Opinião

Que Trampalhada?

Tomo posse contra tudo e contra todos, deve ter pensado Donald Trump aquando da sua posse esta sexta-feira, como novo Presidente dos Estados Unidos. Tanto a presidência cessante como a presidência futura falam numa transição pacífica, mas nunca na história recente do Estados Unidos verificou-se tamanha desconfiança, medo e frustração perante a personalidade pró-autoritária do próximo inquilino da casa branca.

Não teve o maior número de votos, mas elegeu o maior número de delegados, o suficiente para o nomearem novo Presidente. Caso semelhante constatado recentemente, só o verificado na reeleição de Bush filho. No entanto, a onda de contestação contra a eleição de Trump parece-me ser sem precedentes.

Há quem diga que o mundo estará a exagerar e/ou sofrer por antecipação em relação ao modo como este se apresenta ou em relação as suas futuras ações enquanto Presidente. Outros o classificam como neo-fascista, que não pende nem para esquerda nem para a direita e com discursos e ações pró-autoritárias. Ainda assim, essas mesmas pessoas acreditam que um Trump ditador, só se a sociedade americana assim o consentir.

O seu discurso parece descorar a existência das instituições democráticas, mas elas lá estão a funcionar e são as mais temidas do mundo.

O mundo está de olhos postos nos Estados Unidos. Está apreensivo para com as já anunciadas políticas a serem adotadas por Trump. Controverso desde a campanha eleitoral, o líder republicano promete revés ao tão aclamado acordo do clima alcançado pelos vários líderes mundiais, incluíndo o antecessor de Trump, Barack Obama, em Paris. Desconfia do acordo comercial com a Europa, promete uma guerra comercial contra a China, apoia o Brexit e pode pôr em causa o reatamento das relações Estados Unidos-Cuba que põe fim a um embargo financeiro de mais de 50 anos. Ainda no contexto internacional, Trump e as suas políticas podem influenciar negativamente a guerra na Síria e consequentemente a crise humanitária e de refugiados para Europa, bem como a luta contra o auto-proclamado Estado Islâmico.

Fala-se ainda de uma perigosa aproximação à Rússia o que contraria as recentes políticas de sanções ao país de Putin aplicadas pela anterior administração de Barack Obama e da União Europeia.

No capítulo interno, destaca-se a intenção de fazer cair o programa de auxílio médico da anterior administração(o Obamacare) o que aliás já começou, e a construção de um murro na fronteira com o México.

Expetativas difíceis e assustadoras, que mais parecem uma grande trapalhada, ou melhor uma grande “trampalhada”, atribuída a um líder que já provou não ter “papas na língua” e que é capaz de dizer o que bem entender sem pensar nas consequências.

Contra Trump pesam acusações de xeonofobia, racismo, machismo entre outras, mas nada disso parece afligir o Magnata milionário, que se tornou mesmo contra a vontade de muitos o novo Presidente dos Estados Unidos e um dos mais importantes líderes mundiais.

O questionamento generalizado é agora, como serão as relações entre os Estados Unidos e o mundo agora que o Trump é o Presidente?

Portugal já disse que a NATO está viva e que assim deve continuar. A China já avisou que se for aberta uma guerra comercial não haverá vencedores.

Presumo que São Tomé e Príncipe também deverá estar a requacionar o seu relacionamento bilateral com o Estados Unidos. Como é sabido, o país de Trump patrocina inúmeros projetos de desenvolvimentos em África, dos quais o nosso arquipélago como país em desenvolvimento, também usufrui. No entanto, os Estados Unidos foi sempre um bom parceiro bilateral das ilhas do equador, tendo mesmo o primeiro-ministro Patrice Trovoada sido recebido em Washington por Obama. Mas, e agora que estão abertas publicamente as hostilidades entre os Estados Unidos e a China por causa da questão comercial como será? Isto numa altura em que São Tomé e Príncipe decidiu reconhecer o principio da existência de uma só China?

Para complicar, há relatos de que uma delegação de Taiwan (país recentemente renegado por São Tomé e Príncipe) tomou parte da posse do líder norte-americano.

São muitas incertezas para o mundo e para o nosso pequeno arquipélago, que só o tempo poderá descortinar. Para já temos a partir desta sexta-feira, …Trump o Presidente.

Brany Cunha Lisboa

P.S Os créditos do neologísmo vão para o meu amigo Nuno, já que o termo “trampalhada” foi retirado do seu facebook.

 

FAÇA O SEU COMENTARIO

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top