Análise

São Tomé e Príncipe, que futuro?

São Tomé e Príncipe perdeu direito ao fundo de desenvolvimento do Brasil, pelo menos, enquanto não for resolvido o caso STP Trading.De acordo com o primeiro-ministro Patrice Trovoada, a divida deverá ser assumida por cada são-tomense, enquanto o caso é decido nos tribunais.

Depois de ouvir essas declarações do chefe do governo pus-me a pensar: porque tenho eu que pagar pelos erros dos outros?

Eu até percebo, a necessidade do governo são-tomense persuadir as autoridades brasileiras para os problemas do país, mas, será que a repartição da divida por cada um dos180 mil são-tomenses é a melhor solução?

De qualquer forma, antes mesmo do senado brasileiro decidir pelo rescalonamento da divida, o Brasil já começou a negar financiamento aos projetos de desenvolvimento do arquipélago.

Mas escandalizado fiquei, ao saber que projetos de adoção de água potável para as populações de Água Grande e Mé Zóchi no âmbito do supracitado fundo, foram recusados.

Recorde-se, que o caso STP Trading relacionado com o desvio de 5 milhões de dólares, subiu aos tribunais e aguarda julgamento desde 2010. É um caso de corrupção financeira que temo, tenha um desfecho semelhante ao caso GGA, Gabinete de Gestão de Ajudas.

A sensação com que fico é que este caso, tal como o do GGA, primeiro padece da morosidade característica do sistema judiciário nacional, tudo para depois ser jugado sem culpados. Com o caso GGA, a generalidade dos implicados foram ilibados no final.

Tal, não poderá acontecer uma vez mais, pois é a reputação das ilhas que está em jogo. É preciso travar a impunidade.

Os tribunais, os operadores judiciais como um todo, devem fazer o seu trabalho doa a quem doer.

É chegada a altura dos tribunais mostrarem que afinal também se faz justiça em São Tomé e Príncipe ou então o sistema judiciário que já anda nas ruas da amargura vai uma vez mais sair beliscado na sua já frágil credibilidade.

Acima de tudo, temos que dar um sinal claro, aos nossos parceiros, que estamos comprometidos com o desenvolvimento e determinados no combate a corrupção, pois 5 milhões de dólares é muito dinheiro em qualquer parte do mundo, muito mais num país que depende em mais de 90% do financiamento externo para sustentar os seus orçamentos de Estado.

Não podemos permitir que a generalidade da população pague pelos desmandos de meia dúzia de indivíduos, que, ao que parece continuam a viver do dinheiro de todos nós.

Como diz um velho ditado “os homens passam, mas as instituições são eternas”, permitir que o clima de impunidade se mantenha vai significar o afastamento das ilhas da boa vontade de países amigos, que por mais que nos queiram apoiar, vão certamente pensar:

1º Porque doar o que quer que seja, se os decisores não canalizam os bens para quem deles mais necessita?

2º Porque apoiar um país, que se diz pobre, se a sua justiça não é implacável com os que desviam os fundos para os seus interesses privados.

Todo este caso, deveria fazer-nos pensar e até mesmo debater o que queremos enquanto nação, dentro de 20, 30 anos. Desde a nossa independência em julho de 1975, que estamos de braços estendidos. Numa altura de crise internacional (que já dura há 4, 5 anos), em que até mesmo países tradicionalmente prósperos começam a apostar em medidas de austeridade, talvez fosse bom estarmos alertas, pois a torneira do financiamento pode fechar a qualquer momento e perderemos muitos dos apoios que dispomos atualmente.

Assim vale perguntar:

Que tipo de Estado, queremos construir?

Que investimentos fazer para colher-mos frutos dentro de 15, 20 anos?

Quais as nossas políticas de saúde, educação, infraestruturas, turismo, etc

O que estamos a fazer para aumentar a produção e a produtividade e para atrair investimento estrangeiro?

Com quem e como queremos trabalhar?

Estas e outras questões devem estar plasmadas e respondidas, num plano diretor geral para os próximos 25, 30 anos. Na prática, tal exigirá consensos e diálogo entre os atores políticos da nossa praça e o envolvimento da sociedade civil, que deverá desempenhar um papel ativo na prossecução de um tal desiderato.

Importa dizer que mais de que um plano estratégico, é preciso criar uma autoridade independente, constituída por pessoas idóneas que faça o controlo e garanta a aplicação das medidas e uma assembleia nacional de parlamentares, que acima das maiorias políticas de ocasião, trabalhem no sentido de responsabilizar os executivos, que a cada momento estejam na condução dos destinos do país.

Importa por outro lado, munir a PIC, a Policia Nacional, o ministério Público e os Tribunais de funcionários e magistrados comprometidos com a máxima duralex, sedlex.

Brany Cunha Lisboa

9 Comments

9 Comments

  1. OP Angola/STP

    4 de Julho de 2012 at 14:13

    Saudações

    Venho de forma pertinente elogiar o Jornal Telanón e a todos que deixam suas criticas construtivas ou destrutivas sobre determinados assuntos, e apelar ao bom senso de todos.

    O assunto aqui publicado pelo Sr.º Brany Cunha Lisboa, é um assunto interessante se partirmos do ponto de vista teórico, porém da teoria para a prática a diferença é enorme e creio que ele como um acadêmico, está consciente deste fato. Em STP temos vários acadêmicos que tiveram êxitos na academia e que estão cientes do texto aqui publicado e que ao contrário de muitos que somente aparecem para efetuar simplesmente publicações do que acham ou gostariam que acontecesse, estão no pais de origem a enfrenta varias dificuldades em busca de dias melhores para STP.

    Agora pergunto lhe, o que tens feito de concreto por STP? Em que casos deste uma contribuição vital com o intuito de reverter esta ou aquela situação? Apresente nos uma case de sucesso de suas ações em prol da nação? Que ação tomas te como cidadão de STP para evitar a impunidade dos casos citados?

    Falar é fácil, mas fazer é difícil, teoria todos nós acadêmicos e não acadêmicos temos, agora aplicar poucos conseguem, fazer criticas todos podemos, agora criticar construtivamente poucos fazem.

    Meu caro chega de teorias e vamos a pratica, uma se aqueles que fazem a diferença, a união faz a força e contamos com o teu apoio na pratica.

    • Olavo

      6 de Julho de 2012 at 22:45

      Ao que me parece você criticou o Brany mas acabou fazendo bem pior. Ele pelo menos deu sugestões de medidas a tomar para tentar alterar o rumo do país. qual é a sua sugestão? Só consegue ver o lado negativo da explanação dos outros?

    • OP Angola/STP

      10 de Julho de 2012 at 21:30

      Saudações

      Seja persuasivo, analítico e critico construtivo porque de Bla! Bla! Bla! Estamos extenuados.

      Ressalva: Leia atenciosamente e entenda o que está descrito nas entrelinhas, seja proativo concernente às escritas criticas e construtivas, não limite se ao seu entender.

      Abraços

  2. Saudações

    4 de Julho de 2012 at 16:34

    Estou plenamente de acordo com o que disse OP ANGOLA/STP.
    Quando alguem tenta criticar algo deve estar devidamente informado para tal. Não podemos, pelo facto ouvir outro a falar querer aproveitar para mostrar a nossa inteligencia academica. O senhor Brany Cunha Lisboa só queria exibir a sua capacidade academica. Ele está completamente alheio ao caso de STP Trading. Porque ouviu alguem a falar quis mostrar a sua esperteza. disto temos muitos.
    Fui

    • cidadão preocupado-Val

      4 de Julho de 2012 at 20:31

      Eu antes de mais quero elogiar de forma categórica o excelente artigo de opinião do articulista que com as suas palavras veio trazer para a mesa um tema interessante que deve certamente ser debatido por todos nós. Que futuro queremos para o nosso país? Sugiro mesmo que num artigo futuro, nos dê pistas sobre o que na sua forma de ver, poderiam ser marcos para arrancarmos rumo a um futuro risonho para nós, e nossos descendentes.

      Não posso entretanto deixar de fazer um reparo as críticas dos meus 2 concidadãos que me precederam. Antes de mais quero deixar claro que compreendo seus reparos, mas não os posso aceitar. Pois, numa sociedade nem todos têm que fazer algo para mudar o rumo das coisas, dar um contributo válido para mudar o estado de coisas também se faz através do que se diz, desde que não sejam apenas críticas negativas, mas que junto a estas estejam propostas de solução como foi o que fez o sr Brany Cunha Lisboa. Já agora o que ele escreveu sobre a necessidade de um plano director geral é o que qualquer país minimamente civilizado faria, pois não podemos continuamente trabalhar sobre o joelho, no nosso típico bilá cabá. É preciso sabermos o que queremos e para onde vamos. A partir daí saberemos o que fazer e com quem queremos fazer as coisas acontecer. Saudações a todos e um muito bem haja.

    • Olavo

      6 de Julho de 2012 at 22:50

      Concordância plena

    • Olavo

      6 de Julho de 2012 at 22:48

      Vocês são pagos para contrariar o temem alguma coisa? Até parece que são contra a pátria!!!

  3. beto

    4 de Julho de 2012 at 20:51

    o pior é a tendencia de todos porem fotos com mao debrucada sobre o queixo, ou algo do género, e querendo passar imagens de intelectuais e académicos. parem com essa palhacada, por favor!!!!!!!!!

  4. Isidoro Porto

    5 de Julho de 2012 at 7:22

    O futuro de STP pode ser previsto pela analise ao número dos comentadores e a qualidade dos comentarios deste artigo.

    Um artigo desta natureza, só mereceu atenção de 4 comentadores.
    Grande parte dos comentadores deste jornal só sabem levantar a bandeira de VIVAS e ABAIXO, na espreita de novos banhos.

    Este artigo merecia 50 a 100 comentários, mas ficamos em 4. Isto demonstra que somos muito OCOS. Nenhum pais se desenvolve apenas com políticos. Os nossos comentadores só entendem de matérias políticas e partidárias e presidencialismos.
    Deviam responder, do seus pontos de vistas, como solucionar as questões levantadas pelo articulista, mas não o fizeram, preferindo esconder-se atráz das suas barricadas, se calhar, partidárias.

    Se os nossos internautas não são capazes de responder ou opinar de forma massiva sobre as questões tão directas e simples deste articulista, então posso garantir-vos aqui, nesta tribuna, que STP jamais atingirá o desenvolvimento que todos apregoam. LAMENTAVELMENTE.

    Isidoro Porto
    05/JUL/2012

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