Sociedade

“Produtos importados do Brasil pela STP Trading estão a ser bem consumidos” versus “ Leite importado do Brasil pela STP Trading é impróprio para o consumo humano”

O mercado aceitou muito bem os nossos produtos, que tem sido de consumo bastante alargado e estamos a vender os produtos ao nível nacional“. São palavras do director comercial da Trading STP, Osvaldo Santana em Maio último. No entanto desde a última semana que o governo mandou retirar do mercado leite importado pela STP Trading, porque é impróprio para consumo humano. O Director do Comércio, Jorge Bonfim anunciou por sua vez que outros produtos importados pelo grupo de empresários são-tomenses estão prestes a perder validade e por isso mesmo deverão ser queimados. O Téla Nón apurou junto a inspecção das actividades económicas, que a STP Trading vai ser processada judicialmente por causa da importação de um alegado leite cujo consumo foi proibido no Brasil. Esta terça-feira, o CIAT, deverá divulgar ao país a designação do composto químico que parte importante da população consumiu como se fosse leite. Enfim.  

CIAT, é o centro de investigação agronómica e tecnológica de São Tomé e Príncipe. Esta terça – feira a instituição deverá apresentar ao país o resultado dos exames laboratoriais do leite que a STP-Trading importou. São mais de 3 mil e 500 sacos de um composto cujo consumo foi proibido no Brasil. Aliás o anúncio de proibição está escrito mesmo no saco.

O produto foi posto a venda pela STP-Trading. Muita gente comprou o leite proibido. Na última semana o governo mandou retira-lo do mercado. A inspecção das actividades económicas selou os sacos do composto químico e pediu ao CIAT a realização de testes para se saber de que produto se trata.

A história da importação de produtos alimentares do mercado brasileiro, fruto de uma linha de crédito de 5 milhões de dólares concedida pelo governo de Lula da Silva, a favor de São Tomé e Príncipe, começou torta e consequentemente vai terminar entortada.

Os empresários são-tomenses que deveriam utilizar o crédito demoraram tanto a fazê-lo que as mercadorias que deveriam chegar ao país na quadra natalícia de 2008, acabaram por ser descarregadas no porto de São Tomé já no final do segundo trimestre de 2009.

O Téla Nón recorda as declarações proferidas pelo Director Comercial da STP Trading  Osvaldo Santana, a quando da chegada tardia dos produtos importados do Brasil. Diante do edifício que alberga os ministérios do plano e finanças e do comércio, Osvaldo Santana, garantiu a imprensa que os produtos importados do Brasil, chegaram ao país em bom estado e que todos são comercializáveis.

Mais ainda Osvaldo Santana, assegurou ao público são-tomense, que a importação feita pela Trading era de 5 milhões de dólares. Valor igual ao que o Brasil tinha disponibilizado ao estado são-tomense para importação de produtos alimentares.  

O Téla Nón publicou um artigo da STP-Trading, onde o Director Comercial Osvaldo Santana, deixava claro que os produtos importados estão a ser bem consumidos pela população. «O mercado aceitou muito bem os nossos produtos, tem sido de consumo bastante alargado e estamos a vender os produtos ao nível do país. Os comerciantes tem tido uma grande colaboração na distribuição dos produtos, têm comprado e o que nós ouvimos dos consumidores felizmente tem sido positivo.».

No mesmo artigo a Trading salientou a venda do leite importado do Brasil. Num dos extractos do artigo lê-se que “alguns produtos como o leite magro e meio gordo está neste momento a ser comercializado á 120( cento e vinte mil dobras)”, mais de 6 euros.

Por outro lado fonte das alfândegas disse ao Téla Nón que junto com os produtos alimentares, a STP Trading fez chegar no mesmo carregamento alguns autocarros de origem e destino duvidosos. No porto de São Tomé a fonte que pediu anonimato disse, que ” nós não sabemos quem é o dono destes autocarros. Não sabemos se é do estado ou de privados“, referiu. Mas a verba disponibilizada pelo Brasil tinha só um objectivo, compra de produtos alimentares para o abastecimento do mercado nacional.

A mesma Trading teve apoio solidário do Primeiro-ministro Rafael Branco, que fez uma visita aos produtos importados e disse que tudo estava bom, e que o sector privado nacional estava a dar sinais de competência.  

Agora o mesmo governo através do ministério do comércio, manda retirar do mercado leite importado pela STP Trading, por ser impróprio para o consumo. A mesma direcção do comércio faz saber que há mais produtos da Trading em fase terminal de consumo e que por isso mesmo deverão ser destruídos. «Vieram produtos com prazos curtos, outros com prazos médios. Aqueles de prazos curtos e estão a beira da expiração, tomar-se – á as medidas necessárias para ser retirado do mercado e proceder a sua destruição», declarou o director do comércio, Jorge Bonfim.

O país está diante de uma grande trapalhada comercial. Analistas, já começam a levantar algumas questões de fundo em torno deste negócio de 5 milhões de dólares cedidos pelo governo brasileiro.

Se os produtos importados estão prestes a chegar ao limite do prazo de validade. Se milhares de sacos de leite importados estão a ser retirados do mercado. Se o custo de manutenção da carne importada é cada dia mais elevado, por causa do combustível para alimentar os contentores frigoríficos instalados no porto de São Tomé. Os analistas perguntam, com que receita a STP-Trading vai pagar o crédito que de boa fé o governo brasileiro colocou a disposição do estado são-tomense?

Em conversa telefónica com o Director Comercial da STP-Trading, Osvaldo Santana, o Téla Nón procurou resposta. O responsável comercial da empresa, disse que é um assunto para ser analisado mais tarde.

Mas os são-tomenses, mais atentos começam a colocar essas questões, porque desconfiam que quem vai pagar tudo isto, será como sempre o povo, que tanto já sofre. Espera-se que o desastre comercial que começa a ser anunciado na utilização do crédito brasileiro, não venha a cair sobre os ombros do povo. Isto é, que o crédito desperdiçado e mal utilizado pelos chamados empresários do país, não venha a converter-se em dívida externa para São Tomé e Príncipe. E aí será cada um são-tomense a pagar por aquilo que não comeu.

Abel Veiga

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