Sociedade

Crise de energia: EMAE só produz 7 megawatts quando o país precisa de 20 megawatts

De 2013 à 2014, a produção de energia eléctrica em São Tomé e Príncipe, era superior a 16 megawatts. 4 anos depois, e com a implementação da política de “Energia para Todos” com meta em 2018,  a rede de distribuição de energia foi alargada, para regiões que não dispunham de corrente eléctrica. Mas, a produção de energia, foi diminuindo ao ponto de atingir apenas 7 megawatts, em Outubro de 2018.

A Direcção de Energia da empresa Estatal EMAE, fez na segunda feira a radiografia da crise sem precedentes de energia eléctrica que o país vive neste momento. «O pico de consumo de energia é às 20 horas, e oscila entre 18 à 20 megawatts. Infelizmente com as centrais que temos disponíveis, a potência injectada na rede não ultrapassa os 7 megawatts», explicou Homero Boa Esperança Director do Departamento de Energia da EMAE.

Com a companhia do Ministro da Energia Carlos Vila Nova(na foto em cima), a direcção da EMAE conduziu a comunicação social, para o epicentro da crise energética. Nas instalações da central térmica de Santo Amaro, apenas 4 grupos de geradores estão operacionais. São os geradores de marca Hyundai, instalados em São Tomé no ano 2008 no quadro da cooperação com Taiwan. Cada um dos geradores Hyundai, coloca 1,5 megawatts de energia na rede de distribuição, totalizando 6 megawatts.

A EMAE e o Ministro, reconheceram que são os 4 geradores hyundai, responsáveis pela actual produção de energia no país.

Mesmo ao lado foi instalada a central térmica número 2 com 3 grupos de geradores. Estes 3 geradores são aqueles que quando chegaram a São Tomé entre os anos 2016 e 2017, foram escoltados do porto até Santo Amaro, com batedores da polícia, bombeiros e demais folclore.

O Governo anunciou na altura que foi a primeira vez nos últimos 40 anos, que se conseguiu fazer coisa desta natureza, que punha fim de vez, ao problema de produção de energia no país. Cada um dos geradores da central número 2 tem capacidade para produzir 2 megawatts. Mas, estão todos paralisados. «Na central de Santo Amaro 2, temos todos os grupos parados», confirmou o director de energia da EMAE.

Segundo a EMAE, os três geradores fornecidos pela empresa portuguesa EFACEC, ultrapassaram as 12 mil horas de funcionamento. Um deles atingiu as 16 mil horas. Estão em manutenção. Técnicos contratados em Portugal estão a trabalhar com vista a recuperação dos geradores. Alguns tiveram avarias profundas nas cabeças. Estão desmontados peça por peça. O técnico português expatriado, prevê para finais de Novembro, a conclusão dos trabalhos de reparação e de manutenção dos 3 grupos de geradores.

Mas para além da central de Santo Amaro, São Tomé tem a central térmica da capital, localizada na margem do rio Água Grande. « A central de São Tomé não é nova. Tem alguns grupos que reparamos, mas outros estão avariados», esclareceu o director Homero Boa Esperança.

A central térmica de São Tomé, tem cerca de 6 grupos de geradores, e apenas 2 estão a funcionar. A fraca produção dos dois grupos de geradores desta central, se junta à  da central de Santo Amaro 1, com os geradores Hyundai e assegura assim os actuais 7 megawatts, que a EMAE produz diáriamente.

No entanto na localidade de Bobô Fôrro, foi instalada no passado, uma central com 3 grupos de geradores, mas que segundo a direcção da EMAE, estão todos paralisados. No mesmo local(Bobô Fôrro), um grupo privado italiano, colocou geradores para vender energia a EMAE. Todos geradores do grupo privado estão paralisados.  «Todos estão paralisados», reforçou a EMAE.

Como se não bastasse a única central hidroeléctrica de São Tomé e Príncipe, construída durante a era colonial sobre o Rio Contador no norte da ilha de São Tomé, também deixou de funcionar faz já 2 meses. «A Central do contador está paralisada pelo facto do equipamento de protecção do grupo estar avariado», precisou o director de energia da EMAE.

O Ministro da Energia, Carlos Vila Nova, fez as contas finais, e confessou que a situação é preocupante. Apelou a calma da população que tem se rebelado contra o desaparecimento de energia eléctrica.

Exigiu rigor da direcação da EMAE no processo de distribuição racional dos 7 megawatts de potência eléctrica que a empresa ainda consegue produzir. Carlos Vila Nova, quer que a EMAE seja justa na partilha dos 7 que tem em mãos para os milhares de clientes. «Não pode ser, para um bairro ou localidade estar 4 a 5 dias sem energia e outro bairro ter energia 4 a 5 dias», referiu o ministro, exigindo que «um dia um, outro dia outro».

A verdade também é que os são-tomenses começaram a sentir a crise de energia desde o início deste ano. Uma crise que foi evoluindo, até que a escuridão tornou-se mais efectiva. A Direcção da EMAE garantiu que preparou o processo de revisão dos grupos de geradores, para ser executado em Março passado.

O Governo através do Ministro Carlos Vila Nova, também confirmou que a revisão estava agendada para Março de 2018, mas fracassou. «Organizou-se o processso todo para iniciar em Março de 2018. Todavia há uma logística em termos de aquisição das peças e outros assesórios para revisão dos geradores. Infelizmente as peças não chegaram a tempo», sublinhou a direcção da EMAE.

O Ministro Carlos Vila Nova, acrescentou que muitas das peças e assessórios para os grupos de geradores tinham que ser fabricados de origem. «Um processo moroso», desabafou o ministro, que apresentou a falta de recursos financeiros, como uma das razões que puseram em causa a manutenção atempada dos grupos de geradores.

Feita a radiografia, aos cidadãos são-tomenses e estrangeiros residentes em São Tomé, pede-se paciência. Apesar do impacto extremamente negativo sobre toda actividade económica, comercial e social no país, a crise de energia eléctrica, só poderá conhecer alguma melhoria na viragem do ano 2018 para 2019.

Abel Veiga

23 Comments

23 Comments

  1. Adeliana Nascimento

    30 de Outubro de 2018 at 13:45

    Chei, como é que só estrangeiro e alguns miudos estão a trabalhar nos Geradores. A onde é que estão os técnicos e engenheiros da EMAE? Será que o ADI , afastou toda agente?

  2. António cunha dos santos

    30 de Outubro de 2018 at 13:49

    Qual comunicação Social foi convidada? O Ministro levou seu capanga Mateus Ferreira para lhe perguntar o que mais lhe convém. Porquê que le não fala da Central de Santo Amaro I, construida pelos Taiwaneses? Qual o seu seu Estado Actual?

  3. Tony

    30 de Outubro de 2018 at 14:32

    Vergonha, tecebem os geradores da Efacec com doação, e nem assistência pagam.
    Vergonha num País com recursos hídricos, em que já existiram barragens, sem custos de combustível, e também deixaram cair e mais grave não promoveram o investimento em energia renovável. Isto num País que quer ter uma posição na biodiversidade.

    Enfim não fazem nada sem ser pago por outros, mas isto já vem há 40 anos, com a gravidade de ter tido um governo que idealizava o Dubai.

    Vergonha

  4. CANSADO DE INCOMPETENTES

    30 de Outubro de 2018 at 15:31

    De quem era a responsabilidade de providenciar as manutenções atempadamente?
    Os diretores da EMAE? quem os nomeou? Não foi o senhor ministro?
    Afinal a causa não é a falta de umas peças que não chegaram porque a Europa estava de férias? Pare de mentir senhor ministro.

    Satisfações vai ter que dar o senhor ministro aos funcionários que forem despedidos porque as empresas, já esganadas com a carga tributária, não conseguem aguentar o acréscimo de despesas com compra de geradores e combustível para os mesmos.

    • fla ceto

      31 de Outubro de 2018 at 14:05

      Bem falado. tudo isso nao passa de um teatro, o senhor ministro a seguir o director geral da Emae sao autenticos culpados do problema electrico em que o pais vive. E o povo inocente cai nessas labias. eles estao bem ricos esses cabroes.

    • Tony

      31 de Outubro de 2018 at 16:16

      Caríssimo,
      Quando a Efacec entregou os geradores colocou um contrato para a manutenção, o qual não foi aceite, assim os técnicos da Efacec que estavam em Stp voltaram para Portugal.
      Mas a manutenção não estava incluída na cooperação, queriam dado e arregaçado.

  5. Bando de incompetentes

    30 de Outubro de 2018 at 18:05

    Sr.Ministro falou só para fazer inglês ver, o senhor disse para a EMAE fazer uso racional na distribuição de energia, isto é um dia sim e outro não, que nenhuma zona pode ter energia 4 dias seguidos, pura mentira, estou já há três noites sem energia em Oque-Del Rei cima, cheguei a casa e não posso ver nada! Putas que pariu! É por isso que as revoltas não acabam, é por isso que estão a colocar fogo nas estradas. Muito abuso e incompetência por parte deste governo, isso dá raiva pá. Porá pá. . ..

  6. original

    30 de Outubro de 2018 at 18:21

    Tudo isso enquanto o chefe de Governo em fuga a viver boa vida e fazer tempo depois para vir ser Presidente?Só é útil se estiver a governar no regime de maioria absoluta?e ainda o homem com cara de lata a pedir perdão por aquilo que fizeram e estão fazendo? Credo realmente já estamos no além.

  7. Maria de Fátima Santos

    30 de Outubro de 2018 at 18:28

    Só não entendi uma coisa: depois de 4 anos, a manutenção só seria feita em Março? E seria feita a manutenção de todos os geradores ao mesmo tempo? Hum!…

    Outra coisa: já não vale o ditado “mais vale prevenir que remediar?”. E o buraco financeiro desta engenhoca toda fica de que lado? Bem, talvez de repente a EMAE passou a ser uma empresa rentável…

  8. Arroz substância

    30 de Outubro de 2018 at 18:38

    O problema de energia em S.tome é um problema crônico que os sucessivos governos não resolverão e não querem resolver porque a EMAE e uma galinha de ovos de ouro de negociata de gasóleo e regabofe do dinheiro público todos os partidos em S.tome mamarão e mamão da EMAE.

  9. Madredeus.igreja

    30 de Outubro de 2018 at 21:22

    A EMAE, é uma empresa. Apesar de ser pública. Têm que dar resultado e ser sustentável. Caso dei prejuízo, têm que mudar os diretores. Afinal de contas, o povo paga ou não paga?

    S EMAE, têm que dar resultado positivos ou fecha a empresa. Tantos anos nisto com senhores a receber a peso de ouro!

    Senhores Diretores da EMAE, vão plantar batatas ou matabalas

  10. Gil

    30 de Outubro de 2018 at 21:59

    A EMAE desculpa-se com falta de recursos financeiros, mas conseguem comprar TOYOTA RAV 4 para a instituição. Não sei o que o diretor da EMAE ainda faz naquele lugar, péssimo gestor, delapidador da coisa pública.Com o salário que a EMAE prática, não há dinheiro que aguente, onde andam os engenheiros da EMAE?

  11. Gil

    30 de Outubro de 2018 at 22:01

    Director geral pede demissão

  12. Ze Povinho

    30 de Outubro de 2018 at 22:58

    Tanta incompetência junta merece um estudo aprofundado. Devia ser um caso de estudo nas áreas de engenharia e gestão. As faculdades deviam aproveitar este caso único onde tudo se fez errado e onde naturalmente tudo correu mal.
    Bem .. nem tudo, perderam as eleições e o respeito do povo. Nem tudo se perdeu.
    Quando se promove a incompetência, a mentira, em detrimento do saber, da humildade e da verdade, as consequências acabam sempre por se revelar desastrosas. Nada de novo, nada a estranhar.

  13. Jorge

    31 de Outubro de 2018 at 8:57

    Que tamanha vergonha!!! A situação de energia em S Tomé é preocupante segundo as palavras do Ministro de energia o Sr. Carlos Vila Nova. Engraçado não é Senhor Ministro? Tranca-se a porta, depois de arrombada ou tranca-se antes de ser arrombada? Pois, o Sr. Ministro só se dignou em tomar o contacto com a realidade da crise energética, após a revolta popular nalgumas das zonas do País, nâo é ?Antes a sua preocupação e atenção estavam direccionadas aos Bisness, alheios ao País…. Que vergonha e falta de patriotismo!!!

  14. OMOCHÊ CAPOCHÉ

    31 de Outubro de 2018 at 9:04

    Olha só na foto a postura e atitude de Pessoa de ADI, como Vilanova esta com a mão no bolço com dois dedos como pistoleiro a desfaçar dos erros cometidos por eles com a palavra chave nas campanhas energia,água,estrada mais alem, uma vergonha cara de paus.

  15. Jacinto Novais

    31 de Outubro de 2018 at 12:07

    Sr. Ministro,
    Não há meios para mantenção e reparação de geradores, mas há dinheiro que se farta para andarem a comprar altos carros para EMAE? Isso só pode ser brincadeira.

    Caros Santamenses,

    Que tal um boicote no pagamento da factura de energia e água por um ou dois mêses? Quando os senhores da EMAE virem os seus bolsos afectados pelo não pagamento de energia por parte da população, quem sabe eles comecem a ter algum juizo e alguma responsabilidade.

    A EMAE, num mês, fornece energia durante 10 dias, mas quando recebemos a factura, o valor é o mesmo de quando há energia (re)gularmente ou superior. Só pode ser brincadeira.

    Eu apelo a toda população a não pagar energia e água no mês de Outubro e Novembro. Apenas uma ideia.

    • WXYZ

      1 de Novembro de 2018 at 6:07

      Terás que retirar os contadores todos. Porque depois quando a situação se normalizar terás um acumulado bem grosso a pagar

  16. souza

    31 de Outubro de 2018 at 15:34

    quando os taiwanese construíram a central de santo Amaro já não havia problemas com energia, e a manutenção era feita por eles mesmos, mas como alguém queria o que Taiwan pode oferecer fizeram parceria com os chineses que já a quatro anos só abrem lojas na nossa capital lojas essas que ao invés de vender a grosso só vende ao retalho e todas lojas nacionais estão a fechar suas portas.
    será que em China não há técnicos capazes como os técnicos taiwaneses?

  17. Zani

    31 de Outubro de 2018 at 19:48

    Essa merda da EMAE só se resolve com PRIVATIZAÇÃO!

  18. original

    1 de Novembro de 2018 at 7:38

    Água que está a faltar também depende de energia?

  19. Merenguê

    1 de Novembro de 2018 at 9:07

    O senhor Ministro, se a avaria de um dos motores de Santo Maro 1 é somente de cambota então mande fazer uma avaliação minuciosa da cambota supostamente danificada e se possível recupere-a, caso não, encomende uma cambota nova, pois que tenho a certeza que o custo da mesma não vai ficar entre 10 – 20% de custo da compra de um motor novo. Quanto a pano encontrado dentro do referido motor, julgo ser algo que acontece algumas vezes nas montagens por falta de atenção. Só pra lhe fazer lembrar, que na medicina já aconteceu por varias vezes o cirurgião deixar material usado na operação dentro da barriga de paciente.

  20. Gerhard Seibert

    1 de Novembro de 2018 at 13:07

    Falta acrescentar que, em 2007, o então ministro da Justiça, Justino Veiga, condecorou o controverso empresário italiano e ex-cônsul honorário de STP em Roma, Michele Sciurba, com a concessão da nacionalidade santomense por ter supostamente resolvido os problemas energéticos do país. Foi a Italbrevetti, a empresa que Sciurba representou em S.Tomé, que instalou os três grupos de geradores em Bôbô Fôrro, que estão paralisados desde algum tempo. Vejam no Diário da República, nº 13, 18 de abril de 2007.

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