresas discográficas, indústria cinematográfica, companhias de espetáculo, (danças shows, teatro, galerias de arte, museus e até mesmo escolas e universidades, pois em todos estes lugares busca-se tornar comum um conhecimento (ou uma desinformação, o que é muito mais frequente…)

Os comunicadores, neste sentido, são os literários, músicos, artistas de cinema, teatro e televisão, bailarinos, pintores, escultores, educadores, religiosos, cientistas, filósofos e todos aqueles que se dedicam a uma atividade cultural.

O tão decantado poder de imprensa é sobretudo, o de prestigiar ou denegrir pessoas e instituições.

Através de mentiras bem elaboradas e ditas subtilmente em tom de seriedade, pode tornar um homem, por pior que seja, admirado, louvado amado e outro, por melhor que seja, odiado, desprezado, vilipendiado.

Esse poder tem sido usado com frequência precisamente para abafar e atacar os bons e prestigiar os desonestos.

E porque razão não venha ser usado no sentido correto: denunciando a maldade dos maus e revelando a bondade desinteressada dos bons para que o povo possa seguir os líderes corretos, e seja capaz de fazer justiça nesse pedaço de terra chamado São Tomé e Príncipe.

Para que realmente vigore a liberdade de imprensa, isto é a liberdade de falar verdade de combater pela existência da ética profissional no jornalismo, os comunicadores devem unir entre si e com outras pessoas que trabalham, para organizar os meios de comunicação social que funcionem de acordo com os interesses do povo.

Os meios de comunicação social em sua quase totalidade tornaram-se numa venda sobre os olhos do povo. Eles se tornaram causadores de cegueira, que leva multidões ao precipício. Adquiriram a monstruosa aparência de uma “thick Wall”, um muro quase intransponível separando o público da realidade, para proteger a corrupção dos poderosos.

Quando uma pessoa lê um jornal, ouve uma rádio, assiste TV quer online ou institucional pensa que está sendo informada do que acontece, dificilmente percebe que na maior parte das vezes está sendo terrivelmente ludibriada, com a desinformação que podem danificar sua vida inteira.

Pois alguns dirigentes sem escrúpulos, chegam a pagar e uns miseráveis, e estes aceitam receber uns trocos para falarem em entrevistas previamente encenadas, o que estes dirigentes querem que sejam ditos e que o povo gosta de ouvir.

Se os meios de difusão funcionassem de modo correto, os indivíduos melhores da sociedade, que têm soluções para oferecer a sociedade sem demagogia, teriam larga difusão, até mesmo um programa diário na rádio e na TV, em cadeia nacional.

Ao contrario, as pessoas mais divulgadas são justamente as piores – geralmente poderosos da economia e seus ajudantes intelectuais: indivíduos teóricos, vazios, sem conteúdo, que defendem a corrupção.

A comunicação social deve “vigiar dia e noite” os verdadeiros poderosos e denunciar todos os seus crimes, com todas a letras, e colocar o povo em posição de primazia.

Os repórteres têm que estar ao serviço do povo, o contrario serão obrigados a serem marionetes dos poderosos, capangas dos indivíduos sem escrúpulos, pior ainda são intelectuais que vendem a alma para se darem bem na vida.

Na verdade, o povo não gosta de ouvir a verdade, certamente algumas pessoas ainda se recordam de um tal indivíduo, membro do Comité Central e Bureau Política do MLSTP, alertou o povo que “…ômê umdala na medji cu ponta dê fá…” e “ …nguê cu cá flá védé a na ca dá banco taçón fá…”. Este indivíduo foi considerado persona no grata dentro do partido, e marginalizado pelo povo.

Machado Marques.

4 Comments

4 Comments

  1. João do Rosário

    19 de Maio de 2015 at 21:55

    Caro Leopoldo ao referir-se ao poder da comunicação,fá-lo de forma breve e sucinta,mas o suficiente para que um bom entendedor chegue a parte principal da questão,ao essencial.É hábito dizer-se que:”chapéus há muitos… -muitos são chamados e poucos são escolhidos…”.Estas citações como referência, poder-se-á concluir que a comunicação social,o jornalismo em STP,poucos são os que representam essa classe com dignidade,profissionalismo,imparcialidade.Alguns exercem essa função focalizados em obtenção de riqueza,servindo uma elite de políticos e as suas políticas populistas de empobrecimento.Por isso se pode dizer que nos tempos de hoje, na nossa sociedade há uma franja dos ditos jornalistas da primeira,corruptos,camaleões,porque estão sempre em mutação,mudam-se os governos ,os ditos jornalistas elitistas e facilitistas também mudam de simpatia partidária ,pois está mais que evidente que são uns “lambe botas”.
    Acredito que este tema é oportuno para que os impuros façam um exame de consciência e convertam-se,que a sociedade agradece.Enquanto prevalecer os interesses pessoais acima dos do povo e não houver uma mudança de mentalidades e congregação de forças isentas do mal STP continuará a sofrer com os efeitos das pragas.
    Para situações como estas,que papel desempenha a associação dos jornalistas de STP a sua comissão de ética?

  2. Quidide

    20 de Maio de 2015 at 9:21

    Em primeiro lugar felicito o autor do artigo pela sua coragem e determinação. De facto assistimos claramente à uma manipulação da comunicação em STP. Temos exemplos concretos da forma como certos acontecimentos são noticiados: “o fenómeno transe que se manifestou no passado recente, o caso do navio pirata que alegadamente naufragou em nossas águas, o caso do abuso sexual cometido pelo cidadão francês recentemente que já tinha sido expulso de Cabo-verde e que foi acolhido em S.Tomé aliciando crianças com rebuçados” entre outros. Infelizmente as pessoas em STP são facilmente aliciadas devido a desigualdade social franca que se tem verificado nos últimos anos e que vem crescendo exponencialmente. Mas a questão é : como travar isso ? O que fazer para inverter esse quadro negro? É uma questão que nos afeta a todos porque somos cidadãos santomenses e principianos que devemos envidar esforços para melhorar a imagem do nosso país.Temos que ter consciência disso!

  3. pascoal de carvalho

    20 de Maio de 2015 at 10:12

    Caro Machado Marques ou vulgo Leopoldo como é conhecido na praça social. Aprecio bastante as suas reflexões e, sublinho desde já o facto de seres um dos bons juristas falantes da expressão literária. entretanto, permita-me uma correção, é que a comunicação social a que se refere, serve o público ou está a seu serviço e não ao povo, pois ao povo estão outros meios de comunicação que não se inserem na imprensa seja ela qual for (rádio, tv, revista ou jornal).

  4. De Longe

    21 de Maio de 2015 at 11:00

    Desejo-lhe felicidades Sr. Machado Marques.
    Ao mesmo tempo que mais vozes emitem preocupações com o país, maiores são as notícias de atitudes políticas desrespeitosas e desrespeitáveis com consequentes respostas em forma de desgoverno no seio populacional e insegurança no país.
    Acredito que a comunicação social tem dado a sua parte de contributo infeliz ao ponto que fomos chegando.
    Tanto os governantes, como os jornalistas e outros intervenientes na comunicação social como restantes elementos da população debatem-se com o mesmo molde de princípios éticos.
    Tenho lido com muita atenção os seus artigos e aproveito a oportunidade para lhe agradecer pelos mesmos.
    Para infelicidade minha continuo a pensar que construir uma pátria é investir no bem de todos e enriquecer fraudulentamente é investir no próprio bem. Assim sendo, torna mais fácil aos malfeitores concentrarem as suas energias nos seus interesses enquanto os honestos, ao precisarem de cuidar também dos seus interesses individuais, não aplicarão tanta energia nas causas sociais como a que os desonestos aplicam na destruição da sociedade.
    Construir uma sociedade deve partir de educação precoce dos elementos dessa sociedade com princípios de cidadania. Estaremos a caminhar para isso?
    Quem mais disponibilidade tem para isso são os governantes que criam as leis e são pagos para criar uma orientação geral nesse e noutros rumos benéficos. Alguém acredita que isso lhes interesse?
    Temos três vias:
    1. Acreditar que o país irá piorar muito porque as referências para as crianças – futuros homens de amanhã – têm sido das piores.
    2. Acreditar na sorte e esperar pela confirmação da teoria do Mia Couto que afirma que os fenómenos sociais tendem a produzir resultados contrários.
    3. Convergir o povo numa união em busca de um estabilidade social (contrário de o que os nossos políticos têm provocado) para bem de todos. Como o faremos?

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