Opinião

O estado do nosso Estado. O Presidente da República

Neste nosso mundo globalizado com a corrida da informação a velocidade da luz quase que estar nos EUA capaz é de se aplicar uma receita para qualquer país do Médio Oriente ou estar em Portugal, recomenda-se a receita adequada a São Tomé e Príncipe.

Esclarecemos:

«Essa questão prende-se com a imperiosa necessidade de uma muito maior intervenção do Presidente da República na vida nacional. Qualquer que seja o governo, qualquer que seja o seu programa, o país precisa de um Presidente da República já não apenas árbitro e moderador, mas de um Presidente da República realmente interventivo, nalgumas questões essenciais, capaz de enquadrar e definir um rumo nacional.

A questão não é táctica ou conjuntural. Não estou a advogar esta mudança profunda porque o Presidente vai iniciar o seu … mandato …

A questão é muito mais séria do que isso. Vivemos tempos absolutamente excepcionais. Tempos que são de emergência financeira mas também de excepcional degradação política. Tempos que indicam crise de regime.

Não há hoje diferenças substanciais em relação à degradação política, financeira e das instituições que ocorreu com a Primeira República. Acresce a esta realidade uma preocupante perda de valores e de referências na nossa sociedade e um sério défice de representação política, o que tudo ameaça cada vez mais a relação de confiança entre os cidadãos e as instituições do seu país. Quer se queira quer não, goste-se ou não se goste, o certo é que cheira mesmo a “fim de regime”.

Ora tempos excepcionais requerem atitudes excepcionais. E uma das relevantes tem a ver com o Presidente da República. Não se trata de rever constitucionalmente os poderes presidenciais ou de mudar a natureza do regime. Trata-se, sim, de perceber que o país precisa urgentemente de um choque vital. E esse “choque de vida” só pode partir do Presidente da República, em função da sua especial legitimidade, autoridade e relação com o país. O facto de ser um órgão unipessoal, eleito directamente pelo povo e visto pela generalidade … como uma referência de independência, credibilidade e confiança confere-lhe uma especial legitimidade e autoridade para intervir, particularmente neste tempo de forte degradação da vida nacional. Convém nunca esquecer que o Presidente da República tem uma legitimidade igual à da Assembleia da República.

O regime que temos – semipresidencial ou semiparlamentar – ora acentua mais o lado presidencial, ora acentua mais a vertente parlamentar. É chegado o tempo de reforçar a componente presidencial do regime, fazendo com que o epicentro político se desloque mais para o Palácio …

Afirmar a necessidade de maior intervenção do Presidente da República não significa defender que ele deva ter um programa de governo ou que tenha de ser um contrapeso em relação ao governo. Mas significa afirmar a necessidade de uma magistratura de acção e já não apenas de influência e de pedagogia, acentuar o seu protagonismo na orientação das políticas estratégicas e estruturantes e envolver activamente a seu, liderança na definição de um novo rumo para o país.

Não é o Presidente da República que precisa desta mudança. O país é que precisa que o Presidente da República a faça, em favor da credibilidade política, da coesão nacional e do prestígio do Estado. De outra forma não venceremos os graves bloqueios com que a nação se confronta.

Estamos num impasse. Numa certa crise de regime. Romper este impasse e vencer esta crise é absolutamente crucial. Mas isso não se consegue com mais do mesmo, lançando mão das soluções tradicionais. Tempos excepcionais exigem mesmo intervenções excepcionais.

…/…

Não basta, porém, afirmá-lo. É preciso prová-lo. E isso faz-se com novas políticas, diferentes prioridades, um pensamento político estruturado e muita coragem e ousadia. Ou seja, com uma nova esperança reformista.

Como a questão é de cidadania e a todos diz respeito, aqui deixo, actual e directa, a minha própria contribuição política.»

Lisboa, Janeiro de 2011.

In O ESTADO EM QUE ESTAMOS, Luís Marques Mendes (Ex-líder do PSD português)

Aos leitores do Téla Nón, trouxemos esta reflexão não, um servilismo, mas tão e somente, para dividir com aqueles que queiram entender a lógica da temática da Política e das Relações Internacionais e na valência de que o mundo é sempre algo a desbravarmos e porque não a convergência dos discursos em realidades completamente distantes e distintas uma da outra, sugerindo-nos questionar:

São Tomé e Príncipe actual, não entra nesse discurso opinativo contextualmente de uma outra latitude e de um político estranho ao nosso leve-leve?

Agora que aquece a nossa festa eleitoral, quem será o novo Presidente da República a altura do mais alto cargo da nação capaz de devolver a ética e a moral aos são-tomenses aplicando “o choque de vida”?

«Toda a coisa necessária é por natureza aborrecida.» Aristóteles (384-322 a.C.)

05.07.11

José Maria Cardoso

9 Comments

9 Comments

  1. Hiost Vaz

    7 de Julho de 2011 at 13:26

    «Nga sebe sa tadji» comitentemente nada consideravel consegui fazer para esse pobre Pais durante meu mandato…

  2. nacional

    7 de Julho de 2011 at 16:53

    enfim …

  3. Paracetamol 500mg

    7 de Julho de 2011 at 17:49

    O problema actual de crise financeira internacional, tem haver com as fraudes perpetrada pelos banqueiros e economistas.
    O problema é simples, deve-se prender quem desviou fundos e devolver dinheiro. Tudo volta ao antes.
    Há complacência dos dirigentes em delapidar os bens do Estado.
    em stp há uma guerra entre as pessoas e não instituições, por isso o pais não avança.

  4. Rio de Ouro

    7 de Julho de 2011 at 18:37

    Sem emprego não há salvação possivel, pois só o trabalho gera riqueza.
    Qualquer fórmula política que não tome em consideração a criação de emprego, signifiga pura demagogia.

  5. Ené

    8 de Julho de 2011 at 8:19

    Bravo, meu caro amigo.
    Contrariamente à alguns artigos de caracter ” pedagogicamente inflamatório ” saídos de punhos de certos eruditos da nossa praça política, este é um contributo que obriga-nos a reflectir com cunho político-científico os paradigmas que hão-de ser quebrados no contexto actual do nosso país.Espero que os meus compatriotas façam uma leitura consciente e passem com rectidão àqueles menos entendidos as verdadeiras intenções do autor.
    Bem haja à todos.

  6. Filipe Samba

    8 de Julho de 2011 at 11:09

    Caro José M. Cardoso
    Os meus cumprimentos,
    Não que nunca lhe falte argumento agradável para nos poder entreter sobre os assuntos políticos e as loucuras do século
    A presente ocasião faz-me romper o silencio, para vos demorar um pouco a lembrar algumas coisas que já noutras ocasiões abordei.
    O sistema internacional está cada vez mais polarizado e interdependente. nele intervêm actores de diferente natureza- nacionais e transnacionais, públicos e privados, legítimos e ilegais, o que acentua a sua complexidade.
    E num contexto manifestamente dinâmico e algo difuso que se movimenta São-tomé e Principe, um País cuja identidade, forjada nas características da sua geografia e na riqueza da sua história, lhe confere um capital não despiciendo na Sociedade das nações.
    Identificar a existência de uma estratégica nacional.
    O poder de um estado mede-se pela sua capacidade de influenciar o sistema internacional no sentido de alcançar objectivos que sirvam os seus interesses.

    Com estima e consideração

  7. Fijalatao

    10 de Julho de 2011 at 15:19

    A política nacional santomense não está a altura para estes debates, uma vez que o próprio povo ainda não se identificou com o novo regime semipresidencial que temos, estando a viver ainda o fantasma do regime presidencial do passado.
    Nem o parlamento nem o presidente da república têm algum poder de intervenção, uma vez que estes dois divergem!
    A ver vamos,; quem sabe um dia.

  8. Anca

    11 de Julho de 2011 at 17:24

    Andam,os políticos a muito a desgovernar, o país, pois os governantes que temos tido até então,não estão, nem estarão algum dia a altura do regime democrático,pois com falta de humildade e humanidade, de seriedade,de vontade politica,tanta delapidação de fundos, posto a disposição da população e do país, deviam estar mais atentos ao que se passa, a sua volta; pois se nada disso os comove, então melhor que falem a verdade.

    Hoje mais de 50% da nossa população vive abaixo do limiar pobreza,

    A saúde e educação é o que sabemos,para não falar de emprego e outras áreas de governação.

    Num país essencialmente jovem.

    Pois, nos próximos anos, as condições climatéricas, vão dar o ar da sua graça, como já começa-mos a assistir nalgumas regiões do globo.

    Mais tudo isso nos passa ao lado, enquanto uns vão a lua, continua-mos a fazer de conta que vivemos no universo infinito.

    Pois atentemos ao que se passa a nossa volta;

    Corno de África
    “Esta é a pior tragédia humanitária do mundo”

    “A maior seca dos últimos 60 anos afecta a Somália, o Quénia, a Etiópia, o Uganda e o Djibuti. “Há décadas que não vimos nada assim”, contam os responsáveis das ONG no terreno.”

    “Sainab Yusuf Mohamed partiu com os filhos e calcorreou centenas de quilómetros à procura de ajuda. “Não tínhamos nada para comer”. Quando chegou a Bardhere, no Sul da Somália, contou à Reuters que um dos seus filhos não resistiu. “Depois, quando estávamos a enterrar o seu corpo, o meu segundo filho também morreu”. Não tinha nada, perdeu tudo à procura de alguma coisa.”

    “Fatuma também deixou a Somália, caminhou um mês com os quatro filhos, de três a dez anos, para tentar chegar a um campo no Quénia. Fez mais de 400 quilómetros e até levou as suas 15 cabras, mas viu-as morrer pelo caminho, uma a uma. “Estava muito calor, havia poucos abrigos”, contou a um activista da Save the Children, que depois repetiu a história ao diário britânico Independent. “Deixei o meu marido, não sei se o volto a ver.”

    “Sainab Mohamed e Fatuma arriscaram tudo para chegar a Dadaab, no Norte do Quénia, um campo preparado para receber 90 mil pessoas. Agora é o maior campo de refugiados do mundo, vivem lá 382 mil pessoas e a hemorragia está longe de estancar. Mais de 54 mil atravessaram a fronteira na Somália para procurar ajuda, só em Junho. Por cada dia chegam ao campo de Dadaab pelo menos 1400 pessoas, e outras 1700 pedem ajuda no campo de Dolo Ado, na Etiópia. Mais de metade das crianças que chegam estão subnutridas. Num só campo, escreveu ontem o Independent, estão a morrer 60 bebés por dia.”

    “Dos 7,5 milhões de habitantes da Somália há 2,8 milhões a precisar de ajuda urgente, segundo a ONU. A seca não é uma realidade estranha no Corno de África, mas este ano as chuvas de Abril e Maio chegaram tarde e foram um terço do habitual. É a pior seca das últimas seis décadas: afecta a Somália, Quénia, Etiópia, Uganda e Djibuti, 12 milhões de pessoas segundo as estimativas de organizações humanitárias, mais do que toda a população de Portugal. Os alimentos são poucos e o preço dos que existem disparou. Volta a falar-se de fome, muita fome.”
    “Tragédia inimaginável”

    “É uma tragédia humanitária de proporções inimagináveis”, disse o responsável do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), António Guterres, que na sexta-feira visitou um campo de refugiados somali na Etiópia. “Esta é hoje a pior tragédia humanitária do mundo.”

    “Há décadas que não vimos nada assim. Funcionários endurecidos por anos de trabalho choram perante o que vêem”, afirmou ao Independent Louise Paterson, directora da organização não governamental britânica Merlin na Somália e no Quénia.”

    “Nos campos geridos pela ONU há cada vez mais dificuldades em garantir os apoios mais essenciais, como o acesso à água e a condições sanitárias. “Inúmeras pessoas” nem chegam aos campos porque morrem pelo caminho, segundo o ACNUR, e ao alerta de Guterres juntam-se os de diversas outras organizações humanitárias.”

    “Num comunicado conjunto, o Fundo da Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa Alimentar Mundial e a ONG Oxfam apelaram a um maior apoio para colmatar os efeitos da seca “que expõe milhões de homens, mulheres e crianças à devastação da fome e da subnutrição”. “Mais de 50 por cento das crianças que chegam aos campos da Etiópia estão num estado crítico de subnutrição e temos cada vez mais informações de crianças que morrem de fome no trajecto”, disse a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming. Outras chegam tão fracas que acabam por morrer nas primeiras 24 horas.”

    “Há zonas da Etiópia em que o preço do milho duplicou desde Maio, e na Somália chega a pagar-se mais 240 por cento pelo sorgo vermelho.”

    “No Quénia, muitos pastores percorrem quilómetros para tentar salvar os animais. Um deles contou à BBC que decidiu fugir logo que viu o pasto secar. “Tinha 200 vacas. Levei-as para a Etiópia quando a seca começou. Morreram pelo caminho e voltei sem nenhuma.” Segundo estimativas das organizações humanitárias, os pastores já perderam meio milhão de animais na Etiópia desde que o ano começou, isto numa região onde dois terços da população vivem da criação de cabras, ovelhas, vacas ou camelos. Atravessar a fronteira da Somália para os campos do Quénia ou da Etiópia significa muita vezes mais de um mês a caminhar, ou horas infindáveis em camiões de caixa aberta em que viajam todos os que couberem.”

    “Vinte anos de guerra civil deixaram na Somália tudo menos segurança. Ainda assim, quem não consegue passar a fronteira tenta, pelo menos, chegar à capital, Mogadíscio, para muitos o lugar mais perigoso do mundo mas que, como disse à BBC o responsável pela autarquia, Mohamed Nur, “não é tão má quanto Cabul ou Bagdad”.”

    “Na cidade, dividida entre um Governo fragilizado e os rebeldes islamistas, ouvem-se tiros, a “música de Mogadíscio”, como lhe chamam os habitantes. Quando o jornalista da estação britânica pergunta se pode percorrer os 100 metros entre o Ministério da Informação e o gabinete do primeiro-ministro, respondem-lhe “não sem um colete à prova de bala e veículo blindado”. No entanto, é ali que milhares de pessoas procuram agora comida.”

    “Um fogo lento”

    “Em 2009, os rebeldes do grupo Al Shabbab, milícia islamista com ligações à Al-Qaeda, impuseram um bloqueio às agências humanitárias internacionais, que foram forçadas a abandonar a região. Mas agora, perante o desespero, os rebeldes anunciaram a criação de um comité para coordenar o regresso das ONG “que não tenham uma agenda escondida”.”

    “A violência e a crise humanitária na Somália irão deixar mais vítimas, mas nem por isso parecem atrair mais atenção.” “São um fogo lento”, como escreveu o correspondente da BBC, Peter Greste. “Um cancro que cresceu devagar ao longo de duas décadas num lugar com que o resto do mundo não parece importar-se. Excepto quando os piratas impedem os seus navios de navegar em segurança.””

  9. JOJO

    18 de Agosto de 2011 at 21:38

    zémé sá táme di fLA

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