António Quintas Aguiar(na foto), que lidera o grupo de sócios da STP-Trading, que desde a primeira hora insurgiu-se contra a direcção da empresa tendo denunciado várias irregularidades no processo, reuniu-se com o Procurador-geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, para mnifestar a preocupação do grupo de empresários nacionais, em relação “aos expedientes que sentimos estarem a ser feitos nos corredores, no sentido que o processo STP-Trading seja branqueado, para que não haja julgamento do processo, para que o processo morra nos corredores dos tribunais, ou morra ainda no ministério público”. António Quintas, anunciou também que o grupo de sócios vai avançar imediatamente com um processo judicial contra a direcção da STP-Trading.
A empresa são-tomense STP-Trading que beneficiou da linha de crédito de 5 milhões de dólares para importação de produtos do mercado brasileiro, é composta por 14 membros. 7 insurgiram-se em finais de Julho último contra a direcção da empresa, tendo denunciado um conjunto de irregularidades na utilização da linha de crédito. Numa conferência de imprensa o grupo de sócios tinha exigido a intervenção da justiça são-tomense e brasileira para esclarecer o caso.
Face a morosidade do processo, que por diversas razões não tem avançado, o grupo de sócios decidiu manifestar preocupação junto ao ministério público e o supremo tribunal de justiça. «Vimos manifestar a nossa preocupação porque sentimos que há tentativa a nível do país para tentar branquear o processo STP-Trading. Manifestar as nossas preocupações com relação aos expedientes que sentimos estarem a ser feitos nos corredores no sentido que o processo STP-Trading seja branqueado, para que não haja julgamento do processo, para que o processo morra nos corredores dos tribunais, ou morra ainda no ministério público», declarou António Quintas Aguiar, diante do edifício do ministério público, após encontro com o Procurador Geral da República.
Apesar das tentativas que diz existir para branquear o processo, o grupo de sócios da STP-Trading, avisa que está atento. «Estamos atentos e estamos a batalhar para que se faça justiça. Porque o povo de São Tomé e Príncipe, espera justiça do caso STP-Trading», acrescentou.
Para o grupo de sócios, o branqueamento do caso, pode ter motivações políticas. A Assembleia Nacional órgão de poder legislativo que por tradição recusa que os deputados sejam presentes a justiça sem imunidade parlamentar, é criticada, sobretudo após a decisão tomada pelo parlamento na última quinta – feira, em recusar o pedido de levantamento da imunidade parlamentar do deputado Delfim Neves, desta vez apresentado pelo ministério público. «Nós sabemos que ontem (quinta-feira) três líderes parlamentares, ou 4 decidiram, tomar uma decisão e enviaram ao procurador-geral da república. Isto é ilegal. É relativamente ao pedido de levantamento da imunidade parlamentar que o ministério público pediu. Todo o país sabe quem são esses indivíduos que devem vir aqui prestar declarações, são deputados», reclamou António Quintas Aguiar, para depois apontar o dedo ao deputado Delfim Neves que é também director administrativo e financeiro da STP-Trading. «Não sei se é Delfim Neves, ou aquele que disse no programa do Silvério Amorim da rádio nacional onde usou 2 horas de antena e todo o país ouviu, onde disse que estava livre e disponível para vir a procuradoria-geral da república para esclarecer todo o processo. Agora o que se nota é que depois daquelas duas horas de antena em que disse estar disponível com ou sem imunidade para cá vir, até hoje a um embaraço no processo seguido de uma tentativa no sentido de matar o processo», pontuou.
Segundo António Quintas Aguiar, o número de sócios da STP-Trading, que contesta a situação não pára de aumentar. Inicialmente eram 7, mas neste momento já passou o número 10. «Vamos colaborar com a justiça para que o processo não morra, o processo tem que andar, e acreditamos que vai andar», precisou para de seguida anunciar que o grupo vai processar a direcção da STP-Trading. «Entramos imediatamente com um processo-crime contra a direcção da STP-Trading. Temos que salvaguardar a nossa posição porque o senhor Primeiro Ministro da República Democrática de São Tomé e Príncipe, tem dito vezes sem conta que somos nós os sócios da STP-Trading que tem que pagar com os nossos bens, a dívida que se tem com o Brasil. E não estamos disponíveis para pagar nada a ninguém, não comemos nada, não participamos nas falcatruas que foram feitas no Brasil», frisou.
O grupo de sócios que já se encontrou com os representantes dos tribunais, tem marcado para esta segunda – feira um encontro com o Presidente da Assembleia Nacional Jayme José da Costa, que na última quinta – feira assinou a carta que recusa mais uma vez o levantamento da imunidade parlamentar do deputado Delfim Neves. «Basta de impunidades, basta de jogos de cintura par branquear casos tão graves e flagrantes como é este da STP-Trading, outros que já conhecemos e que tiveram o desfecho que tiveram, e outros que hão-de vir, e por o povo de São Tomé e Príncipe a sair desta miséria exacerbada em que estamos mergulhados», precisou.
António Quintas Aguiar, fez questão de anunciar que também já pediu audiência ao Primeiro-ministro Rafael Branco, exactamente para denunciar a tentativa em curso de branqueamento do processo de corrupção. O grupo de sócios da STP-Trading, garante que vão se encontrar também com o mais alto magistrado da nação para pedir justiça. «Estamos a espera que o senhor Presidente da República regresse ao país para termos uma audiência com o senhor Presidente da República no sentido de pedi-lo que a justiça seja feita em São Tomé e Príncipe. Acreditamos que desta vez doa a quem doar custe o que custar a justiça será feita», concluiu.
Note-se que no âmbito do caso STP-Trading, estão detidos preventivamente há cerca de dois meses, o Director Geral da empresa, o intendente Armando Correia, e o Director Comercial Osvaldo Santana.
Abel Veiga