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STP 39 anos como Estado com 18 primeiros-ministros em 24 anos de democracia

O regime monopartidário, instalado após a independência a 12 de julho de 1975 orientou-se pela via marxista. A nacionalização dos meios de produção foi a primeira medida tomada. Todas as roças produtoras de cacau e café, principais fontes de riqueza do país, foram retiradas das mãos das companhias coloniais portuguesas, em Setembro de 1975.

O estado passou a gerir a economia (estatização da economia). Criou-se mais de uma dezena de empresas agrícolas: O novo poder que vigorou durante 15 anos, implementou o trabalho cívico, insistiu na promoção dos valores patrióticos a luz da ideologia marxista.

Educação e saúde gratuitas, lançaram viveiros para o novo Estado. A taxa de natalidade foi crescendo, e as fornadas de jovens estudantes seguiam para formação no exterior, principalmente nos países de orientação socialista. Centenas de novos quadros foram formados, para o novo Estado, que a data da independência não tinha meia dúzia de médicos nacionais, ou de engenheiros.

O sistema de pendor comunista, começou a ruir na década de 90. São Tomé e Príncipe foi o primeiro país do continente africano a apanhar a carruagem da mudança. Em 1989 referendou a sua constituição política, que abriu caminho para a instalação da democracia pluralista e a economia de mercado.

Em 1990 realizam-se as primeiras eleições legislativas. O MLSTP solitário no poder, cai após 15 anos de reinado. O PCD-Grupo de Reflexão, com uma direcção composta por alguns antigos membros do MLSTP, e principalmente pelos membros da ex-Associação Cívica, ganha com maioria absoluta.

A democracia pluralista se instala, procura consolidar mas revela-se um novo fenómeno, a instabilidade político-governativa. Os homens não se entendem. A crónica tendência por conflitos internos, separou, Miguel Trovoada, o novo Presidente da República eleito em 1991 e o PCD-Grupo de Reflexão que governava o país.

Decretos de Miguel Trovoada derrubaram 2 governos do PCD. O desentendimento crónico entre os homens, transformou o período da democracia pluralista, que começou em 1990, num matadouro de Governos, com responsabilidade dos sucessivos Presidentes da República, dos próprios Chefes de Governos, e também muita responsabilidade da Casa Parlamentar, que através da moção de censura deitou por terra vários Governos.

O certo é que em 24 anos de democracia pluralista São Tomé e Príncipe conheceu 18 Primeiros Ministros. Nenhum Governo cumpriu 4 anos de mandato como ordena a constituição política. Nem mesmo dois Governos de Unidade e Reconciliação, que contavam com a sustentação de todos os partidos com assento no parlamento, num total de 55 deputados, sobreviveram a conturbação político-governativa.

Houve até o caso de um Governo que caiu por causa da moção de censura apresentada pelo partido que o sustentava. Era um Governo do MLSTP coligado com a ADI e liderado pelo sociólogo Armindo Vaz d´Almeida. O MLSTP, na altura liderado por Francisco Pires, decidiu derrubar o seu próprio Governo, através da moção de censura. Miguel Trovoada era n altura Presidente da República.

Os 24 anos de democracia pluralista é um período em que a população aumentou. O pais tem mais de 170 mil habitantes, mas a produção baixou drasticamente. São Tomé e Príncipe precisa anualmente de cerca de 200 milhões de dólares para viver, mas só produz 5 milhões de dólares. A dependência cresceu com a independência.

Nos 39 anos como Estado soberano, a pobreza cresceu, sinais de corrupção tornaram-se mais visíveis, sobretudo nos últimos 24 anos. A prostituição aumentou, e a indisciplina tende a dominar a sociedade.

Abel Veiga

15 Comments

15 Comments

  1. Casaco

    11 de Julho de 2014 at 16:36

    O texto me tirou do serio!!!
    Este texto deve ser explicado para todos niveis de escolar…!
    24 anos/18 governos. Proprio partido derrubando o seu governo…!Muito obrigado

  2. Mé Zemé

    11 de Julho de 2014 at 17:28

    Porque será que não conseguimos arrancar?
    1 – Politização de tudo
    2 – Incompetência
    3 – Má fé
    4 – Não ter amor a terra
    5 – Não gostar de trabalhar duro
    6 – Ficar a espera que os outros países vão pagar sempre as nossas contas (alguns já pensam que é obrigação)
    7 – Acima de tudo não ter orgulho em ser santomense.

    Obs: Somos tão poucos para tanta confusão e incompreensão uns com os outros

    • O EX.

      13 de Julho de 2014 at 8:15

      Meu amigo as tuas perguntas são uma incógnita, mas todas têm muita muita lógica o problema é que todos estamos sempre dizem o país tem dinheiro, recebe ajuda de A e de B vamos la gastar ou até roubar porque não nos esta a custar o suor, mas por outro lado vai nos custar a dignidade. É que a nossa população é o que é. E os políticos aproveitam disso, vivem acumulando cargos e gabinetes, subsídios e viagens, investimento real nada. Olha um exemplo uma causa nacional que é a nossa marginal principal, uma ONG avança com a juventude e os políticos nada fazem e todos fingem dizendo esse trabalho é da Câmara. Mas se fosse uma ONG que dissesse tenho 500 mil Euros para esse trabalho voce ia ver primeiro Ministro, Ministro da Infraestruturas, Ministro de Turismo, Presidenta da Câmara e mais meia duzia de Deputados para abrar e eleborar projeto, e outra dezema de empresas a fazerem consorcios para participarem na obra. porque ja ha dinheiro vamos gastar.

  3. Eterno Madiba

    11 de Julho de 2014 at 17:41

    No meu ponto de vista deveriamos ser mais humilde e reconhecer que não somos nem seremos capazes de criar progressos e bem estar para a maioria dos nossos concidadãos. Façam mais um diálogo com único tema: Um parceiro certo para administrar S. Tomé e Príncipe durante 50 ou 100 anos. Que tal a ideia meus senhores! Esqueçamos essa soberania desgrenhada e paupérrima graças à incompetência dos politicos da independência e os seus herdeiros.

    • António Menezes

      15 de Julho de 2014 at 10:42

      Plenamente deacordo consigo, meu caro. Aliás nós não temos uma classe politica e uma elite para governar. Os políticos e a elite é toda ela estrangeira, ou o ministro, deputado ou candidato a Presidência é português, ou caboverdeano. Eles não pensam em STP.

  4. nadaver

    11 de Julho de 2014 at 17:58

    …eu estive lá-na praça yonGato,transportado por um tractor de Santa Margarida até Cidade de São Tomé…alguém dizia…da roça Rio-douro a Água-e-zé….o povo respondia…é nossa…da roça Diogo-vaz a Santa Catarina…repetia…é nossa-tinha eu então 14 anos-a euforia das nacionalizações!? Um abraço de Cabo Verde e, viva 12 de Julho!

  5. Peixe Frito

    11 de Julho de 2014 at 21:24

    Gostei de ler mais muitos que lutaram e festejaram a independencia hoje estao bastante disiludidos.
    Nacionalizamos as rocas para hoje nao produzirem nada as Rocas que outrora produziao cacau e cafe e davam imprego a muitas familia hoje sao Quintas privadas dos politicos para lazer para comes e bebas aos fim de semanas.
    Precisamos de 200 milhoes mas so produzimos 5milhons o resto vem de esmola externa.
    Os politicos apoderaram-se dos bems publicos e estao a sambacar a todo vapor a independencia nao esta a beneficiar todos Santomenses.

  6. Ze Konder

    11 de Julho de 2014 at 21:48

    E para se festejar melhor a data, o Presidente decidiu dar como prenda de 12 de Julho, a marcação das eleições. Agora, vamos ver o que virá depois. Peçam a ADI para mudar a data das eleições no calendário do seu canal propagandístico digital. STP tem de mudar o sistema de governo, pois as informações prova-nos que a instabilidade é fruto de desentendimento na sua maioria entre os Presidentes da República e os Primeiros-Ministros. Então vamos ter só um deles: ou Presidente da República ou Primeiro-Ministro, mas os dois não pode continuar. Mudemos a legislação, mudemos tudo, ou chamemos a ONU e entreguemos STP para governarem como alguém já sugeriu.
    Boas festas, boas campanhas e que ganhe quem der mais banho, mas ganhar com maioria absoluta.
    Fui!

  7. Atento ao Dossier

    11 de Julho de 2014 at 22:04

    Normalmente diz-se que a primeira geração cria riqueza
    a segunda geração mantêm essa riqueza,a terceira geração que já
    nasceu rica,acaba por perder tudo.
    Aqui em S.Tomé e Principe houve varias gerações de grandes Homens
    e Mulheres que criaram riqueza e desenvolvimento para estas belas
    ilhas,mas depois vieram os super dotados idealistas Marxistas/Leninistas,com as suas ideias muito avançadas de desenvolvimento para o Pais e o resultado como o belíssimo texto
    do jornalista refere,é a desgraça total.
    Não se produz nem 5% do que se consome.
    Deixamos ao abandono todo o sector primário vital em qualquer Pais.
    Deixamos os poderosos serem cada vez mais poderosos,e os mais fracos,cada vez mais fracos e em maior numero.
    Deixamos que a irresponsabilidade tomasse conta de tudo e de todos.
    E por fim deixamos que se criasse uma sociedade sem valores sem respeito por principios básicos e que somente pensa em viver fácil
    Viva o comunismo e o social Marxismo/Leninismo…

  8. António Silva

    12 de Julho de 2014 at 6:22

    É frustrante ver este país como era tempos depois da independência e como está agora! O país afundou a todos os níveis. A antiga praça de táxi, área que limita uma das fachadas do mercado municipal, é o espelho deste país. Tomando este local como exemplo, consegue-se fazer um diagnóstico deste país. Se tomarmos como referência também o estado das empresas agrícolas, a produtividade (trabalha-se só uma parte do dia de trabalho), o hospital e o aeroporto(vai-se atamancando), a disciplina regrediu, construções (quase nada) e quando se constrói, pensa-se pequenino, etc, etc, pode-se dizer que quase nada vê-se de melhor nestes 39 anos de independência.
    Mesmo assim há quem diga que o país está bom! Está para os que enveredam pelo caminho da política. Está bom os responsáveis e ocupam lugar de destaque; que conseguem sacar dinheiro a aqueles que pretendem investir no país, através do dito esquema, passa-me “X” que consigo fazer avançar isto e aquilo. São do conhecimento público estas atitudes vergonhosas. E são estes e seus comparsas que dizem que o país está bem.
    Infelizmente estamos assim neste estado, 39 anos depois.

  9. Humberto Santos

    12 de Julho de 2014 at 16:57

    12 de Julho de 1975/12 de Julho de 2014, S.Tomé e Príncipe país independente e soberano.

    Parabéns ao povo santomense, pela comemoração dos 39 anos de Independência Total e Completa. Anos de muitas dificuldades e sacrifícios consentidos, pela maioria da população, que é a camada mais sofrida e desfavorecida, constantemente lesada por uma minoria que em nome desse mesmo povo, o maltrata, rouba, viola e adia as suas legítimas aspirações, de liberdade, justiça, trabalho e bem-estar social.

    Acredito na capacidade do meu povo para superar todos esses constrangimentos e apelo para que não desistam de lutar e que estejam sempre vigilantes, não facilitem a vida aos corruptos e aos sanguessugas do povo, sobejamente identificados, mas que infelizmente continuam impunes.

    Vigilância e atenção redobrada, deve ser mantida em relação aos novos ambiciosos de poder, que se perfilam à todo o custo, para substituir os antigos; esses são muito piores ainda, pois inspiram-se em práticas, nunca antes vistas, no nosso solo pátrio; basta comparar os seus modos-operandi.

    Portanto, meu querido povo, usa de forma mais criteriosa as grandes armas de que dispõe:
    -vota em consciência e não pelo banho
    -escolha as melhores propostas e não caras “lugido”
    -não se iluda com palavras vãs e avalia pelo comportamento
    -exija e imponha-se nas suas reindivicações de forma coerente e assertiva
    -aos jovens, procurem aliar-se àqueles mais-velhos ìntegros (poucos mas ainda existem), para que possam conhecer e recuperar os valores do bom-homem santomense.

    Ao contrário do que se pretende apregoar, a República Democrática de S.Tomé e Príncipe, é um País, não só viável, como altamente viável e nunca foi tão viável com agora.
    Este país será sim, um dos países mais apetecíveis para se viver.

    Que Deus proteja a República Democrática de S.Tomé e Príncipe
    Que Deus proteja o Povo de S.Tomé e Príncipe.
    Unidos venceremos concerteza.

    Humberto(Makanaky)

  10. O EX.

    13 de Julho de 2014 at 8:33

    Meus amigos gostei muito do texto que só mostra um resumo da historia, mas ha uma pergunta que até agora eu me pergunto e não vejo resposta, (sem ignorância) ” Na data da independência que estavam muitos todos alegres e felizes por liberdade e quantos la sabiam o que estavam la a fazer?” e na data da Nacionalização das Roças quantos tinham noção daquilo que era nacionalização?”
    Acho que até hoje muitos ainda saem de se perguntando porque que se nacionalizou as roças.
    Sei também que muitos não querem ser escravos da moda antiga, mas perguntam pra quê a Independência: Se ficamos livres dos Colonos Brancos. mas hoje somos escravos modernos, livres mas explorados nas mãos dos Irmãos Colonos.

  11. Barão de Água Izé

    14 de Julho de 2014 at 20:57

    O passado demonstra que é necessário rever a Constituição da República e apostar no Presidencialismo (democrático). Rever as leis da Terra, através das privatizações que forem necessárias e inadiáveis.

  12. Ralph

    15 de Julho de 2014 at 12:07

    Esta é uma história interessante sobre o percurso do vosso país em tornar-se numa democracia. Apesar de ter 18 primeiro-ministros em só 24 anos de democracia parece ser um recorde mal, acho que isto é o que acontece quando um país se torna numa democracia. Demora algum tempo para estabelecer as instituições e os processos necessários para assegurar uma forte democracia. Fui pesquisar a história da democracia no meu país da Australia e vi que havia muita instabilidade nos primeiros anos depois da independência do Reino Unido em 1901. Neste perído, houve várias mudanças do governo enquanto os partidos políticos se estabeleceram. Acho que não era até a década dos 30 ou 40s que o sistema político começou a ficar mais estável. Por isso, a minha mensagem para o povo são tomense é persistir e não desistir.

  13. mandja

    16 de Julho de 2014 at 23:55

    Certo, que STP merece felicitacoes….39 anos, deve-se festejar! Mas cadê o”bilan” destes 39 anos?

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