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Osvaldo Abreu esclarece as razões da sua não candidatura a liderança do MLSTP

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Por respeito à todos aqueles que desde o início deram o seu apoio, suporte e incentivo a minha anunciada pré-candidaturaàs eleições internas para renovação da liderança do MLSTP/PSD, e para esclarecimento da Opinião Pública em geral, venho por este meio comunicar o meu afastamento do processo eleitoral em cursopelas razões seguintes:

  1. Razão Política: A minha pré-candidatura foi apresentada desde o seu início como uma proposta de pacificação, de inclusão e de intergeração, de renovação e intervenção activa, moderna e dinâmica no seio do partido MLSTP/PSD e na sociedade santomense. Mas igualmente, sempre foi exposto que esta candidatura nunca seria uma candidatura pró-divisionista nem daria corpo a nenhum projecto que enveredasse pelo caminho de mais separação, auto-flagelação e destruição da família partidária a que pertence. Politicamente, confesso ter sido incapaz de convencer os sectores mais conservadores e os sectores controladores do poder real do partido, com a minha proposta transgeracional de passagem paulatina de testemunho e de partilha vantajosa, dinâmica do poder e de responsabilidades, em atenção as necessidades dos militantes e dirigentes do partido, em atenção as necessidades reais do país, em atenção também da incapacidade do partido de responder àsnecessidades e chamamentos flamanteda população e dos eleitores, cada vez mais jovens. Do mesmo modo, não estava disponível para “comprar” através de “banho” estes apoios, pois sabemos que não são sustentáveis nem convictos porque há sempre quem pode pagar mais. Por outro lado, todas as tentativas para encontrar equipas de diferentes gerações por mim lideradas esbararam nos habituais argumentos de que a minha idade e suposta inexperiência constituiriam barreiras quanto a liderar e encabeçar uma possível “chapa” com aceitáveis hipóteses de sucesso. Entretanto, as possibilidades alternativas de lideranças que me eram colocadas, pura e simplesmente porque “tinham mais experiências”, eram interrogadas justamente devido às mesmas experiências, vistas como factor desmoralizador, desmobilizador e distanciador dos cidadãos e dos eleitores. Calculo que no mundo não existiria líderes relativamente jovens se o requisito fosse simplesmente“ter mais experiência”. Nesta ordem de pensamento, fui colocado perante outro desafio; o de lutar e rebelar contra tais sectores do partido. Apoios não faltaram. Entretanto, tal como foi mencionado no início, esta candidatura não promoveria mais guerrilha nem separação. Outrossim, caso entrasse numa logica de rotura e chegasse a vencer as eleições, a parte mais fácil, estariam criadas as condições para não conseguir governar o partido. Consciente destarealidade, tive de ter em atenção o sentimento mais perigoso para um político em democracia, sobretudo para um político “jovem”; o sentimento de desilusão dos seus seguidores e não só. Pois, a incessante luta interna, o desgaste, a continuada propensão para autodestruição que se vem verificando, inviabilizaria toda e qualquer acção no sentido de criar espaços para unir forças para desenhar e implementar programas e estratégias sérias e assertivas de oposição e de defesa dos interesses nacionais e de todos cidadãos, particularmente de aqueles que não têm opção político-partidária e que sofrem todos os dias os abusos partidários por parte de dirigentes políticos sem escrúpulos.
  2. Razão Pessoal: Após a derrota nas últimas eleições legislativas que aconteceu em Outubro de 2014, o actual líder do partido MLSTP/PSD prometeu publicamente colocar o cargo à disposição e preparar as eleições internas para renovação da liderança. Consequentemente,enquanto pré-candidato, a minha equipa esboçou uma estratégia de intervenção enquadrada num espaço e tempo razoáveis, com um limite até junho de 2015, pois no dia 9 daquele mês a actual direção terminaria o seu mandato legal, o que quer dizer que as eleições teriam de ser realizadas e as novas estruturas directivas empossadas, o mais tardar antes daquela data. Passados mais de 13 meses da derrota histórica do partido e passados mais de cinco meses de uma direção ilegal, continua a militância e o país à espera de uma oposiçãocredível e responsável ao actual poder. Várias datas foram fixadas, anunciadas e ignoradas.Perante uma situação de quase-abuso do calendário dos outros, incluindo de cidadãos não político-partidários face a “Partidaritadura” do país, concordarão comigo que nem todos os dirigentes políticos vivem da política, ou seja, há vida profissional e pessoal para além da política ou da politiquice.
  3. Razão Banho:A monetarização da vida político-partidária do país esta tomando proporções alarmantes e temos de admitir que todos, tantos os que “dão banho”, como os que “tomam banho” e a diferentes níveis, e os que “assistimos os banhos e os banhistas sem querer molhar-nos”, temos responsabilidades nisto tudo. Numa sociedade com um índice elevado de pobreza, esta situação vai descaracterizar completamente a cidadania santomense, o ser ou a nacionalidade santomense e o carácter sociomoral de cada um de nós. É muito preocupante quando observamos que mais pessoas e à todos os níveis no país, aceitam com certa facilidade a “condição de banho”, interiorizando a máxima de que;“quem não pode dar banho não faça política, vá fazer outra coisa”. Não sei se as pessoas têm noção do que isto pode significar, pois cada vez mais estamos a galvanizar perigosamente para aceder ao poder político no país, pessoas cuja única virtude ou capacidade para governar o destino das nossas vidas e da vida dos nossos filhos é ter dinheiro, ter muito dinheiro ou pessoas que, vergonhosamente, as suas únicas virtudes e o que sabem bem-fazer, é bajular os que têm dinheiromesmo que esta fonte de financiamento seja proveniente de origens duvidosas e criminais, como tráficos de drogas ou de pessoas, terrorismo, lavagens, ou de outras origens mais vergonhosas, criminosas e condenáveis. Repito, todos temos responsabilidades e estamos a matar o futuro da nossa nação e dos nossos descendentes senão, o nosso próprio futuro. Abstive-me de fazer parte deste jogo vergonhoso e desta provocação de ter de competir com candidatos que desafiavam os outros unicamente com uma aparente capacidade financeira, pois os seus únicos argumentos resumem-se à isto mesmo; o poder para esbanjar milhares e milhares de dólares e comprar consciência numa pequena eleição interna.

São estes os 3factores fundamentais que concorreram para o meu recuo enquanto pré-candidato para as eleições internas à liderança do partido MLSTP/PSD. Optei entretanto, por encontrar um espaço interno no partido, entre várias gerações, sobretudo os veteranos, tal como já acontece de alguma forma num grupo onde fui convidado a participar, para tentar partilhar as minhas ideais e pontos de vista, entender melhor as pretensões legítimas dos veteranos e tentar concilia-lascom as pretensões e aspirações dos mais novos. Acho que este espaço de diálogo fora da esfera do poder promete ser mais adequado para o sucesso de uma possível candidatura consistente, mais integrada e sustentável no futuro.

Continuarei conciliando este desafio com os meusprojectospessoais e com as minhas intervenções profissionais e sociais nas universidades do país e em áreas da minha especialização profissional.

Ser dirigente partidário não é nem pode ser a única forma de servir. Não desisti das pessoas que me apoiam nem desistirei. Trata-se de uma reavaliação da situação política e de reposicionamento para melhor servir o partido, servir a milha família, amigos e conterrâneos, observando o tipo de intervençãoque possa ter no seu momento, na sua forma e no tempo. Estarei sempre disponível para o meu país, São Tomé e Príncipe.

O cidadão

Osvaldo D’Abreu

19 Comments

19 Comments

  1. Cidadão Filho da Terra

    11 de Novembro de 2015 at 14:39

    O partido MLSTP/PSD sempre com problemas internos de liderança. São as palavras do Pré-Candidato Osvaldo Abreu. Agora pergunto como é que um Partido histórico, maduro e experiente, ainda tão, mais tão descontrolado e desorganizado dessa forma. Creio que nunca mas nunca voltarão a governar São Tomé e Príncipe se continuarem assim.
    Por outro lado, gostaria de perguntar ao pre- candidato como é que andaste a pensar que seria essa eleição? Para terminar gostaria em jeito de tranquilidade, lhe desejar coragem, força, e que um dia essa porta de liderança se abrirá para si. Que Deus proteja STP. desses malditos…
    Muito obrigado.

    • diasporaatenta

      11 de Novembro de 2015 at 17:14

      Todos os partidos têm problemas internos. O de MLSTP, deixou de ser problema para ser cancro terminal, em que pessoas apoderaram-se criminalmente do Partido e fizeram de refém, tanto a estrutura do partido como o próprio país durante algum tempo para poderem sugar os seus nutrientes até o esqueleto. Todos os líderes que tentarem desafiar tal grupo viral é pura e simplesmente atropelado e esmagado e o Abreu ja teve este ensaio quando foi Ministro. Perguntem a líderes fortes como Posser, Rafael, Carlos Graça ou mesmo Pinto da Costa. Onde estão os militantes moderados como Acácio Elba, ou Maria do Carmo Silveira, só para citar estes dois? Já repararam em quantas pessoas abandonaram este partido e que continuam a deixar para trás estes marmanjos? Eu sou um deles. Este Partido já deixou cair seu próprio Governo, já afrontou seus próprios Ministros, Primeiros Ministros, numa lógica de terem de obedecer e alimentar a legião de sanguessugas e parasitas que somente querem viver a custa do Estado e do Partido. Por isso jovem Osvaldo, estranhou-me muito que tivesses anunciado uma candidatura para liderar esta associação negativa que se tornou o MLSTP, pois não acredito nem sequer na rotura, como muitos pregam por aqui, porque o nível e quantidade de associados viciados é tão grande que a rotura estaria a partida condenada por dentro e por fora. Ainda bem que sabes fazer outra coisa. Porque lá dentro a maioria dos dirigentes só pensam enriquecer a custa do partido e do país. Mas acredito que haverá um volteface no MLSTP, mas não será agora. Este partido vai continuar a bater no fundo para o pesadelo da nossa democracia.

  2. Rui medeiros

    11 de Novembro de 2015 at 16:15

    Precisamos de politicos como Osvaldo; que nao compatuam com esta forma de fazer politica,eu ja era um admirador seu e com esta atitude so vens demostrar que ainda existe politicos em STP que querem o desenvolvimento do pais .Um abrc

  3. Martelo da Justiça

    11 de Novembro de 2015 at 16:24

    Quando é que essa Gente de mente ultrapassadas, deixam esse Partido renovar-se e modernizar-se. São sempre os mesmos a desfilarem. Pessoas que sempre andaram a gravitar a volta do Poder porque é através da política que conseguem viver. O mais grave é que durante esse tempo todo deram cabo do MLSTP e de Pais. Por favor, deixem o Partido a nova geração continuando na mesma a dar a Vossa contribuição como Senadores, transmitindo a Vossa Experiencia a bem da modernização e credibilização deste grande Partido, fundador da Nação. Fico muito triste em ver esse Partido nesta situação. Como disse o outro, desta forma, nunca mais o MLSTP voltará ao poder. Não acredito em nenhum desses candidatos que estão a desfilar.

  4. Alfonso

    11 de Novembro de 2015 at 16:45

    Amigo Osvaldo,
    Estamos ante uma nova “era política” e muitas coisas tem que mudar. É bom teres-te desmarcado claramente sobre assuntos como o “banho”, as divisões e o conflicto artificial de “novos” contra “velhos”. Á verdadeira política tem que renascer ao serviço do desenvolvimento e das conquistas sociais e liberdades. O caminho é longo. Paciência e um abraso.

  5. gente-de-la

    11 de Novembro de 2015 at 18:23

    Tenham em atenção. Soube que Osvaldo Cravid dÁbreu está em Lisboa a estudar Doutoramento. Esta matriculado no ISCSP da Universidade de Lisboa.
    Mas também soube que está doente e em tratamento em Portugal.
    Força Osvaldo e muita coragem
    Saudações da diápora

  6. pascoal de carvalho

    11 de Novembro de 2015 at 18:37

    Pois é, anunciar a não candidatura, alegando essas razões em nada engrandece a posição política muito menos o perfil de um pré candidato anunciado. Enfim razões para não ser são muitas, desde pessoais até mesmo profissionais e da própria política.
    A verdade é que quem quer ser líder (seja em que contexto for, tem que liderar em todas as vertentes e não desculpando delas quando tais desculpas já são do conhecimento alheio)
    Política aos políticos e mais nada. Convenhamos.

  7. Pedro

    11 de Novembro de 2015 at 21:20

    Força Osvaldo!! Nos os jovens estamos contigo. Entao essa Elsa Pinto bandida que foi obrigada a demitir-se de Procuradora da Republica por coisas obscuras fez agora aliança com esse bandido de Agostinho Rita. Esse senhor que levou o Banco Equador a falencia e desgraçou o meu pai até agora? Senhores, isso so acontece em Sao Tome e Principe onde esses bandidos mascarados tem lugar. Mas o que é que o MLSTP/PSD fez a essa Elsa Pinto? Essa senhora doida quer poder para vingar-se de todos os camaradas do MLSTP/PSD que combateram as bandidagensdo seu marido. Essa gente querem continuar a dividir e destruir o MLSTP/PSD como fizeram duranteas eleiçoes legislativas, criando Plataformas,pepsis etc mas nao conseguirao. Senhores esses maliciosos nao dormem. Viva Osvaldo, nos os militantes do MLSTP/PSD estamos contigo

  8. Gente

    12 de Novembro de 2015 at 0:51

    Afinal, também não basta ter somente boa vontade na arte de fazer política. O pré-candidato tem toda razão e a estratégia adotada por ele constitui uma boa alternativa de “capital político” para o futuro do partido. Porém, deve ele ter consciência que a arte de fazer política é muito mais complexa: recomendo que leia Nicolau Maquiavel, nas suas diferentes abordagens e interpretações… Isso não quer dizer, também, que se aceitem a esperteza, a maldade e a astúcia dos mais “velhos”, endinheirados e corruptos…O verdadeiro enfrentamento, pedagógico e educativo talvez fosse a dignidade de uma derrota que tenha resultado de um persistente combate eleitoral contra os malefícios morais e éticos dum e doutro grupo predominante…

    • MIGBAI

      12 de Novembro de 2015 at 12:56

      Por favor meu caro “Gente”, sugerir a leitura de Maquiavel, é perpetuar o desgoverno, e a astúcia de sempre ficar bem independentemente do assunto ou ocasião.
      Os nossos políticos têm de pensar grande e pelas suas próprias cabeças, e não seguirem maquiavel ou doutrinas leninistas e stalinistas.

    • Mandela X

      13 de Novembro de 2015 at 8:12

      Um bocadinho de cultura politica não faz mal; pessoas sem cultura são facilmente manipulaveis pelos “populistas” e especialistas no controle dos povos. Um povo informado e formado (ideias, teorias, direitos e deveres…) não é facil enganar. Maquiavel justificava os meios para os fins, como o “populismo” demagogo dos que fazem da política uma profissão.

  9. São Sousa

    12 de Novembro de 2015 at 9:53

    Caro Osvaldo e outros jovens capazes do MLSTP…Entendo as vossas razões, mas se não pegarem o partido com as mãos, vai ser o fim. Aurélio Martins outra vez? Vou queimar o meu cartão de militante. Força ai.

  10. manuel

    12 de Novembro de 2015 at 10:03

    caro amigo Osvaldo
    Pensaste bem em não meter nessa luta.
    Porque aquilo lá é um barril de pólvora.
    melhor estar como esta e viver tua vida profissionalmente
    abraços meu caro

  11. Armandinha

    12 de Novembro de 2015 at 15:34

    Minha maior decepção é saber que Maria das Neves apoia Aurélio Martins para liderança do MLSTP. Tinha tanta admiração por Maria, neste momento estou a ver se apoio ou não Maria às Presidenciais! Maria misturou-se com os podres, infelizmente está a mostrar o seu carácter. Maria não vale tudo para ser Presidente . Aurélio séria a última pessoa que a senhora pudesse misturar com ele! Estou triste consigo Maria

  12. Maiquel dos Santos

    12 de Novembro de 2015 at 16:21

    Muito bem Camarada Osvaldo Abreu, grande pensamento optima acçao, força ai belos dias virão…..

  13. helio

    12 de Novembro de 2015 at 18:08

    Meu caro colega, irmão e amigo conselho não te faltou……..

  14. helio

    12 de Novembro de 2015 at 18:10

    Sabes melhor que eu como aquela máquina funciona…

  15. jorge de jesus

    12 de Novembro de 2015 at 21:15

    Ai MLSTP e o seu eterno Banho
    Banho na legislativa, banho na presidencial e banho também nas eleições partidárias? Credo.
    Depois dizem que outros partidos é que criaram e praticam banho. O banho nasceu cresceu, desenvolveu e enraizou no MLSTP
    Bem Haja STP
    JJ

  16. -Fla ceto

    15 de Novembro de 2015 at 10:44

    Minha gente: Arelho de novo?
    Este malandro nunca vai ganhar uma eleição em STP
    Vocês têm o filho adotivo de Manuel vaz que é sempre despedido do banco central quando o ADI entra no Poder.
    Este jovem seria uma boa aposta para o momento que o partido atravessa.

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