Economia

Reservas externas diluíram no primeiro trimestre de 2011

Até Dezembro de 2010, as reservas externas de São Tomé e Príncipe, eram suficientes para garantir seis meses de importação. O nível reduziu drasticamente nos últimos meses. Mesmo assim a governadora do Banco Central, garante que a situação não põe em causa a paridade cambial com o euro.

No quadro do acordo de cooperação cambial assinado entre São Tomé e Príncipe e Portugal, o arquipélago são-tomense é obrigado a cumprir a riscas uma série de condições para dar sustentabilidade a paridade cambial.

As reservas externas devem ser asseguradas a um nível que possa garantir pelo menos 6 meses de importação. Fonte do Téla Nón garantiu que nos últimos meses a reserva externa são-tomense praticamente diluiu-se, representando algum risco para a sustentabilidade da paridade cambial e não só.

Numa entrevista com a Governadora do Banco Central, Maria do Carmo Trovoada Silveira, o Téla Nón pediu esclarecimentos sobre o assunto. Maria do Carmo Trovoada Silveira, reconheceu que a reserva externa reduziu bastante nos últimos tempos. «Em finais de Dezembro este nível esteve por volta de seis meses de importação, naturalmente que nos primeiros meses deste ano, em virtude da não entrada de recursos em divisas conforme programado e a necessidade de se fazer face a algumas despesas, nomeadamente aos estudantes, a dívida, e alguns pagamentos no exterior, houve uma diminuição», assegurou a Governadora do Banco Central.

Um desequilíbrio do índice macroeconómico, que no entanto está a ser reparado. «Esta situação está sendo recuperada tendo em conta, que tem entrado nos últimos dias alguns fluxos de financiamento externo. Temos em vista a entrada de outros para os próximos dias, por isso cremos não haver qualquer dificuldade, e se por acaso, o Banco Central se encontrar numa situação de rotura de divisas tem o mecanismo do acordo de cooperação cambial para recorrer ao tesouro português», acrescentou Maria do Carmo Silveira.

Segundo a Governadora do Banco Central, não há qualquer risco para o acordo de cooperação cambial assinado com Portugal, e que permitiu a ancoragem da moeda nacional, a Dobra ao Euro. «O controlo do défice fiscal é uma das metas. Creio que neste aspecto estamos no bom caminho. Inclusive o acordo assinado com o tesouro português proporciona algumas garantias ao estado são-tomense em caso de haver uma rotura em termos de disponibilidades de euros para financiar a economia», sublinhou.

Maria do Carmo Silveira anunciou que esta semana técnicos do Banco Central de Portugal e do Banco Central de São Tomé e Príncipe, vão estar reunidos em São Tomé para avaliar a execução do acordo de cooperação cambial.

Abel Veiga

29 Comments

29 Comments

  1. Leopardo

    9 de Maio de 2011 at 12:19

    Esse acordo cambial é uma brincadeira…não estamos a usufruir das vantagens do referido acordo.
    Acho prudente rever o acordo, tomando em consideração a crise na Europa.
    O euro deveria estar em 20,5 actualmente e não 24.5
    Cumprimentos a todos

    • O Regresso de "Os Flechas" - 1975

      9 de Maio de 2011 at 13:03

      Não diga disparates. Se a 24,5 mil estamos com problemas para cumprir imagina se fosse a 20,5mil.

    • Bejunto Aguiar

      10 de Maio de 2011 at 10:36

      Então flecha,

      A 20,5 mil não custaria menos que a 24.5 mil?

    • O regresso de "Os Flechas" - 1975

      10 de Maio de 2011 at 13:40

      Não.

      Quanto mais elevado for o câmbio, menor é a pressão sobre as reservas. Numa situação de livre câmbio uma maior procura de moeda estrangeira é corrigida com o aumento do seu preço (a taxa de câmbio). Logo se não houvesse cooperação cambial a tendência seria para a depreciação da Dobra face ao Euro. Portanto, ao câmbio de 24,5 a dobra estará, penso eu, sobrevalorizada.

      Dizendo o mesmo mas de outra forma, ao câmbio de 20,5 como sugere a procura de bens importados é superior do que ao câmbio de 24,5. Assim, para evitar a degradação das reservas o banco Central deve enfraquecer a moeda nacional subindo o preço da moeda estrangeira (seria passar de 20,5 para 24,5).

      Não estou a medir as consequências sociais destas medidas mas apenas a dizer o que é feito em termos técnicos.

    • O regresso de "Os Flechas" - 1975

      10 de Maio de 2011 at 13:45

      Outra forma de ainda de ver a coisa é do ponto de vista do emigrante.

      Ao cãmbio de 24,5 o emigrante está mais disposto a enviar remessas para STP do que a 20,5. Estou certo?

      Se as remessas de emigrantes fossem importantes para STP, uma das formas de aumentar as reservas (incentivar remessas) seria depreciar a moeda nacional.

      Portanto, se as reservas estão baixas 24,5 é melhor que 20,5.

    • Bejunto Aguiar

      10 de Maio de 2011 at 20:14

      Flecha,

      Acho que houve um desentendimento. O Leopardo quiz dizer que o Euro deveria estar a 20.5M contra O dobra . E sendo assim beneficiaria mais ao pais. Você esta a analisar as coisas do lado dos emigrantes e o Leopardo esta analisar do lado do Banco Central de STP ou do País, acho eu.

      Em relação a sua sugestão de desvalorização da moeda, isso em nada beneficiaria os emigrantes e seria um falso incentivo ao ingresso das divisas. O importante é controlar a inflação e saber quanto vale o Dobra em termos nominais. Ou melhor, o que se consegue comprar com uma determinada unidade do Dobra.

      Desvalorizar só por desvalorizar não serve de nada, antes pelo contrario aumenta a inflação e por conseguinte o preço dos produtos. Como exemplo: Se o pao custa agora 20M Dobras=1 Euro. Desvalorizando o dobra aumentaria a inflação e o preço do pão passaria a ser 22M Dobras =1 Euro. Por isso o ideal seria que a inflação não subisse e que o pão custasse na mesma 20M e que o euro passasse a valer 22M do Dobra.

      O acordo de paridade tal como esta é demasiado despendioso para o país e inevitavelmente insustentável num futuro a médio prazo. Isso porque a unica fonte de recebimentos das divisas são as doações e ajudas externas. A Conta corrente do país é super deficitária e a balança comercial ate faz chorar.

      Seria de esperar que o acordo fosse procedido logo a seguir pela introdução de uma nova moeda (novo Dobra) mais forte e melhor controlado. Por isso as vezes duvido se as pessoas em STP estão conscientes do que estão a fazer.

      Outro aspecto importante é que o mercado paralelo cambial ainda continua a ter muito peso no país. O BCSTP terá necessariamente que controlar melhor isso se quiser ter algum sucesso nessa medida.

      Também seria importante saber qual a proporção das moedas externas em que o pais recebe as ajudas : Euro ou Dolar. A Dobra deverá estar ancorada a moeda em que se recebe em maior proporção. O BCSTP deveria por outro lado ter uma reserva ainda que pequena de uma outra divisa apenas para contralançar o Euro uma vez que terá imensas dificuldades em usar o Dobra como um utensilio de controlo das politicas monetarias e macro- economicas. Mas sabe-se que o país não produz nada, por isso….

      E por fim e apenas em jeito de sugestão seria mais conveniente ter intervalos de paridade em relação ao Euro e não um valor fixo. Isso ajudaria o banco a ter maior flexibilidade e margens de manobra.

      De resto, mais um belo trabalho do Abel e também mérito a senhora Governadora em tornar transparente a situação do país. Bom seria se conseguíssemos aceder a todos os outros sectores de governação.

      Bejunto.

  2. jojo

    9 de Maio de 2011 at 14:55

    Fugindo um pouco de assuntos de reservas,

    Porque ainda não foi publicado a inflação de Abril? Ja estamos em Maio só vemos na informações do banco central a inlfação den Fevereiro, pque deste atraso. O Instituto de Estatística está pior, os dados de inflação estam actualizados até Julho de 2011

    • competencia («Esse homem é assim»)

      9 de Maio de 2011 at 15:01

      então o INE está a fazer um bom trabalho já estão a prever os dados de julho de 2011. Pelos vistos a unica instituição credivel nesse maravilhoso paraiso. deixem rir

  3. jojo

    9 de Maio de 2011 at 14:56

    Digo actualizados até Julho de 2010

    Peços desculpas

  4. Fútaaaaa

    9 de Maio de 2011 at 15:43

    Se vocês tivessem mais respeito pelos imigrantes teriam mais reservas de divisa, bandos de incompetentes….

    • artigo 5.7

      9 de Maio de 2011 at 16:20

      em cheio ..

    • Virtual

      9 de Maio de 2011 at 18:08

      Exacto! É inacreditável como esse pequeno país deixa escapar de suas mãos pequenas (e grandes) oportunidades!

  5. António Martins Gomes

    10 de Maio de 2011 at 10:12

    Tratar da melhor forma os imigrantes- estou de acordo, é assim que se faz no mundo civilizado (…).As remesas de imigrantes contribuem para o reforço da reserva cambial e por essa razão, a taxa de juro sobre o passivo (depósitos de imigrantes) deve ser superior a da praticada no mercado como uma das medidas de incentivo- trata-se de uma diferenciação positiva para o país (…)

  6. Tiny

    10 de Maio de 2011 at 13:42

    Apenas desejo que um dia, esta ilha verde alcanse a fase do desenvolvimento.. Bom mandato Dra. Maria do Carmo

  7. António Martins Gomes

    11 de Maio de 2011 at 11:04

    As reservas externas diluíram…. Tanto as exportações como as importações de um produto são obtidas a partir do excesso de oferta ou de demanda doméstica. A taxa de câmbio é a medida pela qual a moeda de um país qualquer pode ser convertida em moeda de outro país; isto é, preço de uma moeda em termos de outra; ex: Dobra/Euro..ou Dobra/Dólar. Como qualquer preço, em concorrência, a taxa de câmbio também é influenciada pela oferta e pela demanda, neste caso, de divisas (moeda estrangeira). No caso de São Tomé e Príncipe e para este caso em concreto, o produtor nacional são-tomense pode ser estimulado a produzir para cobrir o que o importador (STP) não pode pagar pelo aumento das tarifas ou da taxa de câmbio face a desvalorização da moeda nacional. Neste caso, percebe-se que uma desvalorização cambial, prejudica o sector importador da economia, ou seja esse sector sofrerá um encarecimento dos produtos importados em função de o volume de divisas ser menor para um mesmo volume de produtos importados – necessariamente este encarecimento da importação poderá reflectir em transmissão dos preços para os produtos intermediários (inputs) que utilizam de importados para processamento local – consequentemente haverá um processo inflacionário. Quanto a valorização cambial indica que: existe uma valorização da moeda nacional em relação a moeda estrangeira (Euro) – precisa-se menos moeda nacional para comprar uma unidade de Euro – tudo isso implica necessariamente a (in) dependência económica e financeira de STP…quase impossível de se materializar (…).

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 5:52

      Caro A M Gomes,

      Perfeito comentario. E o que torna a situação mais dificil é o facto de não haver exportação como forma de arecadação de divisas. Tudo é dado. E não se entende o porque não a introdução de um novo dobra, mais forte uma vez que a situação está controlada.

      Abraços

    • Ovumabissu

      12 de Maio de 2011 at 16:06

      Está perfeito numa perspectiva de economia real. Numa perspectiva monetária/monetarista a abordagem tem de ser como a referida pelo “Flechas”, para que sejam evitados desequilíbrios irreparáveis a médio e longo-prazo.

      Não havendo bens para exportar ou capitais para captar (remessa de emigrantes por exemplo) o ajustamento não se faz pelo lado do aumento de reservas mas sim pelo lado do aumento do preço, ou seja, com uma taxa de câmbio mais alta da moeda nacional.

      Se houvesse mais exportações… O problema é que não há, nem vai haver tão já. Por isso temos que pagar com o corpo, ou seja com perda de poder de compra.

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 19:51

      Ovumabissu,

      Caros por mais que me agrade discutir e debater o tema convosco, entendam de uma vez por todas. Ancorar o dobra ao euro ou ao dollar tem custos e são enormes particularmente se houver uma valorização das mesmas. Não se pode desvalorizar a moeda sempre que haja uma diluição das reservas. Vai haver sempre diluição da reserva em STP. O dinheiro é dado. Nós não produzimos. Apenas gastamos. E o que vocês estão a sugerir segundo entendi é desvalorizar o Dobra sempre que haja uma diluição da reserva em Euro. Isto é gravíssimo. Até onde pararíamos então? No infinito?

    • Ovumabissu

      13 de Maio de 2011 at 17:05

      Então o problema não está no ancorar ou não a moeda. Se bem entendi o disse, então estamos perante um estado falhado e falido.

      Havendo acordo cambial, só se desvaloriza ou valoriza a moeda quando os bancos centrais entenderem que determinada tendência (de apreciação ou depreciação) é estrutural e não conjuntural.

    • Regresso de "O Flechas"-1975

      12 de Maio de 2011 at 16:16

      Outro equívoco, Bejunto. Se você criar uma nova Dobra com o valor 1/10.000 do valor actual (ou seja 1Euro = 24,5Dbs) essa moeda seria tão fraca quanto a Dobra actual. Esse exercício seria meramente nominal e não teria qualquer efeito na economia real. Diminuía apenas o número de notas em circulação, ou nem isso.

      O preço relativo dos bens seria exactamente o mesmo. Você continuaria a precisar de trabalhar as mesmas X horas para comprar 1Kg de arroz ou de qualquer outro bem importado (ou mesmo de produção doméstica).

      Não é a dobra que é fraca, mas sim a nossa economia é que é fraca.

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 19:55

      Flechas,

      Ah, Aqui estou completamente de acordo consigo em tudo o que diz. Deteste trabalhas com zeros ou escrever M nos números. Convenhamos que seria muito melhor assim.

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 22:38

      ….Dizia detesto trabalhar com zeros….

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 22:38

      Flechas,

      Bolas, isso vicia. Não se trata de equívocos. Mesmo que em STP passássemos a receber todos em euros, iríamos trabalhar todos as mesmas horas para comprar x produto, e ganharíamos o mesmo ordenado. Quanto muito sofreríamos o aumento marginal dos preços dos produtos como aconteceu em Espanha, Italia ou em Portugal na introdução do euro.

  8. O Regresso de "Os Flechas"-1975

    12 de Maio de 2011 at 8:51

    NOTA: Reaposta ao “post” de Bejunto Aguiar.

    Bejunto,

    Discordo liminarmente da sua análise. Foi pensando assim que o MLSTP arruinou o país nos primeiros anos da independência, com a nossa moeda indexada ao dólar (com as Reaganomics essa moeda tornou-se extremamente forte).

    Com a economia do país (STP) a desacelerar claramente, a moeda fortalecia-se por via da apreciação do dólar em relação às restantes moedas (Marco Alemão, Escudo, Pesetas, Franco Francês, etc.). O preço dos bens importados estava demasiado baixo para a nossa real capacidade de importação, criando a ilusão de que estávamos bem (já começo a perceber o porquê de você ser fã dos 15 anos do Pinto da Costa). O desequilíbrio macro-económico foi tal que levou à intervenção do FMI em 1987. Nos anos subsequentes pagámos (com muita inflação e perda real de poder de compra) todo esse regabofe.

    Regressando ao presente, a questão de base é que, de acordo com o Banco Central, as reservas estão a cair dramaticamente. Se estão a cair dramaticamente, a forma mais expedita de travar essa erosão é fazer baixar as importações através da desvalorização da Dobra, tornando assim mais elevado o preço dos bens importados. É claro que isso implica um aumento de preços (em dobras) desses bens no mercado doméstico, mas só se converterá em inflação se esse aumento for sustentado.

    Não tenho dados suficientes para afirmar que o câmbio correcto é o 24,5 ou o 20,5. Sei apenas que se o Banco Central está com problemas de segurar as reservas com um câmbio a 24,5, esses problemas seriam maiores com o câmbio a 20,5.

    Se você trouxer para discussão o equilíbrio geral não saímos daqui. Em termos de equilíbrio parcial é óbvio que 24,5 é melhor que 20,5. Digo mais, num contexto de leilão de divisas o câmbio se calhar já estaria nos 30!

    A única forma de ultrapassarmos isso é trabalhando e produzindo mais. Ter um câmbio baixo é a pior das soluções.

    A regra de ouro é: A força de uma moeda deve ter apenas por base a força da economia que a suporta!

    Se um o país é dinâmico em termos económicos e financeiros a sua moeda tende a valorizar-se e o inverso também é verdade.

    PS: se reparar bem fiz dois “posts” seguidos sobre este assunto e você pegou apenas na parte referente a remessa de emigrantes.

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 17:15

      Caro amigo, se no primeiro post a discordancia era relativa, com esse seu novo comentário a diferença de opiniões é absoluta pelo menos da minha parte. Mas concentremos simples e puramente na vertente económica e esqueçamos por momentos o Pinto Da Costa.

      Primeiro, o anterior comentário fiz tendo presente circunstancias do país onde a produção interna para a exportação ou consumo próprio é nula ou quase insignificante.

      Segundo, ao mencionar a entrada do FMI em 87 devido a robustez da própria moeda voçê esta a dar um tiro nos próprios pés. Eu era muito miúdo na decada de oitenta mas lembro me de poder comprar bolo ao Cantiflas com apenas 20 ou 50 Dobras. Mas convenhamos que hoje o valor seria de Milhões de dobras. O que pressupõe segundo a sua ideia e se termos em consideração o modelo de Mundell-Fleming que atingimos o equilíbrio o que na verdade não corresponde a verdade. A M Gomes explica muito bem o fenómeno. O governo quando quer equilibrar a pressão sobre a moeda domestica deveria comprar ou vender o Dobra ou se quiser o Euro, claro está dependendo do objectivo. No caso específico do nosso lindo país ninguém compra o nosso dobra, não ha exportação e as divisas recebidas são em forma de doações. A única dor de cabeça é que temos que comprar praticamente tudo no exterior e claro está em divisas. E o FMI já foi ?

      Ja agora se tivéssemos um cambio de 24,5 Billioes para o Euro, estaria o nosso problema das reservas resolvidas? Claro que não, porque? Porque compramos as reservas em dobras e quanto mais desvalorizada estiver o Dobra mais precisamos para comprar as reservas.

      Seguindo o seu raciocínio correríamos o risco de terminar como o zimbabwe onde chegaram a ter notas de 100 billioes e mesmo assim não se conseguia comprar nada.

      O problemas do banco central e segundo a Senhora Governadora é que as reservas estão a cair porque andaram a gastar o dinheiro com pagamento das bolsas dos estudantes e mais outras coisas. Aí está o perigo. Gasta-se, Gasta-se e quando houver pouco desvaloriza-se a moeda? Seria um desastre se assim fosse. Nem o Banco de Portugal iria aceitar que isso acontecesse.

      A valorização da moeda tem a ver com as politicas monetárias de cada país e não com a dimensão ou a dinâmica da economia do país. Se não fosse assim O renmimbi estaria mais forte que a Libra esterlina ou o Yen seria mais forte que o Real ou Cedis do Ghana

      A principal razão de termos o Dobra ancorado e equiparado ao Euro é de controlar a flutuação cambial entre as duas moedas, dando assim mais estabilidade cambial e por ventura melhores condições para investimentos externos. A outra e não menos importante é que ele ajuda a estabilizar a inflação, daí discordar consigo. Claro está a taxa de conversão terá que ser periodicamente revista e ajustada. De qualquer das maneiras convém que a introdução de taxa de juro fixa seja procedida de grandes reformas económicas e monetárias, por isso ter sugerido a introdução de um novo Dobra uma vez que a longo prazo a política de paridade cambial se torna insustentável, mais ainda para um país como o nosso.

      Mais trabalho e mais produtividade será sempre necessário.

      Bejunto

    • Bejunto Aguiar

      12 de Maio de 2011 at 17:25

      Em relação a questão dos emigrantes. Mais um exemplo. Suponhamos então que 1 Euros estivesse a 25 Biliões (atenção que uso biliões porque fascina-me a historia do Zimbabwe) O que em princípio condicionaria o aumento ou não das remessas dos emigrante seria o valor real da moeda e não nominal ou seja aquilo que se conseguiria comprar com os 25 Biliões.

    • Regresso de "O Flechas"-1975

      13 de Maio de 2011 at 14:24

      Bejunto,

      O seu problema é trazer para discussão todos os assuntos ao mesmo tempo. É claro que a “economia” de STP tem particularidades. Uma delas é precisamente essa situação de termos um país absolutamente dependente de ajudas. A outra é a nossa moeda (a Dobra) não cumprir todos os requisitos de uma moeda (um deles é o de poder ser livremente trocada por outras).

      O fenómeno que você descreve (hiper-inflação) só indirectamente tem que ver com o mercado cambial. Tem sim que ver com o desleixo na gestão dos equilíbrios macro-económicos. Por exemplo, um banco central vê-se obrigado a desvalorizar a moeda nacional dando origem a uma subida do preço dos bens importados (medidos na moeda nacional), gerando uma perda de rendimento real das famílias. Para evitar descontentamento, o governo e outros agentes económicos não resistem à pressão social e repõem o poder de compra aumentando os salários. Esse aumento de salários volta a desequilibrar as reservas em divisas (aumento de importações) obrigando o banco central a uma nova desvalorização. Uma vez mais o governo e patrões voltam a aumentar os salários e assim sucessivamente…. Temos inflação!

      Resumindo, só tenho inflação (aumento sustentado de preços), acompanhada de desvalorização exponencial da moeda se a economia não acomodar os choques externos. Meu caro, quando se desvaloriza a moeda, o objectivo é que você pague realmente mais pelo bolo do Cantinflas (que tem incorporado muitos produtos importados)! Não tenha ilusões!

      Voltando ao mercado cambial. Se você pensar, para simplificar, que os donativos resultam do pagamento pelo serviço que prestamos ao mundo por fazermos parte da comunidade das nações, então esses donativos podem ser vistos como o pagamento pela “exportação” desse serviço. Significa que o nosso “produto de exportação” é esse serviço (por favor, não teça considerações morais sobre essa abordagem) e em troca (pagamento) recebemos donativos. Como qualquer outro produto/serviço, está sujeito à lei da oferta (nossa capacidade para angariar donativos) e da procura (interesse e disponibilidade dos doadores), para além de factores exógenos (que não controlamos).

      O que se passa com esse nosso produto de exportação é que temos cada vez menos capacidade para angariar compradores e os nossos habituais clientes (doadores) já não estão muito interessados (ou estão, eles próprios, com problemas) e não nos podem comprar o “serviço”. É o equivalente a uma forte quebra na produção, na procura externa ou no preço do cacau.

      Assim, podemos ver as reservas como um bolo (não o do Cantinflas) em que entra a receita da venda do cacau, pagamento de serviços (licenças de pesca, telecomunicações, etc.), donativos… e que será utilizado para cumprir obrigações do estado, das famílias e das empresas (enfim, obrigações do país) para com estrangeiro. Se não for o estado a pagar as bolsas aos estudantes, terão que ser as famílias a fazê-lo (a não ser que você queira que os alunos morram à fome). Não posso afirmar que as reservas estão a ser desbaratadas. Sei apenas que são insuficientes para o cumprimento das nossas obrigações.

      Se vivemos de doações, então estas doações têm que ser suficientes e chegar atempadamente. Se não for assim temos que ajustar o equilíbrio na utilização das reservas pela via da quantidade (gastando menos) ou do preço (agravando-o para gastarmos menos), ou seja desvalorizando/depreciando a moeda. Numa situação limite o preço da divisa será tão elevado que o país deixa pura e simplesmente de importar bens e serviços (ficávamos em autarcia) e passaríamos a viver apenas do que a terra dá!! Mas, isso, uma vez mais, não gera (hiper)inflacção.

      Bejunto, as políticas monetárias têm limites, um deles é a economia real. Quando o mercado se apercebe que a política monetária de um país não é consistem com os equilíbrios macro-económicos básicos, a moeda desse país fica sujeita a ataques especulativos (procura de moeda para especulação e não para transacção). STP, feliz ou infelizmente, não corre esse risco.

      Não é porque 1 Eur vale 1.000 Yens, que dizemos que o Euro é mais forte que o Yen. As moedas não são mais fortes umas do que outras. Tendem, isso sim, a apreciar ou a depreciar umas em relação às outras. É a essa tendência de apreciação ou de depreciação que dizemos que uma moeda está forte ou está fraca. É preciso ver também que nem todas as moedas estão igualmente expostas ao mercado. A nossa Dobra, por exemplo, serve exclusivamente para transacções domésticas. Fora das nossas fronteiras ela não cumpre quase nenhum dos requisitos para ser considerada como moeda.

      Sim, os objectivos a atingir com a paridade cambial entre o Euro e a Dobra são as que enumera, mas o facto de se fixar o câmbio (preço) não elimina as forças do mercado. Daí a importância da conjugação de esforços entre os bancos centrais (Portugal e STP) para garantir que o cãmbio (taxa de conversão neste caso) de 24,5 é o que equilibra o mercado cambial. Só se desvaloriza (ou valoriza) se os bancos centrais concluírem que o desequilíbrio não é conjuntural mas sim estrutural.

      António Martins Gomes acabou por explicar as vantagens para os emigrantes. Acrescento apenas que quando há desvalorização da moeda o impacto não é igual em todos os sectores. No sector dos bens não transaccionáveis (produtos locais, serviços doméstico, etc) nem sempre a repercussão nos preços é a 100%. Assim, se envio remessa para a minha mãe em euros e a dobra desvaloriza, o rendimento da minha mãe melhora razoavelmente, porque o preço dos produtos e serviços locais (produzidos e transaccionados em dobras) não aumentam na mesma magnitude dos bens importados.

      Espero ter sido útil. Peço desculpa pelo lençol.

  9. António Martins Gomes

    12 de Maio de 2011 at 16:41

    Aconselho a não confundir a paridade fixa (não há flutuação), que resulta de acordos entre países com o câmbio flexível ou flutuante em que neste último os governos não se comprometem com tal paridade e deixa a cargo do mercado a determinação do valor da moeda em relação à outra. Neste caso, as leis de oferta e procura é que determinarão a todo o momento a paridade entre os valores de duas moedas. Já no caso de emigrante esse pode obter dois tipos de benefícios a saber : taxa de juro elevada em relação ao passivo (geralmente depósitos a prazo) e taxa de câmbio em alta, ou seja, o país (instituições financeiras) vê-se na obrigação de desembolsar uma elevada quantidade de Dobras para adquirir tais divisas. p.e. Cabo Verde elevou a taxa de juros sobre os passivos dos emigrantes em relação aos nacionais e sua moeda (ECV), hoje, está disfarçadamente indexada ao Euro, já que o acordo tinha sido firmado com Portugal.

  10. António Martins Gomes

    13 de Maio de 2011 at 9:55

    As reservas externas diluíram…. “e se por acaso, o Banco Central se encontrar numa situação de rotura de divisas tem o mecanismo do acordo de cooperação cambial para recorrer ao tesouro português», acrescentou Maria do Carmo Silveira- o problema é como e quando o tesouro português irá socorrer o tesouro são-tomense? Em Cabo Verde, você desembolsa ECV:110,265 por apenas EURO:1 (paridade fixa). Suponha-se que o País conseguiu manter de pé o acordo devido ao estímulo às remessas dos emigrantes espalhados por este mundo fora (mais ou menos 400.000 emigrantes), turismo e fixação de empresas afins e acumulação de capital externo resultante de alienação de um grande número de empresas públicas principalmente aos portugueses!!!

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