Economia

38 anos de Reforma Agrária tem um exemplo de sucesso

Recolocou São Tomé e Príncipe na boca do mundo, por causa do sabor incomparável do chocolate produzido com cacau pura origem produzido na roça Terreiro Velho na ilha do Príncipe, e o aroma singular do café da roça Nova Moca. Dos Estados Unidos ao Japão, o mundo se rende ao sabor e ao aroma das ilhas verdes.


Um cidadão italiano emigrou para São Tomé e Príncipe em 1992 proveniente da República  Democrática do Congo, após a deflagração da guerra civil naquele país africano. Produzia café no ex-Zaire, e em São Tomé, beneficiou de duas pequenas médias empresas agrícolas no quadro da segunda fase da política de reforma agrária.

Chama-se Claudio Corallo(na foto). Recebeu do Estado são-tomense  102 hectares de terra da roça Nova Moca, ex-dependência de Monte Café na ilha de São Tomé, onde desenvolveu a cultura de café pura origem de São Tomé.

Na ilha do Príncipe, ficou com  80 hectares de terra da roça Terreiro Velho, onde promoveu as plantas tradicionais de cacaueiros das ilhas, implementando técnicas que permitem uma produção de alta qualidade.

O cacau e o café tratados com perícia para manter a excelente qualidade, desde a colheita, até a secagem, dão sabor ao chocolate de alta qualidade, que desde 2004 conquista as principais praças internacionais.

A fábrica de chocolate instalada na capital são-tomense, num anexo da residência de Claudio Corallo, põe o nome de São Tomé e Príncipe, na boca dos Europeus, Americanos, e Asiáticos. A bandeira do país também é conhecida, pelo sabor cativador do chocolate pura origem.

No passado dia 6 de Setembro, o Estado norte americano da Califórnia, viu abrir mais um centro de venda do chocolate de São Tomé e Príncipe, com a marca de Claudio Corallo, desta vez na famosa “Palo Alto”.

Uma região de elite norte americana. Empresas como a Google e Facebook estão sediadas na mesma zona onde foi aberta a loja que vende o chocolate que tem sabor de São Tomé e Príncipe. «O nosso chocolate é caro, porque produzir qualidade custa. Pela qualidade paga-se caro. Em Palo Alto, ficou clara a ideia de que quem compra o nosso chocolate, não está a fazer favor a uns agricultores miseráveis de África. Não. Compram caro, porque a qualidade não é barata, em parte nenhuma do mudo», declarou  Claudio Corallo.

Depois de nos últimos 6 anos ter conquistado Berkley na cidade de São Francisco, o chocolate de São Tomé entrou pela praça nobre da cidade de “Palo Alto”, também na região de São Francisco  no Estado da Califórnia.

Os americanos estã rendidos. «Através da internet se promove a degustação do chocolate. O pagamento é feito via internet. Em duas semanas já havia mais de 5 mil inscrições para degustação. A loja, está no centro da cidade, na zona onde há os melhores restaurantes. Está muito bem situada, com uma boa clientela. » referiu Cladio Corallo.

O Presidente da autarquia de Palo Alto, David MacKenzie, marcou presença na cerimónia de inauguração da loja de chocolates de São Tomé e Príncipe. A fotografia ilustra o momento da inauguração, Claudio Corallo ao lado do Presidente da Câmara da cidade norte americana. «É sempre o nome de São Tomé e Príncipe, que está a ser promovido internacionalmente. Mostro sempre o meu passaporte são-tomense», acrescentou Corallo.

A orquestra sinfónica da cidade animou a festa.

Ao mesmo tempo, que os Estados Unidos se rendem aos sabores do chocolate e do café de São Tomé e Príncipe, a Europa é conquista pelo mesmo aroma. Há mais de 5 anos, que o chocolate marca “Corallo”, é vendido em Portugal.  “L´Arbre à Café” é nome de outra loja que vende o mesmo produto de sabor são-tomense na cidade Luz-Paris.

Na suíça, mais concretamente em Lion, a rendição ao chocolate são-tomense, é realidade há mais de 2 anos. Itália, o país natal de Claudio Corallo, é um consumidor de há muitos anos, e o mercado alemão, também já foi conquistado.

Praga, capital da República Checa, é próximo destino. « Agora irei no dia 4 de Outubro, para a República Checa em Praga, onde vai ser inaugurada uma secção de uma loja, que vai vender só o nosso chocolate», confirmou, o agricultor e produtor de chocolate.

Segundo Claudio Corallo, dentro de 3 meses, o espaço europeu contará com mais uma loja do chocolate que marca diferença e determina o seu preço, por causa da sua alta qualidade. Será na Holanda, mais concretamente em Amsterdão.

Na Ásia, Japão já degustou o sabor de alta qualidade produzido nas ilhas verdes, do golfo da guiné. «Começamos no Japão mas, os custos de transporte são muito altos», frisou.

O nome de São Tomé e Príncipe significa qualidade no mercado internacional de chocolate, e tendências piratas, já começaram a se manifestar. « Em Portugal, alguém registou um chocolate com o nome São Tomé. Muita gente pensa que é nossa produção. Caberia ao Estado são-tomense defender a marca nacional», reclamou.

Anualmente Corallo e a sua equipa, toda ela nacional, produz 20 à 30 toneladas de chocolate de alta qualidade.  Através dos 80 hectares de terra da roça Terreiro Velho, que a reforma agrária colocou em suas mãos, criou parceria com outros pequenos agricultores proprietários de lotes de terra na ilha do Príncipe, para produção de cacau de alta qualidade.

Consegue assim, cerca de 70 toneladas de cacau por ano. Suficiente para dar resposta a enorme demanda internacional de chocolate de alta qualidade.

Entre Nova Moca, Terreiro Velho e a unidade de produção de chocolate, Corallo dá emprego há cerca de 200 pessoas. Outros 350 pequenos agriculores da ilha do Príncipe ganham sustento através da produção e venda de cacau de alta qualidade.

A imprensa internacional, está rendida ao sucesso. Este ano, no dia 8 de Novembro, o canal francês  “TV5 Monde” exibe no seu programa “Thalassa”, um documentário produzido na roça Terreiro Velho, para o mundo conhecer a  origem do chocolate famoso.

Um jornalista do National Geografic, também ficou na Roça Terreiro Velho(na foto) durante 2 semanas a registar, as marcas, os segredos, e o percurso do cacau, que faz as principais praças internacionais, degustarem um sabor que o mundo desconhecia no chocolate.

Americanos também estão a vir, para conhecer o país que produz tal maravilha. «Panagos é uma empresa de “Palo Alto” nos Estados Unidos que vem visitar Terreiro Velho e o país, para conhecer in loco, onde nasce este chocolate», confirmou Claudio Corallo.

Cacau e café continuam a por o nome de São Tomé e Príncipe, na boca do mundo, com orgulho. O exemplo descrito, prova que a reforma agrária realizada há 38 anos, não foi só desastre.

Abel Veiga

19 Comments

19 Comments

  1. ferpenapandopo

    30 de Setembro de 2013 at 0:36

    Muito bonito,mas meus amigos isto não dá dinheiro aos governantes,portanto esqueçam
    estas iniciativas,o que dá dinheiro aos governantes são as empresas petroliferas para não explorar o ouro negro,o resto são
    cantigas para boi dormir.

  2. Fbi Soares

    30 de Setembro de 2013 at 7:29

    Muito bem, e ainda peço ao productor que nao pare por ai.

  3. Barão de Água Izé

    30 de Setembro de 2013 at 9:20

    Claudio Corallo merece o respeito e agradecimento de todos os Sãotomenses pelo trabalho que tem desenvolvido. Enfrentou e enfrenta muitas dificuldades.
    A “marca” STP, que está escrita nos seus produtos, expostos nos melhores e exigentes estabelecimentos comerciais na Europa, mostra que a nossa Terra pode “dar muitas cartas” no que toca a produtos agrícolas, transformados ou não industrialmente. Para Corralo tudo seria maís fácil e produtivo, se não tivesse que trabalhar “pelos intervalos da chuva”, isto é, pelos esconsos espaços que as nacionalizações “permitem” algum trabalho privado. Ter as roças nas suas mãos, é a mesma coisa que ser proprietário? Parabéns a Corralo, família e a todos os que com ele trabalham.

  4. observador

    30 de Setembro de 2013 at 10:46

    simplesmente genial…..

  5. Pen Drive

    30 de Setembro de 2013 at 10:54

    Existem alguns bons exemplos no nosso país. vejam casos como o de credial industria. Impressionante! E sem qualquer apoio dos sucessivos governos!Até parece que se trabalha num verdadeiro inferno! Que horror! Que malvadez e falta de bom senso por parte dos politicos desta terra! Senhor Claudio os meus sinceros parabéns. Só por isso o senhor tem o seu cantinho cativo no céu! Força e boa continuação a ajudar o povo de s. tomé e de Príncipe que bem precisam de pessoas como o senhor.

  6. Hibrahin

    30 de Setembro de 2013 at 12:38

    -Este Sr. merece mas atenção do governo da ilha do Príncipe nomeadamente da S.tomé e Príncipe em geral.

  7. Ceratitis capitata

    30 de Setembro de 2013 at 12:50

    Abel, bom dia.
    Devias publicar uma foto das condições de inóspitas em que vivem os verdadeiros produtores de cacau. Vivem do suor, de um povo, na sua maioria Cabo-verdianos.
    Apenas a sanzala e terreiro. Acredito que já não te lembras das casas dos trabalhadores, embora …fosses um homem de campo, como eu!!

    • ferpenapandopo

      30 de Setembro de 2013 at 14:25

      Privatizem as terras e terão resultados muito positivos rapidamente,o problema é que com estes governantes de idiologias marxistas esse processo vai ser difícil.
      Mudem de governantes e vejam a vossa terra progredir.

  8. pontosnosis

    30 de Setembro de 2013 at 16:27

    Eu gostava que o jornalista explicasse o que é que o senhor Corallo tem a ver com a dita reforma agrária em São Tomé.

    Eu explico: NADA, TUDO O CONTRÁRIO

    Este senhor é um privado (que por acaso é estrangeiro, mas poderia ser nacional), competente naquilo que faz, porque se centra em produzir com qualidade e para satisfazer os seus consumidores e não para seguir directrizes de um comité politico de foice+martelo que não faz a mínima ideia de como funciona uma economia de mercado.

    • Téla Nón

      30 de Setembro de 2013 at 16:35

      Enfim…. não fosse a reforma agrária realizada nos finais dos anos 90, que permitiu ao empresário em causa ter acesso as duas médias empresas agrícolas, como é que desenvolveria o seu projecto?. Se as duas médias empresas, fossem como no passado empresas estatais, como é que seria? Enfim….

    • Toni

      30 de Setembro de 2013 at 19:13

      Sou completamente a gestão do estado em qualquer tipo de negócio , em todos os casos as empresas do estado são autênticas sobredoras de dinheiro para pagar a pseudo directores sem qualquer capacidade para gerir um negócio. Os negócios, sejam comerciais sejam de produção, tem que ser geridos por empresários que têm o conhecimento técnico da produção e os canais de escoamento dos seus produtos, e com controlo de custos intenso, dado que sai do seu bolso.
      Não conheço sucesso em Países que se praticou nacionalizações e reformas agrárias ou industriais. No nosso caso veja STP, como ficou…

  9. machado

    1 de Outubro de 2013 at 9:31

    A cidade de lion é francesa … neste caso é a cidade de Nyon que se enconta na suiça

    • Téla Nón

      1 de Outubro de 2013 at 11:40

      Obrigado

  10. carlos

    1 de Outubro de 2013 at 12:59

    excelente. Más fazendo um “apart” sobre o que disse uma pequena agricultora na tvs na feira de 30 de setembro sobre escoamento dos tomates é realmente incompreensível que nós ainda não tenhamos polpa de tomate nacional. No mercado internacional os nossos produtos horticulas terão poucas chances porque é preciso produzir em grande quantidade para obter os dividendos via economia de escala + o ” roubo” das taxas de exportação e a alta qualidade no que a higiene (salubridade) diz respeito. Más pra isso não basta ter mãos limpas. Basta a EMAE proporcionar um apagão para deteriorar os produtos e com isso aparecerem fungos e é o fim deste processo junto com a credibilidade. eu defendo a transformação e promoção dos produtos nacionais e aumento das taxas para o produto exportados concorrentes. uma espécie de protecionismo direcionado. o pais deve ter como base da alimentacão oque produz internamente. Daqui a pouco tempo poderão a pagar salarios com sacos de arroz como na guine no fim dos anos 90 e inicio do sec 21.

  11. Kátia Cassandra

    1 de Outubro de 2013 at 19:17

    Eu sinto muito orgulhosa quando vejo iniciativas de sucesso como estas em S.Tomé e Príncipe ,´é sempre uma mais valia para nós santomenses. Parabéns à todos que contribuíram para esse sucesso

  12. Pen Drive

    2 de Outubro de 2013 at 7:33

    Esta manhã(02 de Outubro)ouvi o senhor Tozé da ilha do Príncipe dizer que vai disponibilizar 1.000.000.000 de dobras para iniciativas de transformação de produtos agrícolas no OGE 2014. Boas politicas! Onde está a politica nacional nesta matéria?

  13. indignado

    3 de Outubro de 2013 at 18:47

    200 familias comem directamente actraves desta iniciativa ou um sonho de um grande homem e mais de 350 pessoas que familas que de uma forma indirecta come tb actraves deste grande projecto, muito obrigado corallo , es mas santomense que os nossos lideres, es um grande homem , como muitos outros grandes da nossa praca onde passo a citar nome Joaa carlos silva , alda esopirito santos falecida e muitos outros grandes do nosso pais. obrigado viuuuuuuuuuuuuuuu

  14. O Analista e Censurador

    6 de Novembro de 2013 at 17:47

    Grande vergonha para nossos ditos empresários santomenses. Que até presente data nada fizeram para desenvolvimento do País. O que sabem é meter na Politica para fazer politiquisses.

  15. Gingumbinha

    26 de Novembro de 2013 at 17:15

    Parabéns para o senhor ministro, São Tomé está a desenvolver pouco a pouco apesar de não ser muito reconhecido, mas neste angú tem carroço e das grandes, quero ver onde vai parar o dinheiro da exportação do Cacau, como sempre “São Tomé” nunca gosta de fazer um pé de meia para assuntos pessoais que nunca lembra de resolver como por exemplo o Hospital que não tem condições para as pessoas que reside na ilha nem para os turistas…Neste caminho de lentidão quando o meu país vai desenvolver para melhor???

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