Cultura

Téla Nón no “Keelung Ghost Festival” em Taiwan

É uma das mais importantes festas tradicionais de Taiwan, que celebra a vida depois da morte, e pretende afugentar maus espíritos, resultantes da morte. Uma manifestação popular com mais de 200 anos, parecida com mitos africanos e latino americanos, testemunhada pelo Téla Nón na cidade portuária de Keelung em Taiwan.

Milhares de Taiwaneses que habitam a cidade piscatória e portuária de Keelung se concentraram a beira mar, na noite de terça – feira por volta das 23 horas locais, cerca de 15 horas em São Tomé e Príncipe, para celebrar a purificação dos mortos, e a libertação dos espíritos maus. Um festival de fantasmas, que marca um mito com mais de 200 anos.

Os pescadores fazem-se ao mar acompanhados por lideres espirituais, que durante alguns minutos evocam os fantasmas que alegadamente se abrigam no mar. O principal objectivo é libertar os espíritos maus, que podem causar desastres no ar, e outros males para os habitantes, explicou a guia que orienta os convidados à festa.

Os fantasmas evocados, são almas de pescadores que morreram durante a faina, mas não só. Também pessoas que pereceram na terra vítimas de doenças ou outros problemas são alvos das evocações.

Oferendas são levadas ao mar, pelas embarcações, e lançadas para acalmar ou afugentar os espíritos maus. Uma forma também de dar conforto a vida, que se vive depois da morte. «Na lista que tenho em mãos de produtos ou coisas que levam ao mar, vejo sapatos, chinelas, tem sapatilhas, tem comida diversa, talvez para que no outro mundo se tenha tudo isso», afirmou José Luis Yzaguirre Romero, Jornalista espanhol presente na praia da cidade de Zeelung.

O Jornalista que é presidente da Organização dos Jornalistas do Mediterrâneo, especializados em Turismo, considera que a manifestação popular que é celebrada no dia 15 de Julho segundo o calendário lunar chinês, (20 de Agosto no calendário cristão), evidencia  a força do Taoísmo na expressão cultural do povo chinês e em particular de Taiwan. «Lido muito com as questões da religião Taoísta e chinesa de forma geral. O Taoísmo é para mim uma das religiões ou expressões culturais mais importantes do mundo. Deve ser trabalhada, porque tem partes filosófica e mágica, e tem parte popular, um conjunto de aspectos que identificam o mundo chinês», precisou  José Luis Yzaguirre Romero.

Após evocações no mar, os líderes espirituais visitam as dezenas de capelinhas ou altares erguidos pelos familiares dos pescadores mortos na faina, mas também de outras pessoas que morreram em actividades na terra. O acto visa alimentar e purificar fantasmas, seja na terra ou no mar.

As capelinhas decoradas com a mestria chinesa são iguais aos presépios que, por exemplo, em São Tomé e Príncipe são construídos no período natalício a beira das estradas, o chamado Paço Fiá Gleza. Cada presépio recheado de produtos diversos, simboliza o sacrifício de cada núcleo familiar para com o seu enti-querido falecido.

O festival de Fantasmas atinge o ponto alto, quando os líderes espirituais regressam a terra e abençoam cada uma das capelinhas, ao som de músicas e cornetas.

Logo a seguir, um a um cada presépio é sacrificado no mar. É o momento mais estrondoso da festa de purificação dos mortos. O Céu de Zeelung toma a cor do arco íris, são foguetes a iluminar a cidade piscatória e portuária. Ao mesmo tempo é posto fogo em cada um dos presépios, e são lançados ao mar. « De certa maneira, como dizia um nosso colega de São Tomé e Príncipe, é algo que poderia ter alguma similaridade com o acto de Iemanjá do Brasil, pode também parecer com as cerimónias da Virgem do Carmo que temos em Espanha, mas nem uma nem outra hipótese chega a este caso. Este é mais extremo, tem algo de magia nisso tudo, até mete medo. Na Espanha essas manifestações têm características mais religiosas», argumentou José Luis Yzaguirre Romero. (veja vídeo – 115).

Autoridades que administram a cidade também marcam presença na festa que mistura o paganismo com a divindade, e a magia como arte.

A cidade anima-se numa festa de fantasmas, em que o Téla Nón é único nome africano, presente num grupo de convidados do Governo taiwanês, para visitar a cultura do país, e degustar os variados pratos que compõem a sua rica gastronomia.

Gentes da América latina como, El Salvador, Honduras, Belize, Panamá e Argentina, estão no grupo. São operadores da comunicação social. Da América do Norte vieram também um representante dos  Estados Unidos e outros dois do Canadá. Há um austríaco e um australiano na comitiva, em que se contam também Japonês, Filipino, Espanhol, uma Indiana, um jornalista de Nauru, outro da ilha Samoa, uma equipa da televisão do Vietname, num total de 23 convidados.

Um convívio gastronómico e cultural que facilita o conhecimento das gentes, sabores e costumes de Taiwan e da Ásia, mas também facilitador de troca de ideias e de experiências entre profissionais de comunicação social dos respectivos países.

Téla Nón – Zeelung / Taiwan

3 Comments

3 Comments

  1. Realista

    22 de Agosto de 2013 at 9:13

    God bless tela non1

  2. Kanimambo

    22 de Agosto de 2013 at 11:37

    Ai está o prémio. O tela non agora é além fronteiras.

  3. SCL

    22 de Agosto de 2013 at 18:15

    Gostei, Abel.
    Mas não fiques em Taiwan, OK?
    Volta para casa quando o festival acabar.

Leave a Reply

Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top