Opinião

Capitulação

Opinião

Eugénio Tiny

Que importância tem manter a maioria do cidadão são-tomense na ignorância dos factos reais que marcam a vida quotidiana na sua própria sociedade? Que coisa esta! (…)

Para mim, a resposta pode de entre outras, ser a seguinte:

— O desinformado é mais facilmente capitulado, sem dó nem piedade: — todo poder político e os demais, (refiro-me também a certos poderes económicos) têm disso sobejo conhecimento –. Eis, por conseguinte, o “título do articulado, CAPITULAÇÃO”.l

RESENHA DA SEMANA

O fecho subitâneo e inexplicável do “Programa Resenha da Semana” em que vinha participando de modo voluntáriohá cerca de vinte meses sensivelmente, foi algo que me surpreendeu sobremaneira, pois que eu própriotomei conhecimentodo fato,sábado no período da manhã daquela semana, quando me dirige para a Rádio Jubilar a fim de participar como já era habitual, em mais um debate semanal;quando aí cheguei, vi o técnico assistente e outros funcionáriosque, como era do hábito, estavam à espera do moderador do mesmo, para dar o seuinício; Waldner Boa Morte não – compareceu como costumava a ser –, pelo menos, até ao momento da minha saída do local por volta das nove horas e trinta minutos: normalmente, o programa tinha o seu início às nove horas e quinze minutos com mais, ou menos atrasos:

Mas, o que me deixou mais surpreso e triste é o comportamento do moderador, ou animador do Programa como quiserem; Waldner, segundo diz-se tinha estado dias antes num encontro demorado com Sua Excelência o Senhor Primeiro-ministro, e “Chefe do Governo”,(importando aqui pouco o conteúdo do que ambos teriam conversado, uma vez que, em S. Tomé e Príncipe, qualquer são-tomense e não só, pode se encontrar com o Chefe do Governo, ou, quaisquer outros dirigentes do país, sem que isto possa ser considerado algode anormal) e sabia porque tem conhecimento para isso, de que a sua “razão pessoal” (segundo soube) invocada na rede social, como justificação para o fecho do programa, dias depois do referido encontro, iria provocar como é óbvio, especulações de todo tipo, relativamente a sua pessoa, a do Senhor Bispo da Diocese e do próprio Primeiro-ministro Patrice Trovoada. Waldner sabe muito bem como é que age o homem são-tomense que é extremamente desconfiado e neste particular, ainda bem.

E é pena: (…).Certamente falaram de (inocuidades), do dia-a-dia; mas eu ca comigo, conjeturando em plena liberdade de pensamento, também duvido que de nada sobre a Resenha da Semana se tenha constado dessa inopinada agenda: mas a minha admiração é ainda pelo fato daquele que me convidou para participar dos debates no seu programa semanal aos sábados, ter viajado no mesmo dia para fora do País, sem que se tivesse dignado no mínimo, de me informar e aos outros, penso eu, de que iria ausentar-se por algum tempo, como aliás, o fizera muitas vezes; não quis acreditar no que premeditara perante a situação; saí da Rádio e ao passar pela Residencial Avenida, vi estacionado o seu carro do lado do Palácio cujo muro de vedação era cor-de-rosa; (…) parei, desci do carro e fui ao seu encontro como seria natural, de modo a me informar sobre o que se passava; como não o vi à primeira vista, perguntei aos demais presentes se o tinham visto,(havia muita gente inclusive um membro do Governo), ao que me responderam admirados que não; uns até num gesto de simpatia me fizeram o favor de solicitarem aos balconistas se o tinham visto uma vez que por falta de hábito me senti deslocado e sem jeito perante os presentes.

Deduzi que a admiração era o resultado de não me verem por àquelas paragens, sobretudo naquela hora em que devia estar no programa, contrariamente daquele que solicitei, tanto que me ajudaram a encontra-lo em vão: pois como disse estava de viajem. Como conheço responsabilidade, ao longo dos vinte meses que participei do programa só uma vez faltei por razões das dificuldades da vida, mas ainda assim liguei dando o meu contributo; apenas não estive de corpo presente nos estúdios; merecia por isso melhor consideração independentemente do que tinha acontecido.

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Perante Isto

Fiquei desabrigado, pois dá para pensar sobre o verdadeiro caráterdas pessoas em S. Tomé e Príncipe; dá para pensar sobre com quem verdadeiramente contar para qualquer coisa com alguma responsabilidade,sobretudo, quando se trata de assuntos de natureza cívico-político. Deste modo, e pelo que vejo não me iludo; vai ser muito difícil esboçar algo de sério e de qualidade substancial, visando o que quer que seja para um futuro mais risonho e promissor para todos os são-tomenses sem exceção. Nem na sociedade civil a coisa funciona e é francamente desolador:

— Aparte, convivi bastante tempo com o homem angolano; o angolano me ensinou a ser homem. O angolano nunca deixa o seu colega ao descoberto entregue ao ser esmagado ou sacrificado por nada; se for para morrer, morremos todos: disse-o sem qualquer hesitação num dos debates que me entregava ao sacrifício se algum de nós tivesse de passar por alguma purificação extravagante imposta por algum homem do poder em S. Tomé e Príncipe; e ainda hoje fá-lo-ei, mesmo sabendo de certa desonestidade intelectual que existe. Este é o mérito do homem angolano;o são-tomense porque tem origem dispersa e diversa em África, penso eu, tem outras caraterísticas, não é unido; aí daquele que não fizer, em vista do presente sociopolítico que se vive nas Ilhas, alguma atenção com pessoa com que lida! O melhor é dizer abertamente o que pensa, assumindo do que diz total responsabilidade.

Veja-se o exemplo do Luati Beirão (independentemente da sua motivação) em Angola – foi solidário com os seus colegas até ao fim: Por tudo isto a minha pergunta: o que fazer? Tenho aversão a traição seja de que tipo for! Em S. Tomé e Príncipemuitas vezes por migalha ou falsa promessaa pessoa deixa de ser o que é, para ser o que nunca foi; descarateriza-se. Por isso, o que penso digo onde quer que seja; sou profissional, artesão, músico e acredite não tenho a tara de nenhum partido político na minha testa. Sou assumidamente independente. Assim, não estou minimamente preocupado com a conjetura e opinião que se faz relativamente a minha pessoa pois (como ser pensante esta é uma faculdade que a dádiva da natureza confere a cada um e da sua livre e espontânea vontade) – é um problema de quem as faz, independentemente de quem seja –.

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A Igreja a Rádio Jubilar e os Comentadores

Também a Igreja, a Diocese de S. Tomé e Príncipe, não teve (em face do sucedido) melhor saída; prá já, um Programa com esta natureza e dimensão, não pode terminar e deixar de ir para o ar, só porque alguém, que seja ele, animador ou não do mesmo, se tenha manifestado indisponível“por razões pessoais” ao prossegui-lo; tanto quanto sei, uma razão pessoal, coletiva ou mesmo corporativa é sempre inferior e redutor à razão maioritária que nada tem a ver com aquela, e sobreleva-a; é assim que a vida continua independentemente do falecido que também prossegue a sua vida no mundo espiritual.

A vida social não pára à vontade da pessoa por mais eloquente e douta, rica e poderosa que seja; devíamos ter continuado com o Programa ainda que para o efeito tivéssemos de o aperfilhar dando outro nome com o mesmo batismo católico, tudo no sagrado respeito pelo ouvinte que não conhece nem quer saber das causas da suspensão, conquanto o mesmo satisfaçapelo menos espiritualmente o seu desejo.

Devo esclarecer aqui que na verdade, o Senhor Bispo da Diocese de S. Tomé e Príncipe D. Manuel António, nunca interveio no Programa Resenha da Semana; nunca tivemos enquanto “comentadores, chamados de residentes”, quaisquer encontros com ele nem com o senhor Padre Leonel Pereira que coordena a Rádio Jubilar. Entre nós, nunca houve discussão e análise prévia sobre quaisquer assuntos levados para o Debate pelo Waldner Boa Morte, que eu, de modo particular, só o via geralmente, no dia do programa; todas as questões eram colocadas (até prova em contrário), penso eu, no instante momento; daí, por vezes, alguma descoordenação e até hesitação, quando se tratassem de assuntos que exigissem maior aprofundamento,em vista do conhecimento de cada um. Tinha, porém, a vantagem de cada um,poder se exprimir livremente o seu pensamento, apenas com a obstrução em jeito de réplica, ou tréplica, decorrentes do próprio calor normal do debate. No fim íamos todos a Pastelaria Caju onde à vezera pago todas as despesas do consumo.

Por esta razão, quando também chegou ao meu conhecimento de que D. Manuel António “Bispo da Diocese de S. Tomé e Príncipe” teria sido chamado pelo Primeiro-ministro, sob ameaça de que se não mandasse parar o programa a Rádio Jubilar seria fechada ou melhor, interditada a sua emissão no país, causou-me espanto e estupefação, uma vez que nuncavira o Senhor Bispo à participar da programação do debate.

Qual o motivo? Era, segundo soube, devido a uma entrevista programada para àquela semana via on line com o senhor Peter a partir do estrangeiro, ou da Estação da Rádio em S. Tomé,ao abrigo da qual o mesmo iria provavelmente reproduzir ou eventualmente refutar, as suas declarações“tidas por bombásticas” que foram emitidas, e reproduzidas nas redes sociais.

Ora, com a independência que me tem caracterizado nessas análises, disse isso mesmo aos meus amigos e até um familiar,de que se estivesse no lugar do“Primeiro-ministro e Chefe do Governo”, teria procedido da mesma maneira, mas com nuances. Teria sido mais comedido, mais urbano e Cortez perante o Senhor Bispo da Diocese de S. Tomé e Príncipe.

Pois, trata-se de uma acusação bastante delicada e degradante da moral pública que coloca qualquer um num estado quase de paranóico. Logo, uma vez que foi ele próprio, o Senhor Primeiro-ministro quem pediu ao Ministério Público que fosse aberto um inquérito judicial sobre o assunto, era de todo judicioso que pretendesse se acautelar até pelo menos o fim do processo. No meu entendimento tudo normal: há aqui um outro aspeto que merece ser salientado; não foi, segundo pude entender, o Ministério Público quem no âmbito do seu juízo da indignação pública,provocada pelo facto, quem, se dignou como seria normal e de lei por essa“diligência judicial”, mas sim, ele próprio, o ofendido, quem teve a iniciativa, devendo no meumodo de ver, beneficiar de uma presunção geral de inocência, até que seja provado o contrário. O próprio enredo (negócio frustrado etc.) e a extemporaneidade da questão torna-as pouco séria. No entanto, partindo de um fato conhecido,(mesmo expresso de modo extemporâneo), se pode chegar ao outro desconhecido. Sobre isto nada mais digo.

Lamento todavia o sucedido e pelo fato de como disse atrás, não sermos previamente conhecedores repito, dos conteúdos dos assuntos agendados para a discussão e debate, pouco ou nada podia /íamos fazer no sentido de demover o animador do Programa Resenha da Semana, (se for esta a verdadeira causa de tudo) dessa sua eventual intenção.Pela minha parte e arisco por parte dos meus colegas, as nossas sinceras desculpas ao ouvinte da Rádio Jubilar.

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A Reação do Ouvinte

Atendendo a preocupação do ouvinte relativamente ao fechodo programa, concluo que muita gente o seguia com muito interesse, tendo-se tornado num dos programas de opinião mais ouvidos dos últimos tempos em S. Tomé e Príncipe. Equiparava-se na mesma pose do Debate Africano (Abílio Neto).Abordam-me pessoas, curiosamente, de todos os quadrantes políticos e sociais, e, todos sem exceção, me manifestando a sua discordância pelo fato de termos posto um fim ao mesmo.Sobre esta questão ficam as considerações atrás mencionadas porque não tenho mais elementos para além dos já indicados, para dizer exatamente quem teria ordenado parar tudo desta forma.

Penso que seria te todo conveniente para a Igreja e até para o próprio Governo, que o mesmo fosse retomado. Duas razões fundamentais me levam a esta conclusão: a primeira, por um lado, é que várias vezes ouvi o Senhor Primeiro-ministro e Chefe do Governo Dr. Patrice Trovoada, referir que S. Tomé e Príncipe é um País Democrático, apontando inclusive esta questão, como vantagem comparativa se calhar, relativamente ao outro; acredito que este discurso é verdadeiro. Por outro lado, a segunda é que só se pode melhor a grelha de programação nas unidades públicas em matéria de comunicação, se houver competitividade com o privado.

Num regime democrático multipartidário, não se pode ignorar a força da competitividade em todos os aspetos da vida sociopolítica, e muito particularmente neste domínio. Ignorar isso é falsear a verdadeira essência do regime democrático que é de per si competitivo e participativo. É evidente que isto exige muito esforço em matéria de produção de conteúdo informativo, sobretudo, para responder aos eventuais ataques dos adversários e mesmo dos “comentadores”, mas é isso mesmo que torna o processo interessante. É um desafio que o próprio regime impõe: Costumo a perguntar se algum Chefe do Governo ou Presidente da República é submetido à critica como em Portugal. Não, não tem sido assim: Só pode haver competitividade se houver abertura para o efeito. Disse-o e volto aqui a repetir; o que conta no estrangeiro não é só o que o Governo ou membros do Governo dizem, mas sim, é sobretudo o que o cidadão comum diz do seu País das gentes e dos governantes que mais conta. Pois como se pode notar, o cidadão comum não está vinculado nem constrangido por outros interesses senão os que conhece.

Quanto a Igreja (Diocese) sem quaisquer dúvidas, a Rádio Jubilar pelo menos aos sábados, aumentou consideravelmente o seu auditório o que não deixa de ser vantajoso e relevante de alguma forma.

Há que todavia referir aqui que de uma forma geral, em todo lado, existe por parte do poder político, certa propensão para exercer uma forte pressão sobre a comunicação social no seu todo, (estatal e privado) competindo unicamente ao jornalista e outro fazedor da opinião com base na lei, manter a sua integridade e verticalidade editorial. Todo poder acha que tem sempre razão e que o súbdito deve apenas e tão só obedecer.

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Motivo da Discordância do Ouvinte

Compreendo esta discordância porque na verdade havia pluralidade de opiniões; e mais ainda, certas questõesde fundo tidas como tabus, nunca antes abordadas por receio ou militantismo absurdo, começaram a ser ditas sem quaisquer preconceitos. O próprio são-tomense reconhecer pioneiramente que certaspráticas são nefastas para a sua vida política e económica é excelente. Isto porque não é possível o País viver sem políticas e sem políticos:

— Porexemplo: Dizer que a forma como se vem conquistando o poder político em S. Tomé e Príncipe é corrupta, torna-se numa grande afronta para o partido político e candidato, independente ou não, que concorrem às eleições nos seus diversos modos de manifestação, uma vez que todos têm utilizado o mesmo método “corrupto” para obter o poder. Todo são-tomense consciente tem consciência disso mesmo, só que não diz, pelo menos em público. É uma verdade indesmentível e fonte de conflito do poder ainda que de modo camuflado. Mas, devo dizer que mesmo eu, antes de adquirir mais conhecimento que agora modestamente tenho, e que me permite analisar melhor o assunto, não valorizava esta questão de tanta importância para a vida política do País. Dizia – John Brown, um reino povoado apenas por vilões e heróis no qual tudo é preto ou branco e o cinzento é uma cor proibida. É verdade, o cinzento não pode nem deve ser conhecido nem dito que existe. Mas é por aí exatamente que devo entrar nos próximos tempos sem medo.

Basta referir que nenhum partido político ou personalidade, em corporação ou de modo individual tem dito (de modo sincero aberto e sério quanto tem gasto com a sua participação no período da campanha eleitoral, e qual é, ou tem sido, a sua fonte de financiamento) em que banco da Praça são-tomensese encontram“nestas ocasiões” depositados o dinheiro, e dos seusmontantes. Se eventualmente tinha-os em casa, porquê que nãoos depositaram. Neste caso, quanto é que pagou ou pagaram dos impostos por tê-los em casa? Tudo isto, torna o ato tão nobre como o das eleições em desonesto, não sério, pouco concorrencial e competitivo. Há que mudar este paradigma desonesto e irregular de acesso ao poder político em S. Tomé e Príncipe. Isto foi falado não de modo tão profundo num dos programas do debate e chamou alguma atenção do ouvinte atento.

Basta ver que se tiver um amigo portador de muito dinheiro “limpo”, o melhor momento para o tornar “sujo” é precisamente o período da Campanha Eleitoral em S. Tomé e Príncipe. Período das Eleições. Ninguém questiona ninguém sobre a origem do dinheiro que utiliza e gasta, nem mesmo o “Banco Central de STP” que seja obviamente do meu conhecimento. Ouvimos no entretanto que foram gastos milhões e milhões de dólares, num país tão pequeno que não exporta senão aproximadamente cinco milhões de dólares ano, para eleger cinquenta e cinco Deputados. De onde vem, e como é que entra tanto dinheiro no País? No entretanto, fala-se de lavagem do dinheiro, e o cidadão desprotegido é julgado e condenado pelo suposto ato. Na verdade, qual é a diferença? A diferença decorre do fato de não ter sido processado no decurso da Campanha Eleitoral. Momento, talvez autorizado. Pois quando a lei não proíbe autoriza. Mas como a lei apenas institui mas não fala, o “negligente comparsa” é quem de direito que não faz cumpri-la.

Só há concorrência e competitividade leais, quando os contendores (adversários políticos) partem todos de uma mesma base, pese embora, não sou ingénuo, se possa aceitar alguma diferença por parte do poder político porque é assim em todo lado.

Pode à primeira vista parecer algo de marginal e sem importância mas não é assim: é de fundamental importância que se conheça a fonte de financiamento das eleições em S. Tomé e Príncipe (Leido Branqueamento do Capital e do Financiamento de Terrorismo) eque no fimda Campanha Eleitoral se prestem verdadeiramente contas do dinheiro gasto a quem de direito o “Tribunal competente”. Assim como está, a competitividade tem sido agravada pela oferta do dinheiro “limpo” cuja origem se vem desconhecendo. Não pode haver dúvidas sobre isto porque pode talvezser a causa principal da situação presente. Até pode ser que quem esteja numa dada altura no poder, não mereça la estar.

O Estado tem a obrigação de financiar as Campanhas Eleitorais, adequando a política eleitoral a sua real possibilidade e deixar de ser um Estado sem Estado. Cada Estado que é Estado, deve estruturar a seu poder e o modo de acesso, de acordo com os seus próprios meios, e não com o dinheiro dos outros. Deste modo, pode exigir e pedir contas a todo aquele que participa das eleições para a conquista e o exercício do poder político em S. Tomé e Príncipe. O País não é uma República Democrática das Bananeiras. É um Estado pequeno mas igual a outro Estado tem responsabilidade no Concerto da Nações, e, por isso tudo, tem de ter ordem que a lei impõe a todos sem exceção. Se cada um pode ir buscar dinheiro onde quer que seja para ser poder, então, basta ter um daqueles amigos que ninguém está impedido de ter. (…). Se for assim:

Ao continuar assim, tenho que o dizer e assumir de plena consciência que quem entrega esse dinheiro, seja quem for, é considerado corruptor eleitoral, e quem recebe nestas condições, igualmente corrupto eleitoral. Ambos têm de ter consciência de que têm praticado um grande mal a S. Tomé e Príncipe. O País corre sérios riscos de vir com a decorrência dessa impune atitude, a ser governado num futuro próximo pela máfia financeira, por aquele que paga e exige o cumprimento das suas adventícias orientações, devido ao agravamento da situação de pobreza. Pois o que importa é dinheiro venha donde vier para se ser poder e governar “rebanhos (Platão) imbecis” são-tomenses.

À parte, não me refiro as ajudas normais de solidariedade que ainda assim, e por razões de competitividade e transparência, devem ser sinalizadas a sua origem e seus montantes. É assim que deve ser, é assim que se pode falar de adequação e de conformidade para que as eleições possam ser consideradas de livres e justas, e não de toda essa hipocrisia que assistimos dos observadores internacionais pós eleitoral no País. Espero que o meu conterrâneo entenda o alcance da minha opinião que a sua será sacros santamente observados e respeitada por mim.

Por tudo isto, se pode perguntar honestamente; até que pontoàs eleições em S. Tomé e Príncipe são verdadeiras, livres, justas e normais? Credo!

As Instituições Financeiras Internacionais podem ajudar o Povo São-tomense a encontrar um outro rumo nos próximos tempos; dispõem de fundos que podem ser diretamente alocados ao Setor Privado nacional (rigorosamente controlados e distribuídos de modo apartidário e em função de projeto concreto de preferência estruturante) de forma a retirar as pessoas dessa dependência hegemónica “atrevida” e partidária e acorda-las dessa nefasta sonolência tida por uma fatalidade.

Portugal também não pode fechar as portas aos São-tomenses como tem acontecido “de modo humilhante” no trato da sua Embaixada em S. Tomé, e deixá-los à sua sorte; isto aqui está muito difícil; empobreceu muito nos últimos tempos e os Portugueses que têm de sobras matas e aldeias quase abandonadas a serem devoradas e engolidas pelo fogo, não podem se esquecer que muitos de nós, hoje, por contingência da Independência, tivemos como primeira nacionalidade originária (“que nunca negamos da nossa livre e espontânea vontade, porque não há um pedido escrito de cada um, em lado nenhum”) a portuguesa, os nossos filhos (que procuram cegamente Portugal por destino e costume enraizado no sangue), são nossos descendentes e viemos (dos nossos antepassados “escravos infelizes” trazidos pelo homem Português do Continente Africano) parar a estas Ilhas “Prisão”, (sei-la, agora, ou antes, sob comando de carcereiro malvado)que descobriram, povoaram e abandonaram no “aziago 12 de Julho” de setenta e cinco.

Ao nos deixarem, pelo menos, deviam(como religiosos e portadores de cruzes que sempre levaram às costas para as conquistas no além-mar), preocupar-se com esta data do dia aziago. Não podem se esquecer que muitos de nós que hoje temos reformas que não pagam o valor da energia elétrica que consumimos, sabemos ainda hoje, de coro e salteado, onde nascem os rios de Portugal, seus nomes e afluentes, passagens pelas vilas e cidades, montanhas, caminhos-de-ferro, sua História como ninguém; e somos estrangeiros. Deste modo, Portugal tem, a obrigação moral, de nos ajudar mais ainda, apesar das dificuldades que também aí existem; fica o meu sincero apelo e agradecimento antecipado ao Povo Português pelo acolhimento dos meus concidadãos.

Confesso que estou de acordo com Sua Excelência o Senhor Presidente da República DSTP, Evaristo do Espirito Santo Carvalho, quando disse em Portugal a Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, que STP foi também sua Terra. Sobre isto falarei numa outra ocasião.

Turismo?! Dessa matéria os Portugueses são especialistas; experimente (…). Veja Madeira e Açores!

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Outros Assuntos Importantes Que o Comum do São-tomense deve Saber relativamente ao “Cinzento”

Tenho questionado muito sinceramente se tem sentido algum, o Partido da Oposição atual ou do futuro, nas condições atuais, apelar a intervenção do Chefe de Estado para que tenha verdadeiramente uma intervenção cívica e políticas válidas, particularmente no que refere ao respeito a Lei Fundamental e não só,(e no caso da suas violações), quando não se conhece, e nem se tem vindo conhecer, a origem do fundo que deu, ou que vem dando o devidosustento a eleição ao cargo de Presidente da República. Admitindo que quem violou tenha sido, ou provindodo seu suporte eleitoral; como não render ele próprio o “Chefe de Estado” vassalagem a quem pagou tudo isto que não fica tostão? Seria ele considerado de muito ingrato, e foco imediato de conflito e de tensão: daí se pode entender melhor a questão que é verdadeiramente de fundo. Ele por melhor que seja, ou que queira ser imparcial e atuar, não terá suficiente força e poder para o fazer.

Portanto, quanto a mim, é mais umexpediente de retórica habitual da oposição são-tomense, que resulta quase sempre em perda de tempo, e serve ainda mais para confundir o cidadão desinformado.

Contrariamente a isso, deve atuar la onde dispõe de força e do poder para fazer ouvir a sua voz, devendo aí sim, ser conciso, preciso e determinante.

Porém, o Povo Português e em jeito de comparação, relativamente a este assunto, não me parece ter dúvida; pois o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa anunciou ao País (Portugal) quanto iria gastar com a sua eleição, falou do fundo obtido pela sua poupança e do Banco em que o referido valor se encontrava depositado. Tenho dito: Então, o Presidente, devidamente eleito, poderá ao abrigo desta legitimidade que lhe confere poder e força inequívocas, independência e liberdade, tomar quaisquer decisões que se impõem, quando se impuserem.

Mas a ferocidade do enigma é aindainimaginável; pois elimina a possibilidade de surgimento de outros valores frescos que a sociedade são-tomense bem precisa para a inversão do estado atual das coisas no país. Pergunto como é que um jovem pode chegar ao poder em S. Tomé e Príncipe se não se vincular (…) aos vícios e costumes políticos já existentes quer, na esfera individual, como corporativa?Mas, colocando-se assim, que tipo de frescura ou novidade poderá ele lograr trazer, antes mesmo de satisfazer e engordar a corporação ou individualidade da corte financeira? É simplesmente uma quimera!

Aliás, há um político são-tomense que perguntou a um outro o seguinte: Você quer ser Presidente?! Tem dinheiro?! Ora, se fosse comigo, tê-lo ia perguntado de imediato, seja qual fosse a sua posição hierárquica, se o seu pai lhe deixou alguma riqueza. Se me respondesse que sim: perguntá-lo-ia, aonde é que se encontra que quero ver para crer: se não me respondesse nada, deixá-lo-ia em paz pois que, a verdade que a própria coisa conhece, encarregar-se-á de o denunciar “se for caso para isso” no futuro; é apenas uma questão de tempo. Então, se ele não tem algum negócio lícito que se conhece, aonde teria também ele arranjado o dinheiro que o promoveu a uma tal categoria? Mistério.

Vll

Para Concluir Veja-se o Que se Passou e Faça Você Próprio a Sua Análise Sincera e Considere o Titulo do Articulado “Capitulação”

Os termos do juramento do Deputado são feitos do seguinte modo: Artigo 73º da CRDSTP.

– «Juro, Por Minha Honra, Cumprir e Fazer Cumprir a Constituição e as Leis, Defender a Independência Nacional, Promover o Progresso Económico, Social e Cultural do Povo São-tomense e Desempenhar com toda a Lealdade e Dedicação as Funções que me são Confiadas».

Ora, de acordo com Jean Bodim, a verdadeira soberania está no Poder Legislativo;(antes dele ninguém havia desenvolvido tão bem essa matéria) pois na verdade, os Deputados criam e instituem Leis que devem ser observadas por todos sem exceção; como então compreender que o Presidente do Órgão Legislativo possa ter a seguinte expressão no Plenário: — se for para violar a Constituição, viola-se–.

A condição para se ser Presidente da Assembleia Nacional em S. Tomé e Príncipe é ser-se eleito Deputado, portanto jurou no conteúdo do artigo 73º da CRDSTP. Até que ponto o interesse pessoal ou de grupo, muitas vezes egoístas, pode determinar por lapso, o verdadeiro carater de um certo individuo. Exerci estas funções (interina é certo, mas por um longo tempo) sabia muito bem que nunca, e por nada, me podia sair da boca, semelhante disparate. Há aqui um excesso de zelo (considero) na prestação de serviço por parte do Órgão. Não acredito que isto possa ser vaticinado por alguém de responsabilidade uma vez que o prejuízo não é imediatamente visível; coloca em causa a eficácia do Parlamento que tem de vigiar o cumprimento escrupuloso da lei, e põe ainda em causa a segurança do investimento, sobretudo, em matéria do investimento externo. Não é por fruto do acaso que qualquer investidor sério, quer saber como é que funciona o Órgão Legislativo do País e se há respeito e escrupuloso cumprimento da legislação existente. Portanto, como da para se ver e melhor entender, o verdadeiro inimigo é interno e não externo.

Bom, mas qual deveria serem facedesta expressão, a posição do deputado da oposição“especialmente este”, e também porque não outro, mesmo do poder, para que houvesse uma imediata correção positiva por parte do Presidente? Nada de mais. Todavia, se abandonassem ainda que por algum instante a Sala do Plenário, teria sido legitima. Esta legitimidade lhes seriam conferidaspelo juramento que fizeram aquando da tomada de posse ato de soberania. Continuaram com “alguma discordância é certo”, dando cobertura legal a ilegalidade. Violar a Constituição é um Golpe de Soberania que jurou injustamente defender.       Vlll

Qual Deverá Ser o Papel Das Universidades São-tomenses em Tudo Isto.

É o papel das Universidades em aulas próprias trazerem ao debate e discussão de tudo isto, de modo que mulheres e homens do amanhã sejam efetivamente diferentes. Espero que assim seja!

7 Comments

7 Comments

  1. boca pito

    19 de Setembro de 2017 at 15:49

    Grande artigo em termos de dimensão racional.
    Mas infelizmente…como todos que integram os órgão de soberania são brasas do mesmo fogo, a queimadura que provocam não terá diferença para serem tratadas. O povo pequeno, não terá desta forma, saída alguma, a não ser manter-se nesta ditadura democrática até um dia quando Deus quiser.

  2. explicar sem complicar

    19 de Setembro de 2017 at 19:16

    Oh Eugênio Tiny !
    Poupa-nos. Pra já escreveu tanto, mais não escreveu nada?
    E quer vir nos dizer que foi Patrice Trovoada que pediu ao Ministério Público para abrir investigação sobre o caso de Golpe de Estado que falou o Petêr Lopes?
    Patrice apressou a chamar a comunicação social, apenas ao saber que SAMBA, o PGR já tinha em forja estes expedientes.
    Venha com outra Oh Tiny.
    Todos conhecemos e acompanhamos o teu papel na resenha da semana?

    • atonito

      20 de Setembro de 2017 at 14:05

      O Patrice tempestade afirmou expressamente que deu orientações a procuradoria geral da república para abrir um processo e contactar as instâncias da África do sul para dar sequência ao assunto.

      Peter já afirmou publicamente que está nos seus aposentos de 2024 metro quadrado para irem o contactar.

      Procurador geral da república de stp é uma marionete na mão do tempestade.

      Só sabemos que todos andam a solta gozando das suas instalações.

      O mesmo passando com Elísio Teixeira, mito filho do ministro de agricultura.

      Que raio de justiça temos… só para julgar o povo pequeno e os que o governo achar da oposição.

  3. António

    19 de Setembro de 2017 at 21:25

    Li, de ponta a ponta, este belo texto de reflexão sobre a situação sócio-política em São Tomé e Príncipe. Um título bem adequado para a situação vigente, a que urge dar a volta. E pode ser tarde?!

  4. Martelo da Justiça

    20 de Setembro de 2017 at 12:09

    Caro senhor Eugénio Tiny, por favor para o futuro, faça artigos concisos e esclarecedores para não cansar as pessoas. Realmente este artigo complicou muito e esclareceu muito pouco.

  5. CL

    21 de Setembro de 2017 at 17:52

    Quanta confusão, meu Deus! Enfim, apenas duas questões extraídas deste confuso puzzle:

    O Senhor Eugénio Tiny quis sugerir que Waldyner Boa Morte foi ”comprado” pelo primeiro-ministro?

    Que foi o Waldyner Boa Morte que decidiu acabar com o programa por ter os ”bolsos quentes? Merci.

  6. CL

    23 de Setembro de 2017 at 17:32

    O senhor Eugénio Tiny quis insinuar, de forma venenosa, qualquer coisa contra o Waldyner Boa Morte. Ele encontrou-se com o primeiro-ministro. E depois?

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