A comunidade piscatória de Praia Guégui, localizada entre a residência do antigo Primeiro-ministro Patrice Trovoada e a Praia de Mouro Peixe, está envolvida num negócio ilegal de compra e venda de terrenos. Os pescadores que lá residem dizem que receberam valores que variam entre 80 e 27 milhões de dobras em troca das suas residências e do terreno que confina com o mar. Segundo os pescadores os terrenos foram vendidos a um cidadão nacional vulgarmente conhecido por Bala, que apresentou a proposta de compra da praia. A Ministra da Defesa, diz que este tipo de negócio é ilegal, e será simplesmente anulado.Os pescadores da Praia Guégui, garantiram ao Téla Nón, que o negócio já foi feito há algum tempo. O cidadão vulgarmente conhecido por Bala, esteve no local, conversou com a comunidade e apresentou uma proposta para compra das residências e o terreno circundante. «É o senhor Bala que veio aqui negociar terreno connosco e vendemos para ele. O preço por cada casa variou entre 80, 65 e 27 milhões. Mas acho que deveríamos receber 100 milhões de dobras, e ele tinha que fazer nova casa para nós, assim como a electrificação. Só depois podemos sair daqui», explicou Tomas d as Neves. ( na foto)
O terreno que os pescadores ocuparam há dezenas de anos, e que agora foi comprado, não é nada mais, nada menos, do que a própria praia, uma vez que as residências estão assentadas sobre a areia. Tomas das Neves um dos pescadores garante que não vão sair do local. «Eu já comi todo dinheiro. Não vamos sair daqui», precisou.
Outro pescador disse ao Téla Nón, em crioulo forro, que «esse dinheiro é de petróleo. Nós não temos muitas possibilidades de comer o dinheiro de petróleo. Uma vez que ele veio com o seu próprio pé até nós, não poderíamos desperdiçar. Mas daqui não vamos sair». confirmou.
Encravada entre as rochas de Morro Peixe e a residência do antigo Primeiro Ministro Patrice Trovoada, na zona da Praia das Conchas, segundo um dos pescadores, Praia Guegue é a jóia da coroa do projecto do cidadão Bala, que pretende transformar o local numa área complementar de mansões de luxo com praia privativa.
O ministério da defesa nacional que tem competência na área, já veio dizer que negócios desse tipo só têm um destino, anulação. «Pode ser que alguma pessoa que tem maior conhecimento da matéria tenha enganado os pescadores, para que eles possam ser levados a ceder essas terras. Mas a partida, a própria pessoa que comprou sabe, que esta venda é nula. É nula porque os pescadores não são donos da terra», declarou Elsa Pinto, para depois reforçar que «está completamente vedada a esses pescadores, o trespasse, a alienação. Só vende quem tem. E essas terras não pertencem aos pescadores, pertencem ao estado são-tomense», pontuou.
A ministra da defesa nacional, acrescentou ainda que desde a era colonial foi dada aos pescadores a possibilidade de terem uma pequena parcela na orla costeira. «Mas a lei é clara. Esta licença que é dada pela capitania dos portos é de carácter precário, provisório», conclui.
No entanto o Téla Nón apurou que o cidadão Bala, está na posse de documentos que alegadamente provam a legalidade do negócio. O referido cidadão, deverá dar uma entrevista esta sexta-feira, para apresentar a sua versão dos factos.
Abel Veiga