Economia

Agricultores da Praia Nazaré exigem indemnização e novas terras para cultivo

O terreno que cultivavam há mais de 30 anos, foi confiscado para construção da Central Térmica de Santo Amaro. Os 17 agricultores, dizem que de forma autoritária perderam o pão de cada dia. Exigem o pagamento de indemnização e novas terras para cultivarem.

Há quase dois anos que os agricultores da Praia Nazaré, perderam as suas terras. Segundo Manuel do Rosário, porta-voz do grupo, num domingo os agricultores foram surpreendidos com caterpilares a devorar os campos, destruindo todo cultivo. «Deveriam avaliar os nossos prejuízos e depois penetrarem. Depois de começarmos as negociações, de surpresa num domingo apareceram as máquinas a levar tudo pela frente», afirmou Manuel do Rosário.

Segundo os agricultores, a promessa de indemnização, nunca foi cumprida nem tão pouco a possibilidade de receberam terra para cultivo. Manuel do Rosário, fez questão de explicar que os agricultores têm o título de posse da terra onde cultivavam. «Não era uma ocupação ilegal da terra», esclareceu.

Segundo os agricultores, o problema foi debatido com o anterior governo e com o actual executivo. «Todos reconhecem que a culpa é da EMAE, que agiu de forma brusca, destruindo as culturas, sem antes negociar o pagamento da indemnização», referiu, o porta – voz do grupo.

Por outro lado discordam do valor da indemnização, proposto pelo governo. São 570 milhões de dobras, para serem divididos pelos 17 agricultores. «Somos 17 agricultores lesados, o que equivale a agregados familiares de 100 pessoas lesadas. Há pessoas que em termos de prejuízos causados o valor a pagar pelo Estado, ascende os 500 milhões de dobras. Não aceitamos que se pague 570 milhões de dobras para 17 agricultores, quando pelos nossos cálculos os prejuízos causados equivalem a 3 biliões de dobras», defendeu Manuel do Rosário.

Os agricultores da Praia Nazaré, consideram que a indemnização não resolve os seus problemas. As terras que perderam eram garante do sustento da família. «Queremos a indemnização e um espaço para continuarmos a trabalhar. Porque só com a indemnização não vale. O dinheiro gasta. Há mais de 30 anos que eu cultivava nesta zona, embora trabalhador da função pública, o maior rendimento que sustentava a mim e a minha família saía desta lavra», pontuou.

Agricultores da Praia Nazaré, exigem solução para os seus problemas. Com a confiscação das terras de cultivo, para construção da central térmica de Santo Amaro, o Estado são-tomense conseguiu resolver um grande problema social, a falta de energia eléctrica. A Central Térmica de Santo Amaro, financiada por Taiwan na ordem de 15 milhões de dólares, evitou a crise geral de energia no país.

No entanto os 17 agricultores ficaram sem pão de cada dia.

Abel Veiga

10 Comments

10 Comments

  1. Terra Minha

    31 de Março de 2011 at 9:29

    Destapa-se um buraco para tapar outro. É urgente uma solução para esses agricultorres porque alguém tem que responzabilizar-se.

    • Bodon Culu

      31 de Março de 2011 at 16:59

      Tapa-se um buraco para destapar o outro.

  2. Agosto

    31 de Março de 2011 at 10:53

    terras novas! para voces venderem aos politicos. os lotes em ferreira governo que deveriam dar-vos empregos estao abandonados. que futuro p este pais?

  3. Afinal

    31 de Março de 2011 at 10:59

    Lamento tanto pelos danos causados a estes irmãos com a construção da Central Térmica! Pois são danos colaterais, os quais poderiam ser evitados se existisse um diálogo franco e sério do Governo do então para com os mesmos. Caso idêntico também se registou com os agricultores de Porto Alegre, sendo assim condeno a situação, espero que, para o futuro, os actuais governantes não façam o mesmo, mas sim agir com responsabilidades e abertura ao diálogo honesto, defendendo a franja mais desfavorecida da sociedade, e o povo em geral!

  4. Santaninha

    31 de Março de 2011 at 11:18

    O que falta o governo é a promução de eficácia e eficiência, pois sabiam perfeitamente que é da Terra que esses pequenos agricultores tiram sustentos…
    Que triste a condição que lhes deixaram…
    Se as mãos que eles lavram a Terra, está atadas,uma a frente e outra atrás. Que situação? E os seus filhos que estudam, o que lhes sustentarão?

  5. Dá Demonio Cara D'ele

    31 de Março de 2011 at 13:36

    Esses senhores não querem terra para cultivar, isto é uma grande mentira querem terreno para vender. STP não avança porque tem um povo muito trafulha…, preguiçosa, vive áspera de dinheiro fácil.
    Isso de querer terra para cultivar é só tretas… são conversas para fazer dormir os burros..

    • Luis

      31 de Março de 2011 at 15:07

      Infelizmente é isto que esta acontecendo nesta terra. As terras andam por cá abandonadas ou quando muito com alguns canteiros de batata doce. Quando se lhes retira a terra, que nunca lhes havia sido dada, para algo em benefício de todos nós aparecem dezenas a dizer que viviam daquelas terras. Claro, que existem pessoas que só têm como meio de subsistência aquilo que tiram da terra. Mas, quantos são que na verdade cuidam dela? Quantos ja não venderam para os que podem pagar??

  6. Tia Joana

    31 de Março de 2011 at 15:58

    Esta central foi mal localizada, quase ao nivel medio da agua do mar.
    Seria melhor que fosse reabilitada a central de Rio do Ouro, os danos seriam menores.
    Qual era o rendimento mensal/anual dos agricultores?
    Conseguem provar nas finanças o imposto sobre o rendimento que pagavam ao Estado.
    Mas a relidade é esta.
    Qaqui a pouco os de Fernão Dias, vão reclamar, porque o Porto em Águas profundas não arranca do papel.
    Dá césar que é dele!!!

  7. NANDO VAZ (ROÇA AGOSTINHO NETO)

    31 de Março de 2011 at 17:11

    SE AS COISAS ACONTECERAM DE FORMA COMO SEGUNDO SR.Manuel do Rosário, porta-voz do grupo.
    DO MEU PONTO DE VISTA ACHO QUE FALTA A ÉTICA POLÍTICA POR PARTE DAS AUTORIDADES.

  8. J. Maria Cardoso

    31 de Março de 2011 at 18:31

    Notícias a este nível que imperam a sobrevivência de várias famílias são-tomenses deviam, no máximo, na semana seguinte ser corrigidas com a atitude dígna do Governo a devolver a terra a quem dela trabalha e, claro, indemnizar aos que se sentiram lesados com a necessidade da expropriação.
    Um dos conceitos basilares da administração, o Estado é a pessoa de bem e nas nossas minúsculas ilhas, o Estado mais do que isso devia dar-se ao luxo de não criar problemas aos k não sugam a coisa pública.
    Enfim…

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