Contratação de Consultor para elaboração do Termo de Referência que visa a Contratação de um Gabinete para realização de um Estudo de Viabilidade de Implementação da Pesca Semi-Industrial em São Tomé e Príncipe.
CLIQUE – AMI Nº005
Contratação de Consultor para elaboração do Termo de Referência que visa a Contratação de um Gabinete para realização de um Estudo de Viabilidade de Implementação da Pesca Semi-Industrial em São Tomé e Príncipe.
CLIQUE – AMI Nº005
Madiba
22 de Agosto de 2016 at 9:53
Pesca semi-Industrial
O que quer isto dizer?
Há muitos anos oiço falar na pesca semi-industrial mas na verdade não se vê peixes nenhuns, que não sejam aqueles pescados pelas canoas dos séculos passados. Ou será que nunca se implementou a tão falada pesca?
O quê que se passa? Talvez sou tão ignorante?
Peço desculpas pela minha ignorância!
Mas agradecia uma explicação de quem entende a matéria!
Obrigado.
Ralph
23 de Agosto de 2016 at 2:51
É uma boa questão e acho que será um assunto de definição. Talvez queira dizer pesca empreendida por individuais ou empresas pequenas se dispondo de barcos pequenos, mas exclua o envolvimento de grandes organizações que usam embarcações de grande porte e/ou maquinária avançada. Mas o senhor está correto, quem sabe?
Manuel Jorge de Carvalho do Rio
23 de Agosto de 2016 at 14:35
Caro MADIBA,
Fizeste bem em fazer esta pergunta e eu como técnico das pescas, me predisponho a explicar esta questão: A pesca artesanal em São Tomé e Príncipe está subdividida em várias tipologias consideradas por mim.
Temos o tipo I que são pescadores que mergulham perto da costa ou pescam em cima da pedra para a captura de espécies como o polvo, bulhão, mulato,…
O tipo II, são pescadores que utilizam pequenas canoas monoxilas construídas de madeira escavada com 3 metros a 6 metros de comprimento e navegam com ajuda do remo e vela. Normalmente os mesmos não afastam muito da costa, utilizam regularmente pequenos palangres (Linha com vários anzóis) e também fazem a pesca do corrico que são linhas postas na agua enquanto a canoa anda. Esta pesca demora apenas algumas horas.
O tipo III, são também canoas monoxilas de 6 – 8 metros, motorizadas (8 à 15 CV) e PRAOS (embarcação exógena introduzida em meados dos anos 80 em STP construídos de contraplacado marinho e possuem um balanceiro para ajudar com a estabilidade). Praticam também a pesca com palangres, redes derivantes do voador e corrico. Esta pesca demora apenas algumas horas.
O tipo IV são grandes canoas de 8 – 12 metros, monoxilas motorizadas (25 à 40 CV) e botes de fibra que praticam sobretudo a pesca com rede de cerco. Esta pesca demora apenas algumas horas.
O tipo V, são embarcações de tipo Carrioco, sem coberta, de 8 – 13 metros, e pescam sobretudo a linha. Muitos saem do porto de São Tomé até as pedras Tinhosas do Príncipe e por lá ficam normalmente 3 a 5 dias na zona de pesca. Possuem caixa isotérmica para conservação do peixe no gelo.
O tipo VI, são as embarcações com coberta, de 12 – 16 metros, que saem ao mar com uma equipa composta por cerca de 8 pescadores e vão explorar as águas do Príncipe ou outras e por lá ficam cerca de 10 a 15 dias. Alguns possuem alador para ajudar a montar as artes de pesca e possuem também grandes caixas isotérmicas para conservação do peixe no gelo.
Assim meu caro pode-se considerar que as embarcações do tipo IV, como as que praticam a pesca artesanal mais avançada ou seja a pesca semi-industrial porque, possuem equipamentos de navegação, sondas e outros equipamentos que permitem dar maior autonomia e ficar na zona de pesca durante vários dias. Para esta atividade normalmente exige-se aos marinheiros alguma qualificação técnica.
São Tomé e Príncipe, possui uma zona marítima de 160.000 Km2. A nossa pesca artesanal não explora mais de 8.000 km2 da nossa superfície marítima o que visivelmente começa-se a notar uma degradação dos recursos perto da costa devido ao constante esforço de pesca nas mesmas zonas onde os pequenos pescadores artesanais têm acesso.
Devido estas razões técnicas, económicas e sociais é que levou o projecto a proceder a este estudo porque necessitamos realmente de evoluir a pesca em São Tomé e Príncipe.
Madiba
23 de Agosto de 2016 at 16:21
Senhor Manuel Jorge do Rio
Agradeço-lhe de coração pela extensa explicação. Eu gostei e tomei boa nota.
Muito obrigado
Manuel Jorge de Carvalho do Rio
23 de Agosto de 2016 at 15:29
Meus caros, peço desculpas na minha anterior explicação, no 8ª paragrafo referia as embarcações de tipo VI e não de tipo IV.