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Árvore centenária e gigante abatida nos arredores da capital – São Tomé

A onda de abate clandestino de árvores em São Tomé e Príncipe está a atingir proporções preocupantes. Ciclicamente os responsáveis do sector das florestas advertem as autoridades governamentais e a sociedade civil sobre o perigo que começa a ameaçar as ilhas verdes de São Tomé e Príncipe.

Mas, na prática o abate clandestino se intensifica. No interior do país, o abate de árvores já é selvático, e a capital não escapa. Madre de Deus, bairro da capital São Tomé, foi palco de uma história singular de abate clandestino de árvores. Os prevaricadores realizaram o abate de uma árvore gigante com cerca de 300 anos, durante 1 ano.

Irene Roncon, cidadã são-tomense residente em Portugal, e médica de profissão, está presente na sua terra natal pelo menos 6 vezes por ano. Desde Fevereiro do ano 2016, que ouvia o som da motosserra vindo do fundo do terreno que a pertence.

Os seus ancestrais cuidaram das árvores que garantem sombreamento do terreno. Sicus Sedifolia, vulgarmente designada em São Tomé e Príncipe por Figo de Porco, é uma das árvores que se ergueu de forma gigante em Madre de Deus, assim como um Ocá, e outras espécies de sombreamento.

Tornaram-se, abrigo para dezenas de pássaros que encontravam alimento e ramos fortes para fazerem o ninho para reprodução. Falcões durante o dia e morcegos durante a noite, são alguns dos animais que marcavam presença assídua no cimo do “Figo Porco”, ou Sicus Sedifolia.

arvore geralEm Dezembro de 2016, Irene Roncon deu conta que os falcões desapareceram do local. O canto matinal de outros pássaros também deixara de acontecer. Só o som da motosserra, era ouvido no bairro da Madre de Deus.

Percorreu o terreno e descobriu que a frondosa árvore de mais de 60 metros de altura, tinha sido abatida e transformada em vários toros, que deram aos prevaricadores centenas de tábuas, ripas e barrotes.

Em Dezembro quando deu conta do desastre,  encontrou uma senhora, a apanhar lenha já cerrada pelos prevaricadores. «São abates clandestinos frequentes aqui em São Tomé que desta vez bateu a minha porta», afirmou Irene Roncon.

A cidadã são-tomense sente que o país está a caminhar para o abismo e de forma acelerada. «O dia 31 de Dezembro foi o último dia que ouvi o som da motosserra. Foi neste momento que notei a falta da árvore. São duas árvores que lá estavam. Um Ocá gigante e um a árvore gigante que vulgarmente chamamos cá de Figo Porco. Dei conta da ausência da árvore porque os falcões que tinham o ninho no figo porco deixaram de voar nesta zona», explicou.

A serragem clandestina demorou 1 ano. «Pensei que tinham uma serração montada aí em baixo. Longe de mim pensar que eu estava a ser alvo de um roubo», frisou.

No dia 2 de Janeiro de 2017, apresentou queixa junto as autoridades policiais, em busca de punição para os prevaricadores. Irene Roncon, percebeu que a impunidade reina no país. «A queixa foi feita na PIC e há um suspeito, que nem sequer compareceu na PIC. Também fui informar a Direcção da Floresta, e me perguntaram…o quê que a senhora pretende que a gente faça?»

Segundo Irene Roncon, tudo aconteceu aos de todos os são-tomenses. «A árvore que acabou de ser abatida, está perto da estrada pública da Madre de Deus, por sinal a maior estrada pública deste país. Toda gente ouvia o som da motosserra», reclamou.

As consequências do abate indiscriminado de árvores e a impunidade a ele associado, já são visíveis e sentidas. «Antes chovia torrencialmente e hoje isto já não acontece. Temos hoje um calor estranho que provoca ardor na pele. Acho é que não se pode deixar impune todos esses indivíduos que de forma furtiva vão abatendo as árvores promovendo a desertificação da ilha», pontuou.

Só o Ocá continua de pé no terreno. Outras árvores foram abatidas junto com o figo porco. «Tudo isso vai agravar o fenómeno da alteração climatérica, que está a provocar patologias cancerígenas da pele, mas nada se faz para evitar que isto agrave. A impunidade é total», concluiu.

Em plena capital são-tomense, abate-se árvores centenárias. Nas florestas o Téla Nón apurou que o abate clandestino cresce, e acontece até de madrugada. Com candeeiro a petróleo, homens de motosserras, entram por terrenos privados e por zonas consideradas protegidas, para abater árvores. Ao nascer do sol, os proprietários dos terrenos só encontram serradura como testemunha da serragem ocorrida durante a madrugada.

Abel Veiga

7 Comments

7 Comments

  1. Paulo Andrade

    17 de Janeiro de 2017 at 8:56

    Ao que chegamos !
    O País caminha a passos largos para o abismo e os governantes, políticos, sociedade civil impavidamente assistem…. Penso que o problema de S. Tomé e Príncipe não são somente os governantes, os cidadãos também têm muita culpa por tudo de mal de acontecem no País, pois veja-se a forma violenta como delapidam o património publico sob pretexto da sobrevivência.
    Outro dado que me preocupa muito com isto de abate indiscriminado de arvores é a entrada dos chineses da RPC no nosso País, se não houver um controlo dos apetites comerciais desses homens no nosso País, valha-me Jesus, aí é que estamos mesmo perdidos, não sobrar arvores, arbustos e nem mesmo capins….

  2. rapaz de Riboque

    17 de Janeiro de 2017 at 9:50

    antes de tudo é de lamentar que as autoridades não tenham pulso para controlar estes tipos de barbaridades que nos vão custar caro, com as alterações climáticas que ai vem . pergunto fala-se tanto nas forças armada em vez de andarem no quartel a falarem nas vidas alheias porque não andam a patrulhar as matas? porque o governo não cria uma legislação pesada para este tipo de crime? outra situação que me parece um pouco caricata se estiveram um ano a cortar as diras arvores ninguém deu por isso para alertarem as autoridades? meus senhores realmente a nossa terra esta a entrar numa citação que qualquer dia não vai haver mesmo controlo ou vamos acordar ao som das balas , realmente é de lamentar de ainda não termos tido um governo que tivesse pulso para governar o nosso lindo país que esta a beira do abismo infelizmente os governantes só se preocupam com eles e os seus o povo vai vivendo nisto ABAIXO OS GATUNOS; ABAIXO OS CRIMINOSOS queremos viver em paz.

  3. ANCA

    17 de Janeiro de 2017 at 13:30

    Nos anos 40, 50, 60, 70, 80,…, anos de lutas e Independências, doas Países Africanos, incluídos os Lusófonos(excepção CABO VERDE, porque cedo soube perceber, os meandros da construção de um Estado, de deveres, direitos, garantias dos seus cidadãos), foram feitas assentes em bases ideológicas, sem observação, visão, sem consolidação observação de princípios e normas.

    Após a abertura democrática, estes mesmos Estados, continuaram, com aval da comunidade internacional, apoiados financeiramente, sem exigências, nas acções concretas, de governos sem escrúpulos, os ministros mais estavam, interessados em se enriquecerem, do que formação de um Estado, de uma Nação.Também aqui se compreende o alargamento do mercado econômico dos países, doadores, dar com uma mão, tirar , com outra, dividir para reinar, é o cerne do capitalismo selvagem, que hora serve para corromper, hora serve para vender, hora serve para fazer a guerra.Pois que neste mundo ninguém da nada a ninguém sem esperar receber algo em troca.

    Mas o maior dos descalabros está no carácter destes povos, dos seus cidadanias, que saindo do colonialismo, continuam a seguir o mesmo rumo de exploração, opressão, crimes, pobreza e miséria.

    Juntando a cultura de deixar andar…,poligamias, falta de civismo, alcoolismo, bebedeiras e festanças,…falta de gosto pelo trabalho árduo, pouca valorização da educação, da instituição família,… etc, rastilho melhor para o caos jamais podia haver, enquanto alguns ainda se glorificam que fizeram a luta, sem valor, sem cultura,…sem regras, sem normas, sem preparação para a construção de um verdadeiro Estado Nação.

    Um povo sem educação, educação cívica de valor nada serve, senão a exploração, opressão.

    Um povo com fome, de nada serve senão para caos, desordem, crimes.

    Todas estas realidades, assim acontece porque, assim o quisemos, assim o queremos.

    Falta cultura de responsabilidade, de responsabilizar, de criação observação de normas, respeitos por elas, a sua pratica, falta cultura de organização, social, cultural, falta a cultura do bem ser, bem estar, bem fazer, e isto impõe-se mediante normas, regras, sua fiscalização, e responsabilização, a luta contra impunidade.

    Se se queres ver o teu País(Território/População/ bem

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  4. Boca do Inferno

    17 de Janeiro de 2017 at 14:42

    Meu caro RAPAZ DE RIBOQUE;estas a perder tempo falar das “FORÇAS ARMADAS”,pois não existe forças armadas,mas sim politicos no quartel,que não passam de um bando de gatunos naquelaque deveria ser umaInstituição de respeito,mas ao contrario eles proprios e principalmente oficiais, roubam e protegem o roubo de madeira, areia e muito mais, pois deixou de ser forças armadas desde a presidência ruinosa de Miguel Trovoada, que trovesou tudo em STP,com a dita mudança.Hoje no quartel a politica é mais visivel do que tudo, principlmente nos oficiais. Efectivamente é de lamentar oroubo de madeira,que não é somente os serradores,mais altos responsáveis, desde ministros, directores, tropas, policias, etc, todos participam nesta onda de roubalheira em stp. uns roubam madeira,outros areia, outros trinta e maismilhões de euros,dolares, dobras e todo o resto. Cambarda de gatunos.

    • rapaz de Riboque

      19 de Janeiro de 2017 at 9:03

      nem mais meu amigo estamos metidos num ninho de cobras não sei onde vamos parar com tantos corruptos

  5. Tó Chiguandidi

    17 de Janeiro de 2017 at 14:57

    Matumbos!

  6. olinda beja

    21 de Janeiro de 2017 at 21:10

    Há muitos anos que alertei para este grave problema do derrube de árvores, da extração de areias e lembro-me que mandei até várias vezes notícias que nunca foram publicadas. Em todas as minhas obras literárias apelo para que se ame a natureza, para que os jovens saibam o quanto precisamos de viver em comunhão com o mundo vegetal e animal mas infelizmente enquanto não se fizerem campanhas de sensibilização nas escolas e junto da população continuaremos sujeitos a estes terríveis derrubes que só levarão à destruição da ilha mais bela do mundo.

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