Sociedade

Golpe de Estado de 12 de Abril : após o black-out, a censura militar

Num comunicado enviado à Redacção do Téla Nón, a organização Repórteres Sem Fronteiras, denuncia a Censura Militar instalada na Guiné Bissau após o golpe militar. Jornalistas são ameaçados, pelo menos um bloger foi detido, a liberdade de imprensa está na mira do exército guiniense. 

Seis dias depois do golpe de Estado na Guiné-Bissau, no decorrer do qual foram detidos o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino Raimundo Pereira, Repórteres sem Fronteiras constata graves entraves ao direito de informar neste país da África do Oeste: jornalistas ameaçados, black-out da informação, meios de comunicação censurados… Solicitamos ao poder militar que restaure o direito da imprensa a informar livremente.

“O golpe de estado de 12 de Abril suscitou sérios obstáculos à liberdade de informar, um direito vital neste período de agitação política. Após um black-out informativo, durante o qual o conjunto dos canais de televisão e estações de rádio foi encerrado, foi instaurado um controle dos conteúdos dos meios de comunicação pelas autoridades militares. Esperamos que o regresso à normalidade política e institucional prometida pela junta no poder trará consigo o restabelecimento total das actividades dos média”, declarou Repórteres sem Fronteiras.

A 16 de Abril de 2012, teve lugar um encontro entre o comando militar e os directores dos vários órgãos de imprensa no intuito de permitir a reabertura dos meios de comunicação suspensos. No entanto, os militares colocaram como condição a proibição de mencionar as manifestações organizadas na capital. A junta justifica esta medida com o seu objectivo de “construir a paz e a unidade nacional”. Repórteres sem Fronteiras denuncia o estabelecimento de uma censura militar que está por trás desta medida.

Para além dos frequentes cortes de electricidade e das perturbações das telecomunicações que impedem os jornalistas de efectuar convenientemente o seu trabalho, a totalidade das rádios e a televisão viram-se impossibilitadas de emitir os seus programas ou difundir informações durante o fim-de-semana, já que o comando militar suspendeu as actividades dos jornalistas em nome da “coesão nacional”. “Quem não obedecesse a estas ordens estava sujeito a duras represálias ou a viver na clandestinidade”, confiou uma fonte de Repórteres sem Fronteiras. Só a Rádio Nacional, a estação de rádio pública da Guiné-Bissau ocupada pelos militares, emitia música e comunicados do exército apelando à calma.

A 13 de Abril, o célebre blogger António Aly Silva (Ditadura do Consenso, http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt), foi detido e agredido pelos militares por estar a tirar fotografias de instalações militares. Libertado algumas horas depois, o seu material foi confiscado.

No mesmo dia, horas depois do ataque à residência do Primeiro-ministro, os militares controlavam as entradas e saídas das instalações da rádio portuguesa RDP África. Os jornalistas da RDP África terão mesmo sido ameaçados por militares armados e despojados do seu material e câmaras.

Situada na 75ª posição entre 179 países na Classificação da Liberdade de Imprensa 2011 elaborada por Repórteres sem Fronteiras, a Guiné-Bissau tem sido regularmente vítima de golpes de Estado desde a sua independência, em 1974. As violências das forças de segurança, juntamente com aquelas perpetradas por personalidades ligadas ao narcotráfico, alimentam um ambiente nefasto para a emancipação da liberdade de imprensa e o exercício do jornalismo. Em 2007, Repórteres sem Fronteiras publicou um relatório intitulado “Cocaína e golpes de Estado, fantasmas de uma nação amordaçada”.

-TEOR DO COMUNICADO DO REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS –

9 Comments

9 Comments

  1. deixenos.trabalhar

    19 de Abril de 2012 at 11:34

    Pelo visto é o que o nosso poder (ADI) também deve fazer em S.Tomé com o TélaNón e RTP África.

    • Olaf

      19 de Abril de 2012 at 13:37

      Deus, perdoai os coitadinhos!

    • helder

      19 de Abril de 2012 at 14:02

      Que vergonha!!! Ouvir uma besteira desta. Silenciar orgãos que mais informam e com verdade, que é o tela non e rtp-africa? Para continuarmos com esta “CAMPANHA LEGISLATIVA” de ADI que nunca acabam,na TVS e Rádio Nacional que já irão completar brevemente 2 anos?!!!! PIZDI.

    • antoninho

      20 de Abril de 2012 at 13:42

      Ninguem disse-me.estive hoje na tvs.a parede principal da entrada do corredor da tvs está sendo pintada com a cor azul de ADI.soube também que se nada for alterada,levará duas argolas amarela.isto esta criando pânico no seio de alguns trabalhadores lá em cima,q estão contra.Se nao acreditar vá e veja.

    • Voz da Razão

      19 de Abril de 2012 at 14:58

      Sr. deixenos.trabalhar
      O Sr. não sabe o k diz. Acho que o sr. não é de ADI por convicção mas sim por conveniência. Um dia que a polícia ou militar prender e reprimir os seus pais, irmãos, mulher, filhos ou irmãos por estar a manifestar algum descontentamento publicamente, o sr. nesse dia terá noção do que é ditadura militar.
      Que Deus o perdoe.

    • deixenos.trabalhar

      20 de Abril de 2012 at 15:36

      Pelo visto o sr Voz da Razão parece-me ser do grupo dos corruptos que o nosso secretário geral Levy Nazaré falou há dias na tvs na grande entrevista.

  2. luisó

    19 de Abril de 2012 at 11:49

    finalmente este jornal dá conta da situação na GB e se pronuncia sobre este atentado à democracia e ao estado de direito.
    Infelizmente para além do PR de STP não li nem vi ninguém do governo a condenar esta situação na GB.
    Os actos ficam quem quem os pratica…

  3. Ôssôbô

    20 de Abril de 2012 at 12:57

    Eu estou entendo pouco cada vez mais, o comportamento dos Guineenses!
    Um povo complicado!
    Que Deus proteja aqueles que nada têm a ver com as ambiçoes dos pseudo-políticos daquele país

  4. KABRAL

    12 de Dezembro de 2013 at 13:03

    Guineenses, povo complicado!E os santomenses ???
    Pergunta ao Jorge Bonfim, ao vosso 1° ministro Gabriel da Costa e mesmo os Trovoadas, quanto ao apoio que receberam do bissau- guineenses, para hoje serem o que sao.

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