Economia

Sociedade privada líbia investe 3 milhões de dólares para ressuscitar Monte Café nos próximos 4 anos

A empmonte-cafe.jpgresa líbia África Traidind Company, acompanhada pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Xavier Mendes, reuniu-se terça-feira com os trabalhadores da roça que garantia cerca de 90% do café exportado por São Tomé e Príncipe. Um momento de alegria e de renovar de esperanças para centenas de habitantes de Monte Café, que nos últimos anos assistiram a degradação e o abandono da roça. Nos próximos 4 anos, o grupo empresarial líbio vai investir 3 milhões de dólares na recuperação do cafezal e nas infra-estruturas sociais.

O contrato de concessão já assinado entre o governo são-tomense, e a sociedade de direito são-tomense, African Traiding Campany, é válido por 20 anos. A degradação das infra-estruturas económicas e sociais de Monte Café é tão profunda, que a prioridade do grupo líbio passa pela injecção forte de capital no sentido de reanimar o mais rápido possível aquela que foi a maior empresa produtora de café do país.

Por isso ministro-agricultura.jpga médio prazo, ou seja, em 4 anos mais de 3 milhões de dólares vão ser investidos na roça. «Reabilitação do cafezal, reabilitação das infra-estruturas tecnológicas e sociais, falo dos armazéns, dos secadores, arruamentos e a reabilitação das estradas», explicou o Ministro da agricultura e desenvolvimento rural, Xavier Mendes(na foto).

A boa nova foi dada directamente aos habitantes de Monte Café esta terça-feira. Paulino Umba, um dos habitantes mais antigos de Monte Café, está satisfeito por saber que a roça onde nasceu e vive há 73 anos atrás, tem hipóteses de ressuscitar, de recuperar o tempo perdido e conquistar a fama que perdeu nos últimos 20 anos.

A fama que o sabor do café de São Tomé e Príncipe conquistou na Europa, deve-se muito ao trabalho duro e da fertilidade do solo das terras de Monte Café. O último registo de produção significativa da roça foi em 1994 com cerca de 30 toneladas.

De lá para cá, foi só degradação, delapidação dos bens, e o abandono total. Paulino Umba(na foto), confirma a desgraça, que foi a gestão dos úlpaulino-umba.jpgtimos 20 anos. «Estivemos cerca de 4 anos sem salário. Não dá. Os estrangeiros quando visitam Monte Café, quase que choram por causa da degradação da empresa», desabafou.

Já na terceira idade, mas com bom aspecto físico, Paulino Umba, que tanto trabalhou em Monte Café, manifesta-se disposto em arregaçar as mangas para recuperar a empresa que conserva a história da sua vida e dos seus antepassados, os contratados de Angola, que para Monte Café foram enviados na era colonial para desbravar morangos, semear cafezeiros e conviver com a cobra preta.

Paulino, quer transmitir o conhecimento prático adquirido ao longo de vários anos, no tratamento da cultura do café aos mais jovens. A chegada da empresa líbia, é uma boa oportunidade. As terras montanhosas, férteis e irrigadas por chuva abundante esperam pela ordem de trabalho.  «O cafezal está todo encapoeirado. Aqui é a sede do café de São Tomé. O café de monte café é conhecido como sendo o melhor do mundo», afirmou cheio de orgulho.

O ministro da agricultura, concorda. «Não há dúvidas que o café de São Tomé, o café arábico é marca de Monte Café. Não há dúvidas que tem aparecido muitas denominações de café de São Tomé mas o top dos tops, é a marca de Monte Café», sublinhou Xavier Mendes.

Rica em história do café produzido no país, a roça alberga o primeiro museu de café do país. Mais um complemento para o desenvolvimento da comunidade. «Vamos criar as condições para que o turismo se faça na empresa, assim como a valorização dos pequenos agricultores que têm parcelas nos arredores de Monte Café», reforçou o ministro.

A roça que na era colonial era designada de “Terras Monte Café”, por causa da sua grande extensão, que começa no centro montanhoso do distrito de Mé-Zochi e termina nas montanhas do norte da ilha, Lembá, já não tem tanta dimensão.

Muitas das dependências de Monte Café espalhadas pelo centro do país, como Nova Moca, Saudade, São Nicolau, Chamiçmonte-c-afe-sanzala.jpgo, etc etc, não estão incluídas no projecto líbio. Algumas destas dependências foram transformadas em médias empresas, exploradas de forma privada. Outras foram retalhadas em pequenos lotes para exploração familiar.

Nova Moca é única antiga dependência de Monte Café, onde o café de qualidade continua a promover o nome de São Tomé e Príncipe, a nível mundial fruto da intervenção privada do empresário italiano, Claudio Coralo.

O projecto financiado pela empresa líbia, abarca somente a sede de Monte Café e os terrenos a volta, num total de 230 hectares.

Esta quarta-feira a empresa líbia faz o inventário geral do património de Monte Café. No dia 1 de Agosto começa o trabalho no campo, que está totalmente encapoeirado.

Abel Veiga

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