Cultura

MANUEL PINTO DA COSTA ENTRE A TERRA FIRME E O PANTUFO

O ano de 2011 para além de ser um ano escarregadio e místico, como dizem alguns, ao falar de anos eleitorais, é um ano de intensa actividade cultural literária. Nunca se publicou tantos livros no país como este ano. Começou-se primeiro com um livro que teve a colaboração de vários especialistas nacionais e estrangeiros, orientado e organizado pela Professora Doutora Inocência Mata com o título, “Francisco José Tenreiro –As Múltiplas Facetas de um Intelectual” e depois seguiu-se-lhe o livro de poesias de Conceição Deus Lima “O País de Akendengué”. 

Por: Francisco Fonseca Costa Alegre

       (escritor, investigador e ensaísta) 

MANUEL PINTO DA COSTA 

ENTRE

A TERRA FIRME E O PANTUFO

 “Pantufo, Em Santana nasci/Em Budo-Budo brinquei/Em São João da Vargem cresci. Nunca morrei no Pantufo/Nunca me casei no Pantufo/Jamais parti de Pantufo. Mas Pantufo acende em mim o fulgor da primeira viagem. Além da baía para lá do mundo/ nos confins da distância imerso/ o mistério flutuava, cintilava/ no outro extremo de tudo./ Por isso Pantufo não era Pantufo/ Recuado na noite, era um enigma feliz/ era Lisboa./ Mas como eu não sabia que Lisboa era Lisboa/ Pantufo era somente a outra terra/ a que ficava além da ilha, além de mim…”

Assim relata a poetisa Conceição Deus Lima na página 37 do seu livro “A Dolorosa Raíz do Micondó”como uma herdeira natural de Francisco Tenreiro ou de Alda Graça Espírito Santo, dando valor as coisas, porque só nós e sobretudo nós, é que damos valor as coisas que são nossas imortalizando-as entre a verdade e a mentira, entre o bem e o mal, entre o passado e presente, entre a transição geracional e a passagem de testemunhos e, sobretudo, no registo de memórias. É assim que vos convido a ler o livro “Terra Firme” de um dos bem conhecidos veterano da luta de libertação. Trata-se do político e nada mais,  Sua Excelência Doutor Manuel (do Espírito Santo Pinto) Pinto da Costa, então Presidente da República e lider do Partido Político o MLSTP, fundador da nação santomense. Não há como ficar sem felicitar o autor pelo esforço em trazer a luz esta obra…Meus Parabéns por este começo, o interessante é começar. 

1-   Introdução

 O ano de 2011 para além de ser um ano escarregadio e místico, como dizem alguns, ao falar de anos eleitorais, é um ano de intensa actividade cultural literária. Nunca se publicou tantos livros no país como este ano. Começou-se primeiro com um livro que teve a colaboração de vários especialistas nacionais e estrangeiros, orientado e organizado pela Professora Doutora Inocência Mata com o título, “Francisco José Tenreiro –As Múltiplas Facetas de um Intelectual” e depois seguiu-se-lhe o livro de poesias de Conceição Deus Lima “O País de Akendengué”. 

Na sequência, Jerónimo Salvatera brinda-nos com “A Minha Homenagem ao 12 de Julho”, pelo que acompanhando o balanço destas publicações eu trouxe a luz um livro de conteúdo político-diplomático “A Rosa Dos Ventos”. Para revelar a potencialidade e a diversidade dos escritores santomenses, o escritor trágico-dramático Aíto Bonfim fez a apresentação do seu livro na ilha do Príncipe cujo título marcou a realidade mundial, africana e santomense “A Lágrima Áurea do Mal”.

 Neste caminhar, Albertino Bragança, o escritor conhecido entre os seus pares como contador de estórias, fez a publicação de dois livros “Um Clarão Sobre a A Baía” (segunda edição) e “Aurélia de Vento”. Ainda por lançar ao público e só nós os íntimos é que sabemos, Luís Vaz de Sousa Bastos decidu entrar para este mundo fantasiado da escrita trazendo ao público dois livros: “Memórias da Vida Em Retalhos” e “S. Tomé e Príncipe – desafios e desenvolvimento”.

 Desta forma, numa espera desenfreada e quando muito menos se esperava, como quem se coloca na Praia Perigosa junto do Museu Histórico, entre a estátua de  três navegadores portugueses, a mirar o Pantufo para além da bruma,  recebemos um livro de um dos actuais residentes da zona de Pantufo, com o título de “Terra Firme”. O seu autor é Manuel do Espírito Santo Pinto da Costa, este que comummente é conhecido como Manuel Pinto da Costa, formado e doutorado em Economia pela Universidade de Humboldt, então Berlim Leste.

 Portanto, este somatório de pubilcações contribuiu para revelar 2011 como um ano de uma mão cheia de livros…suficiente para alimentar a cesta básica de um universo diversificado de leitores.

 Costuma-se dizer que nós os escritores vivemos no espaço e muitas vezes não temos os pés assentes na terra, porque somos feitos de palavriados e de fantasias. Mas, nalguns casos alguns ecritores por coincidência ou não, narram profecias ou futurismo, que como vos disse algures, essas coincidências chegam a ser puras irmãs  da realidade. 

É o caso da Conceição Deus Lima com o seu poema PANTUFO que faz parte do texto poético do seu livro publicado em segunda edição pela Editorial Caminho,  “A Dolorosa Raíz do Micondó”, na página 37. Eu gostaria de sugerir-vos uma leitura desse trecho, porque a zona de Pantufo com as suas gentes, a sua igreja quinhentista com as três chaves de S. Pedro (nalguns textos religiosos aparecem apenas duas chaves) e com a residência do então Presidente da República e lider do Partido fundador da nação santomense, o MLSTP, é muito sugestiva como as chaves de S. Pedro.

 S. Pedro, é o único santo uno e patrono de todas as praias de S. Tomé e Príncipe, por sua vez foi um tal de Simião, um dos apóstolos de Jesus Cristo que Este decidiu chamá-lo de Pedro, dententor das chaves da Igreja, dando-lhe a complicada missão de “o que ligares  na terra ficará ligado e o que desligares ficará desligado”. O Pedro que só não se chamou Pedra por ser masculino, foi considerado o primeiro Papa, como o autor do livro “Terra Firme”, Pinto da Costa, tornou-se primeiro Presidente da República, qualquer coisa como a pedra da história recente deste jovem país.

 Quem for a localidade de Pantufo depois de passar por um forte de pedra e cal, onde está dentro dele a residência do autor do livro “Terra Firme”, uma localidade, uma praia que clama o santo patrono dos pescadres mais para si, como quem clama o maior ou o menor direito  legal de possuir algo, poderá ver no pórtico da capela local as três chaves, símbolo da Igreja do Redentor, tendo cada uma, um significado especial que vai de Sabedoria, Tranquilidade Espiritual, até  Felicidade Eterna.

 É com estas chaves que pedimos a ajuda de S. Pedro de Pantufo para abrirmos as páginas do livro “Terra Firme” e tirar delas algumas mensagens, alguns ensinamentos para a memória.

 2-   O Escritor e a Memória 

Escrever é uma arte de produzir textos e não é fácil para ninguém produzir textos, inclusivé para mim que estou batalhando para ser um verdadeiro produtor. Só que neste quadro de produção confrontamo-nos com textos de diversas características passando por textos jornalísticos, históricos, literários, científicos e políticos em forma de livros ou não.

 O jornalismo é o irmão mais velho da literatura assim como a crónica, embora seja um membro da família do jornalismo é assim também uma parente próxima de obras de arte. Tudo porque para os críticos no jornalismo, se na produção de textos políticos não existe criatividade, na literatura, a criatividade e a erudição estão necessáriamente presentes. Este assunto constitui um ponto de muita discussão qualitativa entre os especialistas.

 Porém, tanto de um lado como de outro (na literatura, no jornalismo ou nos textos políticos), confrontamo-nos com a existência de memórias e isso é indiscutível. Todo aquele que escreve um romance, que produz um livro de poesias, cria uma peça de teatro, relata um manifesto político, como é o caso do que vem no miolo do livro “Terra Firme”, de uma forma ou de outra, é um produtor de memórias. Por isso é que se diz que escrever memórias é tentar registar e distribuir informações numa perspectiva de construçào do património material e imaterial de uma sociedade, de uma nação.

 Por isso mesmo ainda, que se pode dizer que o então Presidente da República Doutor Manuel Pinto da Costa deu aos leitores a conhecer um conjunto de memórias que ficarão registadas para sempre, embora logo no primeiro capítulo o autor diga ao contrário não se tratar de um conjunto de memórias, nem mesmo de um ajuste de contas com o passado.

 Seguindo o princípio de honestidade intelectual, sinceridade autêntica, rigor deontológico e moderação da língua que deve pautar todo e qualquer crítico literario, eu insisto o livro tratar-se de facto de um conjunto de memórias em todo seu conteúdo, não me imiscuindo muito na forma da arquitectura da obra, para dizer que uma coisa é afirmar não se tratar de memórias e não escrever nada que se compare e outra coisa é dizê-lo e, fazê-lo mesmo com modéstia, como passo a citar:

 “Este não é nem pretende ser um livro de memórias. Muito menos um acerto com o passado. É isso sim, o compromisso de honra de alguém que lutou por um ideal e o concretizou: São Tomé e Príncipe uma nação livre e independente. Este compromisso é com o presente e com o futuro e com todos e cada um dos santomenses” ( Terra Firme pp 19).

 Como Senhor Presidente? Não pretende ser um livro de memórias?! Está claro, um compromisso é eternamente um acerto com todos esses espaços temporais: passado, presente e futuro, sendo primeiramente individual e obrigatoriamente de seguida, colectivo. Nós nascemos para o encontro um com outro, sobretudo o encontro com o nosso passado, nós construímos o nosso património de forma individual e colectiva sobre as ossadas do passado. Esta perspectiva individual interessante que Manuel Pinto da Costa orgulha-se em assumir, não se pode desligar do passado nem do colectivo dos seus pares veteranos da luta de libertação, quando no capítulo “A Transição para a Mudança” do  livro em análise o autor diz:

 “O partido que liderava teve a capacidade e a visão de antecipar a evolução da conjuntura internacional e regional. Impulsionou e levou a cabo uma transição para o sistema democrático multipartidário, depois de um profundo e histórico debate na sua Conferência Nacional, realizada entre 5 e 8 de Dezembro de 1989” (Terra Firme pp55)

 Este pedaço da peça que constitui o capítulo terceiro da obra, encerra consigo esta realidade inquestionável de ser algo altamente memorável, cujo mérito mereceu o esforço de todos os santomenses que se encontraram e desencontraram uns com os outros. O estado de espírito afectivo que unia os santomenses em 1975, não foi o mesmo em 1985 e consequentemente não era o mesmo em 1989, ano que se realizou a famosa Conferência Nacional em que o mundo esteve a mudar e, o Murro de Berlim que separava os dois “cognacks” preparava-se para desabar. (os dois conhaques, ver no Terra Firme, página 35, linhas 9 à 28)

 Quando se questiona a todos os intervenientes veteranos da luta de libertação ainda vivos e não só, o porquê de não aproveitarem o momento tão sublime do nosso século em que tudo nos favorece escrever, no sentido de darem a conhecer a sua versão particular da história recente do país, é porque queremos conhecer o nosso passado para fazer ajuste de contas e com ele erguer o futuro sustentável, numa perspectiva de transição geracional, proporcionar uma passagem saudável de testemunhos na cultura da riqueza imeterial do país.

 3-   Manuel Pinto da Costa e a obra

 Depois de se tornar Presidente da República aos 37 anos de idade em 12 de Julho de 1975, pois completou 38 anos em 5 de Agosto de 1975; depois de liderar 14 governos(em 15 anos, quase um governo por ano) até 1991, num contexto talvez diferente, altura que decidiu abrir o país para a democracia; depois de passar quase outros 21 anos na reserva(como um general) onde também desfilaram 14 governos constitucionais e dois de gestão, já nas vésperas dos seus 75 anos, Doutor Manuel (do Espírito Santo) Pinto da Costa traz a luz o livro “Terra Firme” para os estudiosos, sem dúvida, mas sobretudo para os eleitores das Presidenciais de 2011(?!!!). 

É por isso que o assunto ligado a (in)stabilidade passa ser assim a primeira vista utópico abordar, porque ele parece ser uma dinâmica da própria História Geral das ilhas, desde a era colonial que ultrapassou tanto a Primeira República como a Segunda. Na era colonial sempre houve crises e conflitos intestinais entre a Igreja e o Governador, o Governador e os Roceiros, os Agentes Camarários e o Governador. Relatam os que viram, um Governador foi mandado de Lisboa para S. Tomé, este ao chegar às ilhas, os agentes camarários mandaram-no de volta para Lisboa por ser um imberbe. E essa guerra entre as instituições e individualidades continuou e persiste até aos nossos dias com 14 governos de um lado e do outro das Repúblicas, em que Manuel Pinto da Costa e Miguel Trovoada afiguram-se com dois grandes elefantes.

 Se Sua Excelência Fradique de Menezes conseguiu escapolir sobretudo no seu primeiro mandato para ter o seu perfil e fazer a sua própria história atípica, não se poderá deixar de dizer que ele, Senhor Presidente Fradique, foi uma emanação dos Trovoadas para contrapor o Pinto da Costa que em vinte anos lutou para encontrar uma Terra Firme em forma de livro e em forma de poder, para chegar ao poder e contrapor outros adversários políticos e sobretudo uma outra emanação dos Trovoadas, o Evaristo de Carvalho…Como tudo nesse mundo tem um fim, ela, propalada instabilidade, acabará um dia, como o colonialismo que foi banido da face da terra ou como as correntes de ferro que vedavam a entrada até dos governadores coloniais nas Roças. Só que nesta Terra Firme, o Miguel Trovoada já tem um herdeiro e continuador da saga já no terreno, o Patrice Trovoada. Pinto da costa não preparou ninguém e nem tem um herdeiro de sangue e nem um continuador virtual como um Fradique  a vista em terra firme. 

Se Alda Graça Espírito Santo estivesse viva, uma saudosa veterana da luta de libertação como Guadalupe de Ceita, António Pires dos Santos (Onet), ainda vivos e que também estiveram na base da criação do Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe (MLSTP), desde 1960, que antes se chamou Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe (CLSTP); dir-se-ia que a nossa tia Alda, como era conhecida entre os queridos, teria um dedo na criação desta obra “Terra Firme”. Mas, mesmo assim poder-se-ia continuar a ter essa suspeição se no interior do livro houvesse passagens que nos levasse a ter essa preocupação.

 Todos aqueles que têm a paciência de ler livros de autores santomenses, valorizá-los porque nós é que damos valor as coisas e, tê-los na retina, devem estar lembrados que em Agosto de 1978 Alda Graça Espírito Santo publicou na Ulmeiro em Lisboa-Portugal, o seu livro de poesias de capa castanha “É Nosso O Solo Sagrado da Terra” e no seu interior todos os poemas estavam grafados com tinta que davam a sensação de sangue derramado ou solo castanho sagrado, cor da pele dos africanos, situação que por ocasião do primeiro aniversário do seu passamento em 2010, os seus amigos membros da UNEAS (União dos Escritores e Artistas Santomenses) a desfrutarem uma outra realidade em pleno século XXI, publicaram uma segunda edição da obra, pela Livraria Lousanense, de capa branca com o desenho a carvão de sua fotografia a encarrar o futuro com seriedade.

 Talvez seja essa a razão que levou Pinto da Costa a fazer quase a mesma coisa da primeira edição do “É Nosso O Solo Sagrado da Terra”, publicando com a Edições Afrotempos Lda em Maio de 2011, um livro de capa castanha, tendo no seu interior textos todos castanhos. O grande problema reside no facto de o nosso (camarada) Presidente Doutor Manuel Pinto da Costa ao querer ser poeta como a nossa malograda Alda, sua cunhada, (aliás todo criador é poeta, embora se diga que textos políticos não são criativos, por não serem parnasianos), ele talvez gostaria de escrever uma outra versão do livro “É Nosso O Solo Sagrado da Terra”.

 De “Solo Sagrado da Terra” para “Terra Firme” parece não existir distância nenhuma, mas existe de facto, porque simplesmente que no primeiro temos uma invocação apaixonante de Amador, guerra do mato, luta pela independência, a invocação a unidade, disciplina e trabalho com muita poética e, no segundo surge, dentre outros elementos,  uma sugestão para mudança do título de Terra Firme para Rpensar S. Tomé e Príncipe, conforme sugere o português General Ramalho Eanes, então Presidente da República Portuguesa(1976-1986) no grande prefácio da obra ao indicar o seguinte:

 “Nesta obra Terra Firme, que bem poderia chamar-se Repensar S. Tomé e Príncipe, Pinto da Costa faz como uma radiografia da situação interna e internacional circundante, mundial mesmo, no que ela representa e significa, pedagogicamente até, para S. Tomé e Príncipe”(Terra Firme pp 21).

Tudo porque, se entre a página 30 e 31 que tecnicamente poderia ter outro título que Nota Introdutória, aborda questões referentes a grande crise mundial, as guerras no norte do continente africano, ao ponto do autor invocar o que Alda Graça dizia doutra forma, “A Liberdade é a Pátria dos Homens”, Pinto da Costa acentua “A Liberdade é o Destino Natural dos Povos” ( Terra Firme pp31, linha 4).

 Nesse destino natural dos povos que Doutor Manuel Pinto da Costa afirma, estando na mesma linha de pensamento com a sua cunhada Alda, é que reside o fundamento de repensar S. Tomé e Príncipe que o General Ramalho Eanes aborda no contexto de um outro título para uma obra que vagueia entre a autobiografia e um harpão eleitoral. Esta análise conduz-nos a página 67 do Repensar S. Tomé e Príncipe que acho melhor e passo a citar:

 “É tempo, por isso, de nos questionarmos sem rodeios ou subterfúgios, sobre a qua- lidade da nossa democracia, promovendo o debate necessário para que se encontrem soluções que evitem um divórcio irredutível entre os partidos políticos. Urge discutir, sem complexos de qualquer índole, a forma como se faz política no nosso país. Adaptar o discurso às exigências das pessoas comuns. Repensar a organização partidária e as regras para a criação de novos partidos, equacionando se são as mais adequadas à realidade actual. Existem como se sabe, partidos que hibernam entre eleições e só dão sinal de vida nas campanhas eleitorais…”(Terra Firme pp67)

 E poderiamos continuar a nossa leitura pelo livro todo atingindo o capítulo onde o autor invoca o Petróleo e o Desenvolvimento, muito concretamente na página 119 fazendo a comparação com a Alemanha e a França no que toca as receitas do petróleo que estão quase a nossa barba temporal, para que haja uma lei consistente que preserve parte das mesmas a favor da gerações vindouras.

 No fundo estamos em presença de facto como sugeriu Ramalho Eanes da ideia de “Repensar S. Tomé e Príncipe”. Mas como os críticos literários, os analistas e os apresentadores de livros, são pessoas que navegam no mundo de probabilidades, deixemos o livro como está com o seu título de “Terra Firme” que é feliz, fazendo os mais sensíveis pensarem que o autor quiz desfarçadamente lembrar a sua cunhada Alda Graça Espírito Santo, embora ele faça no livro uma dedicatória a sua querida mãe.

 Geralmente, num romance como Vila Flogá de Sum Marky ou Aurélia de Vento de Albertino Bragança, A Roça de Fernando Reis ou ainda O Suicídio Cultural de Aito Bonfim, os leitores andam a procura, quando não está evidente, de um herói que é o próprio autor mascarado. Neste caso, não estamos em presença de nenhum romance, nem de uma obra de teatro, confrontamo-nos com um manifesto político eleitoral e o seu autor não está mascarado, nem aparece em marca d’água por exemplo como vemos o Rei Amador na nota de cem mil dobras ao levantá-la contra luz, como um stlijon piadô-záwa ao levantar o frasco da urina do cliente na sua  barraca de consultas.

 Este autor, pelo menos nesta primeira edição feliz, está todo ele acastanhado sentado numa cadeira de pele com Terra Firme em letras garrafais cravadas no peito. Se o Rei Amador parece ser o dono de todo dinheiro do país pela forma como representa o poder económico estando em todas as cédulas bancárias, até mesmo em forma de busto defronte de um Arquivo Histórico, como se fosse o dono dos livros e o dono do saber, que é impossível, este autor, Manuel Pinto da Costa, aparece todo acastanhado da cor do Solo Sagrado da Terra, em Terra Firme. Ele parece ser um rei que não é o Amador, mas parece ser um Presidente que foi (1975-1990) e vai ser de novo (2011–?), com a mesma voz dos seus trinta e sete anos nos tempos que já não são novos e ele mesmo já não é aquele Presidente novo, na necessária passagem de testemunhos, num momento de forte processo sociológico de transição geracional.

 Qualquer coisa como um “Papai Garande” como dizem os populares, qualquer coisa como um General que perdiamos em 1991 e que voltamos a tê-lo vinte  anos depois no século XXI, em 2011, empurrado por um verdadeiro General de divísas e condecorações, o Eanes, que prefaciou a obra e sugeriu que a Terra Firme fosse Repensar S. Tome e Príncipe.

 Viva a Liberdade a Pátria dos Homens como nos disse a nossa eterna e querida Alda Graça Espírito Santo, ou então, Viva a Liberdade Destino Natural dos Povos, como decalca o nosso eterno Presidente igual aos outros como Miguel Trovoada e Fradique de Menezes que o destino quiz que também fossem Presidentes da República e a história recente registou para a memória e o ajuste de contas com o futuro. Enfim, Repensemos S. Tomé e Príncipe…..porque o autor na recta final da sua obra, precisamente na página 139, sonha o seguinte:

 “Haveremos de fazer de S. Tomé e Príncipe uma terra firme de oportunidades. A harmonia da sua natureza exige a harmonia entre os homens. Assim estejamos à altura desse desafio” (Terra Firme pp 139).

 4-   Conclusão

 A Terra Firme veio para ficar entre o Pantufo e o Palácio Cor-de-Rosa. No Pantufo existe a Igreja de S. Pedro com as três chaves e perto do Palácio Cor-de-Rosa, existe a Sé Catedral que no passado tinha três portas na fachada principal e agora tem uma única. 

No entanto continuamos a espera que os veteranos nada diferentes do Pinto da Costa como, Carlos Graça, Leonel Mário d’Alva, Miguel Trovoada, José Fret Lau Chong, Guadalupe de Ceita, Maria Amorim, Gastão Torres, e outros mais, que escrevam suas versões dos factos na nossa terra firme, para o nosso consumo imaterial e certamente ajuste de contas com os espaços temporais.  

 Assim seja! Que Deus em forma de “ESPÍRITO SANTO” para todas as seitas cristãs, ilumine a minha mente e modere a minha língua no rigor deontológico em nome da paz e do progresso. Somos nós e sobretudo nós mesmo, que apreciamos e damos valor as coisas imortalizando-as…e há várias maneiras de torná-las imortais. Uma delas, talvez dentre muitas, é dizer com muito orgulho, ALDA GRAÇA não morreu

 BIBLIOGRAFIA 

Alda Graça Espírito Santo, É Nosso O Solo Sagrado da Terra, Ulmeiro, Colecção, Vozes das Ilhas nº 1, Lisboa, Agosto de 1978

Conceição Deus Lima, Poesia, A Dolorosa Raís de Micondó, Editorial Caminho, Lisboa, 2006

Francisco José Tenreiro – As Múltiplas Faces de Um Intelectual, Organização Inocência Mata, Edições Calibri, Lisboa, Dezembro 2010

Francisco Costa Alegre, Crónica de Magodinho, Tipografia Lousanense Lda, Lousã, Portugal, 2003

Jerónimo Salvaterra, A Minha Homenagem ao 12 de Julho, Tipografia Lousanense, Lousã, Portugal, Janeiro de 2009

Manuel Pinto da Costa, Terra Firme, Edições Afrotempos, Lda/Santa Maria da Feira, Lisboa, Maio de 2011

Textos da Wikpédia sobre S. Pedro, 2011

Umberto Eco, Os Limites da Interpretação, Tipografia Lousanense, 1990

18 Comments

18 Comments

  1. Olavio

    8 de Agosto de 2011 at 11:02

    Este linvro vem em boa hora e o conteudo contem muitas lições a tirar no meu ponto de vista e modestia reflexão.
    Convidaria apartir deste que cada presidente da Republica sessante brindasse a nação com a sua visão e actos concretos durante o seu mandato. Não se esquecendo de deixar recomendações em prol do desenvolvimento equidade de distribuição de riquesa e equilibrio politico social para armonia e coesão social… somos pouco para juntos fazer avançar o pais…

  2. JOSE TORRES

    8 de Agosto de 2011 at 11:09

    Muito obrigado meu amigo. Acredito que assim e com pessoas assim iremos adiante em prol do desenvolvimento de S.Tome e Principe.

  3. João

    8 de Agosto de 2011 at 11:18

    Muito bem, mas também nao vale escrever porcarias.
    João

  4. JAILSON CRAVID

    8 de Agosto de 2011 at 11:25

    Tenho fé e esperança que o pinto da costa vai ajudar muito em prol do desenvolvimento de s.tomé e príncipe.

  5. diogoc.

    8 de Agosto de 2011 at 12:02

    meus parabens fizeste o que devias venceste

  6. diogoc.

    8 de Agosto de 2011 at 12:04

    o pintainho venceu

  7. diogoc.

    8 de Agosto de 2011 at 12:07

    parabes pinto da costa venceste as eleiçoes prisidenciais

  8. diogoc.

    8 de Agosto de 2011 at 12:13

    parabens pinto da costa venceste as eleiçoes priciais

  9. parabéns

    8 de Agosto de 2011 at 13:30

    parabéns pinto da costa
    parabéns evaristo de carvalho
    parabéns o povo de stp

  10. Gui

    8 de Agosto de 2011 at 14:37

    Poxa! O autor desse artigo eh um bajulador por excelencia! Ou vai ser assessor do seu Pinto ou vai ser ministro no proximo governo.

  11. Graça

    8 de Agosto de 2011 at 16:27

    Parabens o Man Pinto.
    Ainda tenho dúvidas sobre o seu espírito de justiça e união que prosperás. Se dentro de 5 anos não consiguires atenuar a onda de corrupção e unir os santomenses, acho que o melhor para o Senhor é encostar. Dessa vez as coisas de certeza não correrão muito bem.
    Este lugar é de Dr. Filintro ou Maria das Neves e não de um produto fora de prazo.
    Estou de olhos…..

  12. parabéns

    8 de Agosto de 2011 at 19:23

    parabéns diz:

    8 de Agosto de 2011 às 17:25

    queremos paz, estabilidade política e social, desenvolvimento, justiça social, combate a corrupção,emprego para os jovens, energia, água, estrada, mais saúde, mais educação, formação, aumento salarial, 13º mês como um direito do funcionário,mais trabalho, disciplina,civismo, mais atenção aos idosos, as mulheres, as crianças, aos estudantes, internet de qualidade a baixo custo, comunicação a baixo custo, transporte aéreo e maritimo , transporte público, habitação para os jovens, legalização de mototáxi,baixa de preço dos produtos de 1ª necessidade, rotatividade nos cargos públicos,promoção da competência e honestidade,avaliacão dos funcionários públicos,inspecção a todos níveis,respeito ao meio ambiente, a natureza, combate a pobreza, combate a violência doméstica, mais disciplina rodoviária , combate a descriminação, mais imprensa privada,etc. são acções da responsabilidade do governo ,mas não só, são também, do pr, dos deputados, dos autárcas, dos chefes,dos embaixadores, dos privados, partidos politicos,os estrangeiros residentes, sociedade civil e todos os sãotomenses de boa vontade. bem haja. viva pinto da costa, viva evaristo de carvalho, viva o povo de s.tomé e príncipe, viva a democracia.

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  13. Joãoceley Gama

    9 de Agosto de 2011 at 11:24

    O nosso prisidente,elejemos o senhor mas não queremos passar o que os mais velhos passaram na era,vivaaaaaaa o Manuel Pinto da Costa .

  14. jorgecruz

    10 de Agosto de 2011 at 14:23

    Eu vivo em Portugal há vinte anos mas estou contente com a vitória do MLSTP/PSD que é Doutor:Manuel Pinto da Costa,porque no tempo do actual presidente nenhum estudantes santomense que encontram fora do país choravam por falta das condições da bolsa de esdutos mas todos que estão fora choram dia e noite por falta do pagamento da bolsa no estrangeiro

  15. MELQUIADES NEVES

    17 de Agosto de 2011 at 12:12

    Irmãos, pensam juntos com migo, e vamos ser Inteligentes.
    Vamos chamar o Governo Angolano, e vamos fazer um pedido.
    Angola passar a ser Republica Federativa de Angola, e São Tomé e Principe passar a ser um dos Estados de Angola com Autonomia Administrativa e financeira
    Mueda unica
    Essa suberania não tem dado provas

  16. MELQUIADES NEVES

    17 de Agosto de 2011 at 12:17

    Medida urgente de vencer a insolaridade e a pobreza, federar São Tomé a um pais do mesmo continente, que fala mesma lingua, e com poder hibelico suficiente.
    Se Pinto da costa pensar assim estara mais uma vez a pensar no nosso futuro.
    se estiver errado, as minhas desculpas
    Melquiades Neves 9904456
    Por uma terra nova

  17. Esperança em ver o país a desenvolver

    27 de Setembro de 2011 at 7:09

    Meus parabens srº Doutor Manuel pinto da costa .Lutei muito ai a onde estou para que vc ganhace essa mesma eleição,por isso te pesso que faça algo para o nosso país .Porque o mesmo é muito pequeno e tem pouca população e esta como esta .
    PORQUE SEI BEM QUE TENS A COMPETENCIA DE ERGUER O NOSSO PAÍS.
    Quer lhe fazer uma pergunta .
    POR ONDE VAIS COMEÇAR ?

  18. Edjelson Luis

    31 de Outubro de 2011 at 0:33

    Preciso de um grande favor. Alguem pode me dizer aonde posso aranjar o livro q tem o conto: Mento Muala Cozinheiro.???

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