Cultura

59 anos depois do masssacre Batepá tem memorial que imortaliza o seu sofrimento

A população de Batepá, onde começou o massacre de 1953, sente-se honrada com a construção pela câmara distrital de Mé-Zochi do memorial que imortaliza o massacre. Os sobreviventes, consideram que a juventude não pode esquecer o sofrimento consentido pelos habitantes de Batepá, para que o país fosse livre e independente.

O memorial construído pela câmara distrital de Mé-Zochi, no centro de Batepá, chama a atenção de qualquer visitante. É o símbolo da resistência dos habitantes da localidade, hoje designada vila de Batepá, contra a dominação colonial.

Marcolina Aguiar(na foto), actualmente com 80 anos de idade, é uma das sobreviventes do massacre de 1953. Enaltece a iniciativa da câmara distrital de Mé-Zochi, que através do memorial construído no centro de Batepá, dignifica os sobreviventes do massacre e leva os jovens ao encontro da sua história identiária. «Tudo começou aqui e depois alastrou-se para outras localidades. Na altura eu tinha 21 anos. Padeci muito. Mataram o meu pai. Levou-nos todos para Fernão Dias, trabalhávamos no meio da chuva e dormíamos molhados. Deram-me com coronha de espingarda nas costas e até hoje não consigo baixar muito o corpo», explicou Marcolina Aguiar.

Com sorriso no lábio que ilumina o rosto lindo coberto por rugas, impregnadas pela idade, Marcolina Aguiar, que todos os dias vende pão diante do memorial, não esconde a satisfação. «Eu gostei do que fizeram. Tem que ser assim, para os jovens nunca esquecerem o que aconteceu», acrescentou.

Batepá está localizado no coração do distrito de Mé-Zochi. O massacre que ali começou em 1953, subiu para António Soares e outras localidades vizinhas, mas também desceu para Trindade, a capital de Mé Zochi.

A determinação dos habitantes de Batepá no protesto contra a dominação colonial, sobretudo na submissão ao trabalho sob regime de contrato, faz da  actual Vila uma referência histórica do país. Não é em vão que todos os anos nas celebrações do dia da independência nacional, a chama da Pátria parte de Batepá, para chegar a praça da independência na capital São Tomé, a meia-noite de 11 de Julho.

Mé-Zochi, foi palco das grandes revoltas populares que se registaram em São Tomé e Príncipe. O massacre de 1953, despertou a consciência dos nativos na busca de caminhos para a independência. A história indica que foram nos terrenos de Mé-Zochi onde se desenrolaram também a maior revolta de escravos sob a liderança do Rei Amador. «Acredito que Mé-Zochi é o distrito número 1 da história de São Tomé e Príncipe. Se a memória não me falha a revolta de Rei Amador também teve como epicentro as terras do distrito de Mé-Zochi. Temos que defender a imagem de Mé-Zochi, como o distrito primeiro, na luta pela libertação de São Tomé e Príncipe, pela independência e pela democracia», declarou o Presidente da Câmara de Mé-Zochi.

Nelson Carvalho, jovem sem formação universitária que desde 2010, preside a segunda maior autarquia do país, disse ao Téla Nón, que mais acções estão em curso com vista a promoção da identidade cultural de Mé-Zochi. Distrito que gerou nomes sonantes da história são-tomense. «Começamos com monumento, mas há outras figuras do distrito que marcaram a história do país que vamos homenagear. Brevemente será inaugurada a praça engenheiro Nuno Xavier, também vamos dar nome de uma das ruas da cidade da Trindade, ao grande nacionalista Salustino Graça. Isto para que o país e Mé-Zochi não se esqueçam desses filhos que marcaram a história do país», referiu Nelson Carvalho.

Mé-Zochi, é mais do que um distrito em São Tomé. É a principal fonte de água que alimenta quase todo o país, é origem da maior parte dos actuais habitantes da cidade de São Tomé. «Como sabe quase tudo neste país nasce em Mé-Zochi. Nós os mezochianos estamos orgulhosos pelas potencialidades hídricas que temos, pelas potencialidades históricas do distrito, por sermos também referência agrícola», concluiu.

Para dignificar Batepá com o memorial o poder local de Mé-Zochi investiu 436 milhões de dobras.

Abel Veiga

26 Comments

26 Comments

  1. malebobo

    20 de Julho de 2012 at 8:58

    muito bem Sr.nelson de Carvalho,coisas ineditas

  2. De Longe

    20 de Julho de 2012 at 9:00

    Nunca esquecer os nossos sofrimentos. Recordá-los não como forma de nos vitimizarmos mas como forma de nos organizarmos para evitar que se repitam.
    Por falar nisso: já dempos conta de que o sofrimento em que estamos pode não ser tão forte num momento, mas dura tempo que o torna pior que o de Batepá?
    Vamo-nos preprar para evitar?

    • gualter almeida

      21 de Julho de 2012 at 20:20

      nossos sofrimentos? o que é que sofreste ?

    • gualter almeida

      21 de Julho de 2012 at 20:23

      não sabes o que se passou realmente portugal procedeu mal mas pelo que algus antigos contam tudo originou devido alguns patricios a passar informaçãos para o lado contrario com algumas mentiras portanto também ouvi culpa da parte de alguns s.tomenses que colaboraram

    • De Longe

      22 de Julho de 2012 at 14:23

      Sr Gualter Almeida
      Peço que me desculpe se me enganei.
      Não sofri nada nem mesmo o pânicos que sofria na infância depois de ouvir os relatos dos mais velhos pode ser considerado sofrimento. Usar nosso é ousadia porque querer me incluir na história e na cultura do povo a que julgo pertencer.
      Quando se fala em recordar a história para evitar que certas coisas se repitam´não se estará a falar também dos erros daqueles que colaboraram?

  3. STP@

    20 de Julho de 2012 at 11:38

    Bom Trabalho!!!!!,merece reconhecimentos. O Governo devia saber copiar os bons exemplos das pessoas não corruptas e que querem mesmo trabalhar dando o meu melhor para o desenvolvimento de STP. O que parece-me a mim, é que o Governo está recheado de senhores com formação superior e doutores, mas que não passam de ministros e secretários de meia tigela, e que nada fazem nem tão pouco sabem copiar o que é bom. Bom exemplo Nelson Carvalho!!!

  4. STP@

    20 de Julho de 2012 at 11:43

    correção : “Dando o seu melhor” ao invés de “dando o meu melhor”

    Desculpa e Obrigado!

  5. zé semba

    20 de Julho de 2012 at 12:07

    Que homenagem é esta? Com cores que não têm nada haver com o massacre. De que doido partiu esta iniciativa? Antes de fazer pede opniões ou instruções,não faça de forma leviana, Sr.Nelçon Carvalho….

    • Antonio Neto

      20 de Julho de 2012 at 15:23

      Senhor Zé Semba, por nfavor não conheces a historia, e o nome Nelson não se escreve assim ( Nelçon).
      Por outro lado, qual é a sua opinião? Deixamos de criticar e ajudar a construir.

    • Antonio Neto

      20 de Julho de 2012 at 15:36

      Senhor Presidente da Câmara de Mé-Zóchi, muita gente não te conhece bem nem o senhor Abel Veiga e dão informações incoreta.
      Eu sei que o senhor esconde os seus triunfos, mas eu sei que o senhor esteve na Universidade Autonomas em Lisboa (UAL), na INA, na CENFIC.

      Portanto acho que um jornalista deve tera informação coreta depois para divulgar.

      Vai em Frente, os invejosos é que falam mal de ti. Viva democracia.

    • Fruta pão

      21 de Julho de 2012 at 21:09

      Meu caro amigo Ze Semba, o sr deveria a mais tempo, vir e fazer o melhor, alias, pelo menos algo…Santomenses são mesmo assim, depois de fazer todos criticam, mas antes ninguem faz nada e não fez..
      Fica a democracia.

    • Coladura

      22 de Julho de 2012 at 9:55

      Zé semba,
      Analisando sua intervensão tem contribuição ZERO, única coisa que sabe fazer! é tentar minimizar e destruir com esse teu bla-bla-bla?

      Que descaramento, não tem pra nadar, pelo menos devia aceitar a iniciativa de quem deu alguma coisa que está ao seu alcance, que já é muito, bom e vc? Já pensou em dar alguma coisa em vez de reprovar aos outros? …

    • Coladura

      22 de Julho de 2012 at 9:58

      Correcção” Deve-se ler não tem nada pra dar, em vez de “não tem pra nadar”

  6. Isidoro Porto

    20 de Julho de 2012 at 20:19

    De grao em grao a galinha enche o papo. Com parcos recursos pode-se fazer coisas simples mas de grandes significados. Com apenas 20,000 Euros fez-se algo que dignifica a nossa historia. O crescimento, o desenvolvimento, atinge-se com trabalho, com pequenas iniciativas, com tomada de consciencia, como estas e nao com politiquices. Estao de parabens, todos aqueles que contribuiram para que isto tornasse realidade.

    Isidoro Porto
    20/JUL/2012

  7. Carlos Medeiros

    21 de Julho de 2012 at 11:03

    Massacre originado pela ganância de uma praga que temos em S.Tomé e Príncipe chamada de Forro. Foram estes antigamente ganaciosos e ladrões e grandes ganaciosos e ladrões que o país se encontra na situação em se encontra. Causa do Massacre: um pequeno grupo de forros gananciosos e aldrabões prometeram aos brancos que conseguiriam arranjar pessoas para trabalhar desde que os brancos lhes dessem terras e uma pequena quantia em dinheiro…resultado: não conseguiram convencer ninguem a trabalhar e os brancos reagiram mal uma vez que tinham pagado para que tal acontecesse.

  8. ze semba

    21 de Julho de 2012 at 12:13

    Sr. António Neto, está fora de nível e só escreve disparates.Nelson sei graças a deus como se escreve, por engano aconteceu, mas relativamente a si os teus comentários estão carregados de erros ortográficos se por acaso o Sr. sabe o verdadeiro significado da palavra (ortográfico) meus parabéns pelos seus comentários fora de linha.

  9. Argenezio Antonio Vaz

    21 de Julho de 2012 at 18:15

    Pois é, Portugal deveria corrigir – se com a historia. Senão vejamos, prendem o antigo nazi para ser julgado, a Alemanha pagou a sua divida com os judeus e com os outros povos da Europa. Vocês os portugueses, não vão pagar aquilo que fizeram aos povos africanos, ou estão a espera das suas riquesas?
    Seria mais fiel e honesto pagar o que fizeram aos africanos, isso sim, os nossos dirigentes deveriam transmitir isso aos portugueses e trabalharem sobre esse dossier. Deixemos de criticar o Forro , o caboverdiano , o moçambicano, todos que estavam envolvidos nesse acto.
    tratemos de uma vez, pelo menos de STP.

  10. Colomba

    22 de Julho de 2012 at 14:59

    Façam figas para que não seja descoberto petróleo debaixo do Memorial de Batepá, se não lá se vai o memorial como foi o de Fernão Dias – símbolo da independência e do orgulho da nação -, para construção do porto de águas profundas.
    Cumprimentos.

  11. Dany

    22 de Julho de 2012 at 15:36

    lendo e analizando bem as opniões, chego a conclusão k o país esta fragilizada porque nos somos pobres de espirito, ñ amamos uns ao outros pk digo isso, so fazemos criticas distrutivas ao invés de fazer criticas construtivas,so assim vamos ajudar a pessoa k ker fazer algo pelo povo, o k Nelson Carvalho fez ñ deveria ter criticas…Onde anda a pessoa k critica? k contributo deu ao país? conselho vamos ajudar e ñ complicar, so assim podemos chegar o desenvolvimento…

  12. Colomba

    22 de Julho de 2012 at 15:57

    Façam figas para que não encontrem petróleo debaixo deste memorial, para não acontecer o que aconteceu com o memorial de Fernão Dias – símbolo da independência e orgulho nacional – que foi destruído para a construção do porto de águas profundas.
    Cumprimentos.

  13. Bodon Kulu

    22 de Julho de 2012 at 18:31

    Apesar de aspecto demasiado garrido,trata-se de grande justiça moral.
    Agora falta “Rebordelo”, pois encontra-se aí soterrados dezenas de pessoas e nenhuma lápide ou cruz a assinalar o local.Ou será que já existe?
    Bem haja.

  14. sulila miranda

    23 de Julho de 2012 at 15:28

    É o começo, mas precisamos de mais coisas lá. Os mejoxianos devem construir mais casas modernas naquela zona. A gente passa por lá e não há nada que convide a parar, ao menos um bom restaurante, sei lá! Vamos mudar Batepá.

  15. Cobra Preta

    23 de Julho de 2012 at 16:40

    Pois é … Mézochi dava para fazer uma República. Tem tudo até Praias….
    Tem mais é papês de água doce porque Praia Melão é mais Água Grande do que qualquer coisa. Bôbô Forro é Mé Zochi! Este País precisa de uma Revisão Político-Administrativa o mais rápidamente possível. Aonde é que se viu, por exemplo Àgua Telha, Pótó Zamblala pertencerem ao Distrito de Mázochi.?….. Deixem de ser tão egocêntricos e convencidos. Todos os distritos são importantes. Cada Distrito tem a sua potencialidade. Por exemplo façam uma comparação com Lembá ou Região autónoma do Príncipe.

  16. Tombene

    24 de Julho de 2012 at 15:14

    Se Miguel Relvas…. em Portugal dizem que não tem diploma…. Ontón Preciso saber onde que ese meu vizinho estudou, no seu país Santomé ou noutro lugar? Qual escola ou colégio que ele frequentou para ir estudar na Universidade Autónoma de Lisboa? Fico a espera da resposta dele…

    • Antonio Neto

      26 de Julho de 2012 at 8:12

      Só com Cristo como dizem em S.Tomé e Principe, não compreendo porque fazem tantos comentarios injustos ao respeito do Nelson. Será que os que não têm a iniciativas nem a dinamica tornaram se invejosos.
      Bem haja, o Deus da comida aos passaros mas não o joga no ninho.

  17. laurinha de carvalho

    25 de Novembro de 2013 at 21:21

    pomba branca,aiiiiiiiiiiiii,muito obrigada, Nelson carvalho co as tuas abilidades de me fazer lembrar,e conhecer um pouco de ler minimamente a historia de fernande dias nesta altura eu tinha os meu 1 ano so que nasce no principe um forte abraço

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