Opinião

As condicionantes de nascer/ser mulher na sociedade São Tomense

“O RGPH- 2012, registou um efetivo total de 178.739 habitantes, sem diferenças importantes entre os sexos, à semelhança do RGPH-2001. Com efeito, as mulheres correspondem a um efetivo de 89.872 pessoas (50,3%) e são mais numerosas no meio urbano (51%), do que acontece no meio rural (48,9%). Ao nível dos distritos, também existe um certo equilíbrio entre a população feminina e a masculina (a relação de feminilidade varia de 0,9 a 1,0).

Fonte INE STP

As mulheres na nossa sociedade são o estrato da população mais vulneráveis, ou seja, as mulheres são em grande maioria chefes de família.

É no seio familiar, a célula base da sociedade, onde se apreende se desenvolve a cultura, ensino de práticas e atitudes que implica mulher à discriminação, mulher mãe, a primeira principal educadora, mulher esposa, mulher dona de casa, mulher chefe de família, mulher trabalhadora, mulher como propriedade do homem, sua escrava sexual, o que espelha bem com um papel secundário no lar e na sociedade.

Na formatação do papel social da mulher na nossa sociedade, a mulher ainda é vista, é associada somente para o papel de cozinheira, como responsável pela educação dos filhos e para cuidar do marido.

É discriminada nas letras das músicas, nos grupos de carnaval, stleva, no teatro, na tradição oral cultural, na comunicação social, institucionalmente na sua representatividade politica, nos cargos de direção, na execução da sua atividade profissional, na estrutura social, cultural, desportiva, politica, económica e financeira no País.

O estado civil da população é uma das componentes demográficas importantes que permite analisar os diferentes aspetos das relações conjugais de uma determinada população.

Para além do casamento, o país conhece mais dois tipos de união. A união de facto e a chamada vivencha em que o homem, que é casado, mas tem outras mulheres (reflexo da Poligamia, origem disseminação da pobreza, quando analisado em pormenor para as consequências sociais culturas, económicas, de administração, da segurança interna).

Segundo o INE,

“As adolescentes não solteiras na faixa etária dos 12-14 anos constituem mais de 12% das adolescentes do distrito de Água Grande e da Região Autónoma do Príncipe e as adolescentes com filhos correspondem cerca de 11% do total das adolescentes a nível nacional, com percentagens relativamente mais elevadas nos distritos de Lobata (cerca de 15%), seguido de Lembá e Príncipe (cerca de 14% em ambos os casos) e Cantagalo (13%) o que não deixa de constituir preocupação, na medida em que, estas raparigas têm menos probabilidade de continuarem os seus estudos, formarem-se e virem a ter um emprego estável e escaparem-se do ciclo da pobreza e dependência económica. “

“A educação constitui um dos domínios em que a diferenciação entre os sexos ainda é relevante em S. Tomé e Príncipe. Segundo os resultados do RGPH-2012, a taxa de analfabetismo, calculada na população a partir dos 15 anos, é de 9,9% com diferenças significativas entre os sexos (cerca de 15% entre as mulheres contra 5,1% entre os homens). No meio rural, a relação entre os sexos é de 18,3% entre as mulheres e cerca de 7% entre os homens e no meio urbano de 13% e 4%, respectivamente, reveladoras de assimetrias marcantes entre os sexos. “

“Relativamente ao nível de instrução, e no referente ao Ensino Básico, praticamente não há diferenças entre os sexos (Taxa de feminização de 50,5%). Porém, no Ensino Secundário a taxa de feminização é de 46% e no superior de aproximadamente 35%, o que revela que é necessário continuar a fazer-se esforços no sentido de encorajar as raparigas e as mulheres a prosseguirem os seus estudos.

No referente à condição perante a atividade económica, o RGPH 2012 revelou que as mulheres são maioritariamente desempregadas (taxa de feminização correspondente a 59%) e inativas (taxa de feminização de aproximadamente 61%). Relativamente ao meio de residência, a proporção de homens ativos empregados no meio rural (66,2%) é quase o dobro de mulheres ativas empregadas no mesmo meio (33,8%). No entanto, o desemprego no meio urbano é mais acentuado na população feminina (62,5%) do que na masculina (37,5%). 12 “

“Relativamente à condição perante a atividade económica, 53,1% das responsáveis de família são ativas empregadas contra 82,7% de responsáveis do sexo masculino.

“Segundo os dados do RGPH 2012, as mulheres responsáveis de família constituíam 41,2% do total dos responsáveis de família contra 58,8 % de responsáveis do sexo masculino,…

Ao analisar-se a situação perante a atividade económica por tipologia da família, constata-se que 26,3% de família do tipo “Monoparental” cujo responsável é do sexo feminino é desempregado e 21,5%, inativo. Situação semelhante verifica-se para o tipo “Monoparental alargado”. De recordar que as mulheres predominam como responsáveis de famílias deste tipo e se não existir a figura do cônjuge nas famílias, a luta pela sobrevivência torna-se um desafio permanente e aumenta a vulnerabilidade à situação de pobreza e de pobreza extrema. “

“No que concerne a população inativa, as mulheres constituem a maioria, representando o dobro dos homens na mesma situação, ou seja, 66,5% de mulheres para 33,5% de homens. As maiores diferenças entre os sexos estão na categoria “Doméstico/a (s) ” onde as mulheres constituem 94,4% e os homens apenas 5,6%.”

Fonte INE STP

As mulheres constituem em maior número a população são-tomense, no entanto é o grupo social onde a pobreza/exclusão domina.

Perceber a questão da origem da pobreza, no seio da sociedade nacional, é fundamental, com enfase na forma como se vê perceciona culturalmente o papel da mulher na sociedade SãoTomense.

Os problemas de gravidez na adolescência têm impacto na desistência das jovens adolescentes da prossecução dos seus estudos no ensino básico, onde serão mãe solteira, chefe de família desempregadas.

Vejamos consequências os números de separação divórcio, famílias monoparentais em que as mulheres são as únicas, chefes de família, com a responsabilidade pelo sustento alimentação educação dos filhos, o impacto da falta da responsabilização parental masculina nesta matéria, com peso custos na presente futuro na segurança social.

O desemprego feminino, sendo elas chefes de família, os números de desemprego feminino, tem custos presentes e futuro na economia e na segurança social.

A questão violência domestica, violência infantil no seio familiar, violação infantil, crimes de violação,…prostituição juvenil feminina, a poligamia, as doenças sexualmente transmissíveis.

A exclusão social cultural institucional feminina tem enorme impacto nos números da pobreza extrema.

Mas são elas que estão em maior número, nos cuidados de saúde, nos cuidados da educação formação, nos serviços, na responsabilidade do lar, gestão económica financeira familiar, na agricultura, no sector das vendas, palaiês, as vendedoras dos mercados,… pois constituem uma mais-valia social cultura, económica na contribuição para a redução da pobreza.

Torna-se necessário que institucionalmente haja perceção deste impacto, que se abra caminho de inclusão das mulheres, nos lugares representatividade instituição, parlamento, nas instituições, nos serviços, hospitalares, nas escolas, nos ministérios, etc., etc…

Para, além das questões ligadas a saúde, a beleza, para as questões sociais, tais como, a questão de gêneros na nossa sociedade, a questão de estatísticas da mulher São-tomenses, questões materno-infantil, das famílias monoparentais, a questão do machismo, a questão da violência domestica, contra mulher e crianças, a questão da gravidez precoce, as doenças sexualmente transmissíveis, a questão da educação, da formação/qualificação, a questão do desemprego feminino, a questão do empreendedorismo feminino São-tomenses, em suma a questão da famílias São-tomenses para traçar com realidade um caminho trajetória evolução que se pretende de verdadeiro poder da emancipação da Mulher São-tomense.

Os agentes que gerem administram, os responsáveis políticos, os cidadãos, a sociedade civil organizada, os agentes económicos, devemos entender e compreender o benefício social, cultural, econômico e financeiro da necessidade de mudanças de comportamentos, de cultura, na importância da educação formação qualificação feminina, para o País (Território/População/Administração), a questão da pobreza, que crassa, no seio do nosso País (Território/População/Administração), está precisamente ligada com a questão do gêneros desde a nascença, modos de educação, direitos expectativas possibilidades e oportunidades.

A mulher dispõe de faculdades de concentrar e resolver solucionar, vários problemas ao mesmo tempo (pelo menos sete ao mesmo tempo).

O Homem da faculdade de concentrar, na resolução de um problema de cada vez.

Isto tem a ver com o processo da evolução Humana, ao longo do tempo.

Veja os contributos ganhos que se podem ter nos setores como educação, saúde, a justiça, turismo, agricultura, nas vendas, no comércio, se a aposta for nesse sentido, valorização educação formação qualificação das mulheres, basta olhar para as estatísticas de países mais avançados e fazer uma comparação com as estatísticas nacionais, a muito a melhorar organizar, apesar de alguma evolução temos longo caminho pela frente.

Pesquisemos a evolução que se conseguiu, em que espaço e tempo, nos países mais avançados nesta questão de gêneros, e vejamos a evolução social, cultural economia e financeiras, nestes períodos.

É uma visão de inteligência, de evolução, de pensamento, de organização evolução social cultural, económica de simplicidade, quando se pensa em comparação com machismos.

Ter uma visão organizada de administração da população, do território, que contemple, estas despectivas, é resolver também a questão da fome, da miséria da pobreza, da instituição família São-tomense

A organização das mulheres São-tomenses, em conjunto com a sociedade civil organizada, junto as instituições autoridades competentes trabalhar no sentido, valorizar, o papel da mulher São-tomenses, seu valor na organização construção da sociedade, exigindo legalmente por normas, leis, atitudes, ação, comportamentos, alteração de modos de educação femininos, alteração da responsabilidades parental masculina mediante responsabilização pela alimentação educação dos filhos, para com a família para ultrapassar da barreira da discriminação, exclusão social instituição, a violência contra as mulheres e crianças, questões de género, na nossa sociedade, no seio do nosso País (Território/População/Administração).

Danilson Malheiro

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