Política

Jornalistas da Rússia e de África desenvolvem estratégia de informação para travar influência ocidental

A estratégia russo-africana a nível dos jornalistas começou a ser elaborada no dia 8 de abril com a realização do 2º Fórum Internacional de Jornalistas da Rússia e dos países africanos. O evento se enquadra no aniversário da assinatura do Memorando de Cooperação no domínio da Informação, entre o maior país do mundo e o continente africano. Por vídeo conferência os jornalistas da Rússia e da África delinearam estratégias que visam estancar a influência dos órgãos de comunicação social ocidentais sobre a população africana.

Organizado pelo Clube Rússia-África, a faculdade de Jornalismo, e a Faculdade de processos globais da Universidade Estatal Lomonossov de Moscovo, o Fórum estratégico contou com o apoio da secretaria do ministério dos negócios estrangeiros da Federação da Russa.

Jornalistas, diplomatas e membros dos governos dos países africanos, altos dirigentes do sector dos meios de comunicação social, produtores, apresentadores de televisão, jornalistas, figuras públicas, cientistas, professores, representantes das esferas cultural e mediática, marcaram presença no evento,

Segundo a organização «o fórum contou com a participação de cerca de 100 participantes de 32 países, incluindo Rússia, países africanos e do Oriente Médio, Índia e o Brasil».

No fundo o chamado sul global, está envolvido na estratégia que pretende contrapor a influência da imprensa ocidental nos países do sul.

Oleg Ozerov, Embaixador Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e Chefe do Secretariado do Fórum de Parceria Rússia-África, e Presidente do Conselho de Administração do Clube Rússia-África da Universidade Estatal Lomonossov de Moscovo, dirigiu-se aos participantes do fórum com um discurso de boas-vindas.

O diplomata russo sublinhou a importância de meios de comunicação social que dão cobertura aos acontecimentos primando pela verdade. Oleg Ozerov destacou também a conferência dos ministros dos negócios estrangeiros da Rússia e dos países africanos que terá lugar no mês de Novembro em Sotchi- Rússia.

 «Na preparação para este evento, é muito importante criar um contexto de informação apropriado, para saturar os meios de comunicação russos e africanos, com informações diversas e interessantes sobre o desenvolvimento das relações entre os nossos países e povos», concluiu o embaixador russo.

O reitor da Faculdade de Jornalismo da Universidade Estatal de Moscovo observou que não é por acaso que o fórum se realiza na véspera do 225.º aniversário do grande poeta, criador da língua literária russa, Alexander Pushkin, que esteve na origem do jornalismo russo. Esse grande gênio aproximou a linguagem literária da linguagem que ainda hoje é usada em jornais, revistas e até mesmo nas mais novas plataformas digitais.

Por sua vez o orador togolês, Prof. Yves Ekué Amaïzo, Doutor em Filosofia, detentor de MBA, Diretor do think tank Afrocentricity, consultor em comércio internacional e gestão de projetos, sublinhou a necessidade de criar uma estratégia unificada para os meios de comunicação russos e africanos que são forçados a operar nas atuais condições de guerra política, económica e de informação desencadeadas pelo Ocidente alargado.

A crescente influência do Ocidente nos meios de comunicação social africanos foi abordada pelos seguintes oradores: Zenebe Kinfu, Presidente da União das Diásporas Africanas na Rússia; Léonard Dossou, diretor-geral do Benin Economist Press Group; Joseph Julien Ondoa Owona, editor-chefe da revista sul-africana Imbizo, e um jornalista camaronês.

Os oradores salientaram a necessidade de desenvolver um plano de ação concreto para reforçar a cooperação entre jornalistas russos e africanos. Jalal Othmane, chefe da Autoridade Geral para a supervisão de conteúdos dos media na Líbia, falou sobre o trabalho da estrutura que dirige e o seu papel no combate à desinformação nos meios de comunicação social e ao incitamento ao ódio.

Ilya Cherchnev, diretor de programa do Clube Rússia-África da Universidade Estatal Lomonossov de Moscovo e docente na Faculdade de processos globais da Universidade, sublinhou a importância de desenvolver uma nova direção no espaço da informação, nomeadamente o jornalismo preventivo. Um curso especializado de educação continua neste campo está sendo desenvolvido na Universidade Estatal de Moscou.

Está prevista a formação em jornalismo preventivo, diplomacia pública, mediação, combate às notícias falsas, trabalho com informação, combate à ideologia do terrorismo e do extremismo.

Um especialista indiano, o professor e jornalista Ratnesh Dwivedi, observou que «a Rússia é um exemplo para a Índia de como o governo apoia as atividades da mídia nacional, controlando e, ao mesmo tempo, respeitando as opiniões construtivas independentes dos jornalistas».

Maksim Reva, editor-chefe adjunto para a economia da Agência de Notícias da Iniciativa Africana, falou sobre o trabalho dos três gabinetes correspondentes da agência estabelecidos diretamente em África, nomeadamente no Mali, Níger e Burkina Faso, e sublinhou a grande importância do diálogo pessoal entre os representantes dos meios de comunicação social e o público em geral.

Ele também destacou o enorme potencial dos africanos que se formaram em universidades soviéticas e russas e se tornaram os principais especialistas da África.

Louis Gouend, Presidente da Comissão para o Trabalho com Diásporas Africanas e Relações Públicas do Clube Rússia-África, e representante dos Camarões, falou sobre o https://rusafromedia.ru/ portal de notícias que reúne jornalistas russos e africanos e onde diariamente são publicadas informações verdadeiras e úteis sobre os nossos países.

Louis Gouend também anunciou o lançamento de um concurso de jornalismo organizado pelo Clube Rússia-África da Universidade Estatal Lomonossov de Moscovo. Os participantes são convidados a escrever artigos sobre personalidades importantes que tiveram um impacto positivo nas relações entre a Rússia e a África.

Os vencedores serão os autores dos melhores artigos e receberão prémios valiosos. Os resultados do concurso serão anunciados em Moscovo no dia 25 de maio, Dia de África.

Sergei Chesnokov, especialista do clube, jornalista internacional, académico da Academia de Ciências e Artes de Pedro, o Grande, juntou-se aos trabalhos do fórum a partir dos Camarões, onde participa no quarto Fórum de Investimento. Falou do grande interesse dos camaroneses pela delegação russa e do seu desejo de construir uma parceria equitativa.

Patrick Boyanga Bosi, presidente da diáspora congolesa na Rússia, disse estar convencido de que os africanos têm uma imunidade que os ajuda a perceber a informação corretamente. Esta imunidade nasceu das relações historicamente amigáveis entre a Rússia e a África.

Georges Romain Zobo, licenciado numa universidade soviética e empresário congolês, sublinhou a necessidade de ações concretas para prestar apoio informativo às pequenas e médias empresas agrícolas em África.

O orador nigeriano, o CEO da empresa B2B Prom LLC e o ex-presidente da diáspora nigeriana na Rússia, Rex Essenowo, sublinhou a importância da formação de pessoal para África em todos os campos, especialmente nos meios de comunicação social.

Said Ali, presidente da diáspora malgaxe na Rússia, apoiou as atividades do Clube Rússia-África da Universidade Estatal Lomonosov de Moscovo, que considera uma das organizações-chave para promover a agenda russa em África.

O africanista e escritor Igor Sid salientou que o continente africano sempre foi um fornecedor de novos significados que a África generosamente partilha com o mundo.

Resumindo o trabalho do fórum, Alexander Berdnikov, Secretário Executivo do Clube Rússia-África da Universidade Estatal Lomonosov de Moscovo, disse que todas as propostas dos participantes do fórum serão tidas em conta no trabalho da Associação de Jornalistas Russos e Africanos. O principal resultado do fórum foi a decisão de desenvolver uma estratégia de informação para reforçar as relações russo-africanas.

FONTE : Clube russo-africano de jornalismo da Universidade de Moscovo

3 Comments

3 Comments

  1. ANCA

    24 de Abril de 2024 at 9:30

    Bla bla bla bla

    Todos, Ocidente, Russia, EUA, China, com os mesmo propósitos sacar ao maximo, os recursos da África, dos Africanos, expoliar o máximo, para suas indústrias de consumo e bem estar, de guerra,…a África sempre foi, continua a ser olhada como continente tampão, somente fornecedor de matérias primas a qualquer custo,…ninguém quer saber e resolver os problemas a África, basta nas literaturas pensar, pesquisar, nos três As- Africa, America, Asia-,hoje Africa, America ou caraibas, Asia, paises do sul global.

    Por isso há muita guerras no mundo.

    O neo capitalismo, ou novo saque, humano e dos recursos naturais, é claro que a geografia e geopolítica estratégias, mudaram muito, o desenvolvimento, a própria alteração climatica, impuseram pensamento a estes grandes mercados mundias, sobre a sua própria sobrevivência, ganância crescimento e desenvolvimento desmedido, levou e estar levar, fogos aos seus territórios, enchuradas, chuvas torrenciais, degelo, aumento do nivel do mar, a poluição, aumento da temperatura global, provacando morte e sofrimento, as suas populações,tensão política, crises, somente por isso houve-se a falar da economia azul, sustentabilidade, economia circular, emigração massiva,proteção dos oceanos, dos recursos, da água, enquanto largos milhões de anos jamais houve estar preocupações,…

    Não há almoços gratis Africanos

    Ninguém da nada há alguém sem esperar ter algo em troca.

    Se se queremos melhorar, o nível de vida dos nossos territórios, das populações,administrações ou instituições, gestão eficientes dos recursos, protecção dos mares e rios, cabe a nós desenhar planos do que pretendemos vir a se tornar, mediante conhecimento, saber, saber fazer, tecnologias, medicina, farmacologia, veterinária, adptada a nossa realidade geográfica, humana, territórial.

    Africa-Africanos temos que te despertar, para a dura realidade que se avizinha, e organizarmos-nos, sermos, rigorosos connosco, trabalhar mais e melhor, gerir mais e melhor, saber adaptar a circunstâncias, as conjunturas dos desafios internos, internacionais, deixarmos de ser soberbos, vaidosos, gananciosos(diferente de ambição bem medida, para o bem comunitário Africano, bem estar das nossas populações, salvaguarda do território, mar, rios, recursos), deixar a poligamia e valorizar as nossas mulheres, crianças e idosos, actos de respeito, amor e solidariedade, compromisso e comprometimento, humildade, reconhecer o outro pela sua diferença e aceitar, abraçar, apoiar,…

    Saber bem do valor dos recursos humanos, dos recursos naturais, da paisagem, fauna/flora, mares e rios,

    Instituições fortes e capazes, criam-se e fazem com Homens, recursos humanos disponíveis bem preparados e capacitados internamente, para uma sociedade e comunidade, próspera e melhor.

    Claro que temos que ter a nossa visão do que queremos, na interpretação e interdependência mundial.

    A palavra segurança, protecção em primeiro lugar, em qualquer plano que façamos, sem esquecer a questão da defesa, justiça, administração.

    Se és de São Tomé e do Príncipe

    Se nasceste aqui, tem orgulho em ti, no que és, acredita

    Ajuda o teu país, território, população, administração, mar e rios, a desenvolver

    Protege a tua família, respeita a tua esposa, respeita os teus filhos/as, a tua, mãe, o teu pai, ajuda os teus irmãos e conterrâneos

    Protege a tua família, respeita a tua esposo, teu marido, respeita os teus filhos/as, a tua, mãe, o teu pai, ajuda os teus irmãos e conterrâneos

    Protege o ambiente, em que vives e fazes parte

    Acredita és capaz

    Estuda, trabalha, inventa, pesquisa.

    Somos capazes São Tomenses

    Para o nosso bem colectivo

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  2. Pedra Que Bole

    24 de Abril de 2024 at 9:44

    A Europa é o mau da fita. na ótica dos novos colonizadores e dos seus emissários – Mas é na Europa que vão empregar-se milhões de africanos – e não é na Rússia e na China – Os novos colonizadores de África, além se terem apoderado das principais empresas e dos seus recursos naturais -em todo o continente africano – incluindo os meios de comunicação social, estes é estão a ser vistos como salvadores,sim, os grandes amigos da falsa elite neocolonialista, que, para encherem os bolsos, deixaram os seus povos, numa situação ainda mais precária de que no tempo colonial
    Em Portugal, apoderaram-se da EDP- da principal empresa da eletricidade, além de hospitais, seguros e até de jornais. O mesmo fazem noutros países para imporem as suas falácias

    Na Rússia de Putini, é o que está à vista – A mordaça sobre quem não alinhar com o poder oligarca. Na China quem não alinhar nos esquema da Ditadura, é condenado por corrupção: mas esta está instalada no próprio regime que influencia e corrompe ao mais alto nível no mundo inteiro – “A China está a aproveitar-se para comprar países inteiros e, nalguns casos, a preço de saldo. Portugal é um bom exemplo desse investimento” – “Dívida de Angola à China ronda os 23 mil milhões de dólares” – Estão a pagá-la com o petróleo ao preço da água.

    2016 – Grupo chinês KNJ Investment Limited, sediado em Macau — e liderado pelo empresário Kevin Ho, sobrinho do ex-chefe do Executivo em Macau, Edmund Ho — vai passar a ser o maior acionista da Global Media, com 30% do capita

    2010 – A Liga dos Chineses em Portugal (LCP) anunciou hoje o apoio à recandidatura de Aníbal Cavaco Silva à Presidência da República nas eleições de Janeiro, justificando a decisão com a necessidade de aproximar os chineses naturalizados aos assuntos políticos.
    29 de Dezembro 2010 «Gostaríamos que os chineses naturalizados pudessem participar mais na política portuguesa», declarou o presidente da LCP, Y Ping Chow, adiantando que o número de cidadãos oriundos da China com naturalidade portuguesa se cifra já nos 3.000.

  3. Edson Neves

    25 de Abril de 2024 at 16:49

    Quando li a matéria fiquei indignado, decidi esperar e acompanhar os jornais para ver se haveria alguma nota de repúdio a esse posicionamento ou um debate sobre o assunto, porém, nada feito. Então, decidi me manifestar meu descontentamento com o rumo que o país está tomando.
    Sinceramente é preciso ter cautela, decifrar bem os reais interesses da Rússia promovendo discussão enviesada desse tipo de assunto haja vista que o país não é modelo em matéria de liberdade de imprensa muito menos na democracia liberal, tendo em vista que não adota o modelo europeu muito menos o americano (EUA –Canadá).
    O que São Tomé tem a aprender com a Rússia em matéria de liberdade de imprensa? O modelo informativo instalado pelo Kremelin?
    O modelo de censura (prévio e absoluto filtro de informações que são do interesse particular da burguesia russa e do Krémilin ) exercido pela a Sputinik, a RT e a Общественное Телевидение России -Obshchestvennoye Televideniye Rossii – OTR ).?
    Creio que nessa matéria os países africanos já aprenderam com a antiga União Soviética como controlar, manipular, perseguir, destruir e fazer desaparecer (matar) opositores incluindo jornalistas independentes que atravessem os seus interesses.
    Os saudosistas que me perdõem, mas preciso só lembrar negativamente alguns dos líderes africanos que já pintaram ou ainda pintam misérias em nome de controle de informação Dentre eles: Pinto da Costa, Patrice Trovoada, Patrice Trovoada, Paul Kagame, , Abdel Fatthá Al-Sissi, Obiang Nguema, Joseph Cabila, os falecidos Nino Vieira, Idi Amim, Bokassa, Omar Bongo, kadafi, e tantos outros.
    Sejamos honestos, alguém tem dúvida de que a única joia informativa que temos, o Jornal Téla Non tivesse seu provedor em São Tomé já estaria fora da circulação há década?
    Claro que não, por que os sucessivos governantes já nos fizeram compreender que a Radio Nacional e a TVS são instituições estatais, vale dizer governamentais e não públicas como infelizmente parte da sociedade prega.
    Televisão e Rádio Públicas seus estatutos jurídicos não permitem a substituição dos seus respectivos diretores ou secretários simplesmente visando atender os interesses dos chefes do poder executivo) conforme nós visualizamos há décadas com os diversos governantes que passaram pelos respectivos ministérios. (Basta lembrarmos a troca dos diretores da TVS e da Rádio Nacional sempre que muda governo).
    (Televisão e Radio Pública podem até se confundir por serem ambas do Estado, no entanto, a TV e Rádio Pública tem objeto e finalidade distintas determinadas pelos respectivos estatutos jurídicos. O governo não tem o controle da TV e Rádio Pública, daí por que elas são imparciais, criticam qualquer governo ou o próprio Estado enquanto Instituição, informam e formam cidadão- Exemplos: BBC, Arte –França e Alemanha, RTS-Suisse, JHK-Japão, etc).
    Soa contraditório nos discursos e juramentos defender a nossa frágil democracia e na prática exercer posturas que arruínam os seus pilares, dentre eles a liberdade de imprensa sob argumento de conter influência do ocidente, o que é extremamente preocupante.
    À quem interessa o controle de informação no ocidente?
    Será que o Krémelin pretende tornar São Tomé, o Sudão onde já existe núcleo russo de controle prévio de informações jornalísticas?
    Espero que as classes jornalística e política (partidos políticos) santomense tenham exata noção do que significa esse tipo de posicionamento sem uma ampla discussão. Quando li a matéria fiquei indignado, decidi esperar e acompanhar os jornais para ver se haveria alguma nota de repúdio a esse posicionamento ou um debate sobre o assunto, porém, nada feito.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top